Trabalho Noturno
O escuro noturno não se nivela com a cegueira de corações sem fé. Tem estrelas, luar, pirilampos e o luzir no olhar dos gatos.
Conduz nas suas bordas volúveis auroras.
Deusas
No silêncio noturno, pestanejando,
Audível tão somente o ruído da ampulheta,
Memórias da temporalidade,
Tessituras da areia e do vento,
Conflitos prementes da razão,
Uma tempestade de partículas,
Juntas, formando consciência...
Irresignado com o legado cultural,
Entrevi, dentro do Panteão mitológico,
Vênus, a Deusa do feminino.
Ela, envolta de requinte arguto e versado,
Pôs-se a recitar...
“Existe uma verdade cientifica, filosófica,
A mentira, quando repetida
gera crenças profundas, conforta.
A verdade, por sua vez, inquieta...”
Eu, com o cálice na mão,
Condiciono-me, compenetrado,
Ela, com magistral beleza, prossegue:
“Afloramos arguidas,
Distintas biologicamente,
Provemos a vida,
Únicos contrastes.
No corpo social,
Estipêndios menores,
Sem enaltecer o intelecto,
O inventivo, a inovação.
Quanto mais à “alta roda”,
Menos varoas encontramos.
Queres tua prole assim, fadada a essa herança?
Ensina-lhe o caminho da revolução!
Equidade, Respeito,
Sem possessividade...”
Desperto, observo a ampulheta,
A transitoriedade dos grânulos,
As âmbulas intermeadas
Com a consciência formada...
Há tempo, quero te recrutar,
Ativista da causa,
Não me Kahlo!
Paulo José Brachtvogel
Caminhar no escuro ou ficar em silencio, morder os lábios para olhar o céu noturno, esperando que uma estrela cadente passe e traga uma nova mensagem.
NOTURNO
A saudade
inspira essa noite.
Véu nebuloso da noite,
que envolve a dança fria:
Mão na palma da minha,
ouvido ao som do teu respiro.
És distante,meu amor.
Mas és tu neste noturno,
a estrela maior.
Tão solitário.
Eu só.
A canção que te aproxima
curva meu dorso crú.
Acendestes as luzes desta noite...
És distante,meu amor.
Mas és tu neste noturno,
a estrela maior.
És meu neste noturno.
Eu tua por deslumbro,
feito anéis de Saturno
a nos casar.
Fortaleza das noites de lua linda aos sons de cantores noturnos de barzinhos a beira do mar e dias de sol quente e calor a muitos graus que chega a sufocar, mas a beleza do dia não deixa de encantar ao olhar esse nosso mar.
(...) Afinal, sempre tinha sido assim. Diante dos supostos perigos noturnos ela tinha, desde menina, desenvolvido fortalezas internas. Sua vida real, na época, era tão ruim que ela não temia sombras ocultas no escuro.
Sempre enfrentou com desassombro os fantasmas que povoavam a infância. Aprendeu cedo a achar aquilo tudo mentira, pura mentira. Aprendeu cedo a achar que nada podia ser pior do que a própria vida real e as próprias pessoas.
Noturno
Sou um caminhante noturno
Escuto sussurros sem ritmo
Saindo por entre os escombros
vejo a satisfação dos perigos
O navegar dos desejos
A angústia solta
Como um pêndulo oscilante.
Tenho uma inabalável vontade de viver
Um sentimento qualquer coisa
Alguns desejos bandidos
Outros fantasmas emboscados
Planos, quem sabe?
Fantasias, algumas
A passos rápidos sigo
Rumo ao centro do
Buraco- negro
você me entende?
SONETO NOTURNO
No olhar do entardecer silencioso
o dia adormece e se põe a sonhar
envolto no aroma, da noite, precioso
se vai derreado nos braços do luar
Se há choro, porque há fado danoso
também, há perfume de rosa pelo ar
se alguém soluça, há evento doloroso
pois, no amor, aquele não soube amar
E neste lusco fusco do tempo ditoso
vai-se o tempo no ininterrupto caminhar
pois, a vida no tempo é tempo vaporoso
Assim, vem o dia, logo a noite a tombar
num ciclo do destino um tanto misterioso
mas, que na existência, é um poetar...
Luciano Spagnol
Novembro, 2016
Cerrado goiano
VERSOS DA NOITE
Lá vem os versos noturnos
Invadindo minha escuridão
Emaranhados e taciturnos
Com as rimas em frouxidão
Faço um esforço tremendo
Para perceber qual a ideia
A ansiedade crescendo
Chega a me dar cefaleia
Assim passo a madrugada
Formando sonolento poema
Aprisionando-me acordada
Para sair desse atropelo
Fecho os olhos com algema
E dou fim nesse pesadelo
melanialudwig
05/01/2017
O teu sorriso se destaca no meio das árvores daquele parque noturno que envolve as estrelas brilhando ao redor da lua.
AMOR NOTURNO
Tão formosa e bela é lua a brilhar em seu tapete estrelado...
Mas basta tu chegar para ela se afastar...
Seu cheiro se confunde a essência das damas da noite,
sendo são suave quanto seu beijo levemente adocicado.
O brilho de teu olhar se mistura com os brilhantes piscares dos vagalumes,
capaz de envergonhar o mais serio dos homens.
Difícil descrever tal beleza, pois só quem conhece a ti,
tem o prazer de contemplar tal momento.
"Noites de Combate"
Perdido vou
Naufragando
No silêncio noturno,
Quando ninguém vê,
Eu vejo o invisível,
Toco o intocável.
Pálpebras cansadas,
Pestanas edulcorantes,
Antecipam uma amanhã
Sem motivos para viver,
Ondas noturnas me fustigam,
Noites pensativos.
Horas vão, horas vem.
Rebolando na cama de silha,
Com cadernos e livros espalhados;
Procurando o melhor da vida,
Que a tinta da educação oferece,
Aos que com o fruto da genialidade, comem.
Perdendo sono a todo custo, sem recompensa;
Enganado pela matemática,
Fico contando as estrelas cintilantes;
Daquele elevado céu, onde a lua vira amiga;
Cujo escuro se exalta como inimigo.
Abraço noites de estudo
Abraço noites de meditação
Abraço noites de preces e lagrimas
Abraço noites traiçoeiras
Abraço noites de ritmo bichano
Abraço noites escassas
Abraço noites tempestuosas
Abraço noites de combate
Onde a minha vitória
Muitos na terra contemplarão
E se regozijarão
Ao alvorecer do dia
Pensamentos noturnos
Essa noite
Ah, essa noite...
Passou tão vagarosa
Notava cada nova estrela que ao céu iluminava
Navegava na imensidão lunar
Às vezes
Sonhava em te encontrar
Os pensamentos flutuavam
Só pensava em você
Relembrava do passado
Sentia os conflitos do presente
E me transbordava com o futuro
Jovem catito
És de valor imensurável
Sua pele branca, da cor das nuvens que percorrerem todo o céu
Seu cabelos lisos e negros, que já escorreram em minhas mãos
Seu mágico sorriso
Capaz de dilacerar essa inércia
Seus olhos
Em um tom de castanho jamais visto
Refletem em meu peito
As luzes que atravessam meus olhos
Ilumina-o, transformando-o assim
Em um ser superiormente desejado
Mas
Entre os lençóis, intocável
“A criatividade requer apenas um pouco de imaginação e um olhar puro ao contemplarmos um céu noturno, iluminado por estrelas tão distantes de nossas mãos mas tão próximas que podemos admira-las incessantemente. Isto faz parte desse cenário tão imponente mas ao mesmo tempo tão sutil e carente de cuidados, que muitas vezes negligenciamos tão teimosamente.
NOTURNO (soneto)
O silêncio sobrou-me como alento
E o vento ressoa a última vindima
De ilusão... Desagregada da estima
No tempo noturno bem mais lento
O sino da matriz soa em pantomima
Chamando a esperança do relento
Para que se funda ao sentimento
E derrame em fé e não só lágrima
O sono evoca vinho como fomento
A solidão adentra na noite a cima
O relógio no pensamento, tormento
Me busco, e não encontro a rima
Me olho, o passado vira lamento
E o aninar na vigia não aproxima
Luciano Spagnol
Agosto de 2016
Último dia do mês
Cair noturno
Enquanto digito no meu teclado
Imaginando quaisquer pecados
Que um padre, por aí, perdoou
Estou certo de que ele já amou
Afinal a humanidade é uma só
Bem como cada ser é individual
Todos erramos e até repetimos
Fugindo de um lado intelectual
Aparências caem no cair noturno
Cada um demonstra o que ele é
A essência convive com o existir
Conheçamos ou não um Maomé
Ignorando os credos, seguimos
Com a força da bênção interior
A realidade nem sempre é dura
Basta uma reflexão a todo vapor
Olho a mim mesmo, me conheço
Todavia perco-me em pleno ar
Conspirando sobre o outro lado
Como um marinheiro sem mar
Não queremos dedos apontados
Precisamos de abraços de perdão
Somos sempre jovens insensatos
Apenas romancistas sem religião.
