Exílio
O silêncio é como o exílio, a sombria
noite escura que não tarda chegar, é a
clausura que nos provoca o espanto, e a
reflexão, dialogando com a solidão da alma.
Às vezes,buscamos exílio na
nossa própria companhia,
para nos livrarmos do caos
que vive alimentando as
nossas tormentas.
Exílio
Preferiria ser exilado deste mundo vil
Que é cruel em não amar
E nem deixar se viverem bons sonhos
Preferiria que minhas palavras
Não ecoassem em vão e no vão morressem
Por falta de um ouvir sincero
Preferiria ficar sem insistir
Em provar que certo estou de mim
Que certo é o dom de amar sem fim
Preferiria então, exilar-me da vida sem ter que voltar e ver.
Que não se importam com o tom da paz e do céu azul.
Olá, exílio
Em ti procuro auxílio
Estou de malas prontas
Como sempre, segurando as pontas
Me mostre culturas, monumentos, países
E que se dane as minhas nostálgicas raízes.
Lago profundo
Que tens tua nascente em mim
Ao despencar não se perfaz
Predileção de exílio
Que exaura meu ser
Eu intento obviar este desalento
Mas dissipo em contundência
EXÍLIO
A saudade que suspira, separada
Do teu cheiro, nos olhos a chorar
Me vejo, com a dor ali estocada
De um coração sufocado a gritar
Não basta saber que pude amar
Nem só a paixão ter sido alada
As amarguras tomaram o lugar
Dos gestos, a alma está talhada
Na ausência, de teus beijos, dor
As desventuras que fazem sofrer
Me consomem neste torto poetar
É um exílio cheio de amargo clamor
Em ter a emoção distante pra valer
Neste silêncio de não poder te tocar.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
18 de maio, de 2018
05’30”, Cerrado goiano.
Ao Coração na Sofrença
Ao coração na sofrença, dilacerado
Em silêncio, no exílio, que aqui chora
Assim me vejo, no sertão do cerrado
Separado, onde o amor foi embora...
Suspira e lamenta, pra ser consolado
Não me basta saber do desejo agora
Da ilusão de ter um poema delicado
Não me basta saber da perdida hora
E se fui amado, não me basta saber
Não me basta o afeto puro e sagrado
Ter o sabor do beijo e, assim alentar!
Mais causa ao coração pra não sofrer
É ser na maior pureza, e se maltratado
Se dê ao amor, e assim de novo amar...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
11 de abril de 2019
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
CANTO (soneto)
Na janela pro cerrado, solitário
O apressurado vento na fresta
Amigo de exílio, o meu cenário
Sibila, e teu sibilo me molesta
E, lá no ipê, alto, canta o canário
Ouvindo o canto de sua seresta
A saudade crê, no extraordinário
A alegria, no som, a alma atesta
Mas, poucos ouvem o meu dia
Calado e frio, numa poesia fria
Ajuntando o meu aflitivo pranto
E neste choro, um choro estridente
Que me faz chorar tão incontinente
Muitos pensaram que é meu canto
Luciano Spagnol
2016, novembro
Cerrado goiano
SEPARADO (soneto)
À saudade que sofre, em segredo
De ti, no exilio o peito a suspirar
Palavras sem sentido e enredo
Chora, e faz o poema lacrimejar
Com que estro e aperto azedo
Amargam os versos a lamentar
Causando nas rimas tal medo
Que fende com a dor a rasgar
Nem só desejo poetar o amor
Desejo, nem só canto de amar
Me basta, trovas do teu beijo
Assim, poder ter conto rimador
E as estrofes do seu doce olhar
Na esquina da poesia, almejo...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
03/06/2020 – Triângulo Mineiro, MG
Sertão da Farinha Podre
EXÍLIO
Cobriu-me de tristura o ocaso pardo
Um aperto n’alma fino e sem trelas
A saudade com sensações donzelas
E o silêncio que pesava como fardo
E, cá neste soneto um penar guardo
A tatear as imaginações tão singelas
Arrancando emoções sem ser belas
Pra ferir a poética com duro dardo
E, vai, assim, em um versejar forte
Rogando em vão a esmola da sorte
Tragando a ilusão das covas rasas
Bardo triste afetivo em tuas prosas
Sou choro, sou riso, sou mais rosas
Amargo trovador com exiladas asas...
© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
02 dezembro, 2021, 05’40” – Araguari, MG
O melhor amigo
do líder em exílio
foi atropelado
pela viatura militar,
Para a maldade
dos Homens não
há explicação,
Há um golpe
na Bolívia que
não há como negar.
Canto sem ter
a voz dos cantores
da América,
Escrevo para
o tempo passar
E quem sabe
acordar do pesadelo
de não ter que
tomar tiro se tiver
de sair para protestar.
Encontrei uma rima
que parece ironia,
Estamos a um
mês do Natal,
Não soltaram
a tropa e o General
que está preso
há quase dois anos
imerecidamente,
Enquanto o Deus
da Guerra anda
livre e leve solto
pelo nosso continente.
Em Boca de La Grita
há mortos e feridos.
Surreais os dramas
da tropa em exílio.
Farta dos mentirosos
agindo em rede.
Brutais os dramas
da tropa presa.
Para o povo sobreviver
tem sido um desafio.
Quase não há mais
como escrever poesia.
O General continua
há mais de cinquenta
dias desaparecido,
Não consigo crer
que esteja mais vivo.
O poema não se encerra em nós,
Do meu exílio a saudade é algoz,
É dessa forma doce que te adoro,
Sem ter você, não me conformo;
Rogo por tua atenção, imploro.
Sob a luz do pálio Universal,
Procuro pelo teu ser sensual,
E enquanto tento entender
O sentido desse amor magistral,
Oro pela proteção celestial.
Não há deserto
Diante da tua destreza,
Invade-me todo dia com tua beleza;
Sensual é a tua natureza,
Amo-te com inteireza, cortejo-te
Com poemas de doçura e grandeza.
Preenche-me como uma Via Láctea
O pensamento,
Não ter você é um doce
Tormento,
O coração não crê no amor
Desventurado;
Ele bate com fé
E está rendidamente
Enamorado - iluminado.
A poesia te busca na escuridão,
Estou no exílio, e só na imensidão;
Sem a tua companhia o ar é solidão,
Vivo procurando por tua atenção,
Um pedaço teu é do meu coração.
O coração erradio busca pelo teu colo,
Está na hora das nossas destrezas,
Desfrutaremos de todas as sutilezas,
Estrearemos o nosso espetáculo íntimo,
Com uso e fruição de todas as belezas.
A aventura que busco é a alegria
Renovada a todo instante e a dose
Equilibrada entre elegâncias
E as boas safadezas
- nossas -
Poéticas indecências,
Nirvanizaremos as nossas malemolências.
A abóbada celeste incita que eu escreva
Daqui do exílio tudo isso e mais um pouco:
Ela tem um pouco dos olhos do tripulante
Dos meus sonhos e desse desejo
Que se expande deliciosamente louco...
Buscando a inspiração
e a rima sonora perfeita
pelos portais do tempo,
fui construir um exílio
na Lua pro meu coração,...
Por não querer nunca
e nem de longe
parecer com este mundo
que exalta quem
aprecia viver sem emoção;
Acariciando a delicada
felina no meu colo,
e tal como a chuva fina
que caindo sobre cidade,
muito além desta tarde
venho te esperando,...
Com todas as mais de mil
e uma noites de amor,
que tens para ofertar
sob a abóbada estrelada
o teu coração me entregar.
Optando assim seguir
por um caminho interior
para que este inverno não
deixe em mim perder
esta primavera em frescor.
Qaqun
O exílio de um vilarejo
inteiro é algo comparado
ao que sinto vivendo
distante do seu amor puro.
A aldeia na colina com
vista para a planície de Qaqun,
A fortaleza construída
pelas Cruzadas, um poço
e a escola são tudo o quê
dizem restar da óbvia memória.
Onde a minha poesia construiu
também o etéreo Caravansário,
Te guardo no meu peito sacrário
e assim te levo com orgulho
como o meu relicário preservado.
A história de que a aldeia foi
reconstruída algumas vezes
ainda não foi apagada e nem
nunca mais será porque fiz
o voto de seguir até o final
mesmo que o seu povo não
deixaram voltar e sem saber
se muitos conseguiram se salvar.
Como o passado fosse hoje
tenho relances sensoriais
das melancias, vegetais,
pepinos, azeitonas, frutas cítricas,
trigo, cevada, cabras e colmeias.
Como estivesse por perto vejo
os cactos e uma velha amoreira
crescendo ao sul da colina,
pomares, algodão, pistache
e hortaliças, e sinto que o quê
sinto por ti também é recíproco
e quero viver além das notícias.
Na sua companhia quero olhar
e sentir pela primeira vez que
estamos vivos vivendo com sonhos
como os nossos compromissos.
EXÍLIO
O pior exílio do Éden não foi Adão levar consigo a serpente, mas esquecer que levava também a árvore da vida que frutificou no segundo Adão, Jesus Cristo
O Paraíso perde-se duas vezes: por quem o nega, e por quem o cerca de doutrinas.
As Escrituras são asas, quem as transforma em cova, expulsa-se do Éden.
António CD Justo
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