Sem Eira Nem Beira
O Amor Bate na Aorta
Cantiga de amor sem eira
nem beira,
vira o mundo de cabeça
para baixo,
suspende a saia das mulheres,
tira os óculos dos homens,
o amor, seja como for,
é o amor.
Meu bem, não chores,
hoje tem filme de Carlito.
O amor bate na porta
o amor bate na aorta,
fui abrir e me constipei.
Cardíaco e melancólico,
o amor ronca na horta
entre pés de laranjeira
entre uvas meio verdes
e desejos já maduros.
Entre uvas meio verdes,
meu amor, não te atormentes.
Certos ácidos adoçam
a boca murcha dos velhos
e quando os dentes não mordem
e quando os braços não prendem
o amor faz uma cócega
o amor desenha uma curva
propõe uma geometria.
Amor é bicho instruído.
Olha: o amor pulou o muro
o amor subiu na árvore
em tempo de se estrepar.
Pronto, o amor se estrepou.
Daqui estou vendo o sangue
que corre do corpo andrógino.
Essa ferida, meu bem,
às vezes não sara nunca
às vezes sara amanhã.
Daqui estou vendo o amor
irritado, desapontado,
mas também vejo outras coisas:
vejo beijos que se beijam
ouço mãos que se conversam
e que viajam sem mapa.
Vejo muitas outras coisas
que não ouso compreender...
Fincar a alma no sentimento. E não esperar a dor do acaso. Sem plano, sem eira, nem beira. É sempre ou para sempre. Pular uma casa, atrasar tantas luas e despida, amar sem prazo de validade.
Sem eira e nem beira
Estou tão vazia,
sem eira e nem beira
Sem rumo para encontrar
uma direção
apenas vou,
em busca de mim,
por um momento me perco,
e desejo me retirar,
mas está tão difícil.
Por um lado é bom,
mas por outro lado
me sinto sufocada
Meu grito é tão alto,
que fere e assusta
a minha alma
Quero tanto me retirar
Cansada me sinto,
Estou tão sensível,
Frágil em qualquer situação
e a qualquer momento
Quero dizer não,
e não consigo
Então enfrento com sim,
mas não estou gostando
Quero me afastar,
sair de cena
Por hora nem sei o que quero,
me perco de novo,
em busca de mim...
Se é para achar bonito,
eu acho feio
Se é para achar ruim,
eu acho bom
Se é para falar,
eu calo
Se é para sorrir,
eu choro
Se é para brigar,
eu acalmo
Se é para compreender,
eu não quero
Uma metade de mim,
diz sim,
e a outra metade,
diz não.
Outro dia, deitado na rede, fiquei pensando na morte da bezerra. Mas acabei refletindo que isso é mesmo uma coisa "sem eira nem beira". Rs rs rs...
Chove lá fora e aqui o barulho é intenso, quase nem posso ouvir o som da chuva no telhado ou o canto do sabiá.
Meu submundo está bagunçado, barulhento e desalinhado.
Neste mergulho sem fim estou me questionando quando foi que eu me tornei tão anti social… será minha culpa?
Sim, eu sei, é essencial conviver com as diferenças… mas os gritos, a voz alta, isso me enlouquece, me tira do prumo
Eu amo o silêncio, a chuva e o céu nublado … meu esconderijo foi invadido, estou feito criança perdida na rua…
Quero pra agora a paixão verdadeira, sem eira nem beira, aquela que tira o fôlego, que dá palpitação, aquela que nos leva ao mundo do amor imaginário, do beijo incendiário, do pegar fogo o momento, de perder a razão. Quero agora o amor de verdade, não sentir mais saudade, de só você e eu na mesma sintonia, na mesma harmonia. Quero de volta o beijo demorado, o abraço apertado, o calor do amor, encostado no carro, ah! Como era bom. O cheiro diferente, a música da gente, o choque ao tocar. Ah se tivesse, a ampulheta da vida e pudesse com pressa, delirar e fazer fazer o tempo voltar!
A minha vida é uma grande ladeira
Sem beira, nem eira
De tanta infelicidade tento
a sorte a qualquer maneira.
Vida de Paixões...
Tristezas...
E ilusões...
Vida que muitas vezes é bem injusta
Sem lógica
Sem razão
E sem canção
Que corrói meu coração
Sentimentos...
Ressentimentos...
Que provoca meus lamentos
Na vida nada é tão permanente
Hoje tenho a vida um dia ela morre!
Tempestade gaúcha
Gotas errantes
imitam vanera
Caem dançantes
sem eira nem beira
Um vento criança
recorda sanfona
Fissura de dança
me vem logo à tona
EU INDIGENTE
Eu, o resto sem eira nem beira
Quem cata os restos na feira
Mais uma escória programada
Mais uma história mal pichada
Interpreto um papel maçado
Reciclo o papel passado
Um papelão: é o que faço
No papelão: deito e me abraço
Vender bala: meu ganha-pão
Correr da bala: destinação
A indiferença: desperta minha dor
A sirene: meu despertador
A lua enche meu saco
Com seu olhar pálido
Nem a terra absorve
O meu chorar árido
O sol nasce, minha pele frita
E minha sombra assombra
Minha voz trava, meu silêncio grita
E meu grito tomba
Varrido pelo vento
Sou mais um excremento
Maltratado pelo tempo
Dormir é meu passa-tempo
Abrigado na solidão
Sou um eterno desvalido
Com o pensar comprimido
E o latido reprimido
Meu signo: cão de rua
Destino: viver no mundo da lua
Guerra: encarar esse mundo insensível
Sonho: tirar essa coleira invisível
Nome: Zé ninguém
Sobrenome: algum alguém
Sem identidade
Sem entidade
Sem idade.
Retalhos de cor em pó
Negrinha... do pé da ladeira
Cresceu pela vida sem eira nem beira
Aprendeu que sua é pele não é brincadeira
De saia rodada, pés descalços, deu pulos e saltos correndo no asfalto
Seus sonhos dourados trocados aos farrapos
Princesas das ruas, escolas nos saltos, com príncipe aos lados, mostravam os fatos
Por ter nascido sem cor, sem brilho e aos fados
Teria a sombra, não pra proteção
mas como esconderijo de indignação
Negrinha sem livros, histórias infantis, nunca foi princesa, sem escolhas seguiu
Seguiu na certeza de que nunca a dariam lugar de rainha
Cresceu pela rua, já dormiu na rua e sentiu que, na sua, ganhava mais justas saudações de estrela, nuvens e lua
Que em sua ternura falava aos rostos, que em sua ingênua e doce leitura,
via neles amigos e um amor que cura
Negrinha, negrinha... o que ela ouvia, estica os cabelos e ganha nas ruas
Quem sabe os olhares, troféu quase, sinta o gostinho da mão de alguém
Negrinha, negrinha, sem eira nem beira, guarda o coração e esconde essa beiça
Beiça de mula, cor de burro fujão
Teu lugar é na sombra e não na multidão
Momentos pequenos de migalhas que sobram, sentiu o sabor do que as outras provam
Negrinha dentuça das pernas finas, escreve teus sonhos no papel e na tinta
Encontres no palco na arte em vida
O prazer ilusório do brincar de rica,
Sereia bonita, princesa e rainha, de contos de fada que nunca te abriga
Teimosa negrinha, relincha entre os dentes, brigando espaços em fios invisíveis
Esperança falida, certezas que brotas apenas dos sonhos que não casam as portas fechadas de sortes que foge à galopes que de tanto ligeiro nem mota se trota
De rua ternura manchada de morte
Teu corpo pequeno magrelo sem sorte
sentiu o amargo do gosto da morte
Cresceu na esperança peitinho floriu, roubaram-lhe a sorte o que te feriu
Jogada aos tapetes asfaltos mil,
o que foi mais duro não foi o chão que dormiu
Negrinha se olha e não mais se nota
Pergunta qual nota se dança tão torta
A música que canta a harmonia fugiu pois não tem espaço, seus retalhos mil
Negrinha negrinha teimosa demais
Cansada da vida já não pode mais
Rodeada de todos e vivendo só
na vida amizade só encontra o pó
Negrinha se encanta, por ti se apaixona, se encontra na sombra a cura em somas
de estender a mão aos que como a ti também são...
Negrinha negrinha que então descobriu,
que os não que recebes nunca te serviu
Um não não te acode teu corpo sangrando sua sorte fugiu
Cor de burro fugido o que sempre ouviu quem é que te acode quem foi que te ouviu?
Que espaço pertences teu povo fugiu na falta de sorte alguém te seguiu
Aquele ombro amigo que nunca foi teu, palavras tão duras nunca se escondeu
Negrinha se avexe, se feche
seu corpo e sorriso ninguém vê que preste...
O "Sem Poema"
Sem beira, nem eira,
Sem cor, sem graça,
Na rua, no banco da praça,
Solitário e sem tema
O Sem Poema
Sem vida, sem sabor.
Sem calor, sem nada,
Nem dor, no sofá da sala.
A mente presa a algemas.
O Sem Poema
Sem brilho, sem trilho,
Sem cheiro, sem amor,
Insipido, inodoro e incolor.
Numa ausência extrema.
O Sem Poema
O vento que vem de lá
Entra sem eira nem beira
Descabela o mundo de cá
Abre a janela, venta e incendeia.
Discurso dos que fazem parte de panelas, A ou B, é um discurso sem beira nem eira, não conta nem desconta, inválido. Hoje, se estamos aqui é 10, amanhã vamos pra lá é 0, portanto, opinião de virá, desvirá... para mim não acrescenta nem diminui!
MORADIA DO AMOR
Verdade verdadeira
Com eira e beira,
De começo, meio, muito meio e sem fim nem parcimônias ao tempo
Sem meias verdades, um mundo de patrimônio estritamente pessoal dela,
Deixou de ser parcial, passando ao estado de comunhão antes somente dela, para dividir com ele seus medos e seu amor desde o primeiro dia que se conheceram, em dose de homeopatia crescendo a cada dia e na mesma sintonia.
Dele, ela se tornou, por convite e aceite de amor, a sua eterna moradia.
Nas agruras de viver solito
vagando sem eira nem beira
se perdendo na capoeira
escutando o próprio grito
guardo comigo só o que é bonito
o resto, vira poeira...
A madrugada escura, noite silenciosa. Apenas o breu.
Pensamentos dispersos sem eira nem beira, trazem à mente aquilo que sinto a falta de ver, de sentir, de cheirar.
Laços, traços e abraços em cacos, estilhaçados pelo tempo. Pela distância. Tempo e distância injustos... Tempo que já tem, tempo que não tenho, tempo que preciso.
Esse tempo sem você.
Hoje meu dia será de asneiras, sem eira talvez um pouco de beira para apaziguar. Hoje serei sorrisos e com siso procurarei fazer de cada palavra um carinho, um ninho para acomodar mau humorados.
O inVERSO
Quantas vezes me encontro
A vagar sem eira sem lar
Na areia da vida
Na beira do mar
Em um horizonte lindo encantador
Lembrando-me da luz que orienta
O ser dolorido que sem direção
Sem norte e sem sorte ainda pode se encontrar
Quantas vezes a luz do raiar
Parece vir a revelar tudo que é o inverso em mim
E que precisa ser revirado para o que parece errado
Venha se tornar o certo
E então
De dentro para fora
De um lado ao outro
Do implícito para o explicito
Surge a resposta para tal ser que se encontra perdido em si
Em suas próprias prisões no outro se liberta
Na sua perdição, no outro se acha
Na sua solidão, no outro aconchego
No seu desanimo, no outro inspiração
E em toda a complexidade que colocamos em encontrar a felicidade
A vida nos ensina o inverso
Para a felicidade encontrar basta a outra pessoa se doar.
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