Cantiga de Escárnio
Cantiga para Viviane
O que dizer daquela que destrona impérios e desacata o tirano mais perverso? Que enfrenta desafios com a altivez e a irretocável elegância da verdadeira dama? Que não perde a perspicácia, emudecendo hipócritas sofistas?
Viviane hoje faz aniversário. Mais um ano enfrentado com coragem e com a audácia da mulher que vive intensamente cada mínimo segundo, permitindo que a natureza seja mais bonita, e que a cidade tenha mais felicidade, e que a esperança não nos abandone nunca.
Segue em seu caminho como a mãe mais amorosa, a executiva mais comprometida e a mulher mais fantástica - e mais deliciosa - que um homem algum dia possa já ter tido em sua vida de pequenas trivialidades, desfrutando de incomparável companhia, de odor inebriante e de um sorriso único, rascante, devastador. E homem nenhum no mundo sobrevive a tão peculiar encantamento...
Essa moça delendou Cartago; essa moça derrubou muros de Tróia. Viviane não se queima com o sol, porque ela própria inventou o sol dos dias e a poesia das noites. Viviane não corre da chuva, porque sabe que a chuva brinda e abençoa o seu espírito que é pura devoção e alegria.
E assim o tempo passa, e todos os dias lhe pertencem. Viviane é una. Viviane é a mulher mais incrível e a mais amada desse mundo - e dos outros mundos todos. A amiga para a eternidade. O consolo de nossas alminhas que têm tanto a aprender com ela.
Viviane é a vida em estado puro.
(Andre R. Costa Oliveira, em 04/2021)
#CANTIGA
Cenas retratam flagrantes da vida...
Tecendo o tempo...
Desatinos vão se completando...
E assim vamos seguindo...
Ano após ano...
Em olhar meio de lado...
Vez ou outra escuto no bar...
Papo furado...
E com esse enredo...
Cheio de cantos...
Sem culpa e sem arrependimento...
Apenas...
Vivendo...
Da insônia madrugada a fora...
Entre um copo e outro...
Vou jogando conversa fora...
Em tudo que aspiro...
O nada vai levar a nada...
Amanhã, talvez...
Possa esquecer alguma história mau contada...
Sem hora marcada...
Sei que tenho que voltar logo para casa...
Os abraços recebidos...
Nem de todos amigos...
Completaram a lacuna vazia ?
Entoaram alguma cantiga?
Fantasio e invento absurdos...
No que não existe faço acontecer...
Entre bocas ocas...
A conversa fiada me rende...
Sob a lua cheia...
Já tonto...
Me finjo acreditar que isso é viver...
Sandro Paschoal Nogueira
Mãe
Mãe é mão estendida por entre o tempo.
Cantiga que ressoa no ir e vir do percurso.
Acalanto que fica na vivência erguida.
Braço estendido para além do sim e do não.
Embora se cresça em tamanho e fazeres,
Mãe é farta em entremear escolhas,
Deixando-nos o amar sem punição,
Que nos faz ser em cada acolhida.
Mãe é terra que em nós frutifica,
Tornando-nos sementes de superação.
É voz que fica na memória sentida,
Tramada de ternura no balbuciar da vida.
Mãe é ventre que embala o que nasce.
Que do pão se reparte mesmo que falte,
Como fermento de amor que sempre fica.
Mãe é palavra maior, que se entrelaça no coração.
SAUDADES DELA-04/2020 - João Nunes Ventura-04/2020
É na cantiga do cantador violeiro
Que recordo o meu amor primeiro
Na sombra amiga dos coqueirais,
E é no compasso do meu coração
Que escuto os acordes da canção
Saudades dos meus dias de rapaz.
Quando a chuva trouxer a solidão,
junto a ela faça uma cantiga,
mesmo num dueto sem afinação
e que seja saudosa, até antiga
Assim lavando a sua alma
em horas de muita paz,
sua mente ficará em plena calma
junto à meditação que a chuva traz
CANTIGA PARA MINHA ALMA GÊMEA
"Quando você me amar
Serei tua casa
E você a minha.
Dividiremos a vida
E o amor,
Seremos dois corações
E um ninho
Sem espaço
Para outros beijos,
Fiéis e constantes
Mesmo que sozinhos.
E enquanto te espero
Alma gêmea minha,
Sigo sozinha, sem pressa
Sendo por enquanto
De ninguém.
Apenas minha."
Lori Damm
[UMA CANTIGA E SUA PEREGRINAÇÃO POR UM MUNDO DE NOVAS ESCUTAS]
A poesia - diante da possibilidade de ser utilizada como fonte histórica reveladora de discursos, informações concretas e expectativas humanas de todos os tipos - deve ser vista como um veículo de expressão e comunicação que, independentemente das intenções de seu autor, pode conter uma pluralidade de sentidos. Para que um novo sentido se desprenda de um poema ou de uma cantiga,é por vezes bastante que a desloquemos no tempo ou no espaço, que mudemos o seu público ou o trovador ou poeta que a enuncia, que a voltemos contra um novo alvo.
Em sua peregrinação por um mundo em permanente transformação, um verso se transfigura a cada instante, a cada leitura e a cada audição. Para compreender isto, é preciso perceber a leitura e a audição como práticas criadoras.O mundo transfigura o poema porque se transfiguram os olhares e os ouvidos que para ele se voltam, e também porque este poema é inserido em novas práticas, é recriado mesmo a partir destas novas práticas.
O encantador paradoxo da poesia está em que esta transmutação se
opera sem que a forma sequer se altere. Enquanto uma narrativa que é trans
mitida por via oral sofre múltiplas interferências, interpolações, reorganizações do discurso– dada a própria natureza do discurso narrativo –, a poesia, mais ainda a cantiga, está aprisionada dentro de uma grade versificatória, de um ritmo, de um jogo combinatório de sonoridades. Não é possível alterar uma palavra, na sua dimensão material, sem que a estrutura poética desmorone. É isto o que assegura, aliás, a passagem de uma poesia através do tempo em toda a sua integridade material.
No entanto, este poema aprisionado em uma grade versificatória, esta cantiga encerrada em uma estrutura melódica, exercem espetacularmente
toda a sua liberdade. Sem mudar uma única palavra, trazem à tona mil novos
sentidos a cada novo contexto de enunciação. A grade de versos e ritmos não é para eles um túmulo, nem a estrutura melódica é para eles um cárcere. É antes um meio de libertação, que os permite incólumes atravessar todos os
tempos. Já se disse que “um livro muda pelo fato de não mudar enquanto o
mundo muda”. Ainda com mais propriedade podemos considerar isto para o poema, este gênero de discurso que, mesmo quando transmitido basicamente pela oralidade – meio transfigurador por natureza – conserva-se a si mesmo sendo já um “outro”. A estrutura singular do discurso poético lhe dá uma imunidade material, ao mesmo tempo em que de fato não o aprisiona, sobretudo em virtude da natureza fluida da linguagem poética
[trecho do artigo 'A Poesia como Arma de Combate - um estudo sobre as múltiplas reapropriações de uma cantiga medieval-ibérica", Revista Letras (UFPR), vol.90, p.41-42, 2014].
Cantiga de ninar
Lindos momentos mágicos
Trago guardados na memória
Uma cantiga de ninar
A cada dia te embalar.
Aninhada em meu colo
A cada dia um novo sentimento, me ensinar.
Olhares cheios de emoção
Faziam cócegas no coração.
Momentos únicos, inesquecíveis
De uma ligação maternal
Que os anjos vieram proteger, e
Deus abençoou nosso viver.
E pela janela entreaberta
A brisa balançando o voil
Pareciam querer dançar
Ao som daquelas cantigas de ninar.
Cantiga de caminho
Sou filho de mãe mineira
meu pai é de Minas Gerais
sei rezar latim pro nobis
sou primo do preto Brás
Sou filho de pai mineiro
mamãe é de Minas Gerais
vou vivendo como vivo
faço o que ninguém mais faz
Desde menino eu misturo
o antes, o agora e o depois
sei somar zero com zero
e ainda divido por dois
Desde menino eu misturo
o antes, o agora e o depois
sempre que posso eu passo
o carro à frente dos bois
Sou filho de pai mineiro
mamãe é de Minas Gerais
sou rosa e pedra no caminho
sou capaz de guerra e paz
Sou filho de mãe mineira
meu pai é de Minas Gerais
dou volta e meia no mundo
e o mundo não acaba mais
amar é um deserto
é um vale de temores,
amar é uma cantiga de ninar
amar é a magia do natal
amar é mistério,
nunca conseguiremos saber o que tem por trás do amor,
o amor é denso
como o mar,
nunca acaba
nunca tem fim,
amar é doloroso as vezes,
e as vezes penso
que quem sabe amar
sabe viver.
( 012 )
CANTIGA PARA LIANA
Jenário de Fátima
Um riso infinitamente puro,
Na mais perfeita obra de Deus fez.
Como o sol que cortando o escuro
Vem clareando a terra em alva tez
Você é qual a estrela sobre o muro
Que mesmo em tão distante pequenez.
Tem um pulsar constante mas seguro
Igual o amor que vence a insensatez.
Ó pequetita e doce LIANA
Que vida que lhe chega venha plana
E sempre seja tépido o seu ninho
E que lhe cubra de força e coragem
Pra superar agruras da viagem
Que está no marco zero do caminho.
Jenário de Fátima
Cantiga das Duas Meninas
Fragmento 1:
Fernandinha dos olhos atentos, com a sede incansável do conhecimento, com a sutileza elegante, a delicadeza em cada gesto.
Minha linda filha da qual eu me orgulho mais a cada momento, namorada dos dias de sol, das aventuras e das descobertas, fomentando a invenção dos mares pelos quais navega.
Minha filha linda que hipnotiza a todos com a sua altivez e o seu comedimento; que se faz amiga e companheira de todas as horas; e que tem um mundo inteiro a ser ainda desbravado, filha aventureira, plena de audácia, de sagacidade extrema.
Menininha que, apenas com o seu sorriso, derrotava, desde bebezinha, os exércitos mais poderosos, cujos generais lhes entregavam as adagas, humilhados ante o seu brilho que alegra, ilumina e que perfuma cada passo dado ao longo de seus treze anos.
Dezesseis curtos - ou seriam longos? - anos nos quais você me deu a paz maior que já foi construída, a paz da paternidade, de quando você está no quarto ao meu lado, cuja porta eu discretamente abro durante as madrugadas para lhe observar dormindo, agasalhada, protegida...
...só que eu lhe contarei agora o meu maior segredo: é você, filhinha, quem me protege, quem me agasalha, quem me faz dormir com a serenidade máxima; você é a minha amiga, a minha companheira incansável.
Você dá sentido à minha vida. Você é a prova de que somos “para sempre”, e de que nosso legado de ensinamento, de aprendizado (em pura reciprocidade) não se perderá no tempo.
Eu te amo minha filha.
Minha Fernandinha.
Minha bonequinha, que já desabrocha em uma mulher cosmopolita, que fará do mundo um lugar melhor a cada dia.
Minha filha linda.
Fragmento 2:
(E a menininha conquistou o mundo)
Ana Beatriz danada,
Ana Beatriz esperta,
Ana Beatriz que observa
E que, na espreita,
Fomenta uma percepção de mundo,
Com a crítica de sua inteligência,
Com a sagacidade do palavreado.
Ana Beatriz, você não toma jeito,
Você coleciona a todos
Com o seu carisma pleno,
E nos faz de servos, choramingos,
Que dependem de um único sorriso
Ou de seus apontamentos
Para que a vida siga em frente.
Pequenina mas que não é pequenina,
A docilidade que não sente medo,
E que sai atrás dos lobos,
E que sobe nos lugares perigosos,
E que ama o vento sobre a motocicleta...
Pequenina corajosa...
Anda a cavalo sem receio do irracional gigante,
Pega os cachorros grandes,
E aperta forte os gatos das unhas afiadas.
Evidente, minha filha: já sabemos que você é mais afiada
do que esses bichos todos.
Briga com o sono,
“Beatriz, por que não dorme?”
Porque Beatriz não perde tempo
E deseja, nesse desespero,
A vivência da comédia da vida,
Descobrindo, assimilando e decolando como um jato,
Gravidade negativa,
Beatriz enfrenta,
E desfaz da física, da química, da lúcida filosofia,
Com o seu sorriso - lindo e indestrutível.
Sou inteiramente seu, filhota.
(André R. Costa Oliveira)
Cantiga de roda
Eu era assim no dia dos meus anos
E quando me casei, eu era assim
Eu era assim na roda dos enganos
E quando me apartei, eu era assim
Eu era assim caçula dos arcanos
E quando me sovei, eu era assim
Eu era assim na voz dos minuanos
E pela primavera, eu era assim
Enquanto fui viúva, eu era assim
Enquanto fui vadia, eu era assim
E pela cor furtiva, eu era assim
No amor que tu me deste, eu era assim
E trás da lua cheia, eu era assim
E quando fui caveira, eu era assim
Expressa composição
Escrever uma cantiga bem cantarolada, como uma moda de viola, não se expressa tão facil com as cordas de algum instrumento e nem com o giro de um disco de vinil....
Esse sentido tem nome e jamais terá sobre nome.
Música!
Me peçam uma composição na área baseada com as badaladas do tinído do meu violão....
Peçam-me!
Peçam-me o que quiser que dou minha obra de arte já com atoada que centila o verso do refrão....
Melodias, melodias que tomam horas dos meus dias.
Modilho engarrafado, tangido no tango e com um aguardente bem preparado...
Não sou tão musical, acho que a música é que me é!
Não sei dizer como vai ser a interpretação.
Solfejado, sou torturado no som da acordeon....
Uma variação, com retângulo, no ângulo fora do triângulo, com um tic-tac improvisado e harpado com as cordas do coração....
Medidas variáveis, frequência máxima na modulação.
E por favor,
Sem nem uma acentuação....
É isso aí, meu adoidado violão!
Como podes fazer isso?
Esse teu poeta chora tanto que vai voando nos malabarismos mudando as notas musicais.
Ele escreve o que nem sabe,
Só voa nos embalos da sua imaginação....
Autor : Ricardo Melo
O Poeta que Voa
Fico aqui pensando se não fosse
A música
A poesia
Essa gente que
Se anuncia
A cantiga de roda
Que não existe mais
Só quero você
Para amar
Quem cai na cantiga de bajuladores, são os que não percebem que eles nunca estão na hora do trabalho duro!
Por aqui eu vivo bem
no silêncio da madrugada
tenho cantiga do vem vem
e uma tarde ensolarada
e as vezes quem muito tem
muita vezes não tem nada.
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