O impulso inicial de julgar o próximo... Arcise Câmara

O impulso inicial de julgar o próximo

Dados agregados de nossos valores nos fazem sempre achar defeitinhos nos outros, uma agenda de compromisso está sempre cheia porque só dou valor a quem quero, ou eu desprezo tal coisa porque tenho preconceitos em minha cabeça.
As pessoas dedicam muitos “cuidados” a vida alheia e como reação instantânea de “não, obrigada” nos abalamos com quem toma distância. O julgamento é infalível e a gente sobrevive.
O olhar do outro sobre nós não significa mudar seus valores ou sua identidade, muito menos ser artificial ou representar, as pessoas sentem necessidade de escolher um lado quando olham para a vida dos outros.
A vida é comum, extraordinária e surpreendente, passageira e precisamos ajustar o comportamento, mesmo que a gente reclame sem razão, mesmo sendo tratada com um desdém insensível, mesmo que seu livro seja uma porcaria.
Sempre temos uma impressão negativa de alguém, até dos mais próximos, é sempre um dito e feito manipulado pela nossa cabeça, talvez nossa existência seja julgadora como um trem descarrilado que perde a direção.
Esta é minha história, com vírgulas, falhas, fases, tropeços, com alegrias e alguma mudanças, mas sempre alguém quer que eu mude algo em minha essência, as coisas vão tomando um rumo que eu não gosto, já sofri tragédias e conquistei com elas amadurecimento. Ãrrã, talvez seja necessário sentir tragédias, mas é um lição muito dolorida, muito pior do que lendas urbanas de dar medo.
Cabelo desgrenhado deve ser escovado, ou o “Eu nunca faria isso”, ou eu preciso mostrar as minhas cicatrizes, pois são piores que as suas, ou tenho a desculpa do transtorno bipolar ou da fobia social.
Algumas pessoas não enxergam nenhuma qualidade que eu assinalara como desejáveis, parece familiar? A vida, o ser humano e seus medos de desagradar, somos bisbilhoteiros, só fui saber tarde da noite aquela fofoca quem nem me diz respeito.
E a desculpa de que o mundo é desse jeito ou o “tem que ser assim”. A gente Perde a privacidade, entre alegrias e lágrimas percebe as alegrias da vida, transforma lugares em farra permanente com os amigos.
Estou pensando em fazer assim, em ir aquele lugar, eu curtir as minhas noites, mas tenho que ouvir a opinião alheia, porque o mundo têm pessoas cruéis e com saúde de ferro. Será que é feio admitir que já desejei a morte de alguém?
Preciso sair daqui o quanto antes, preciso ter legitimidade em viver, não quero me sentir tensa, menosprezada ou negligenciada, preciso de um lar feliz, composto de pessoas felizes.
Acredito que a bondade ainda não morreu, basta enxergar através dos olhos, arrumar discussão para quê? Ser competitiva com que objetivo? Controladora? Atacar as femininas como fúteis, ou as chefes do lar como independentes demais e as mães como superprotetoras.
É importante viver enquanto vivemos. Faz parte! Eu costumava ser a cruz dos outros, tinha problemas com as pessoas bem-sucedidas na carreira, o que eu podia fazer além de mentir que estava feliz com aquela conquista quando na verdade achava o prêmio pelo puxa-saquismo.
O não julgamento é um sonhos possível para quem se encontra em harmonia com o essencial, mesmo que não saiba bem conscientemente, mesmo que não se tenha tempo para pensar, mesmo sem a facilidade de desligar essa personalidade de juiz que habita em nós.