Coleção pessoal de kikoarquer

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⁠O vício de compartilhar a vivência
Invade a vida só vivida em mim.

⁠As pessoas ao nosso redor nunca devem sair do nosso olhar de ordinários, por mais que dê muita vontade.

Todas as pessoas são ordinárias; em maior ou menor grau de intimidade, mas todas ordinárias.

O único singular exclusivo é o "eu", o "eu" carente do outro, preguiçoso no outro; o "eu" é quem pensa sem o outro e o considera apenas elemento de sua própria constituição.

Enfim, qualquer extraordinário criado a partir do outro é uma certeza à frustração febril.

⁠Na escola,
a nota alta era eu que tirava;
a nota baixa, o professor que me dava.
Hoje sou um tadinho;
um profissional de nariz sujo,
que culpa o chefe chato
e cospe toddynho.

⁠Um dia,
chegará aos meus ouvidos
que você morreu.
Ou vice-versa:
não chegar'eu.

⁠Há alguns anos, fui convidado a fazer um treinamento numa escola estrangeira. Na hora do almoço, sentei com um norte-americano.

Não perdi a oportundidade e perguntei em inglês pra ele:
- Você sabe como chama as pessoas que falam várias línguas?

Ele olhou para mim com curiosidade: - Como?
- São poliglotas, respondi.

Lancei outra pergunta: - E pessoas que falam duas línguas, você sabe?
Ele fez um não com a cabeça.
- Bilingue, afirmei com sorriso.

Não parei por aí e fiz uma terceira pergunta:
- Agora, você sabe como chama quem fala só uma língua?

Ele olhou para mim, intrigado, aguardando a resposta.

- Norte-americano.

Gargalhei,
ele não riu.
E nunca saberei
se meu inglês tava ruim,
se era vergonha,
ou raiva de mim.

⁠A melhor definição de Consórcio que já ouvi.

Quero guardar 10 bolinhas de gude.
Todo mês, darei pra você uma bolinha até chegar a 20 bolinhas.
Daí, você me devolve as 10 bolinhas de gude de uma só vez.
Bom, né?
Ah, e se eu esquecer de te dar alguma bolinha, você suja meu nome, tá?
Que sortudo que sou, e ainda posso ser sorteado e receber as 10 bolinhas antes de te dar as minhas 20.

⁠Quando eu tinha entre 15 e 16 anos de idade, o músico Carlinhos Brown emplacou uma letra dizendo 🎶"a namorada, tem namorada"🎶.

O refrão dessa canção estava nos cinco cantos do mundo. (se você lembra, você leu cantando) 🤭

Nessa época, lembro que estava passeando num shopping, quando passou uma senhora de uns 30 anos e cantarolou a música para seu filho pequeno: 🎵"a namorada ... e o namorado"🎵.

Eu era adolescente, achei isso muito engraçado e pensei: - Que burra, ela não sabe a letra!!!

Anos depois, com um olhar mais atento ao mundo do jeito que ele é, cheguei à conclusão que aquilo não era nem um pouco engraçado.

Aquilo era triste, pois aquela moça era bem mais burra do que eu pensava.

⁠Só ofendo o que não se ofende:
xingo o computador,
insulto o aspirador.

O desgraçado não se defende!
O maldito nem se rende!

Eles funcionam com palavrão e jeito
mas sempre trazem pra discussão
que um dia, eles é que me darão defeito.

⁠Se casa com casa na cabeça,
descase da moça.
Case com a mesa.

SOBRE A POESIA DA ORQUÍDEA⁠
Neste grito contra pessoas que arrancam orquídeas, as palavras se ligam em rima e direção.

A parte alta do texto é o solo, o chão onde temos a flor plantada, a barriga que mastiga e o verme.

No começo do meio, a já florida flor ainda está antes da vingança. Pois, quando ela estava florida, foi devorada. A vingança vem depois.

A vingança é pensada como um ato nobre e forte. A orquídea brota no tronco. Brota alto, iluminando um mundo novo e bonito.

No topo, no céu, a nova flor estará protegida. Uma escada com armadura, fruto da guerra, afastará os vermes. Uma escada de casca-grossa colorida, igual às próprias orquídeas que conduzirá.

⁠Castelo de areia
levantado grão sobre grão.
Liga dada na suada euforia
sem lidar com a imensidão.

A eminência da onda,
sopra tudo.
O som do estrondo,
sobre todos.

As mãos sempre oleosas
nem tremem, nem temem
a explosão que vem
do grande vão.

⁠Lembro quando era proibido tirar xerox de um livro inteiro.

- "É proibido!" - bravejavam os operadores de fotocopiadoras,
defensores dos direitos de escritores que nunca ouviram falar.

Depois, não deixavam imprimir um arquivo com o livro todo.

- "É proibido!" - e muitos não entendiam, sequer, o que era ter a possibilidade de ler no computador.

E o que será que diriam hoje?

PDFs sendo comprados, downloads caros de livros para Kindle, domínio público, creative commons, bibliotecas digitais...

Com certeza, os poucos que ainda dizem "É proibido!",
apenas não querem mais compartilhar a tátil arte de ser retrô.

⁠O fraco ri pois está imerso numa fumaça de preconceitos que corporifica seus pensamentos mais rasos sobre o outro, protegendo-se, assim, da cansante necessidade de gastar energia intelectiva sobre o real sentido do argumento alheio. Resumindo, está é a base do bonachão acostumado ao leitinho quente.

⁠Nós temos a palavra "fofocar" em português, que é uma delícia de pronunciar.
Em espanhol, sua tradução fica "cotillear", que perde todo o seu charme.
Mas, em compensação, a palavra "resmungar" em espanhol se diz "refunfuñar",
que é tão gostosa de dizer que até arrepiam as cordas vocais.
¡Ai, que vontade de fofocar refunfuñando!

⁠Se atesta no olh'outro,
bota botox no oco da linha.
Altera mais na fresta,
do que o foc'outro adivinha.

Leva assim o sorriso raso,
o alegre viso desmarcado.
Uma flor plena que se apequena
na embalagem cara do vaso.

⁠Um carro parado
se aproximou de mim.
Levei um tapa do chão.
Deixei surdo o trovão.

⁠Juramento do Aprendiz

Juro que sempre serei um aprendiz para a vida,
Utilizarei meu trabalho para me autorrealizar,
e para promover a felicidade humana.

Prometo que vou respeitar e compreender a todos.
Serei honesto, ético e sempre trabalharei com paixão.

Amarei toda a natureza,
até mesmo sua forma mais simples,
assim como respeito o meu conhecimento.

Aprenderei com o passado,
Viverei o presente,
Planejarei um bom futuro para todos,
E sempre sentirei Deus no meu coração,
Para que todos possamos viver juntos num mundo bem melhor.

⁠Tenho a casa viva,
do quarto à cozinha ela me serve.
Roupas penduradas, mas secando.
Café na pia, mas cheirando.

Tenho a casa viva,
do banheiro à sala, observe.
Toalha no chão, mas enxugando.
Livro na cadeira, me esperando.

Minha casa está entulhada? Mas ela não tem entulho.
Minha casa é bagunçada? Mas sei onde está tudo.

Tenho sim a casa farta,
que não foi feita pra nenhuma visita.

Acho que a casa até se irritaria de uma forma esquisita.
Talvez quebrasse a torneira,
e até espantasse a faxineira.

Minha casa é assim,
é viva,
é responsiva a mim.

⁠"Nunca desista",
é a falácia do tonto.
"Com pontaria, insista",
é quem baila até o pronto.

⁠O jumento senta no feijão
enquanto morde a cadeira.
Não é o animal,
é óbvio, é natural.
É sobre uma bestial norma-padrão
que balança a bandeira.