Soneto da Saudade
SONETO DA RAZÃO
Na prepotência do querer ser altivo
Que arde na desavença em chama
E queima no ódio que não se ama
Acinzentando num desafeto cativo
É um tal sentimento insano, adjetivo
Que então contamina a alma na lama
Do egoísmo, que o zelo nunca clama
O acolher nos abraços, e ser passivo
Que devoto tanto, esse, que flama
A injustiça, num arbítrio explosivo
Tiranizando o viver em um drama
Onde há razão no ato opressivo?
Quando o Verbo, oferta proclama:
- Amar com amor para estar vivo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
CAUSA (soneto)
Ah soneto porque agruras quer poetar
No diálogo da ledice com a amargura
Nem tanta alegria, nem tanta tristura
Sou devaneador que se põe a sonhar
Se o rimar então chora porventura
Também riem nos versos ao cantar
Tenho o céu e o cerrado pra inspirar
E o amor no coração, principal figura
E neste motivo vai o meu caminhar
Veloz ou lento, moldo está escultura
Desenhando o fado no ser e no estar
Então, antes que tudo seja ventura
Completo a lacuna com meu olhar
E no tempo, vou cingindo a costura...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
SONETO PASSADO
Nem o tempo pode voltar
Nem ninguém tal querer
O passo dado vai varrer
O passado no caminhar
Se quiser voltar e ver
Saudade irá encontrar
O ontem perdido no ar
E a vida sem se viver
No olhar, o velho e tal pesar
No coração, revés a abater
E a alma sem se transformar
Então, sigamos no outro ter
Pro vário podermos amar
Passar... um novo alvorecer!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano
UM SONETO DE GRATIDÃO
Sabendo que o verde nos provém a vida
E que a alvorada nos desperta
Enrouquecemos com silêncio de injustiça
Mesmo quando o bom senso impera
A gratidão é o percalço do homem
Que se contenta com a necessidade atendida
Que se desgrenha quando a mão amiga some
E que ignora quando a mesma lhe é servida
Sou grato a gratidão que me agradece
Sou grato a quem de mim caminha perto
Sou grato a quem me inspira um simples verso
E a quem minha alma enriquece
Agraciado sinto quando me amanhece
Esse sentimento que a tanto prezo.
sentimento num soneto,
resplendor no amor,
luz do luar,
em algum lugar esqueci,
segredos da madrugada,
voz do meu alto ego,
algoz de minha alma,
misericórdia que abraçou
na loucura de seus lábios.
Soneto Poesia de Homero...
Quem me dera ser como foi Homero
Que fora filósofo e poeta
Coração grande e sincero
D'alma pura e inquieta
Assim também eu espero
Ser um Sacerdote Asceta
Quero tudo com esmero
Quero minh'alma em alerta
Junto ao santíssimo Clero
Mesmo nessa lida incerta
A coisa que eu mais quero
É poder morar em Creta
Assim um dia eu espero
Viver a vida mais reta.
SONETO SEM AMOR
Meu amor pouco ao meu alcance
Nas nuances até hoje em segredo
Não tive uma chance, pouca chance
Dele, surpresa, desilusão e tal medo
Meu amor, o olhar foi de relance
Na vida o desencontro foi enredo
Andou por andar, nenhum elance
Confiando no amor pra amar, ledo!
Pedinte viver, atravessou sem ter
A glória de um amor para amar
Passou por passar, pobre viver!
Aí de mim, na sina de encontrar
Nem digas, ó implacável haver
Nem sorriso, gesto, pra poetar...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
06 de setembro de 2019
Cerrado goiano
Soneto do amor sem fim
Surgiu em meu caminho como uma brisa
Enchendo de luz meu frágil coração
Foi se chegando como quem não avisa
Como um límpido céu azul de verão .
Teu olhar sereno minha alma atravessou
Como uma estrela etérea e iluminada
Teu sorriso de sol e lua me encantou
E agora tuas palavras são minha estrada.
Te amar é transcender os limites da razão
É como voar leve contra o vento
Apreciar então a mais esplêndida visão .
Te guardarei sempre em meu pensamento
Revestido de cor , poesia e emoção
És vida , luar , meu eterno sentimento .
SONETO DA GOTA
Uma gota de chuva está caindo em mar aberto,
Ao olhar pra baixo ela vê o oceano imenso,
A cada segundo a gota está mais perto,
De ser engolida por aquele azul intenso.
Diante do inevitável, ela reage afoita,
Reunindo todas as forças para não cair,
Mas quando cai percebe que não é mais uma gota,
É um oceano tão grande que não se consegue medir.
Chorar amadurece, mas agimos como ingênuos,
As lágrimas parecem nos tornar pequenos,
Por isso precisamos manter a farsa.
Mas confie na chuva que tá caindo,
Cada gota vai te querer sorrindo,
Plante somente as sementes, e a colheita será farta.
Rodivaldo Brito em 28.04.2019
Sem Pecado
Edson Cerqueira Felix
04.05.2019
Soneto
Um amor não correspondido
Por mais que seja justo
Não tem o direito
De o requerer do outro
Mas um amor bem correspondido
Perfeitamente
Não precisa brigar
Por nada mais
Um corre atrás do outro
Sem correr
Seus passos andam juntos
E sua vida
Se cruza
Pela eternidade
Um soneto em seu olhar
Uma tristeza contida
Reconheci aturdida
Quando cruzei seu olhar
Uma profunda ferida,
Abriu-se em dois minha vida
Sem chão, sem teto, sem ar!
Fui eu a navalha afiada
Sem tato, desgovernada
Que perfurou envenenada
Rasgando-lhe o coração?
Quero morrer compungida
Vagando sem rumo na vida
Ressequida, de alma exaurida
A conclamar seu perdão.
Deise Jacques.
Viver de Novo
Edson Cerqueira Felix
15.05.2019
Soneto
Meu amor
Por toda a eternidade
Para toda eternidade
Venha galopar sobre o meu sonho
Não sentirei mais frio
Não chorarei mais com você
O meu sorriso de felicidade
Através de um reflexo
Rompendo o tempo
Num corpo
Outro meu, outro seu
Sonhar pela eternidade
Acordando na mente
Que abriga a minha
Um Soneto Qualquer
Dirá um sábio algum dia
Palavras que não se anulam
Com divina eloquência
Ou similar envoltura
A cultura na penumbra
Essência insurgente
Como um solo transparente
Que não sente mas a chuva
Não há mais resiliência
O rapaz como amuleto
A menina em devaneio
Inspirações em decadência
Não pode virar tendência
Essa seca de cultura.
Hino à Tarde (soneto)
Do sol do cerrado, o esplendor em chamas
Na primavera florada, entardecendo o dia
Fecha-se em luz, abre-se em noite bravia
Inclinando no chão o fogo que derramas
Tal a um poema que no horizonte preludia
Compõe o enrubescer em que te recamas
Rematando o céu em douradas auriflamas
Tremulando, num despedir-se em idolatria
Ó tarde de silêncio, ó tarde no entardecer
De segreda, as estrelas primeiras a nascer
Anunciam o mistério da noite aveludada
Trazes ao olhar, a quimera do seu entono
Cedendo à vastidão e à lua o seu trono
Sob o véu de volúpia da escuridão celada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Não é um Soneto porque é Maior
Tem gente que pensa que o amor é tudo
O amor não é tudo, o amor é quase nada
Porque no tudo também tem o que oprime
O que define, é ruim, e faz mal
Tudo é uma generalização
E toda generalização é burra
Mas, nem toda, afinal isso seria burrice
Porque no amor o tudo é sempre pleno
O amor é sempre eterno e nunca falha
O amor sempre transborda
Mas amor nunca é demais
O amor é quase nada, é assim que deve ser
O amor é um sopro frio no inferno
Só uma rima num montão de versos
Soneto meu bem maior
Me faz ser mais
Mais adulta ou mais criança
Me faz ser vida
Mais feliz e mais vivida
Me faz ser alma
Me olha, me acalma
Me faz ser carne
Me ascende, me apaga
Me faz ser gestos
Gestos bobos que de mim, muito falam
Me faz ser mais
Mais um pouco capaz
O teu amor me trás
Mais um tanto de paz...
Soneto de Separação
(Paródia)
Num crescente do meu riso fiz pranto
Ruidoso e franco como a amargura
E das vidas unidas fiz loucura
E com mãos desamparadas fui santo
Num crescente sem calma fiz tormento
Que dos olhos desfiz a última dama
E da ilusão fiz o meu arrependimento
E do sofrimento imóvel fiz trama
Num crescente, não mais que num crescente
Fiz de triste aquela que fiz amante
E de sozinho em que se fiz presente
Fiz de um amigo pródigo o distante
Fiz da vida uma fulgura constante
Num crescente, não mais que num crescente
Soneto do Pássaro
Suas asas batem
Os ventos do sul nelas tremem
Breve segundo de luz
É perfeito pra teu corpo , reluz
Uma deusa ou mortal
Pássaro alado ou divino
Tua leveza ti transporta ao paraíso imortal
De longe podes perceber
Que triste não irás lhe fazer
Multi colorido nesse céu astral
Flutua tua beleza nessa aurora boreal
A procura de um canto
Repleto de encantos
Parece humano, na busca de sobrestar seus enganos
Soneto do sofrer materno
Nuvens de sofrer: dentro do peito gritam”.
E nos olhos, em forma de lágrimas, crescem.
As inumeráveis gotas pela face enternecem,
Minuto a minuto aumentam, às vezes se limitam.
(...)
Soneto do IR
Mandaria-lhe meus versos, mas primeiro, o Leão.
Pode ser sem importância, mas eu lhe direi que não,
Mesmo sem ser milionário, a tarefa é a mesma,
Com recibos, comprovantes ‘tou’ juntando uma resma.
Como ter tranqüilidade pra poder criar poemas,
Se a renda disponível vira fonte de problemas?
Fico sempre no aguardo de uma lei ou portaria
Que tornasse palatável essa grande porcaria.
E assim fico olhando os recibos de escola,
Que juntei naquele canto, sem saber da armadilha.
Eu paguei uma fortuna, o desconto é uma esmola.
Pois, por trás de tudo isso, Everardo e matilha
Se divertem num conjunto que nem sempre desafina
Ao Rachid , com um sorriso legam a tal ‘malha fina’.
