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A difícil relação do pobre com o rico:
"Pode, por acaso, a panela de barro se juntar com a panela de ferro? Haverá um choque, e a primeira se quebrará.  O rico comete injustiça, e ainda faz ameaça; o pobre é injustiçado, e ainda precisa pedir desculpas.  Enquanto você for útil, o rico o explorará, mas quando você precisar, ele o abandonará.  Se você possuir bens, ele viverá com você, e o explorará sem remorso.  Enquanto ele precisar, enganará você, sorrirá e lhe dará esperanças. Dirá coisas bonitas e perguntará: «Do que você precisa?»  Fará você ficar envergonhado nos banquetes dele, até despojá-lo por duas ou três vezes. Por fim, vendo você, passará adiante e sacudirá contra você a cabeça". 
(Eclesiástico 13, 2-7)
O casebre do João
Sou feito o João de barro
Tenho asas para voar
Aonde a vontade me dar
O céu inteiro à disposição,
Mas prefiro construir minha casinha
Nesta árvore sozinha
Enchê-la com tudo que me agrada
Aconchegar-me em seu interior
Vê o sol se pôr
De lá só sair
Para a saudade vir
E retornar logo depois.
João-de-barro , meu amigo
Queria na tua casa morar
Certo é que ali estaria seguro
Seguro na certeza de ter um lar
João, reforma tua casa
Aumenta as paredes, faz tudo bem certo
Me dê um quarto, serei teu inquilino 
Ao menos, terei sobre mim um teto
João, é bom contigo morar
Nem me importo com você viver
Aqui é quentinho, aqui é gostoso 
Aqui vou ficar e aqui vou morrer,
Mas não se mude e me deixe só
Pois morrerei a não mais te ver
João é o ser mais próximo da humanidade
Para inicio, carrega o parecido no nome 
E se houve inspiração humana em João
Houve inspiração de João no homem 
João estava aqui desde a moradia das cavernas
Viu a formação da primeira cidade
E antes mesmo de  “criarem” o elevador
Ele já subia, mostrando sua superioridade
Inspirou desde a mansão até a cabana
Modelo europeu , tendência americana 
É o responsável pelas estruturas que temos hoje
Mesmo nunca tendo levado um pingo de fama
Mas a fama até que não te interessa
O mais importante é o barro, o trabalho
É a proteção, pois lá vem a chuva
Sei que não gostas de estar molhado,
Mas também é esteticista 
Muito preocupado com o formato
És o João-de-barro Niemeyer
Ou faltou em Niemeyer o sobrenome de João-de-barro
João-de-barro que tudo faz pelo trabalho , 
Mas também faz pelos filhos seus
João-de-barro, o segundo engenheiro do céu 
Atrás apenas e somente de Deus.
João-de-Barro , o “faz tudo”  da natureza.
O “faz tudo “ ,sim senhor!
João-de –barro  engenheiro , arquiteto voador
João-de-barro  aviador , compositor e pai protetor
João, o divino
Facilmente associado aos santos 
João não é limitado como os humanos
João voa, João é anjo
Ele tem tudo o que alguém  quer
João tem instinto, tem engenharia, tem alturas
Ele é naturalmente e por vocação
Perto de Deus e próximo das criaturas
Isso mesmo,João,  o perto de Deus 
Até no barro há o que se comparar
E se um se ocupou e com ele fez a sua obra-prima 
O outro usa como matéria-prima para se ocupar
Pro João-de-barro só presta o barro
Molhado, ligado, pesado
Com dor, com esforço, com entrega
Aos muitos, aos poucos, revezados .
Não dói e nem reclama
Nem ao menos ele sai aos berros 
João-de-barro pra fazer o que é de barro
Precisa se transformar em João de ferro 
João das classes sociais 
João, o falso-verdadeiro 
João rico , é arquiteto
João pobre , é pedreiro 
João, reforma essa tua casa
E aprende a alicerces colocar 
Pois daqui há um tempo não muito distante
Não acharás altura onde morar
João , reforma tua casa 
E nem precisa mais nela eu caber
Se apenas couber a ti
Conseguirás então sobreviver
João , reforma tua casa
Mas tente fazer tudo bem certo
Não quero te olhar e perceber
Que agora transitastes para João-sem-teto 
João, reforma essa tua casa
Se quiseres, podes comigo morar
Pois pelo que és , seria a coisa mais triste
Se eu visse o João-de-barro sem lar.
Em pedaços
Depois de algumas decepções, passei a crer em cicatrizes. Mas não naquelas que eu posso ver, essas sei que são reais. Aquelas que mesmo sem que eu saiba que estão ali, me torturam, me alertam, me proíbem, roubam sem dó todo o sentimento. Como um terrorista que esta disposto a tirar a própria vida por suas convicções. 
Talvez nem sejam cicatrizes. São feridas, feridas abertas. Prontas para serem cutucadas em uma tortura sem fim. 
Essa minha obsessão. Mesmo que me esforce minhas feridas parecem uma doença contagiosa.  Um monstro que prolifera, e vai como uma avalanche torturando, decepcionando, machucando a todos. Mas eu não era assim.
Me ofereço como barro que pode ser moldado e se transformar em um belo vaso. Mas não me derrube, não me quebre em pedaços. Porque dificilmente conseguirá me colar, me deixar com a beleza de um novo. Se mesmo que quebrado você ainda me queira. Junte os pedaços e cole sem pressa. As vezes o mesmo sentimento que tinha ao me moldar o faça ter paciência para colar pedaço por pedaço, até que não sobre um farelo. Que mesmo com marcas, cicatrizes, ainda te de prazer ao pensar que foi obra tua. 
Posso até tentar juntar os pedaços. Mas o artista nunca serei eu. Se hoje falo isso é por que sei que nada vai suprir a necessidade que tenho que cole o vaso que você quebrou, sem nenhuma dó deixou em pedaços.
As pessoas tem que ser um jarro de barro nas mãos de Deus e não uma pedra, pois barro Deus quebra e modela até ficar perfeito mas pedra não tem como ele modelar pois é dura. Cuidado você acabar virando pedra, pois quando quebrada nunca mais vai ser concertada pois é dura.
Pode-se ser feliz molhado de chuva e sujo de barro e, infeliz no conforto de uma cama aconchegante..
"Não vá com muita sede ao pote!” 
Essa frase começou a ser dita baseada na estória de uma pessoa que já havia andado muito pelo deserto e estava morrendo de cansaço e de sede. Chegou o momento tão esperado quando, finalmente, se deparou com um pote de barro cheio de água fresquinha e cristalina. Mas, no desespero, foi com tanta avidez, com tanta pressa e falta de atenção para pegar o pote, que acabou deixando-o cair no chão e se espatifar, não conseguindo beber nenhuma gota daquela água que poderia saciar toda a sua sede. 
O desejo de resultados rápidos pode conduzir ao desvio de algumas etapas que poderiam ser cruciais para o sucesso de um processo. Isso causaria uma perda significativa na qualidade e consequente frustração no resultado final.
Caminhe, vá devagar, cuidadosamente, passo a passo, em direção ao pote. 
Segure o pote com firmeza e beba da água sentindo o frescor e o alívio de matar a sua sede suavemente.
FILTROS DE BARRO
Em meu tempo de criança 
Bebi água em filtro de barro
Gostava de ouvir seu lento gotejar
Demorava pingar a gotinha
Acho que queria nos dar seu melhor 
Por isso demorava a filtrar
Coitado do filtro de barro
Foi descartado
Trocado
Já não cabe nas casas modernas
Pensando bem...
Hoje tudo parece descartável 
Nada pode dar trabalho 
Prefiro relacionamentos
Que sejam como filtros de barro.
PÉS DE BARRO
Será que nada sobrará?
Vejo na minha frente tudo ruindo.
Nossos ídolos virando bandidos.
Nossas conquistas (OLÍMPIADAS, COPA) desmoralizadas.
Nossas empresas transnacionais naufragando em denúncias.
Nossos estados submergindo em dívidas.
Nossos políticos se encobrindo com o manto do foro privilegiado.
Sobrará, pois o país é maior que tudo isso, e tudo isso passará.
Isso é que a história nos conta. 
No futuro, seremos história, e tudo isso, passado.
É pura lógica.
TRILHA
Não quis ser estrada asfaltada 
Desisti de ser trilho 
Resolvi ser uma trilha 
Sem saber aonde vai dar
Emaranhada
Sinuosa
Quero ser chão de terra
Barro seco
Que bebe cada gota de chuva
Se alarga
Se estreita
Se transforma 
Desobriguei-me da obrigação de ser perfeita.
SURDINA 
No ar ressequido o joão de barro canta
Um joão de barro no ar do cerrado
Encanta, na madrugada que se levanta
Que encantado!
Um joão de barro canta. Um rosário 
Longe, entre o mangueiral, tece...
Operário, que trabalha solitário
Musicando a sua prece.
Que encantado! Soa na sua sina
De poético, de pássaro bravio
Tomando a sua amada, inquilina
No seu covil!
Silente. O sol no seu nascente
Vazado pelo canto de tua benesse
João de barro, que cantas docemente
Musicando a sua prece 
Que belo, na magia em oferta
O olhar melancólico e vazio
Desperta a alma tão deserta
Aos ouvidos este canto luzidio
Já tanto ti ouvi! Já ti ouvi tanto!
Coração, por que estais emocionado?
Por que chora, ao ouvir-te o canto,
João de barro que musica no cerrado.
E com que júbilo o joāo de barro canta
No ar sossegado, no ar do cerrado
Encanta, na madrugada que se levanta.
Que agrado!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
De acordo com a metáfora utilizada pelo apóstolo Paulo (2 Co 4.7), o cristão é comparado a alguém que conduz um tesouro em um vaso de barro. Portanto, todo cuidado é pouco!
Nunca zombes dos outros
perdoe se possível os erros alheios
ninguém  neste mundo é perfeito
somos feitos do mesmo barro e anseios
Por questões informais e de brasileirismos, o homem foi feito do barro. Para alguns, nada mais verdadeiro.
"Morreste?
Não! Tu eternizastes,
Pois,
A morte é apenas um manto
Transparente na minha mente,
E tu, cubriste o no barro."
Ezequiel Barros
Lágrimas secas b/e1, em memória de Genenciano Filipe Batista, saudades de te Pai.
ÉGIDE
Manhã úmida após
um dia de tempestade.
Pássaros contemplam
A calmaria do domingo,
Bem como, admiro um
João-de-Barro construir 
De bico em bico o seu lar.
O bom dia tranquilo de um
Desconhecido
Contribui com a sensação serena 
Que paira no ar. 
Entre as nuvens, a luz surge
Aconchegando o ser de 
Alguém que crê em uma
Aurora após a outra. 
Estamos cansados de saber
Que a paciência é a égide para viver
Um dia de cada vez...
Origem
Sabes do que sou feita
pois tu me fizeste. 
Mesmo que as circunstâncias 
me façam quebrar 
só tu podes refazer!
Sou feita de barro
mas tu Senhor és feito de amor
por isso só tu sabes quem eu sou!
 
 
