Poemas Corpo
TEU MILAGRE
Demétrio Sena - Magé
Chego antes do corpo em teu abraço;
meu olhar é mais rápido que os pés,
os meus olhos, até os pensamentos
cujos passos flutuam de prazer...
Levo sonhos que a lua não explica;
minha noite se banha em teu luar;
tudo paira no ar dos meus pulmões
revolvidos nos panos de minha'lma...
Quando chego me deito ao teu redor,
meu amor já te louva igual fiel
e a dor já ganhou o teu milagre...
Entro antes de mim em tua rosa;
minha prosa liberta o meu poema
pra colher o teu pólen; fazer mel...
... ... ...
Respeite autorias. É lei
VAZIO
Demétrio Sena - Magé
Meu cansaço não conta rodagens do corpo;
a vertigem dos braços, a pressa dos pés
nem o quanto, até dez, conto vezes infindas
ou de quantos cansaços meu cansaço é feito...
Na verdade não somo incontáveis esforços;
os meus nervos não tremem de vastos fazeres,
tenho até meus prazeres discretos e rasos,
que me fazem sentir um apego por algo...
Há um peso na alma, que ataca na carne;
uma carga dos anos que não são nem tantos,
mas arrastam encantos rachados de secos...
Um cansaço invasor; que disfarça que jaz,
mas cansou do cansaço que jamais senti;
ah, que falta me faz o que me faça falta!
... ... ...
Respeite autorias. É lei
NUDEZ
Demétrio Sena - Magé
Temos corpo; não tê-lo é que seria
uma coisa imoral; despudorada;
todo dia nos vemos como somos
(não há nada profano à flor da pele)...
Tudo bem; nossas roupas nos adornam,
mas a nossa beleza rompe as tendas;
os recortes nos mostram sob os panos,
pelas fendas de zíperes; botões...
Somos corpos que os braços insinuam
(nossos rostos, as mãos e os joelhos
são espelhos do quanto renegamos)...
Nosso espírito é corpo da fachada;
a nudez é sagrada; sacrossanta
e o corpo é o espírito carnal...
... ... ...
Respeite autorias. É lei
A VISÃO DO ESPÍRITO SOBRE O PRÓPRIO CORPO.
Autor: Marcelo Caetano Monteiro.
O trecho de número 309 de O Livro dos Espíritos apresenta uma das mais significativas lições sobre a diferença ontológica entre o ser essencial e o invólucro material. Quando Kardec pergunta sobre a consideração que o Espírito nutre pelo corpo ao qual esteve ligado, a resposta é clara e despojada de sentimentalismo: o corpo é visto como veste incômoda, uma espécie de instrumento necessário, porém limitado, que cumpriu sua função durante a etapa terrena. A expressão veste desconfortável tem força filosófica, pois revela a consciência do Espírito diante da natureza transitória da matéria, conforme a tradição espiritualista e segundo a tradução criteriosa de José Herculano Pires.
A continuação aprofunda a questão. Indagado sobre o que sente ao contemplar o corpo em decomposição, o Espírito responde que quase sempre permanece indiferente, * esse quase sempre merece um estudo com uma percepção mais profunda dentro das obras Básicas * , pois aquilo que jaz não o representa mais. A decomposição se torna fato natural, não motivo de horror. É o reconhecimento de que o elemento corporal pertence ao ciclo universal das formas, enquanto o princípio pensante prossegue adiante.
Esse conteúdo permite duas conclusões essenciais. Primeiro, a libertação da matéria não implica desprezo, mas compreensão filosófica da sua utilidade temporária. Segundo, a recordação da existência corpórea se torna lúcida e serena, uma vez que o Espírito, liberto, percebe com mais clareza o papel pedagógico das vivências físicas no processo de aperfeiçoamento.
“Entre o corpo e o infinito não há serenidade sem responsabilidade, nem harmonia sem esforço moral.
Agir com calma, compreender o outro, e converter as experiências em degraus de crescimento é o caminho seguro para a verdadeira paz. Essa serenidade não é passividade, mas sabedoria em ação: é a força de quem aprendeu a reagir com luz diante das sombras do mundo.
Entre o corpo e o infinito, o Espírito humano constrói sua eternidade. Cada gesto de cuidado, cada palavra de amor e cada pensamento de fé convertem-se em sementes que florescem no jardim da alma.
A educação moral, a comunicação consciente e a oração sincera são os três pilares de uma nova civilização mais fraterna, mais justa e espiritualmente desperta.
Que saibamos, pois, reencontrar o equilíbrio entre a matéria e o espírito, transformando o cotidiano em um hino silencioso de amor e progresso.
“A verdadeira paz nasce quando a alma aprende a conversar com Deus dentro de si.””
O Funeral do Sentimento.
A doença não é do corpo é da lembrança.
Diviso, às vezes, o meu próprio funeral: não há lágrimas, só o eco das minhas palavras presas nas paredes do quarto.
Sobre o caixão, o quadro: inacabado, obstinado, com aquele mesmo olhar que me persegue.
É o retrato daquilo que amei e daquilo que fui.
Talvez o amor seja isto — a tentativa insana de imortalizar o que o tempo já levou.
Talvez a morte seja apenas a moldura que encerra o último sonho.
ENTRE O CORPO E O INFINITO.
Entre o corpo e o infinito, o Espírito humano constrói sua eternidade. Cada gesto de cuidado, cada palavra de amor e cada pensamento de fé convertem-se em sementes que florescem no jardim da alma.
A educação moral, a comunicação consciente e a oração sincera são os três pilares de uma nova civilização mais fraterna, mais justa e espiritualmente desperta.
Que saibamos, pois, reencontrar o equilíbrio entre a matéria e o espírito, transformando o cotidiano em um hino silencioso de amor e progresso.
“A verdadeira paz nasce quando a alma aprende a conversar com Deus dentro de si.”
Frenesi
Para pular de um penhasco
É preciso ter corpo flexível
E um coração florido
Polímero por polímero
Cheire a flor
Apague a vela
Ascenda a calmaria
Respira, sus----pira
Ins----pi----ra---
Cheire a flor
Apague a vela
A razão amortece
Qualquer queda
Varanda
Na varanda sobre a rede verde oliva
Descansa o corpo cansado do homem
Que sobre ela observa o céu nublado
Do mês de janeiro tão esperado
Na boca o doce refrescante sabor
De morango derrete ligeiramente
Sobre o vento que bate sem nenhum pudor
Deixando sobre as mãos apenas o vazio.
Inquietude
Rasga corpo
Engasga alma
Solta sopro
Engole fala.
Sente sopro
Guarda ar
Prende choro
Respira só.
Sou uma árvore centenária, que brota em um corpo de menino. Minha alma é um livro antigo, cheio de histórias, cheio de sabedoria. Meus olhos são dois poços de água profunda, onde o tempo se reflete, onde a eternidade habita.
Sou um homem que já viveu mil vidas, e ainda assim, sou um menino que brinca com o universo. Minha presença é um silêncio que fala, um vazio que está cheio de significado. Eu sou o resultado de todas as minhas vidas, e ainda assim, sou um mistério para mim mesmo.
Eu sou um enigma, um labirinto, onde a verdade se esconde e a mentira se revela. Mas eu não tenho medo do desconhecido, porque eu sei que sou o guardião de meu próprio destino.
Eu sou um rio que flui sem parar, mas que ainda assim, é profundo e tranquilo. Minha superfície é lisa e brilhante, mas minhas águas são turbulentas, cheias de correntes e redemoinhos. Eu sou um vulcão que dorme, mas que pode acordar a qualquer momento.
Minha vida é um tapete ricamente tecido, com fios de alegria e tristeza. Eu sou um poeta que escreve com o coração, e que canta com a alma. Eu sou um homem que ama profundamente, e que pode detestar com a mesma intensidade. Eu sou um ser humano, com todas as minhas contradições, e ainda assim, sou um mistério para mim mesmo. Mas eu não tenho medo de mim, porque eu sei que sou um ser em evolução.
Eu sou um rio que flui, um vulcão que dorme, um poeta que escreve, um homem que ama. E eu continuo a fluir, a dormir, a escrever, a amar, a viver. E quando eu finalmente chegar ao fim do meu caminho, eu saberei que vivi, que amei, que escrevi. E que deixei um pedaço de mim mesmo, no coração de todos que conheci. E assim, eu me tornarei imortal, um eco que permanecerá para sempre. Um eco de amor, de poesia, de vida. E eu serei feliz, porque vivi.
(“O velho jovem de mil vidas”, de Douglas Duarte de Almeida)
Maternidade
William Contraponto
No corpo a vida se anuncia
como semente em terra ardente.
Mistério, dor e poesia,
num tempo que não segue em frente.
O ventre é sol que se derrama,
é casa antes do existir,
é chama antiga que se inflama,
sem nunca se deixar partir.
No colo nasce o infinito,
nos olhos — mundos a brotar.
É medo calmo e grito aflito,
é dar sem nunca se esperar.
Ser mãe não cabe em um conceito,
nem se traduz por condição.
É ter o mundo sobre o peito
e ainda abrir o coração.
Boneca do Vazio
William Contraponto
Há um corpo que não respira,
com olhos fixos no não-ser.
No colo, a ausência gira
vestida de um quase-viver.
Não chora, mas comove a alma,
não cresce, mas sabe esperar.
É ternura sem ter calma,
é consolo a simular.
Boneca feita de lamento,
de desejo e de negação.
O tempo ali é fingimento,
repetição sem coração.
É culto ao que nunca sente,
fetiche do eterno imaculado.
Negar o real, tão pungente,
por um afeto embalado.
No berço, repousa o espelho
de um mundo que teme sofrer.
Prefere o falso conselho
a ver o amor perecer.
Tão real quanto uma mentira dita,
com olhos que não sabem ver.
É o retrato de uma era aflita
que troca o fato por parecer.
Corpo a Corpo
William Contraponto
Teu cheiro chegou primeiro.
Nem palavra, nem nome.
Apenas pele
em estado de intenção.
Tinhas o torso do erro
que eu nunca quis evitar,
e um olhar de quem conhece
a língua dos labirintos.
Não havia futuro em nós —
havia agora.
Esse agora denso,
que se despe com os dentes
e se escreve no escuro.
Minhas mãos em tua nuca,
teus quadris contra o mundo,
e tudo o que não sabíamos dizer
se dizia ali,
em cada investida.
Não fizemos amor —
fizemos ausência.
Do que disseram que era certo,
do que juramos reprimir.
Fizemos vício,
feito dois animais
com pensamento demais.
Depois, o silêncio.
Não o constrangido —
mas o pleno.
Como quem sabe
que o que aconteceu
não precisa de legenda.
E quando partiste,
deixaste um rastro de ti
no cheiro do lençol,
e um pouco de mim
nas tuas costas.
Ele tinha tantos problemas pra dormir, dores em seu corpo em seu coração.
um dia ele resolveu fazer algo a respeito, e tomou alguns remédios.
Sentiu-se alegre por finalmente estar caindo no sono.
o problema que ele nunca mais acordou.
Nosso corpo
não é simples máquina
como invoca a ciência - tampouco,
uma culpa como nos fizeram crer
certos axiomas religiosos, observa
Eduardo Galeano... Em nosso corpo,
caríssimos, toda diligência e celeridade
conduzindo nosso espírito
rumo ao conhecimento e
autoiluminação!
... a esse corpo
que prestadio nos encarna,
provoca, possibilita, nossa mais
digna e venturosa utilidade...
E ao espírito - a esse espírito
que somos todos - tudo que
o enalteça, potencialize,
aperfeiçoe!
MEU NORDESTE
Eu nasci lá no nordeste,
poesia é a minha paixão,
serei sempre nordestino
de corpo, alma e coração.
Trago em minha essência,
a dor da minha ausência
e a poeira daquele chão.
Nos temos um corpo, mas não somos o corpo....
Nos somos a força que reside dentro do corpo. O fato de vivermos na ilusão de que não existe uma separação entre o corpo e o espirito, é a causa do sofrimento do corpo.
Cada corpo tem aparências diferentes e diferentes historias para que cada um possa ter experiências de acordo com o proposito que trouxe na alma por isso, jamais vamos encontrar nosso caminho no externo, as respostas estão dentro de nos.
O corpo carrega os meios de sobrevivência do mundo e o espirito a intuição, um sentimento bom que vai nos indicando a direção.
Seus pés devem caminhar firme na terra ,mas a cabeça deve estar totalmente conectado ao céu. Ao desvendar os mistérios da sua alma, domina o ego e rompe com as convenções sócias, liberta o espirito para viver de verdade a verdadeira felicidade.
