Edgar Fonseca
Sou um arco sem flecha, lançado pelos arardos da vida, sem pressa caminho em silêncio pela escuridão da minha mente e, me deixo estar por lá, de modo a não conhecer a conspiração execrável dos pensamentos humanos.
Faço desenhos em forma de letras, para esculpir o teu corpo no passeio da fama dos meus pensamentos, mesmo ignóbil não sou tão racional quando te tenho por perto, mas, apenas me deixo embalar pelo aroma balsâmico que exalas com o teu suspiro.
Curvo-me perante a exuberância da tua beleza magistral, que tal faraoica me deixo embriagar pela solicitude do teu cheiro, mesmo copioso e suave me doma, que nem Sodoma e Gomorra em dia de destruição Divina.
Os parlamentos deixaram de produzir leis, porque perceberam que tu não és uma cidadã do mundo, és antes, o mundo e a lei dos habitantes da terra.
Espiei a morte no dia em que nasci, sem pressa, visitei as trevas para fortificar o meu lado obscuro, mas, sobre o forte de um farol divino, estava uma luz tão pura e tão dócil, que logo percebi, que era o teu olhar que me guiava mesmo quando o mundo deixou de existir.
Queria me tornar um vidente, alguém que pudesse aprender a entender o futuro do coração, mas, tu me mostraste que és a lâmpada que ilumina o futuro mesmo estando no presente, aquecido pelos nossos lençóis.
Construí um edifício nobre nas estrelas, mesmo sem ser astrólogo, fugido do oeste, dei de caras com a lua e não queria acreditar que te tornaste na minha nave espacial sem sequer pertencer a NASA.
A literatura é a arte dos mortos que nunca partiram, que mesmo ficando entre os vivos, retratam tudo o que vivem no além em forma de poesia ou trova.
Escrevo o tempo, no tempo em que o desejo e o prazer se apossam da minha alma, sem tempo para parar, me deixou embalar no espaço trazido pelo suspiro quente e suave da tua boca, que vai contra a lei da gravidade.
Escrevi o teu nome nas linhas que definem o céu, mesmo não tendo caneta apropriada para o efeito, por isso, somente os nossos olhos, conseguem contemplar a maravilha das letras que formam o teu nome nas estrelas.
Lancei um alerta criminal nas unidades especializadas do amor, mas, o teu rasto, apenas foi detectado pelo meu coração.
O corpo despido de uma mulher, é igual a imensidão do mar, tão puro e tão autêntico, que a sua infinitude nos leva esquecer por minutos que o mundo existe.
A literatura é o ar que respiramos, é o bálsamo colocado sobre as feridas proporcionadas pelo tempo e pela vida.
A literatura é a dor dos que verteram suor e lágrimas pelo seu povo e pela sua pátria a troco de nada.
A literatura é o cheiro que tonifica o nosso olfato em tempos de crise ... É a vida que vivemos em dias de solidão.
Em pequenas ondas surfada em teu corpo, aprendi que o tempo não tem essência se lá não estiveres, ainda que, o sol brilhe a cada amanhecer.
Eternizamos as nossas alegrias como marcas do tempo, mas, não damos valor a nossa alma em dias de tempestade.
Escrevemos as nossas vitórias na memória dos que ficam, mas, partem conosco, as alegrias de uma dor não partilhada com o mundo que nos julga e que nos condena sem contraditório.
Trajada com a doçura do tempo, me enamoras com a delicadeza do teu andar, mesmo que não pises o chão com a delicadeza dos teus pés, sinto-te serpentear sobre a calçada do meu coração.