Poesia sobre a Seca
Os tempos de seca preenchem todas as horas.
O gado segue, a vida segue.
É assim.
E num dia desses
tudo vira lembrança!
SAGA DE LUZIA-HOMEM
A seca castigava o Ceará
Luzia era a retirante,
Cabocla formosa do sertão.
Numa região quente elegante
Emprega-se numa obra
P'ra contrução d'um presídio
fino e elegante.
ESTIAGEM NUM SONETO
Eu grito por chuva, intensa e forte
pra encharcar o cerrado ressequido
tão sofrido, que clama num alarido
por gota d'Água, num altivo porte
Eu vozeio pelo vento desmedido
soprando humidade num suporte
pra este chão carente e sem sorte
chovendo vida, e o vivo permitido
Também a natureza uiva de morte
aos céus, que acabe o sofrer infindo
tombando a chuva sem ter recorte
O sol regente do sertão, intervindo
se faz ufano, intenso, num aporte...
E a chuva, ah! Essa, não vai caindo!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
O gelo vai derreter;
Muitos ursos vão morrer...
Agora, o nível das águas
Vai subir e deixar mágoas.
In VERSOS - Trovas e Sonetos
O sertão nordestino
Povo trabalhador e guerreiro
Homens e mulheres de fibra e hospitaleiros
Lutam contra a seca e seguem seu destino
Assim, é o sertão do povo nordestino
O sol castiga essa terra seca desprovida
O agricultor espera a chuva prometida
O gado, quase sem forças, se mantém inteiro
Água por aqui vale mais que dinheiro
Quando chove no sertão é uma festa
Hora de pegar a enxada e suar a testa
Os olhos voltam a brilhar de emoção
É hora de arar o roçado com todo o coração
O gado volta a ter água para sobreviver
O roçado todo verdinho da gosto de se ver
Agradecem a Deus pela chuva aparecer
Trazendo alento a um povo cansado de sofrer
“A terra está seca... Vejo a jurubeba, a catingueira e o gado na sombra do juazeiro... É tempo de seca. Mas olhando para o céu, vejo também esperança”.
Toinha Vicentina
"Está amanhecendo para mais um dia de trabalho e luta. Quando tirar o leite e botar a palha seca de milho para o gado, vou nos cajueiros colher cajus para fazer um doce".
Toinha Vicentina
Minha Vida
Eu amo a vida
Porque dela faço parte
Não sou terço nem metade
Sou apenas a arte.
Eu amo a vida
Porque imagino ilusões
Faço trovões
E canto com a minha voz seca.
Eu amo a vida
Porque nela não vir por acaso
Eu sou um fato
E dela hei de fazer tantos atos.
Eu sou a vida
Porque ela está em mim
E eu nela estou.
MAR!
Trecho da Peça: O Sertão Vai Vira Mar
Com o tempo, a quentura e a seca começaram a fazer parte do dia a dia de todos.
De tão quente e tão sem chuva, pouco a pouco as pessoas daquela cidade foram indo embora, deixando suas casas, suas histórias e seus animais!
Os animais!
Esses sentiram os efeitos da seca.
Poucos restaram naquele sertão.
Sofreram muito com a saída dos homens, mas tiveram que lidar com o que tinham.
Cada um, do seu jeito foi se preparando para o dia que o Sertão virasse Mar.
Isso mesmo, de acordo com as teorias da Senhora Asa Branca, um dia o Sertão viraria Mar e quem não preparasse o seu barquinho, não teria chance de sobreviver.
Ninguém nunca imaginaria que o grande problema de todos, a falta de agua, seria agora, justamente um novo problema, só que ao contrário, a pá virada virou de vez, e ia ser agua demais, agua pra encher as bacias, lagoas e até uma cidade!
Um mar!
Lágrimas da seca!
Quando a chuva não vem
a terra seca só piora
sem ajuda de ninguém
a despedida não demora
e a única água que tem
são as lágrimas de alguém
no momento de ir embora.
Mudança.
Se o tempo não for arisco
e o bom vento soprar
o sertanejo vira o disco
pra ver a chuva chegar
abastece o São Francisco
e o sertão não corre o risco
da seca lhe devorar.
Hoje meu Rio Grande do Sul chora sem lágrimas a escorrer sobre si. De tal virtude que irrigava os campos, agora seca ao desgosto e os maus cuidados. Mas se fortalece com o povo herói e forte que por si sustenta essa terra maravilhosa.
Povo que não se entrega mesmo que a luta pareça ser injusta.
De uma história heroica e de muitas batalhas não serás agora que irá se entregar, vamos juntos vencer mais essa luta...
A mesma seca.
Já chegaram aqui com pressa
não acharam um pé de flor
fizeram tanta promessa
em nome do Nosso Senhor
mas de lá ninguém regressa
e eu vendo uma seca dessa
vou seguindo a minha dor.
Minha seca, minha dor.
A seca vem atrevida
não respeita a nossa dor
que machuca a ferida
deste povo sofredor
quanto mais falta comida
mais aumenta o seu valor.
Terra seca.
Eu mesmo não me iludo
isso é terra renegada
a água vem de canudo
duvido ela ser filtrada
por aqui prometem tudo
mas não vejo chegar nada.
Foi a seca.
O sol faz a terra arder
nenhuma planta vigora
que pena o gado morrer
muito antes de sua hora
se a chuva não aparecer
o resto a seca devora..
Será seca.
Terra seca corre o vento
não se ouve um trovão
tem azul no firmamento
mas falta verde no chão
dizem que é sofrimento
eu acho que é aprovação.
Espera.
A seca é uma grande fera
que ataca e não se cansa
pelo sertão onde impera
exercendo sua liderança
o sertanejo se desespera
mas assim mesmo espera
a chuva como esperança.
Nossa fé.
A chuva é quase nada
a colheita está incerta
sem ter a terra arada
a fome um dia aperta
mas nossa fé é sagrada
pra cada porta fechada
existe uma janela aberta.
Água.
Com água tudo é perfeito
o sertanejo é o patrono
sem água o único jeito
é ir pras terras de outro dono
para sofrer de preconceito
de maus tratos e abandono
