Poesias de Dor
Carrego uma dor antiga, dessas que não gritam,
apenas sussurram e mesmo o sussurro pesa.
Não desprezo o mundo... Eu apenas temo desmoronar na frente dele.
Quando o mundo me afunda,
a música clássica me resgata, faz do caos, compasso, da dor, silêncio. Em cada nota,
reencontro o passo que quase perdi.
Sempre fui melancólico, como Chopin. Ele chorava em teclas, eu, em palavras. Sua dor virou partitura, a minha, tinta nos ossos.
Nesse espelho triste, reconheço a linhagem dos que sentem demais
e transformam a dor em arte.
Somos cordas… E a vida, um martelo de piano. A cada golpe, dor, doença, preconceito, vamos desafinando… Minhas forças se esvaem, minhas emoções tremem em dissonâncias. Ainda assim… insisto em vibrar, tentando harmonia
onde só há fúria.
A dor me faz triste. Cada fibra em mim lateja memórias que nem a medicina apaga. Sou um retrato ambulante de perdas, do movimento, da autonomia, da esperança. E assim… Atristeza brota sem cessar,
como uma secura interna que nenhum afago alcança.
Há dias em que o cansaço pesa tanto… que desistir parece um alívio, um oásis no deserto da dor. A luta contra a depressão, contra a dor crônica, me empurra para esse abismo de querer parar… Mas então… me agarro a um fio de fé, um sopro mínimo de esperança… E decido: viver só mais um dia.
Apenas… mais um.
A melancolia mora em mim… chega com a dor, se agarra aos meus pensamentos como sombra sem fim. A esperança vem… breve, estranha,
quase incômoda… antes de a escuridão tomar tudo de volta.
O TEMPO LEVA TUDO
As coisas efêmeras, como a paixão humana e a dor de consciência, costumam mudar rapidamente suas intensidades. Isto se dá de acordo com os pontos de vista de quem as sofrem. Até as coisas materiais, como rios, mares e montanhas, podem ser despercebidas quando um viajante cansado se enfada de admirar a paisagem.
Neste caso, a culpa é sempre do viajante que não consegue travar um diálogo perene. Segundo Rochefoucauld, assim se dá com os sentimentos, como o amor e amizade.
Os homens andam muito cansados para carregar para sempre o peso de uma amizade; e um grande amor pode emagrecer e até desaparecer se for apenas alimentado com mares, rios e montanhas de saudade.
É normal sentir culpa por estar superando uma perda?
Quando alguém que amamos morre, a dor é muito intensa. Conforme o tempo vai passando, aquela dor se torna saudade, as lembranças ficam um pouco vagas a gente já não pensa mais tanto na pessoa quanto nos primeiros meses do luto, e chega um momento em que nos sentimos culpados porque continuamos como se a pessoa não tivesse existido. Mas deixa eu te lembrar de algo, você só é essa pessoa hoje porque conviveu com essa pessoa que já não está mais aqui. Você viver significa que essa pessoa vive também em algum detalhe em você. O amor é uma construção no outro e em nós mesmos. Então, não se culpe, apenas viva com as lembranças de quem ama e tudo ficará bem!
Meu Pranto
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
A dor que dói deixa a marca sem furar
E eu não consigo um minuto me calar
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Meu violão não aguenta mais sofrer
Quebra as cordas com saudade de você
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Não tem papel nem caneta pra escrever
Falta argumento pra que eu possa te dizer
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Leva meu pranto, meu dissabor
Por isso eu canto, pra espantar a dor
Vertigem do Nada
Há um buraco no centro do peito,
não é dor, não é falta, é vazio.
Um eco que grita sem nome, sem rosto,
um abismo que engole o que antes era rio.
As estrelas são olhos mortos no céu,
testemunhas frias daquilo que somos:
poeira sem rumo, sem forma ou destino,
fantasmas que ao nada vagando retornam.
O tempo, carrasco sem face ou clemência,
sussurra promessas que não pode cumprir.
Cada instante é um fardo, uma farsa,
um passo mais perto do eterno cair.
E quem sou eu neste vasto deserto,
senão sombra que sonha ser luz?
Um verbo calado, um silêncio sem versos,
um grão de areia que o vento conduz.
Procurei na matéria, no espírito, no verbo,
mas o Nada me encara, imóvel, voraz.
Sou apenas o medo vestindo a esperança,
um eterno adeus a tudo que jaz.
Se há sentido, ele dança no escuro,
esquivo, risonho, a zombar do querer.
Mas na borda do abismo, ainda respiro,
porque mesmo no Nada, há ser.
Quase
eu quase morri.
não foi por falta de dor,
mas por excesso de espera.
quase fim,
quase meio,
quase gesto inteiro que se perde no intervalo.
quase vida —
essa sombra acesa que não ilumina.
quase amor —
esse sopro que não toca,
mas levanta poeira no peito.
quase ida,
porque eu ainda volto em sonhos.
quase vinda,
porque nunca cheguei por completo.
quase morte,
como um adeus sussurrado sem convicção.
quase destino,
feito linha torta que não ousa ser traço.
quase eu,
quase tudo,
quase nunca.
Eis-me entre homens, meu irmão,
na angústia e na dor de saber da finitude —
e da inutilidade da vida
quando o assunto é a eternidade.
Amo e odeio essa possibilidade.
Convivo entre homens que, embora tente compreender,
enxergo como fracos:
almas perdidas no labirinto da consciência da morte.
Cegos guiando cegos,
todos buscam entender o que não é possível,
e acima de tudo, tentam encontrar sentido
naquilo que apenas repetem —
como se a crença, por si, salvasse.
Às vezes penso: talvez sejam como eu,
alguém que aprendeu a repetir os erros ancestrais —
a ilusão da crença
de que há algum sentido na morte do homem.
Sobretudo depois de se conhecer a sentença:
“Tu és pó, e ao pó voltarás.”
Me solidarizo com esses homens.
Mas, ao contrário deles,
na maior parte do tempo,
eu nego qualquer sentido ao universo.
Rejeito qualquer ideia cósmica ou estoica de metafísica —
seja a da alma imortal,
seja a da carne eterna,
ou da saturação de algum prazer físico.
Tudo é em vão.
Seguimos como ovelhas para o abate,
e todas as crenças desabam
quando a razão nos assalta,
como um raio que, vez por outra,
ilumina demais.
SOMOS IRMÃOS NA DOR
É no escuro da noite
quando a dor se faz constante
e mais assustadora
que desejamos que um anjo bom esteja ao nosso lado,
para enxugar as nossas lágrimas e o suor da febre persistente.
É nesse instante que a nossa humanidade floresce.
Num mundo desigual, no amor e nas virtudes
quando todos estão no mesmo lugar comum
pobres e ricos, pretos e brancos
sofrendo no âmago da alma a mais cruel desilusão
que a nossa presunção egoísta desaparece.
Todos carecem de cuidado e afeto
somos iguais na dor
buscamos até de estranho um afago
o sorriso de empatia
somos irmãos, querendo ou não
na dor somos conscientes
de que contra a razão não há utopia.
Para os profissionais da saúde em 2020 durante a pandemia
UM SAMBA EM RÉ MENOR
Não é tristeza, é melancolia
um tipo fatal de abstinência
não é dor de corno nem sofrência
é a falta de beleza e poesia.
Ainda escuto, como punição
relembrando tudo que vivi
a música boa que tocava à beira mar
quando te conheci.
Sem a Bossa Nova, “Chega de Saudade”
num bar em Ipanema, que dia agradável
sem você e tudo isso
a vida não poderia ser suportável.
Ainda assim sangra a poesia
o vento sopra e traz esperança
não é desespero é falta de alegria
um tipo fatal de abstinência
não é tristeza, é melancolia...
UM SAMBA EM RÉ MENOR
Soneto ao vinho
Entre os espinhos dessa vida agreste
O vinho nos conforta a dor do peito
Um cálice, um brinde ao amor celeste
Que acalma e nos traz paz em seu deleite
Em nosso ninho, aconchego e carinho
Onde o amor floresce como trigo
Em noites frias, ao som do pinho
Aconchega e aquece nosso abrigo
E assim, entre espinhos e flores
A vida segue seu curso sem temores
Ainda temos fé para amainar os dissabores
E que o vento esteja ao norte e a favor
Que em nosso ninho habite luz e calor
E que a vida seja sempre um brinde ao amor
Mas a beleza, por vezes, pode iludir,
nos fazer esquecer a dor e o sofrimento.
Precisamos, então, ter discernimento
e buscar também a verdade e o sentido.
A filosofia nos ensina a questionar,
a buscar a sabedoria e o conhecimento.
Ela nos mostra que o belo é relativo,
e que a verdade pode nos libertar.
Assim, neste soneto, busco unir
a beleza e a filosofia, em harmonia.
Que possamos enxergar além das aparências, e encontrar a verdade,
a paz e a alegria
A dor que nos consome é forte,
E parece não ter fim,
O peito aperta, sufoca,
E a tristeza toma conta de mim.
Perder algo ou alguém querido,
É uma dor insuportável de sentir,
É como se o mundo tivesse acabado,
E tudo ao redor parasse de existir.
Às vezes penso que nada mais faz sentido,
E me perco em meio às lágrimas de dor,
Mas sei que é preciso seguir em frente,
Para encontrar a felicidade outra vez, com amor.
Por isso, guardo as lembranças boas,
E tento esquecer as ruins,
Para renascer das cinzas,
E seguir em frente, com novos rumos e caminhos.
A dor pode até nos ferir,
Mas não pode nos fazer desistir,
Pois mesmo que a vida nos golpeie,
Sempre há uma chance de recomeçar e sorrir
O amor é luz na escuridão
Bálsamo que cura a dor e a solidão
Alquimia divina que transforma o coração
Elevando-nos ao alto, em busca de redenção
O amor, sublime das canções
É a matéria-prima dos trovadores
Chama que arde em nossos corações
Nos faz acreditar em impossíveis amores.
Assim, é nas rimas de um soneto singelo
Que manifesto minha gratidão ao amor
Por tê-lo em minha vida como um elo
Unindo sentimentos em sintonia e fervor
Que seja sempre presente noite e dia
O amor, fonte de paz e harmonia
Oh, dor! Como é triste o amor, poeta!
Nosso coração, pulsando forte, em vão
Busca alguém a quem possamos cantar
Mas, no fim, amor e poesia não se dão
Somos poetas, fadados à solidão
Buscamos em vão, um sorriso apaixonado
Em cada amor, há sempre desilusão
E, como sábio, desiste do ser amado
Oh, sapiência! Pois sabemos nós
Que para o poeta, amar é um martírio
O amor é um sentimento só para tolos
Não temos tempo para distração
Feitos para para o fogo-eternidade
Julgados insensíveis sem coração
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