Bordado
O Umbral Invertido
Há um véu que se ergue no fim da ladeira,
tecido de névoa, bordado em madeira.
Ali onde os olhos já não têm abrigo,
a morte se curva — e retorna contigo.
Não vem como faca, nem sombra de açoite,
mas como um regresso ao ventre da noite.
Um porto sem nome, um espelho sem rosto,
um vinho ancestral sorvido com gosto.
O corpo se cala, mas algo persiste:
um traço, um sopro, um rumor que resiste.
E tudo que foste — promessa e engano —
recolhe-se ao pó do primeiro arcano.
A morte é um caminho que volta ao princípio,
um sino que ecoa num templo fictício.
Não leva, devolve; não cessa, transborda,
abrindo no nada uma porta sem corda.
E os que partem, dizem, não vão tão distantes —
permanecem na alma em forma de instantes.
São brisa que sonda o mundo adormecido,
são nome esquecido num canto contido.
Morrer é despir-se da forma do vento,
e ser o que sempre se foi por dentro.
É ter, no silêncio, um berço escondido —
é mais que um fim: é um umbral invertido.
O olhar longínquo ancorado no céu bordado de estrelas. A saudade tateando lembranças distraídas, personificadas de presença, enquanto no oceano das memórias singram fragmentos daquela voz melodiosa como um sussurro aveludado tocando com delicadeza o intocável.
A noite é um manto negro todo bordado de estrelas, com o qual Deus cobre o dia, para guardar do segredo da vida enquanto dormimos.
Um coração feliz não é mera obra do acaso. É um bordado delicado feito com pequenos encantamentos do dia a dia, com a linha do cuidado e as cores da gratidão.
Meus amigos são renda fina, são bordado delicado, arrematados com a leveza, do fio sagrado da amizade.
O mais importante do bordado é o avesso. O mais importante em mim é o que eu não conheço.
O FIO GUARDA A MEMÓRIA
O fio criando conversas
a gente sem pressa se põe a lembrar
Alinhava um afeto noutro
e nem sente o tempo passar.
As linhas que bordam o tecido
se encontram e se espalham,
criando aquela disposição genuína
para amar.
Almas se entregam ao tecer,
universos inteiros de saudade e saber.
Bordado é encontro,
onde alinhavo meus dias entre nós…
Uma bordadura de avesso, passados e presente.
Mãos que produzem efeitos,
decifram enigmas
Feitos de um fio encantado
para gente acreditar:
Bordado é oração.
O fio criando conversas
a gente sem pressa se põe a lembrar
Alinhava um afeto noutro
e nem sente o tempo passar.
Da minha vida eu sou uma artesã. E vou bordando minha história. Momentos felizes são bordados com fios de ouro para sempre lembrar do seu valor. Momentos tristes são bordados com fios de seda para que o tempo os torne suaves.
Deus não nos dá a agulha das horas no aurorear do amanhecer, só para cerzir os rasgos, que por descuido fizemos no tecido rendado do tempo, mas sobretudo, para bordar um dia novo com a linha do recomeço.
Por trás do mosaico de cores do arrebol vejo-te me sorrir misterioso, como um convite cifrado nos olhos indecifráveis da lua.
Se podes ver, repara
Repara, porque a vida é encontro.
Com a gente mesma,
com o outro e com o mundo.
A tecedura da vida acontece entre um deixar sorrir e um deixar-se sorrir! 💗
UM CERTO BLOG, COM O NOME DE” CAFÉ COM DEUS”
Em um blog, cujo título é Café com Deus, que agora mudou para um site: www.café com deus.O proprietário do blog transcreveu um texto meu com o título de “O Bordado”, dando o crédito desse texto como sendo do professor Damásio de Jesus.
Qualquer pessoa minimamente dotada de espirito crítico e que conheça algo do professor Damásio de Jesus, uma frase qualquer dele...Não é preciso ser um grande estudioso de suas obras, para conhecer a ausência do tom lírico que permeia todos os seus escritos, só isso deveria bastar para acender uma luz de alerta nos olhos do leitor...
Alguém, em algum momento, decidiu que o texto seria muito mais “significativo” se fosse assinado por Damásio de Jesus. O espantoso é que outra pessoa o receba e engula essa autoria sem questioná-la.
O professor Damásio, é inquietante e transbordado, quando fala aos demais..
.
Em um de seus escritos ele escreve:
:
“Se alguém me perguntar: - E a vida, o que é? Eu direi que ela nada mais é do que um emaranhado de fatos, acontecimentos previstos e imprevistos que nos levam para cima e para baixo, como gangorra, exatamente para nos fazer baixar um pouco a crista...”(Damásio de Jesus)
“A vida é curva de estrada, beco sem saída, atalho de capoeira, desvio de estrada sem volta”...(Damásio de Jesus)
“Nada é tão bom que não possa ser melhorado. Está a nosso alcance fazer dieta, perder quilos e ficar enxuto...”(Damásio deJesus)
“Sou espelho da cor da casa com os seus tijolos vermelhos, assim como das cortinas de renda que comprei há mais de dez anos em Viena...”(Damásio de Jesus )
“Sabe de uma coisa? Eu nem ia lhes dizer nem escrever tudo no papel. Ia ficar de bico calado, como a vó Lili também sempre me recomendou. Pensei em guardar tudo isso só para mim e deixar o tempo sozinho se encarregar do resto. Mas, como o tempo não existe, pensei melhor e mudei de ideia..”(Damásio de Jesus)
“ E não é para menos: um duradouro amor exige sentimento permanente. Cristal, diamante partido, punhado de argila moldável, luxo máximo, assim é o amor que eu sinto por você..”.(Damásio de Jesus)
O Bordado é de autoria da escritora brasileira:
Marilina Baccarat, no livro "Com o Coração Aberto" página 43.
Marilina Baccarat de Almeida Leão-escritora brasileira
Quando chegar a hora
De ser quem tu és
Esquece todas as outras abordagens
Mostra teus originais bordados
Não deixe que puxem o fio
Do centro de tudo, que te move.
#BORBOLETA
A primeira estrela no céu se revela...
Caminha pela rua a brisa fria...
Finda já a tarde...
Tão bela...
No mundo bordado...
Cheio de maravilhas...
Tão longe...
De mim distante...
Num ondulante respingo de melancolia...
Uma borboleta me faz companhia...
Tranquilos e tristemente...
Caminham pelas ruas...
Um pingo de gente...
E vão... E vem...
E voltam... E passam...
Em tão poucas companhias...
Mudam-se as coisas...
Muda-se a vida...
E os sonhos,
Um dia perdidos...
Não voltam mais...
Não sei se penso em tudo...
Ou se de tudo me esqueço...
O que na alma vai...
Às vezes penso que enlouqueço...
Levo os meus sonhos para sempre...
Mesmo com as lembranças roubadas...
Levando num sorriso...
Indeciso...
Os restos de mim...
A vida é este palco...
Sem que se entenda o sentido...
Uma órbita suspeita...
Borboleta...
Obrigado pelo carinho de sua visita...
Sandro Paschoal Nogueira