Solidão e Saudade
Você é a saudade que completa os meus dias. Que faz as minhas horas cheias de você. Que me toma os sentidos, que cura meus vazios e me enche de uma solidão compartilhada, onde só existe você e eu. Porque você é a saudade que me faz bem, que me põe pra dormir e que me acorda. A saudade que me faz sorrir.
►Casa Vazia, Mente Entristecida
Saudade do cheiro doce dela
Sim, confesso que as vezes sinto falta daquela donzela
Mesmo me conformando o meu coração continua me relembrando
Por ela sinto saudade
Pois com ela eu sentia felicidade
Ela aparentemente não era minha "outra metade"
Talvez apenas uma relação que fez parte
Mas sempre irei agradecer pela oportunidade
Por saber que tudo que vivi e passei, foi de verdade
E que, graças a isso hoje possuo essa liberdade
De poder descrever o que passei neste passado
De poder descrever como foi agradável
Mas hoje é diferente, o passado me tornou resistente
Sinto falta dela, mas não loucamente
Me recordo dela uma ou duas vezes em minha mente
Acredito fielmente que hoje me encontro diferente
E quero conhecer uma nova dama, por isso continuo em frente.
Saudade daquela festa animada e agitada
Sim, confesso que apesar de já não ser mais uma criança
Sinto falta daquela festa desorientada
Hoje a pressa das pessoas estão levando elas à loucura
Ah pessoas que por conta disso, perdem a compostura
Eu queria festejar com um sorriso aberto
A vó apertando as bochechas do neto
E, mesmo que o Natal esteja perto
Nada acontecerá, mas bem que poderia
Mas quem sabe, mesmo que nada vá acontecer, eu sinta alegria
Aquela bem pequena e despercebida, quase sem vida
Estranho, mas já consigo senti-la
É bem fraca, eu diria
Então talvez, só talvez, eu esteja preparado
Para passar o Natal solitário.
Não há o que se esperar
Será apenas mais um dia para se passar
Apenas o calendário irá mudar
O vazio ainda está lá a me vigiar
O que eu queria? Uma presença amiga
O que eu temia, hoje é refletida
Que vida sem energia.
Realizar meus sonhos, todos eles
Degustar de todos os prazeres
Escrever descontrolavelmente, enquanto vivo intensamente
Onde nada estaria passando em minha mente
Não me importar com nada, apenas aproveitar a ceia recheada
A família do outro lado da mesa contando piadas
E na rua, aquelas arvores iluminadas
Sinto falta de sorrir até o final da madrugada
Sinto falta da noitada em casa
Sem conversas desenfreadas, somente sincronizadas
E, assim como a transparência da água cristalizada
Termino dizendo que sinto essa falta.
CERNE (soneto)
Do ventre do cerrado ergui meu gemido
Estrugido duma saudade que me eivava
Furtando o fôlego duma dor que escava
O coração já aturado e um tanto dividido
Da solidão a tramontana reviu-se escrava
No cerne da sofrença no peito desfalecido
Que és de tudo escárnio no fado contido
Grito! Que ao contentamento então trava
Que labareda tal me arde no esquecido
Me remanescendo qual tétrica cadava
E me prostrando na réstia do suprimido?
E, se toda sorte aqui me falhe, és clava
A esperança, dum regresso ainda vivido
Factível, sem os que a quimera forjava...
Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano
Sempre me pergunto sobre perdas, decepções, dor, tristeza, vazio, saudade, silêncio, arrogância, ruindade, melancolia, rancor, ilusão ou qualquer outra coisa que explique a humanidade, talvez a falta dela. E admito, não é fácil de entender. Quando alguém está com raiva por muito tempo, todo esse ódio começa a mudar o mundo. E isso não é um engano, é pessoal.
Agora parece visível, tão fria, tão dolorosa essa saudade. Mas claro, você escalou essa colina de incertezas para quê? É lógico que os ventos sopram forte daí. Vamos, desça. Esse vazio contínuo não alivia em nada a sua queda, é preciso encará-la com os olhos. Bem, não com os olhos, mas é preciso ter coragem de olhar para algum lugar, talvez para a sua dor. Fugir de si mesmo não é uma opção, é um caminho sem volta que se agrava perante um beco estreito e sombrio. E por mais tentadora que a vontade de sair do próprio corpo seja, imaginar o que outra pessoa pensa é inquestionável. Acredite, estar nos pés de alguém tem lá suas desvantagens, não dá para se localizar na dor alheia, muito menos manipular uma locomotiva sem freios. Onde foi o seu amor, ele está no sorriso de alguém? Oras, você possui um belo sorriso, e você é única do jeito que é. Eu sei que a saudade parece arrebentar no meio, mas não parte. Parece que você vai se entrincheirar com uma metralhadora, mas não vai. Tudo tem seus poréns, seus dois lados, e a verdade sempre aparece em algum deles. E por mais sincera que ela seja, nunca acredite num fato absoluto, é besteira. Pra viver a gente precisa quebrar a cara, abandonar as coisas e recomeçar várias vezes. Não há certeza alguma, mas também, não dá para deixar de viver. Algum dia além do dia, além da tristeza e do arrependimento, todos nós encontramos nossa verdadeira razão de existir. Não procure um recomeço somente quando ele estiver perto do fim. As pessoas pensam que depois de muito tempo existe um hospital para almas, mas não há. Não dá para retornar à vida, enquanto as memórias insistem em retornar ao passado.
Eu preciso disfarçar que não sinto mais falta. É sombrio isso, a saudade não é um parque de diversões, é como um fósforo riscado diante do combustível. Tudo explode, a vida torna-se uma pilha de cascalho e você se arrasta entre os cacos da dor refletida em milhares de espelhos. O vazio te alcança e a pessoa em questão desaparece de vista no outro lado da alma.
Saudade é o que fica, daquilo que não ficou...
Mas nada vai ficar,
Então...
Já tenho saudades de tudo,
Dos amigos que não fiz,
Das garotas que não namorei,
Dos lugares que não visitei
Dos antepassados que não conheci
Dos descendentes que não conhecerei
Do conhecimento que não absorvi
E do que eu desperdicei
Das carreiras que não tive
Dos sonhos que não conquistei
Saudade...
Tenho saudade do que vivi
Do que não vivi
E do que nunca viverei
E aquele epitáfio tinha razão...
Saudade é o que fica, daquilo que não ficou...
Quem é amor de verdade
mesmo ausente não será saudade
e a saudade não será ausência.
Mas quando o traste quebra um coração
é melhor ter por completo a solidão
do se perder em meia presença.
Em meio a toda esta saudade, paro para pensar em você. No quanto te amava e o quanto me faz falta.
E nesta mistura de sentimentos me sinto culpado, e procuro culpados, algo que justifique tanta dor e sofrimento. Percebo que por mais que queira alguém ou algo para me agarrar, para justificar tudo isso simplesmente não há! A morte não é justificável, não é consolável. Nunca, nada, nem ninguém substituirá você.
Mas no seu desprezo senti algo diferente,
Não sei se era saudades ou um "me esquece".
Senti que faltava alguma coisa.
Aquele que te acompanha hoje,
Não é aquele que te acompanharia por uma vida inteira,
Posso estar totalmente errado,
Pode ser que meus olhos estejam me enganado,
Mas...
Aquele que sente a alma de outra pessoa
Estará sempre disposto a se sacrificar,
Para poder ver aquela outra alma feliz.
Por isso acalento meu sofrimento,
Aconchego a solidão.
Pois sei que hoje és feliz,
Mesmo que não seja eu a segurar sua mão.
Brisa
Ah! se não fosse a saudade...
Eu então saberia
Que você está ao meu lado.
A lembrança é chama viva
Que incendeia o coração,
Dura o tempo de um abraço
Transformado em solidão.
Mas o vento do amor
É brisa mansa
Que chegou para ficar...
Do outono ao frio inverno,
Primavera ou verão.
Suave brisa do teu cheiro
Feito flores no jardim...
São encantos que a saudade
Nunca vai tirar de mim.
Edney Valentim Araújo
1994 / 1996
Quando a saudade toca o ser
No momento o desfaz
Corrói o cabra por dentro
Com sua fome voraz
E como se fosse vidraça
Quando quebra despedaça
E juntar, não junta mais.
... um dia foram tuas
Fui reaver na saudade, abandonada
Certa lembrança de outrora perdida
Que, por estar poeirenta e desbotada
Ficou a um canto, posposta, ali caída
Estava sem vida, sem ser encantada
Já não mais tinha aquela dor sentida
Tão pouco aquela paixão desprezada
Ah! versejar vão, de expressão doída
O passado que passou, desgostaste
São poéticas esquecidas no coração
E também coisa que a mim rejeitaste
Hoje já não és poesia, de ter-te jejuas
Apenas versos cheios de recordação
Ternas trovas que um dia foram tuas.
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21 agosto, 2023, 20’58” – Araguari, MG
Noites assim
Faço coisas sem sentir
Agarrando-me ao travesseiro
Deixo a saudade me invadir
Somente para sentir seu cheiro
As noites eu rolo na cama
Com o coração tão magoado
Tento recupera minha calma
Recordando do passado
Vasculho minha vida então
Procurando uma recordação
Que me leve à razão
Encontro-me com a solidão
Querendo preencher minha vida
Sinto muito solidão, hoje não!
29/09/13
Saudades
Saudades são pequenos ecos do que já foi um cheiro, uma voz, um olhar que não volta,
mas insiste em ficar dentro da gente.
Em curtos espaços de tempo,
elas aparecem como vento leve,
ou como um silêncio pesado.
Não precisam de muito para doer,
nem de muito para aquecer o peito.
A saudade é o que resta quando o tempo passa,
mas o sentimento permanece.
Quando a saudade aperta, e dói no peito somente choro porque chorar faz esvaziar de dentro de mim a dor da solidão...
