Mulher com Rosto de Menina
Mulher! Um destino?
No sem pudor que já é paraíso
Visto o destino que a alma toca
Despudorada qual borboleta que
nas flores passeia e não mais enfoca
Lembrado e adorado...
Vou como a pomba no cantado e versado
Almejo sim o sopro do corpo, porém encantado...
Deitando-se nú ao meu lado no mais que poetisado!
O que mais dizer nesta madrugada, amado?
"É que mulher é assim mesmo, sabe que está entrando numa fria mas precisa tanto de amor. A gente é assim, precisa de colo, voz mansa e beijo na testa. Mesmo sabendo que o preço é alto, nós pagamos - nos descabelando, perseguindo seres atoladas de ciúmes, chorando no colo da amiga, deitada no chão do banheiro ou chorando baixinho para o travesseiro ouvir madrugadas afora - mas pagamos o preço. E talvez seja por isso que eu vá seguir os anjinhos mentirosos e os estúpidos sininhos, talvez seja por isso que eu tenha tanta certeza que eu vá entrar nessa trilha para o território inimigo: só para ter uma mão forte para segurar e uma boca em que eu possa me perder sem vontade de me achar. Mesmo sem querer, vou acabar me perdendo no inferno dos seus olhos insuportavelmente doces."
Mulher!
Mulher como tu és bela
Carinhosa pura e sincera
Trabalhadora e por tudo espera
Mulher como tu és linda
Dedicada, sorridente divertida
E a tudo se dedica
Mulher como tu sofres
Com o preconceito
Com amor e com a dor
Com um parto, com um calo no sapato
Mulher como tu és forte
Trabalhadora, estudante
E sua alegria é constante
Mulher tu sofre e luta
Porque no seu sangue de guerreira e lutadora
Você mulher já é mais que vencedora.
A mulher vive em busca de um homem que a preencha em todos os requisitos. Se um dia o encontrar, não tardará a deixá-lo. Perceberá que o homem que desceu do céu para adorá-la precisaria, antes, ter feito um estágio no inferno. Só por precaução.
Nenhuma mulher jamais tomou o papel do homem, e o seu ministério é o mais augusto e sensível entre os homens.
Disse-lhes outra parábola: O reino dos céus é semelhante ao fermento que uma mulher tomou e escondeu em três medidas de farinha, até ficar tudo levedado.
Invocação à mulher única
Tu, pássaro – mulher de leite! Tu que carregas as lívidas glândulas do amor acima do sexo infinito
Tu, que perpetuas o desespero humano – alma desolada da noite sobre o frio das águas – tu
Tédio escuro, mal da vida – fonte! jamais... jamais... (que o poema receba as minhas lágrimas!...)
Dei-te um mistério: um ídolo, uma catedral, uma prece são menos reais que três partes sangrentas do meu coração em martírio
E hoje meu corpo nu estilhaça os espelhos e o mal está em mim e a minha carne é aguda
E eu trago crucificadas mil mulheres cuja santidade dependeria apenas de um gesto teu sobre o espaço em harmonia.
Pobre eu! sinto-me tão tu mesma, meu belo cisne, minha bela, bela garça, fêmea
Feita de diamantes e cuja postura lembra um templo adormecido numa velha madrugada de lua...
A minha ascendência de heróis: assassinos, ladrões, estupradores, onanistas – negações do bem: o Antigo Testamento! – a minha descendência
De poetas: puros, selvagens, líricos, inocentes: O Novo Testamento afirmações do bem: dúvida
(Dúvida mais fácil que a fé, mais transigente que a esperança, mais oporturna que a caridade
Dúvida, madrasta do gênio) – tudo, tudo se esboroa ante a visão do teu ventre púbere, alma do Pai, coração do Filho, carne do Santo Espírito, amém!
Tu, criança! cujo olhar faz crescer os brotos dos sulcos da terra – perpetuação do êxtase
Criatura, mais que nenhuma outra, porque nasceste fecundada pelos astros – mulher! tu que deitas o teu sangue
Quando os lobos uivam e as sereias desacordadas se amontoam pelas praias – mulher!
Mulher que eu amo, criança que amo, ser ignorado, essência perdida num ar de inverno.
Não me deixes morrer!... eu, homem – fruto da terra – eu, homem – fruto da carne
Eu que carrego o peso da tara e me rejubilo, eu que carrego os sinos do sêmen que se rejubilam à carne
Eu que sou um grito perdido no primeiro vazio à procura de um Deus que é o vazio ele mesmo!
Não me deixes partir... – as viagens remontam à vida!... e por que eu partiria se és a vida, se há em ti a viagem muito pura
A viagem do amor que não volta, a que me faz sonhar do mais fundo da minha poesia
Com uma grande extensão de corpo e alma – uma montanha imensa e desdobrada – por onde eu iria caminhando
Até o âmago e iria e beberia da fonte mais doce e me enlanguesceria e dormiria eternamente como uma múmia egípcia
No invólucro da Natureza que és tu mesma, coberto da tua pele que é a minha própria – oh mulher, espécie adorável da poesia eterna!
Rio de Janeiro, 1938
in Novos Poemas
in Antologia Poética
in Poesia completa e prosa: "A saudade do cotidiano"
Não critique tão duramente a mulher vitima de maus tratos. Ela muitas vezes tem,antes de covardia,medo.E será que todos sabem o que faz o medo?.Não é somente o medo do agressor, mas, medo do que pensam ou pensarão a seu respeito.Ela tambem tem uma história que desenvolveu esse medo.A crítica é fácil.o dificil é compreender e ajudar. Não ter pena, mas desenvolver nesta mulher, condição para deixar de ser vítima.
✨ Às vezes, tudo que precisamos é de uma frase certa, no momento certo.
Receba no seu WhatsApp mensagens diárias para nutrir sua mente e fortalecer sua jornada de transformação.
Entrar no canal do Whatsapp
