Coleção pessoal de Arcise

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Abandonar o medo inútil

Estava com medo de tudo, como eu seria com isto ou aquilo, estava com desgaste emocional e físico, me sentindo triste comigo mesma, sem descobrir o segredo da felicidade citado em muitos livros de autoajuda sem a intenção de me mover para me sentir bem.
Amigos se fizeram presentes e como ninguém levantava a moral, eu decidi não esperar que as coisas mudassem, agi no momento em que acreditei ser o certo e mesmo perfeitamente indefinida busquei apoio nos neuróticos anônimos.
O meu estado de espírito era péssimo, eu queria dormir 95% do meu dia, eu tinha tantas lições aprendidas, tanta sabedoria guardada, tantos conselhos na memória, mas não tinha a necessidade de mudar, mesmo rodeada de amigos, mesmo com tantas coisas positivas e diferentes ao meu redor, mesmo que meu passado só me trouxe alegrias eu não conseguia apreciar o presente.
O meu coração percebeu coisas antigas, como tudo era mais leve, mais bonito, meu casamento chegou ao impasse, no início "tudo flores" como todos os outros e eu sonhava com o futuro igual ao passado, eu tinha necessidade de reviver algumas histórias, eu desejava tudo do meu jeito.
Eu, muito dona de mim, não conseguia desempenhar um papel subordinado, nunca gostei de ordens, nunca me senti bem em me sentir dependente das ordens dos outros por conta disso iniciou-se em minha vida alguns conflitos em que bastava eu ceder para o sol aparecer.
Dei mais um passo avante, foi preciso coragem e disciplina, além do controle do ego. Era evidente que eu precisava me separar, nós nunca combinamos e eu nunca me enganei. O que ocorreu foi que eu casei com o sonho de casar e não com meu ex-marido em si.
Hoje eu me concedo o benefício da dúvida, sou plenamente capaz de entender vários mundos diferentes, até divirto-me com cada situação, amo a natureza e me curei escolhendo a paz como modo de vida.
Encontrei o verdadeiro tesouro, meu oásis emocional, meu equilíbrio e fortaleza e redescobri todas as sensações aprendendo a aceitá-las inclusive as mais difíceis.
Passei a ficar em casa raramente, não que eu me sentisse só, eu apenas precisava recuperar o tempo perdido, queria alcançar meus sonhos com meus braços.
Dãããã, enfim acordei, destruí o pequeno desgosto que virou uma grande depressão, alcancei a força de vontade, reconstruí os alicerces, arrumei um noivo, vou me casar e isso tudo é maravilhoso pois só demonstra que eu enfim, recebi amor de mim mesma o que atraiu o amor de volta.

Enfrentei um forte machismo nas entrevistas de emprego

Sou formada em Secretariado Executivo e na busca por empregos ouvi piadinhas de todos os gêneros, especialmente os que denigrem a imagem da mulher como excelente profissional.
A primeira postura adotada foi parar de querer ensinar quem não quer aprender, nada de empurrar ladeira abaixo quem te ofende, nada de acreditar que os ciclos não mudam, precisava ter esperança nos milagres da minha profissão.
Eu não cobrei posturas de pessoas tão desigual de mim, não me sinto atraída por quem é tão oposto, pensa tão pequeno, respeito cada verdade, mas não me satisfaz entender certos modismos do tempo da carroça.
Somos profissionais em forma de gente com fortes laços emocionais, com incômodos peculiares, com razão, decisão e administrando cada caso.
Fazer o que amo me esquenta de alegria, fico confiante, interessada, radicalizo e mudo a minha postura, estabeleço a confiança, a vida flui com mais facilidade. É o começo da subida da ladeira. A-ê-ê-ê-ê.
É apenas uma sombra de preconceitos, alguns poucos que acham que sua profissão é melhor que outras, um acidente mental.
Nada é mero acaso, temos personalidades distintas, gostamos de coisas diversas, nunca seríamos felizes em profissão diferente, precisamos conseguir vencer essas barreiras ou descobrir que o que te faz feliz não necessariamente agrada todo mundo.
Basta ganhar confiança, viver realmente por si, e não deixar nada te deter, mesmo com uma sociedade indiscreta, pouco encantadora, com a sensação eterna de estar sendo enganada, basta ignorar tudo que rema contra e acreditar no talento, nas habilidades, nas matérias estudadas e sempre ter o interesse significativo pelo curso.
Diante da crítica dos outros não estacione, não quebre no sinal, cuidado com palavras perigosas que parecem indiferente, nada de "mea culpa"
Essa é a sua chance de escutar, de tomar decisões sem o clima de ansiedade, de percorrer o caminho certo, sem as decepções do julgamento, é o momento de não se enfezar, buscar inspirações e obter a "sorte pelo esforço".
Nada de transparecer o aborrecimento em linguagem corporal, muito pelo contrário devemos ser aquele ponto de luz, não arranjar encrenca, mas viver profissionalmente em busca do próprio mundo.

Difícil de explicar

Eu estava desligada e distante, com uma vontade louca de dormir sem precisar acordar, tudo isso não foi por você. Na verdade tudo isso foi porque eu não sei administrar muito bem minha cabeça e meu coração.
Eu sei que nada é totalmente certo e muito menos errado, eu sei que o que eu estou passando muitas pessoas já passaram também, mas eu não queria ter aquele aperto no peito, eu não queria enxergar a vida sem sentido. Eu prefiro a euforia em sentir-me viva em me ver feliz, sem me importar com as quedas.
Eu parei de tentar controlar a vida, eu acho que a vida se impõe apesar das nossas forças, não há pensamento positivo que mude um destino traçado, não há sofisticação que me mantenha distante da minha sina, posso parecer incoerente e com ideias deformantes, mas nesse tempo todo de tristeza e reflexão foi assim que entendi que não somos fortes como rocha o tempo todo, nem somos areias de um castelo construído próximo ao mar sempre.
Na tristeza reconheci amigos, dei valor a amizades esquecidas, mesmo que eu me sentisse abandonada eu percebia quem estava junto de mim me amando de modo pessoal e intransferível.
Fiquei furiosa comigo mesma, por vezes não fui fiel aos sentimentos e afeições, achava-me ridícula e inaceitável, mas depois de reconheci os verdadeiros amigos, tudo mudou.
Perdi onze quilos em dois meses, minha vida estava errada, caída e eu precisava levantar a todo custo, eu precisava me reerguer só.
Aos poucos fui piorando, fiquei malcomportada, mandona e exigente. Meu companheiro quis passar um tempo na casa dos pais, ele não tinha horas de felicidade há muito tempo, coitado! Eu me rodeei de colegas que me ajudavam a despachar o estresse.
Um admirador falou comigo da depressão, falou que a doença é uma gravata amarrada no pescoço e que muitas vezes não temos poder sobre ela, eu só o ouvi porque simpatizava com ele, aos poucos fui entendendo como poderia buscar a cura, como poderia voltar a ser feliz.
Eu me aproximei mais ainda desse amigo/admirador, espantei a poeira externa, deixei minhas atitudes mais favorável, arranquei das costas as coisas que pesavam muito e entendi o mais importante: os pequenos detalhes, a beleza do dia, alguém com quem contar e então o pânico e o descontrole cessaram, a doença foi diagnosticada e tratada e eu defino a cura com uma única e certa palavra: AMIZADE.

O que as pessoas dizem dele

Estou analisando o meu campo de influência diante de tantos comentários maldosos sobre ele, segundo o que dizem, somos diferentes, eu tenho um lado brilhante e ele um lado fosco, o meu humor é leve e o dele pesado.
Quando um casal procura uma terapia a relação já está agonizando e foi assim, não diferente dos outros a situação em que eu me encontrava, eu passei a relação toda preocupada com a estética dos dentes, com as coisas que meus pais reprovavam nele, mas esqueci de me preocupar em como deixar meu relacionamento mais forte.
Hoje ele é menos crítico, discute menos, ouve mais. Hoje ele enxergar que os filhos eram preguiçosos e me sufocavam, mas antes a culpa era toda minha. Hoje ele aprova o meu jeito de ser, mas nem sempre foi assim.
Eu sofri muito, sofri até desistir, perdoei muito também até não conseguir perdoar mais. Tornei-me civilizada não por sabedoria mas sim por indiferença, eu não tinha mais necessidade de julgar ou tentar compreender, meu amor tinha falecido e eu só pude dar conta disso agora.
Os amigos apoiaram a minha decisão, sempre acharam que eu estava numa fogueira e o que mais me chamou a atenção foi eles perceberem que eu sempre era repetitiva no amor, sempre fazendo as mesmas escolhas.
As adversidades nos deixava infelizes, os velhos controles me sufocava, era preciso rejeitar os amigos, destruir tudo que eu achava certo e me concentrar em fazer a sua vontade, voluntariei-me a ser fantoche, com bom humor me sentia uma atriz a cada concessão. Mesmo assim somatizei falta de ar e dor no peito.
O nosso relacionamento chegou ao ponto do desprezo, da agressão verbal e da ironia, eu estava me esforçando em nome dos nossos quatro filhos, eu amarrava felicidade a família unida mesmo que a desunião fizesse brigas constantes.
Chegou a hora de me desvincular, era uma péssima ideia considerando que eu não tinha renda alguma, assumir o compromisso em começar do zero é muito difícil, mas ser infeliz é muito mais penoso.
Costumava me perguntar se algum dia encontraria alguém, eu ainda estava presa a ideia de felicidade com par, estava estressada só em pensar em ficar só, mesmo que ele não fosse a melhor companhia.
Contei nos dedos as noites de aflição, o desespero em conseguir dinheiro e a matança de um leão a cada dia, tinha dias que estava em baixa e os argumentos do arrependimento começaram a sondar minha cabeça.
Eu estava enganada, aos poucos tudo ia se ajeitando, as experiências desagradáveis iam ficando escassas, os encontros comuns a quem tem filhos com o pai das crianças não incomodavam, aliás esses encontros eram muito melhores que a nossa convivência de muitos anos.
Todos estamos sujeitos a mudanças, não podemos sentir medo, as coisas fluem naturalmente.

Mãe - Raízes realmente profundas
O meu coração redescobriu a vida com outros olhos, nasceu em mim um amor imenso, intenso e crescente, um amor de mãe que eu não conhecia, um amor sem prazo de validade, um amor em que só consigo ser feliz se o filho é feliz.
Na minha mente eu sempre entendi que a maternidade era coisa mágica, mas que eu poderia viver sem ela, não associava a imensidão desse amor comigo, mesmo em conversas leves e agradáveis sempre fui pressionada a querer para mim a maternidade.
O amor de mãe realmente tem profundas raízes, um amor sem desconfiança, sem incômodo, sem as conquistas vazias, sem a espera de retorno afetivo ou financeiro, nada mais é do seu jeito, as coisas agora são do jeito que é melhor para o bebê, para a criança, para o filho.
Sempre tive medo de gostar muito de alguém, mas amor de mãe é um amor sem escolhas, é uma maneira de amar mais que a si mesmo, é uma boa razão de amar, é algo grandioso reservado para mim.
A felicidade vem com naturalidade, com um sorriso, um entrelaço nas mãos, um conceito adorável, uma transformação tão rápida e pouco percebida, uma escolha livre, uma liberdade em servir, tudo faz toda a diferença, os fatos são relevantes, as fotos essenciais, a gente vira plantonista de boas palavras.
A mãe tem a necessidade de querer entender tudo, mas não é tudo que se entende, tudo é socialmente aceitável, tudo é alívio ou possibilidade, tudo é manifestação de amor, uma vida fora do coração.
O amor de Mãe é o que há de mais importante na minha vida, são meus objetivos e a preocupação em retornar para casa é tanta, que perdi as contas de quantas vezes desisti da fila do supermercado.
É uma pressão em ser bonita, em ter o corpo mais magro e menos barrigudo de volta, infelizmente muitas mulheres suportam essa situação, quando a maioria prefere não ter hora para comer ou tomar banho, deixar que a amamentação encarregue de queimar calorias, as coisas se ajeitando por si, quando a sua única prioridade é o novo ser que acabou de nascer.
Mãe tem o poder nas palavras, mãe tem o poder em nossa vida, a criação não depende muito de diferença de classes sociais, o que importa é o referencial de bondade, amor, respeito. Mães não evitam problemas, mas desejam evitar qualquer mal. Mães não nascem com aptidões prontas, mas temos a sensação estranha que sabemos fazer tudo.
É ilusão achar que mais tarde tudo possa mudar, que as confraternizações terão namorados em companhia, que cedo ou tarde ela vai desaparecer sem dar explicações, ou que alguma doença possa se hospedar em seu corpo.
A gente pensa que filho custa caro, que passaremos a enfrentar dificuldades com a inflação voltando com tudo e com preços surreais que nos assolam, a gente tenta ser legal, coloca um sorriso no rosto e se ilumina de dentro pra fora, mesmo tendo pavor a ideia de não conseguir dar conta financeiramente falando.
A gente não se cansa em corrigir a falta do “muito obrigada” ou o “por favor”, explica sempre a necessidade da gentileza, de dar importância aos amigos, a ter interesse pelos que sofrem e a começar a pensar na carreira.
Mães não pertencem ao passado, não conversam com naturalidade sem acompanhar os filhos pequenos com os olhos, não dispõe de confiança absoluta em nenhuma babá, não mantém o mesmo nível de exigência que tinha com o filho dos outros.
Mãe é a raiz do amor, é o domínio da ansiedade, é o sinal de entendimento e perdão, mãe é a profundidade do A-M-O-R.

Evite especulações do que ele sente

Escute o que ele diz, observe o que ele faz, não existe hora certa para o romance, nem para terminar um. Não compactue com hostilidade e crueldade, não se sinta rejeitada. Nem todos os romances estão escritos nas estrelas, às vezes é apenas uma carência ou ainda, uma solidão.
Assuma apenas compromissos que te fazem bem, não leve em conta as bobagens de outras relações, não coloque no topo de prioridades a beleza, nem bata os pés por tudo. Num relacionamento somos equipes não chefes e subordinados.
Os opostos podem até se atrair, mas na hora da decisão quando um pensa para o norte e o outro para o sul, o mais forte, mais autoritário, mas ativo tomará quase sempre todas as decisão, até as mais polêmicas.
Não tenha medo, sei que somos indivíduos ansiosos, às vezes ciumentos e controladores, nenhuma punição deve fazer parte das nossas relações, agir como se não gostasse mais só vai afundar de vez o relacionamento.
Ele é uma cara legal, mas trata todo mundo mal, nada é tão semelhante ou oposto ao que se vê. Olhemos com clareza e sem a visão turva, ame de forma digna.
Alguns homens não correm atrás de mulher mesmo que nutram sentimentos por elas, eles têm egos inflados, sejamos médicos do nosso coração e vamos nos basear apenas em evidências.
Use lentes coloridas ou morrerá de desilusão, não tenha medo de ter ser parceiro roubado pois amores roubados não eram amores sólidos, não é que a maré vire, apenas fomos amados na superficialidade.
Todos têm defeitos, mas não dá para admitir romance no trabalho, liberdade de solteiro e novidades de cheiro estranho na camisa, nada de mistérios descontentes que minam a autoestima de qualquer mulher.
Altas histórias tenho para contar, várias ideias surgem a mente, o apoio da família ajuda, mas a falta de apoio também fortalece as relações, os amigos ajudam a unir ou separar de vez, o primeiro passo é conhecer você e o outro.
O ego deve ser trabalhado e até rompido, o querer dominar não é uma boa saída, mesmo você desaprovando o divórcio ainda assim, corres o risco de se divorciar, no campo do amor não basta um desejo o que move é a sintonia de ideias.
Em geral se rompe uma família em desgaste porém unida por alguém na mesa de um bar, alguém sem referências, alguém que talvez tenha o único propósito de curtir.
O que tiver que ser será, não alimente coisas negativas na sua cabeça, não lute com fantasmas, olhe o relacionamento de frente, corrija os erros, pule os obstáculos e seja feliz.

Autoestima sólida

Não é que eu esteja doente ou fundamentada nas práticas saudáveis, não é que eu veja o tempo como um carrasco que deixou cicatrizes e manchas pelo meu corpo, não é que eu me sinta menor, diminuída, inacabada, mas preciso fortalecer a autoestima.
Não faço parte da ditadura do corpo perfeito e nem da crítica excessiva e preocupação neurótica com a própria imagem.
O que realmente me importa é olhar no espelho e me reconhecer cheia de valores internos e externos, me sentir saudável emocionalmente, intelectualmente e bem disposta.
Nenhuma necessidade de ser perfeita, nem vontade de ser complicada, de querer morrer porque as rugas apareceram ou ainda se sentir um monstro por causa das celulites, tem coisas que nem quero notar, pois são tão insignificantes e merecem ser tratadas como se não existissem.
Sou vítima de alguns medos, tenho medo de perder a felicidade, tenho medo de dividir sentimentos, tenho medo de deixar de ser espontânea, tenho medo de emoções fortes e às vezes me sinto desprotegida, inquieta, intolerante, aborrecida.
Sou emotiva, choro ao ver um filme, meus olhos “suam” com facilidade, envolvo-me lendo um livro, ora estou tão irritada que nem eu mesma me suporto, mas consigo me doar com facilidade impressionante.
Descobri a solução mágica que produz felicidade e compartilho com vocês, o nome da solução se chama autoestima sólida, ela nos oferece alegria, a vontade de viver é uma informação super importante.
Sofro intensamente por problemas que ainda não aconteceram, coloco minhocas na cabeça, invento problemas que não existem, sou uma tímida falante e falo tudo que vem a mente, muitas vezes sem filtro, destruindo ilusões com facilidade, ou me acostumando com baixo padrão de comportamento.
Sou complexa, porém admirável, sei dizer a verdade com amor, sou um tesouro a ser descoberto pronta para enfrentar os mares dos mais calmos aos mais estressantes. Sou madura e às vezes inconsequente, generosa e egoísta, amável e agressiva, ou seja, o polo negativo e positivo da minha pilha me pertencem.
Meu lar é meu lugar para viver, mesmo que eu diga coisas impensadas, mesmo que eu tente sem conseguir aquietar minha ansiedade, mesmo que eu perca a lucidez e decepcione quem eu amo, jamais poderei aventurar-me sem a boa sorte da autoestima sólida que se permite ter todos os defeitos do planeta, mas também ter qualidades infinitas.

Cobranças

Eu tinha necessidade de todos ao meu redor, eu dava respostas brutas, não sabia calar, não acreditava no “dê tempo ao tempo”, precisava vomitar minha ira imediatamente, era da teoria do bateu-levou.
Acumulei decepções sendo assim, convivi com seres humanos incríveis, mas que tinham suas falhas assim como eu e você, eu gritava com todos, calava só quando já era tarde demais, eu não compreendia que esse comportamento me afundaria.
As experiências que mais me marcaram quer boas ou ruins nunca esqueci e por isso não esquecerei nunca meu comportamento irritadiço, que não apoiava o menor erros, sem beijos ou elogios, sem encorajamento e com muitas pedras na mão.
Tornei-me cheia de fobia, vivia em pânico, com raiva, sentindo-me rejeitada, discriminando Deus e o Mundo, eu era debochada, tinha agressividade nas palavras, ofendia com facilidade, humilhava por prazer, traía quem mais me amava, o meu defeito era um tamanho complexo de inferioridade.
Não conseguia entender a princípio, perdia a sobriedade, parecia duas pessoas completamente diferentes, também era generosa, abraçava boas causas, amava as amigas de infância. Ué será que eu era bipolar?
O processo é complexo, a gente precisa se aceitar com todos os defeitos, até mesmo os mais cinzas, precisamos viver sem a superioridade, precisamos aprender a viver dignamente, chamando cada defeito pelo nome e combatendo-o, mas não é fácil.
Os traumas fazem parte, você não é assim à toa, você se transformou nisso através dos atritos, das relações ruins, do não esforço em ser melhor, é difícil encontrar alguém que se sinta bem consigo mesma, alguém que não sofre de solidão, alguém rara e com radicalismo de amor.
Resolvi me acolher, apostar nas falhas, respeitar meus limites, exercer a nobreza de me aceitar como sou, não como comodismo, mas como autoconhecimento.
Deixei de Cobrar coisas de mim mesma que eu não poderia dar, comecei a ter manias de controle da segurança da casa, mania de lavar as mãos, mania de ligar para minha mãe todos os dias, manias insignificantes, mas que me perturbavam.
Tinha ideia fixa em mudar, em controlar as emoções, em superar a irritabilidade, estava cheia de segundas intenções em transformar atos ruins em atos bons, estava presa emocionalmente a vontade de mudar e isso me enlouquecia.
Comecei a ter medo de perder quem eu amava e passei a trata-los melhor com medo do remorso, vivia com sentimento de culpa, eu me sentia responsável por tudo até pelas crises financeiras na minha família, eu estava desequilibrada.
Atravesseis as crises sem amparo, estava me achando certa, educando a minha mente e treinando minha boa vontade adormecida, porém percebi que estava agindo totalmente errada e os outros estavam tirando vantagem da minha mania de perfeição.
Fiquei Insegurança, ansiosas e com medo de tudo, vivi desentendimentos ilógicos comigo mesma, eu precisava me proteger e eliminar as preocupações débeis de que tenho que ser 100%. Minha intolerância com meus defeitos era insana.
Passei a admirar as flores, a observar o caminho, a não me perturbar com as quedas e sim com o recomeço.

Cometi erros irreversíveis

Eu tinha a necessidade neurótica de mudar quem amo, tinha a melhor resposta para tudo, tinha tudo ao meu tempo, era do tipo “bateu-levou”, decepcionei muita gente com quem convivi, gritava enquanto o outro se calava, fiquei desorientada demais em cima do meu eu.
As experiências negativas me marcaram profundamente, afastei de mim pessoas excelentes, perdi apoio, abafei os beijos, os elogios, o encorajamento. Comecei a ter fobia de relacionamentos, pânico de sofrer, raiva de casais felizes, rejeitava o fato de estar sozinha por consequência das minhas atitudes.
Discriminava casais que não combinavam no meu soberbo julgamento, debochei de quem vivia de aparências, fui agressiva com quem me deu amor, ofendi publicamente quem estava ao meu lado, humilhei sem medidas, traí, precisava ser forte e grosseira para abafar meu complexo de inferioridade.
Não conseguia entender a falsidade que rodeava os relacionamentos, as crises que fazem perder a sobriedade, a pessoas que se afastam da família e dos amigos e nem parecem as mesmas pessoas, a falta de generosidade ou a generosidade em excesso.
Os amigos de infância que partiram para nunca mais voltar, ué, será que eu estava certa e o mundo inteiro errado? O processo de autoanálise é complexo, eu tinha um quê de superioridade que dificultava tudo.
Eu precisava aprender a amar de verdade, eu precisava que alguém me chamasse para uma conversa franca, apontando os traumas que me fizeram desse jeito, eu estava cheia de relacionamentos saturados de atritos, mas eu não fazia o menor esforço em evitá-los.
O pior de tudo é que eu me sentia bem comigo mesma, era radical, mas precisava falar e agir como penso, excluía pessoas da minha vida segundo meus julgamentos, não me esforçava para agradar, acolhia com alegria quem eu admirava, apostava em quem só me fazia mal e não respeitava minha intuição.
Cobrei e exigi de pessoas que não estavam preparadas, nem tinham nada a me oferecer, eu com a minha mania de achar que as coisas insignificantes iam se transformar em extraordinárias.
Tinha ideias fixas por controle, não superei os traumas das rejeições e traições, não acreditava em segundas intenções, eu sempre me doei totalmente sem perceber os riscos, estava presa emocionalmente, tinha medo de perder quem eu nunca tive de fato, um sentimento de culpa que me invadia e me dava à certeza de ter feito tudo errado outra vez.
Eu era responsável por fazer os outros felizes, mas por viver em crises profundas, uma necessidade em estar certa, uma educação desequilibrada, eu não tinha nenhuma vantagem em ser assim.
Fui insegura, ansiosa e eu não entendia nada de mim mesma até que descobri a força da palavra: Equilíbrio.

Flashes

- Eu não quero representar o papel de namorada ciumenta, se todas as mulheres agissem com segurança, não teria tanta infelicidade nos relacionamentos.

- Eu preciso entender que o ser humano possui várias camadas e nenhuma profundidade quando tem o ingrediente do ciúme.

- Estou desorientada com a necessidade de ser perfeita, esse apego ao corpo, à mente, as coisas, ao amor não correspondido, a querer ter domínio de tudo.

- Coloque sua teoria em prática. Vou te dizer uma coisa os tempos mudam, mas a essência prevalece.

- Eu preciso de algum espaço para me acalmar, escolhi a tristeza, a descrença, as mentiras, os julgamentos, o rancor, sofri preconceito, busca pelo poder, aceitei traições, fugi de mim, vivo a minha vida do jeito que der.

- Estou esperando ansiosamente pela sua explicação com respiração rápida e com aparência de que esperarei até morrer.

- Agora é tarde demais para reviver certas paixões, prometer transformações, estive estressada e ansiosa, hoje estou desacreditada em ti.

Amor e Morte

Amigos que não sabem consolar com palavras, não conseguimos resolver imediatamente a vida quando acabamos de perder quem amamos, não há chances de voltar atrás, não há razões para sorrir, o espaço é apenas para chorar e depositar flores.
Passa um filme com uma memória seletivas só das qualidades, a pessoa é vista como a melhor pessoa do mundo, única e que desempenhou bem sua missão nessa terra, sem necessidade de perder a cabeça à toa, sem a teoria dos apegos, com a diferença notável de bom cidadão.
Custei a me socializar novamente, culpei-me por não ter vivido intensamente, foi um pouco chato ter pendências afetivas com o pai, a mãe, atitudes que jamais esqueceremos, mesmo que com o tempo nos desinteressam pela culpa.
O perdão nos faz refletir e até mudar caminhos, despachar a culpa de férias é dar o troco e mover para seguir em frente, todo coração é um guia, o mundo conspira em sintonia com nossos desejos.
Máscaras sociais não nos fazem feliz, nem sempre somos intencionalmente enganados, o compromisso e o amor também provocam cegueiras, nem sempre o que queremos significa paz, amor, tranquilidade e perfeição.
A culpa nos faz ter sentimentos de inferioridade, a morte pode acontecer subitamente com qualquer um, as coisas mudam, mas nem sempre de verdade, assumir as responsabilidades de ser eu mesma, não sucumbir as tentações, evitar o controle e me sentir importante mesmo em frangalhos.
Comecei a levar trabalho para casa, precisava me sentir útil, presente, viva, conversar abertamente sobre o meu parceiro que acabava de partir de vez, acostumar-me sem sua presença, aprender mais uma lição de vida.
Prometi muitas coisas e não cumpri, deixei de ser popular, tornei-me mil vezes mais afetuosa, não por bondade e sim por medo do remorso, não conhecia bem a mim mesma, não sabia que junto com a morte de quem amamos a gente morre junto um pouquinho, faltava consciência para essa certeza da vida.
Aceitei que as criaturas vêm e vão, que é uma tremenda sensatez viver intensamente sempre invadida por uma sensação de felicidade dando importância as coisas importantes e deixando em quarentena pensamentos inúteis e condutas não colaboradoras.
Sempre fui mulherzinha, agora precisava aprender a ser forte, a controlar emoções, a correr riscos dos julgamentos, as decepções de quem acha que sabe o que devo fazer, os sonhos frustrados de quem se aproximou por curiosidade.
Eu vivi o amor verdadeiro, eu não discrimino quem não se entrega ao amor, eu não sei viver com hostilidade e desdém, sou fã de generosidade, não curto representar um papel, mesmo que sejam tendências coletivas.
As pessoas sentem atração por quem compartilha suas atitudes, ficam inquietas com quem pensa diferente, não abro mão do que existe de melhor na minha vida que é minha paz de espírito, meus valores, minha “modernidade”, meus fundamentos talvez diferentes da maioria, sem pânico, aceitando o meu destino.
As crises vieram em etapas, voltei a me envolver com a família, não aguentava mais tanta pressão, de um lado a esperança de um novo casamento, do outro, a desesperança em encontrar alguém parecido num mundo de desiguais.
Estava com um vazio no coração, nada igual ao que algum dia eu teria sentido, era uma separação permanente, com rapidez e sem descansos. Eu era cortejada por todos, inclusive pelo consumo.
Vários relacionamentos eram reatados o meu não tinha essa possibilidade, só se eu morresse, só se a vida acabasse, sem me entregar e crescer no meu destino.

Flashes

- Não faz o menor sentido, ter sexto sentido e desprezar cada detalhe.

- Sou um sujeito comum e equilibrado, acostumado a tranquilidade e intuitivo.

- Um desastre emocional é deixar de olhar a vida de forma ampla e obviamente só cuidar de si mesmo.

- Demonstro sensibilidade afastando o conquistador barato cujo único objetivo é a mania de conquistar.

- Senti-me segura, cansada de algumas teorias que nunca funcionam e cheia de sorte de ser eu mesma.

- Não existe nenhum homem em todo o planeta que valha todas essas lágrimas, eu te desafio a ajudar a si mesma.

- Isso é apenas um fato não um propósito, magoamos uns aos outros, questionamos Deus o porquê de tanta maldade e tantos sofrimentos.

Os relacionamentos de hoje em dia dizem respeito à quantidade e não à profundidade

Não sei ficar só comigo mesma, sempre estou acompanhada por uma mente inquieta, por pensamentos que não param, por libertar-me de algo que me desagrada, sinto o coração agradecido por ser assim.
Apagar as pessoas que você não quer na sua vida é indolor e evita conflitos, mesmo que a princípio eu sentisse uma tristeza profunda, numa sociedade preconceituosa que tudo tem que dar certo.
Sentir alívio deve ser a assinatura de que você deve ter feito à coisa certa, criei imensas listas do que não quero no próximo parceiro, comecei a aceitar o fato, por mais que doesse que as coisas caminham para o bem, soube sair da situação com dignidade apesar de ser vítima de muita discriminação. Sim, eu era uma mulher divorciada ou que não soube segurar marido. Hoje tudo isso me faz rir.
Não vou cometer os mesmos erros de novo, despertei para o relacionamento com olhos cheio de lágrimas, mudei o cenário, conto a verdade sobre mim e escondo meus desejos secretos a princípio.
Em bom português, não há mais a mesma urgência para buscar compromisso com uma pessoa, fui casada, achei bom e achei ruim, como tudo na vida, mas estar pressa a alguém que não respeita nem seus pensamentos fez do casamento um pedacinho do inferno. Eu... eu lamento.
Tenho habilidade para resolver tudo, salvar o que está perdido, mas continuo confiando basicamente na intuição e nas emoções inesperadas. O melhor de tudo que me aconteceu foi enfrentar a verdade com coragem.
Modifiquei a mentalidade da minha época, evitei que amigas acabassem com a pessoa errada, por vezes mantive a expressão impassível diante de muitos conflitos alheios para não parecer à desiludida.
Assumi o que aconteceu com meu relacionamento superficial e não me envergonho do que vivi, de lá pra cá o mundo mudou, a humanidade evoluiu e a desconexão era favorável, aliás eu era totalmente independente.
Pensei em mudar de lugar, mas não ia adiantar, pensei em encher meu coração de maldade e ódio por ele, mas isso não faz parte do meu planeta, fiz o dever de casa certinho e tudo fez muito sentido para mim.
Existia dor dentro de mim e essa dor me acompanhava para onde eu fosse, Eu levava ele no meu coração quebrado, mas estava consciente e livre para escolher novos caminhos, para mostrar a mim mesma que não rejeito dores, apenas as transformo, tenho sede de alegria, uma percepção aguçada ao que me faz bem.
Acabou porque não houve química suficiente, acabou porque existiam muitas diferenças e nenhuma boa vontade em compactuar e acolher, eu levei comigo meu círculo social cuidadosamente cultivado, porém ilimitado na capacidade de se comunicar.
Eu era inflexível também e achou o dia em que eu achei que não valia a pena ter um relacionamento com ele, um momento da minha vida marcado por fraquezas, faltas, arrependimentos, tristezas, não vencemos pelo cansaço, aliás, desistimos pelo cansaço.
A vida não deveria ser uma questão de comparações ou competições, eu jamais faria tudo outra vez, meu ser exclui tudo que um dia vivi, é como se tudo tivesse acontecido com outra pessoa, esbarrar com grupos de ex-amigos porque são amigos dele não é mais desconfortável.
Sonho, emociono-me, desejo amor e penso que um dia todas as solteiras incríveis que conheço abrirão seu coração para o Amor com o pressentimento de felicidade.

O impulso inicial de julgar o próximo

Dados agregados de nossos valores nos fazem sempre achar defeitinhos nos outros, uma agenda de compromisso está sempre cheia porque só dou valor a quem quero, ou eu desprezo tal coisa porque tenho preconceitos em minha cabeça.
As pessoas dedicam muitos “cuidados” a vida alheia e como reação instantânea de “não, obrigada” nos abalamos com quem toma distância. O julgamento é infalível e a gente sobrevive.
O olhar do outro sobre nós não significa mudar seus valores ou sua identidade, muito menos ser artificial ou representar, as pessoas sentem necessidade de escolher um lado quando olham para a vida dos outros.
A vida é comum, extraordinária e surpreendente, passageira e precisamos ajustar o comportamento, mesmo que a gente reclame sem razão, mesmo sendo tratada com um desdém insensível, mesmo que seu livro seja uma porcaria.
Sempre temos uma impressão negativa de alguém, até dos mais próximos, é sempre um dito e feito manipulado pela nossa cabeça, talvez nossa existência seja julgadora como um trem descarrilado que perde a direção.
Esta é minha história, com vírgulas, falhas, fases, tropeços, com alegrias e alguma mudanças, mas sempre alguém quer que eu mude algo em minha essência, as coisas vão tomando um rumo que eu não gosto, já sofri tragédias e conquistei com elas amadurecimento. Ãrrã, talvez seja necessário sentir tragédias, mas é um lição muito dolorida, muito pior do que lendas urbanas de dar medo.
Cabelo desgrenhado deve ser escovado, ou o “Eu nunca faria isso”, ou eu preciso mostrar as minhas cicatrizes, pois são piores que as suas, ou tenho a desculpa do transtorno bipolar ou da fobia social.
Algumas pessoas não enxergam nenhuma qualidade que eu assinalara como desejáveis, parece familiar? A vida, o ser humano e seus medos de desagradar, somos bisbilhoteiros, só fui saber tarde da noite aquela fofoca quem nem me diz respeito.
E a desculpa de que o mundo é desse jeito ou o “tem que ser assim”. A gente Perde a privacidade, entre alegrias e lágrimas percebe as alegrias da vida, transforma lugares em farra permanente com os amigos.
Estou pensando em fazer assim, em ir aquele lugar, eu curtir as minhas noites, mas tenho que ouvir a opinião alheia, porque o mundo têm pessoas cruéis e com saúde de ferro. Será que é feio admitir que já desejei a morte de alguém?
Preciso sair daqui o quanto antes, preciso ter legitimidade em viver, não quero me sentir tensa, menosprezada ou negligenciada, preciso de um lar feliz, composto de pessoas felizes.
Acredito que a bondade ainda não morreu, basta enxergar através dos olhos, arrumar discussão para quê? Ser competitiva com que objetivo? Controladora? Atacar as femininas como fúteis, ou as chefes do lar como independentes demais e as mães como superprotetoras.
É importante viver enquanto vivemos. Faz parte! Eu costumava ser a cruz dos outros, tinha problemas com as pessoas bem-sucedidas na carreira, o que eu podia fazer além de mentir que estava feliz com aquela conquista quando na verdade achava o prêmio pelo puxa-saquismo.
O não julgamento é um sonhos possível para quem se encontra em harmonia com o essencial, mesmo que não saiba bem conscientemente, mesmo que não se tenha tempo para pensar, mesmo sem a facilidade de desligar essa personalidade de juiz que habita em nós.

Com um sorriso estampado no rosto

Sentimento de culpa ainda tenho algum, meu orgulho só serviria para prejudicar meu desempenho, não sou da geração cinderela de jeito nenhum, mesmo que você fique uma arara comigo não reverencio só o amor.
Claro que isso é injusto, amor é a maior celebração humana e divina, com amor somos felizes num pôr do sol inesperado, vamos adiante, temos histórias em família, e somos desafiados a amar reciprocamente, sem intimidações, sem desafios intelectuais.
Ao longo dos meus 38 anos eu não sabia que nascer poderia acontecer várias vezes, sem medos ou maus pressentimentos, é exatamente um renascer que vejo cada ano, com ideias divertidas e inteligentes em vez de uma discussão acalorada.
Uma boa quantidade de acnes marcava meu rosto, um gênio ruim, um amor convencido, o experimento de novos alimentos exóticos e estranhos. Francamente! Eu aqui no maior love, cheia de amor pra te dar e não me aparece nenhum pretendente que preste.
Sempre achei que os erros vêm acompanhados com as suas consequências, sinto meu coração bater forte quando me sinto discutindo tudo, quando estou com a barriga protuberante, quando reconstruo destruindo. Eu não tenho nada com isso é só minha opinião penso. Ah, o meu ego muito frágil.
Nada vai ser diferente amanhã ou depois, mas o essencial é colocar o sorriso nos lábios, mesmo que ninguém morra de amores por mim, mesmo que eu seja o tipo de mulher que sempre tem uma história melhor que a sua pra contar, mesmo que seja tarde demais para fingir que não estava escutando propositalmente a conversa deles.
Não quero viver nessas paranoias de uma vida agitada, de lutas pelo poder, de desculpas irritantes, não quero me vestir por modas, ou encher meu coração de raiva e ressentimento.
Não quero me acostumar com caras que fazem tudo do jeito deles, eu luto pelo fim da desigualdade nas relações, quero um homem que lave louça, não quero uma vida de estresse constante, sei que cada um é como é que as pessoas não são iguais, que ninguém precisa se incomodar com minha maneira de lavar roupa ou com minha barriga imensa me impede os movimentos ou com pessoas negligentes demais.
Eu ia procurar uma ponte ou um telhado alto de onde eu pudesse gritar “adeus mundo cruel”, eu não precisava me aturar por mais 50 anos, tã-dâ era a fórmula mágica para os medos, assim desistente de viver.
Era como tivesse um bloqueio intransponível, mas eu continuava com um sorriso no rosto, meus problemas eram só meus, a fronteira entre o que sou e o que demonstro ser era bastante tênue e constrangedora.
Não fiz ideia do mal que causaria a minha reputação destruindo minha vida, vivi como se não existisse mundo lá fora, nada importava se era saia ou vestido, se o príncipe mordeu a isca, se estavam me paparicando inutilmente.
Não me submeto a sua vontade de maneira nenhuma, não sou mulherzinha deprimida, sou inteligente e sei de tudo e não sei agir de outra forma, aprendi que os teus problemas são mais curiosidades que tentativa de ajuda. Doeu saber disso.
Não estava fingindo ser outra pessoa, meu sorriso não era falso, era apenas um disfarce, eu era feliz até com a lua brilhante que surgira para enfeitar a noite, às vezes tinha rompantes raivosos, mas estava cheia de bondade e afeto no coração. Tudo passou, o que eu tinha se chamava de-pres-são.

Flashes

- Vaidoso, prepotente, sem sensibilidade, tem gente que não sabe agir de outra forma.

- Essa atitude pode custar caro, raciocinando friamente, ele tem uma amante e vive circulando com ela pela cidade.

- Atiçando emoções que eu preferia deixar adormecidas, não gosto de viver pela metade, uma imponente herança foi me sentir mal incompleta.

- Estou me punindo por isso, é simples e convidativo deixa-lo ir definitivamente.

- Ele nunca tinha usado sua força física contra mim, fazia tudo para que eu me sentisse feliz, com os outros era um bruto, comigo um doce. Eu não tenho expectativas.

- Refazer as energias sentindo-se livre, bem-disposta, alegre. Sou uma mulher de sorte.

- Ele bufa, tem uma vaidade estimulada, cheio de anseios e confiança, mas eu não o quero.

Eu não me importo com o sacrifício

Estou com uma aparência horrível, umas acnes depois dos trinta, um inglês decadente, uma colheita ruim. Meu pai só sabe falar disso, de como me acomodei, de como ficava muito tempo na rua, como eu estava com sintomas de doente.
Cheia de ressentimentos, tenho vergonha da maneira como fui tratada por um monte de gente, muito interesse em saber da minha vida e bastante indiferença para dar apoio, fiquei sem coragem para admitir a fraqueza e jogar contra ele, também tinham pessoas protetoras em volta, carinhosas, pacientes e que eram capazes de ceder. Não gosto de falar disso porque parece que eu só enxergava as coisas ruins.
O clima não é dos melhores, lamento minha imaturidade, mas passado não se refaz, eu não entendia a gravidade das coisas, eu achava natural à agressividade e logo depois o carinho.
Passei a não me importar com nada, ignorando completamente sua presença, mesmo que ele estivesse me despindo com os olhos, mesmo que ele agisse por determinados motivos, mesmo que eu tivesse deixado de ser feminina como ele me conheceu, eu não acreditava que coisas boas viriam em nossa direção.
Eu gosto de pensar que as críticas eram verdadeiras, que existiam bons motivos para mudança, que nenhuma brincadeira era em tom de flertes, entretanto, insistia em dizer que não fizera nada mais do que o seu dever de forma rude e paranoico.
Evitei tudo que pudesse exigir o mínimo de responsabilidade, descumpri os desejos de minha mãe de ser uma dona de casa exemplar, achei que poderia ser eu, a preguiçosa de sempre, achei que eu poderia sentar, rolar e fingir de morta e ele continuaria a se importar de verdade comigo.
Ninguém tem culpa de nada, por um tempo não me importei como as coisas caminhavam, eu queria ter o jeito que sempre quis, eu queria uma relação pronta e sem sacrifícios, mas depois de um tempo, cansei dessa vida.
Comecei os sacrifícios depois que me vi gorda e desfigurada, indo para lugar nenhum com um Mestre na manipulação ao meu lado, sei de tudo que fiz de errado, sei que não foi “nada demais”, sei que fui cruel e desalmada, nunca fui burra, sei que perdemos intimidade e simplicidade.
Comecei a resguardar sentimentos, decidi jogar para o alto as aparências, sim eu precisava emagrecer, mas não precisava enlouquecer por causa disso, éramos duas pessoas se conhecendo após sete longos anos de casados.
Antes da separação inevitável, curei a mim mesma, já estava com a minha ousadia de volta e segura de mim, sem medo de autoridades, sem receber o olhar de “Uau porque ela não se ama”, coloquei no papel os assuntos totalmente proibidos, os que ainda me desconsertavam por dentro.
Quando o casal quer coisas diferentes, ou você se conforma e cede, ou você faz o outro se conformar e ceder, ou ambos abrem mão daquilo ou acontecem às brigas, daí iniciam-se os momentos mais duro da minha vida, o de querer ter sempre razão.
Contentei-me em simplesmente ir levando, não me envolvi com ninguém, aliás, essa parte foi fácil já que não estava habituada a viver.
Tudo me afetava mais do que eu imaginava, imaginei coisas que não existiam, não havia muito que fazer a não ser zapear pelos canais da tv, sentia que tinha o dever de deixar a par tudo que acontecia, foi quando percebi que nós deveríamos nos sacrificar pela relação e não esperar, como passe de mágica que as coisas se encaixassem.

Amamos até quem não nos dá retorno

Preparada para absorver todas as atenções, dar uma nova chance, comer grandes porções para abafar a dor da perda. Saiba que a vida pode ser muito melhor caso você mude seus hábitos, caso você resolva curtir um raio de sol.
Ele não estava interessado em fazer o nosso namoro funcionar, não sabe realmente se colocar no meu lugar, não abandonou o mundo das paqueras estando ao meu lado.
Eu esperava que ele mudasse, mesmo ele tendo me decepcionado mil vezes, eu não podia agir diferente, eu namorava, ele não. Homens não funcionam corretamente. Fiquei tão chateada que parei de ingerir frutas e verduras, eu sabia que o enfarte atacava também o mundo feminino.
Eles não pensam da mesma forma, isso é provado. Enquanto a gente se entope de comida, eles se entopem de bebida e night, mas eu vou me exercitar todos os dias, vou continuar sendo um ser humano sob controle.
Todos os dias temos acesso a uma infinidade de escolhas, até no creme dental, caso você tenha duas opções no seu banheiro, então eu tomei a decisão de pensar: “preciso deixá-lo, ele não me merece”. Nunca o vi tentar seduzir ninguém na minha frente, mas ele tinha uma vida de solteiro na mesmo ocasião em que eu estava namorando unilateralmente.
Eu me afastei, devolvi a ligação por consideração, comecei a dar pelo menos dez mil passos por dia, respirar profundamente, cuidar de mim e curar as cicatrizes da minha memória.
Ele não me trata com respeito, se infla exageradamente, não reconhecendo seus limites individuais, eu sei que na realidade ninguém é normal, mas me incomoda nunca consegui me libertar do amor que sempre senti, esse ex me acompanha.
Sempre tive amigos com os quais me importo, com facilidade sou uma mulher forte, que escondo os conflitos debaixo do tapete, sou muito emocional, me ofendo facilmente, sou emocional demais, não custa nada repetir.
Eu o amo de qualquer jeito, mesmo que ele me faça mal, mesmo que le me desvalorize, mesmo que ele não esteja mais comigo, o coração é intuitivo, é contextual, é relacional, mas minha mente pensa nele todas as manhãs.
Falo durante crises de raiva, manipulo opiniões, sou carente e tenho baixa autoestima e isso é um prato guloso para o esfacelamento dos romances. Sou impulsiva e intolerante diante de contrariedades, tenho indivíduos necessitados aos quais ajudo, e luto por amar exercício físicos para a saúde do meu corpo e da minha alma.

Eu não quero salvar ninguém

Minha amiga favorita tinha alguns excessos de álcool, mas sempre que eu falava disso ela se afastava, eu estava esperando um bônus há muito tempo, compartilhei felicidade e tudo deu errado, ele revelou não ser muito religioso, mas era uma pessoa de bom coração.
Não tenho medo de aceitar algumas coisas como são, evitar desentendimentos, e fazer baixar o termômetro da ansiedade, fui independente e inflexível demais por muito tempo, meu amigo preferido se afastou, tinha uma enxurrada de lembranças desconfortáveis e tudo isso me deixava imóvel, perdida no tempo.
Provavelmente uma pessoa radical, inconveniente e agressiva eu fui, mas sempre com remorso no olhar, com a vontade de vencer tendo nas entrelinhas a petulância de se ruma pessoa difícil. Eu sou forte, protetora, carinhosa, generosa e pouco paciente, sei perder a arrogância e tenho medo das pessoas que não conheço e julgo pela capa.
Adoro frio, detesto calor e nasci em Manaus, reconheço-me nas histórias alheias, sinto-me ridícula às vezes ao destilar o ódio com tanta facilidade, evito conversa fiada, admiro a forma como muita gente luta pelo que acredita.
A cerveja e o suor não me apetecem, sou explosiva e já tive pretendentes gostosos em minha vida, mas nada que valha mais que um bom caráter, claro que você não deve mudar sua essência, mas pode pensar em ajustar alguns comportamentos, fico magoada só de pensar em tanta coisa que não relevei.
Essa mania de ser verdadeira, de ser real é bastante grosseira, não quero dar notícias importantes, não quero perder tempo numa relação fadada ao fracasso, não quero uma lógica baseada em ressentimentos e amarguras, não quero ser exaustiva e deprimente.
Não quero uma sinceridade católica, e um medo burguês de ser feliz, não quero carapuças servindo lindamente. Quero um mundo de atitudes, quero me acometer de alegria de repente, sem sentimento de culpa, sem o estranho arrependimento, com a liberdade e seu preço.
Meu marido parece muito feliz no casamento então descobri que ele tinha outra, uma válvula de escape, meu mundo caiu, tive sede de sucesso matrimonial e descobri que meu relacionamento era uma farsa, até onde pude perceber só estava bom para mim.
Não exatamente estava tudo perdido, ele ficava com as partes boas e eu com as ruins, frequentávamos a alta sociedade, eu tinha necessidade de agradar, de ter o máximo de pessoas ao meu redor me elogiando, não tinha controle de seu passos, nunca fui de fiscalizar ou controlar, achava que se a porta estava destrancada e se ele ficava é porque estava tudo bem.
A pessoa boa aparenta ser direta, verdadeira e confiante, a pessoa má aparenta ser exigente, grosseira e arrogante, eu era uma mistura de ambas, observei a movimentação e os flertes ele não sabia que eu sabia e eu não sabia se queria que ele soubesse.
Com o tempo eu me torno mais forte, cobro, luto, brigo, xingo, diminuo o meu peso enorme, descomunal, não queria ser a mulher carente ou grudenta, não queria voltar a ter intimidade na cama, o fato de saber que mais alguém além de mim compartilhava a cama com ele me dava nojo.
Renasci das profundezas da carência, desacreditei no meu casamento, não aturo perdoar o símbolo do desrespeito que se chama traição, deixei a crença de que era só uma fase de lado e fui para o xeque-mate.
Não há vencedores ou perdedores na separação, a pior coisa do mundo é ser admirada por qualidades que você não quer ter, você se importa com o que estão pensando de você, você fica intelectualmente chata e decide não salvar o mundo de ninguém, nem o seu.

Quero alguém que tenha opinião própria, mas fique ao meu lado

Revolta-me ser bonita, simples e singela e não ser reconhecida por quem você ama, eu não quero uma pessoa que fique amargurada, triste, sem sutileza nas palavras, eu não quero ser mais forte do que ele.
Santa Mãe de Deus, não tenho habilidade para lidar com os sentimentos confusos, algumas coisas só produzem em mim mágoa e tristeza, não quero alguém depressivo e que não saiba “perder”. Não estou dizendo que vou “ganhar” sempre, mas é preciso saber perder ideias, vontades, certeza para a relação durar. É o famoso ora eu cedo aqui, ora você cede ali.
Cansei de ficar tentando livrá-lo da tristeza sem fim enquanto eu me deprimia cada vez mais, não gosto de muitas coisas que pregam sobre instintos masculinos que só protegem os homens quanto a traições e isenção de afazeres domésticos.
Existe em mim uma forte tendência a deixar tudo para trás, principalmente quando me rodeio de alguém que quer sempre ser atendido imediatamente, porém sempre faço reconsiderações e meu caminho de perdão é longo e generoso.
Hoje me senti mal, precisava fazer algo, estava difícil entender o que eu sentia, estava em um restaurante barulhento e agitado, onde as pessoas em volta dançavam e tinham sorrisos vitoriosos, eu estava ali vivendo momentos duros de falta de paz, sem saber como me comportar.
Não quero ser uma dona de casa tradicional, tendo em minhas costas a minha profissão, não quero ter sonhos sozinha ou sobressaltos por ter de cumprir sonhos alheios que ferem os meus, não quero ser destaque por estar indignada com a vida.
Minha reputação não é lá essas coisas, sou conhecida como pavio curto, porém me conheço há muito tempo, sei que melhorei, sei por quem tenho atração, sei que não gosto de homens arcaicos, machistas, degradantes e déspotas, sei que quase tudo é tratável, mas não quero a incomparável rotina de ironias e conflitos.
Nem sempre você consegue o que quer, tento protestar, algumas coisas na vida não fazem o menor sentido, nunca considerei certas coisas como parte de uma filosofia de vida.
Não quero alguém que estimule minha personalidade tensa e irritadiça, não quero me sentir com uma aparência horrível, não quero falar palavras em códigos, eu quero plantar e colher bons frutos, quero tratar a causa e não o sintoma, preciso admitir que já fui tratada de maneira inconveniente com misto de interesse e indiferença. E isso eu não quero mais para mim.