Nao Gosto do que Vejo
Juntei os pedaços.
Colei-os
Refiz minha vida.
À antiga, dei um adeus de despedida.
Ainda sou pedaços...
Um quebra-cabeças
Montado
Que a qualquer brisa suave
Em mil pedaços se esparrama por todo lado.
Sigo bambaleando.
Na corda bamba da vida
Vivendo... existindo
Me refazendo...
Ao sopro forte do vento...
Às tempestades da vida...
Ao gosto amargo de certos dias...
Sigo... resistindo.
Gosto de desembrulhar a nova manhã
sorrindo ao sol que a tudo invade
gosto de saber que traz esperança
sentimentos bons e também saudade...
Você deixa um pedaço seu
Em cada coisa que tocar
E agora que cê tá indo
Eu tenho que me acostumar
Com o cheiro no travesseiro
Com o gosto no meu jantar
Com o jeito que a mala fica no maleiro
Porque a gente não vai mais viajar
Gosto que as pessoas sejam completamente sinceras comigo. Sobre oque pensam, oque sentem, sobre tudo. Porque quando eu acho que me escondem alguma coisa, por mais que sejam desnecessárias essas coisas. Não confio neles, para nada.
Gosto de estar em outros lugares, explorar e conhecer coisas novas, mais amo retornar ao meu lar e planejar novos destinos, novos desafios...
Seja como for, faça o que você gosta. Quando tiver uma família já vai ter o que fazer pro resto da vida.
Tatuei na minha alma seu rosto
O meu paladar já tem o seu gosto
Então, me fala como apagar
Como não lembrar, como não gostar
Se quisermos degustar uma boa fruta temos que aguardar que amadureça na árvore. Caso à colhamos antes do tempo adequado o gosto será desagradável e ela desperdiçada. É preciso respeitarmos o tempo de tudo e de todos, inclusive o nosso.
O que o amor tira.
Eu queria falar sobre o amor hoje. Pelo menos sobre essa visão tão perdida e estranhamente vivida que eu tenho dele. Eu estava lendo a Marla de Queiroz numa dessas manhãs antes de ir ao trabalho, e ela dizia: “O que me interessa no amor, não é apenas o que ele me dá, mas principalmente, o que ele tira de mim: a carência, a ilusão de autossuficiência, a solidão maciça, a boemia exacerbada para suprir vazios. Ele me tira essa disponibilidade eterna para qualquer um, para qualquer coisa, a qualquer hora”.
O amor tem seus sintomas. Um amigo está conhecendo uma garota, e sempre que terminam de se falar ele sorri pra mim e diz: “Cara, acho que me meti numa roubada”. Nem presto tanta atenção nas palavras dele, mas no sorriso. O amor é sintomático. Ele tira o nosso olhar sisudo sobre o cotidiano, e nos faz lembrar de sorrirmos mais, nos importarmos mais, nos enfraquecermos. Ele se esgueira em nosso dia a dia extremamente igual, e o torna diferente. É a tinta colorida de um dia preto e branco, e a pitada secreta de anis do meu molho bolonhesa.
Esses dias me disseram: "Depois de tudo que eu amei, eu descobri que tenho um coração de pedra". Eu quase o abracei e disse: “Tamo junto”. Mas estou tentando ser diferente agora. Penso que, ainda assim, o amor faz doer pra lembrar que ainda estamos vivos. Por isso não gosto da “lei do desapego”. Ela não se paga. As mesmas pessoas que têm se declarado desapegadas, no fundo não escolheram isso. Elas não praticam o desapego, são reféns dele. Para elas amar pra valer doeu demais.
Então, eu também gosto do que o amor tira de mim, Marla. Ainda que seja meu chão, ou um sorriso eventualmente. Não somos feitos de pedra para vivermos à sua regra. Pois no curso natural da vida precisamos aprender que o correto nunca será desistir das coisas, mas amá-las profundamente. Porque esse é o paradoxo: Se amarmos até doer, talvez não sobre espaço mais para a dor, mas só pro amor.
Gosto de janelas! Através delas observo a vida. Janelas nos conduzem a outras janelas. Nos mostram o mundo e uma infinidade de possibilidades. Eu gosto de possibilidades. Janelas são possibilidades. Meus olhos são janelas que me conduzem para fora de mim, por onde os demais me espreitam, me descobrem. Janelas são descobertas. Um canal de comunicação bilateral onde tudo flui. Um intercâmbio de ideias, desde onde as mudanças surgem e se perpetuam.
Eu sabia.
Sabia que ia doer.
Sabia que ia sofrer.
Sabia que ia cair nesse abismo sem fim.
Sabia de tudo isso, quando conheci você.
Mas apesar de tudo que sei... preferi assim.
Antes amar, mesmo sabendo que posso sofrer, a morrer sem saber o gosto do amor.
