Tag buraco
Era você que rondava em meus sonhos,
tentando capturar um coração vazio
e ali ficar ouvindo seu ritmo descompassado
na melodia do viver por viver?
Era você, qual sombra silenciosa,
que seguia meus passos solitários nas veredas,
onde desviando de buracos mantive o rumo?
Era você a inspiração que surgia de repente,
levando-me a canção de todo dia,
onde além da existência, timbrei a alma,
fazendo acordes e coros inimagináveis?
Era você, sem dúvida, que com palavras doces,
sussurrava aos meus ouvidos com o vento,
trazendo mensagens sutis a desvendar
Você que do nada apareceu,
tornou - se cada vez mais presente,
cativando e se fazendo amar,
nesse tempo espaço,
onde um coração, o meu,
já se tornara peregrino
num deserto de si mesmo,
consolado, sem nada pedir
Mas, se sempre foi você,
um sonho perdido entre sombras,
revelando-se aos poucos
e apenas isso eu sei,
é por você que agora,
todos os dias renasço !
Neusa Marilda Mucci
Outono de um tempo qualquer
O espaço era extremamente inclemente. No espaço não existiam problemas pequenos. Cada minúscula rachadura que passava despercebida tinha o potencial de se transformar em um buraco escancarado, faminto por vidas humanas.
Você não tira uma economia de uma situação de buraco e de estagnação sem que haja uma injeção nova de ânimo no mercado.
Leia tudo o que puder. Acumule cultura. Quanto mais, melhor. Para não cair no buraco onde muita gente está caindo neste país.
Sumidouro
No espaço quebrado do tempo
que se apaga lentamente
Sem sombras de dúvida
ao que devorar
ferozmente
Desmente
mitificando sem voz
todo traço de certezas
absoluta fraqueza
equívoc(ação)
Suga às tripas o mundo
universo
suas luzes ligeiras
passageiras
no trono do tempo, imperando
solidificando abstratos pedaços
traçados tortos caminhos à serpentear
no escuro vazio da inexistência insistente
que resta
que sobra
linha reta
que dobra
o sopro voraz
É como o ar que não se consegue puxar.
Uma manhã com um cigarro encravado por entre os lábios, desespero e desembaraço.
O problema deles nunca se comparam com os teus.
Sórdida desgraça que invade tua vida, tira a luminosidade de teus dias e enche de desgraça e desespero.
Nunca seremos felizes? Ou tão pouco menos tristes?
Miseravelmente miserável, por entre os bares, descendo para o fundo deste buraco.
No fato de anteontem,
o eu de ontem
acerta em cheio.
Ele enxerga o buraco,
onde o eu de hoje
só vê o meio.
Um pouco de poesia e vida.
A verdade que tenta fugir.
São vários caçadores.
Muitos enganadores.
Dores.
Fatores.
Vida e suas cores.
Como um tatu fugitivo.
Buracos na terra.
Tuneis que os cães não adentram.
E por dentro desses casebres de tatu.
O que teria, ora um dia de lá tem que sair.
Se come cupim e defuntos.
Relatos de raças diferentes.
A verdade de cada homem e cada animal.
Até onde o chip fala.
O sinal da lua.
O buraco é transparente.
A verdade nua e crua.
Deus coloca a nossa gente.
Giovane Silva Santos
Eles perderam entes queridos que se foram para sempre, e nada que vocês façam preencherá esse buraco. Vão se sentir frios e cruéis em alguns momentos porque não podem fazê-los felizes, mas… Esse é o trabalho.
Num buraco infindo,
Despenco-me,
Por detrás da máscara,
Encontro-me,
No silêncio de um mosteiro,
Ouço-me,
Trajando uma nova vestimenta,
Desnudo-me,
Tempo para tudo,
Refaço-me,
AMOR NO ESPAÇO
Astronautas comemoram,
num planeta bem distante,
o Dia dos Namorados,
porque eles são amantes.
Vendo um buraco negro
e todo o seu segredo,
se amando a todo instante.
A fé pode nos tirar de muitos buracos, mas a fé cega também pode nos enterrar em muitos outros. Fiquemos atendos pelo caminho! Que nunca nos falte fé, pois buraco pra cair é o que não falta.
Vocês não são deuses, vocês são um grande erro. São uma mutação genética que teria morrido se não tivesse um buraco fedorento para todos vocês entrarem.
BURACO NEGRO
quando minha razão é eclipsada, você aparece como a lua cheia no céu que iluminando meu caminho projeta minha sombra por veredas passadas.
sou um inseto que como por feitiço, voa em direção a essa luz inalcançável mas assaz irresistível para justificar o labor de tal busca interminável;
e por vezes sou uma mariposa que é necessariamente atraída para a fogueira e tragada pelo fogo: o calor e a luz que me encantam também trazem um fim a essa efêmera existência permeada com promessas de eternidades.
de um ponto ao outro, a ponte é sempre queimada após a passagem e o regresso encarna em fantasia;
sou o herói no labirinto, a tênue esperança suspensa no auspicioso fio do novelo cor de sangue;
se deixo as coisas como estão, já não estão como deixei; a lua se esconde, o fogo se extingue, o inseto contumaz é repelido pela lâmpada;
as flores se ocupam da sedução diurna; as cinzas são levadas, tal como o pólen, transportadas pelo sopro da curiosidade para o desconhecido;
conduzo minha atenção para o que me cerca e me torno mais uma vez testemunha contingente do perene acontecer, sempre em movimento;
quando imbuido de significado, o horizonte de eventos toma o peso do mundo, peso que o vácuo do centro se abstém de possuir, a substância é integrada e já não está em lugar algum;
quiçá os dois se entrelacem mutuamente, um é modificado, o outro permanece intocado e segue tocando a orquestra universal de forma cega e contagiosa.
Adoecimentos cercam e espremem e compactam até o estouro
O ouro
Ao fim do túnel
Buraco que se cava e vai em frente em frente ao fundo e mais ao fundo tal profundidade cuja luz da entrada não mais é vista e vai-se mais ao fundo esperando encontrar o esperado retorno que se acaba no fundo do buraco agora desmoronado e soterrado encontra-se quem nem mais respirava ao pulsar das veias inquietas doentes ao ponto de cavar e cavar após a vida se encerrar e a luz não mais enxergar pois cego cava a cova que fim não tem pois fim é sua íntegra existência lá no fundo esquecido e irrelevante tal como a inexistência da sua presença frente ao fim da cova agora fechada para sempre num eterno abraço onde repousa todas suas angústias e sonhos e utopias e planos nunca alcançados juntamente com as palavras nunca ditas à pessoas que para nunca se lembrarão...
Quando entramos dentro de um buraco sem fundo, seu maior desespero não é quando você está caindo, seu maior desespero é pensar que ninguém pode te alcançar....
A literatura não é um concurso de popularidade, é uma caminhada ao redor de um enorme buraco que traga tudo, e que tragará a mim também, cedo ou tarde.
Nota: Trecho de entrevista publicada no jornal “El País”.
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