CERNE (soneto) Do ventre do cerrado... Poeta mineiro do cerrado -...

CERNE (soneto) Do ventre do cerrado ergui meu gemido Estrugido duma saudade que me eivava Furtando o fôlego duma dor que escava O coração já aturado e um tanto ... Frase de Poeta mineiro do cerrado - LUCIANO SPAGNOL.

CERNE (soneto)

Do ventre do cerrado ergui meu gemido
Estrugido duma saudade que me eivava
Furtando o fôlego duma dor que escava
O coração já aturado e um tanto dividido

Da solidão a tramontana reviu-se escrava
No cerne da sofrença no peito desfalecido
Que és de tudo escárnio no fado contido
Grito! Que ao contentamento então trava

Que labareda tal me arde no esquecido
Me remanescendo qual tétrica cadava
E me prostrando na réstia do suprimido?

E, se toda sorte aqui me falhe, és clava
A esperança, dum regresso ainda vivido
Factível, sem os que a quimera forjava...

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Janeiro, 2017
Cerrado goiano