Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
Por Só Sol
O sol se põe,
mas nunca é só um pôr do sol.
Ele dança na linha do horizonte,
escorrega lento pelo céu,
como quem promete sumir,
mas nunca parte de verdade.
Pisca em tons de ouro,
derrama fogo sobre o mar,
e, num sussurro de luz,
diz que amanhã volta.
Nunca se perde,
nunca se esquece de ser sol.
Brilha onde os olhos não alcançam,
suspira calor em outras terras,
ilumina, mesmo quando não o vemos.
Porque ser sol
é mais que estar à vista—
é existir,
ardendo eterno
em si.
DOCE SUBMISSÃO
Quando o coração grita
Todo o resto se cala
em submissão.
Quando o corpo exige
o desejo quase agride
sufocado de paixão...
Te quero meu senhor
submissa aos teus afetos
Não nego
Cedo
Concedo
Ofereço-te minh'alma alma
e meu corpo,
e sem ambivalências
Me entrego...
Te quero sim, meu doce senhor
Bonito e sóbrio
Arfante e pulsante
Me beijando a nuca
Me calando a boca
Me deixando louca
Amando-te com toda a submissão
neste delicioso e quase angustiante amor lúcido
e ao mesmo tempo
isento de qualquer razão!
Não é que eu seja sádico
Não é que ela seja submissa...
Ela se fez minha pela força do amor
e eu exerci sobre ela o poder
de querê-la minha menina
pela eternidade.
E creio que a eternidade é muito breve
para embalar a paixão que nos invade.
É simples cumplicidade.
É simples assim.
É amor.
Memória da Casa (Fernando de Oliveira e Walmir Palma)
Não está no portão
a memória da casa,
nem está no porão,
onde tudo se guarda.
Se talvez no jardim
mora alguma lembrança,
erram doces ausências:
borboletas, crianças.
A memória da casa
jaz além da estrutura,
das paredes caiadas,
assoalho, nervuras.
Vejo outrora na alcova
afogada em cortinas
o rubor de uma rosa
e uma linda menina.
Onde foi essa alcova,
em que tempo se deu,
como entrou nessa história,
em que vão se perdeu?
Essa casa são muitas,
uma só todas elas;
o morar é a casa
com varandas, janelas.
As memórias são tantas,
tantos são os lugares
onde pousam lembranças
nesse lar, nesses lares...
Política encardida.
O mau político não vê pessoas e suas necessidades.
O mau político enxerga eleitores e seus votos.
Em toda a revolta do homem que chora,
na criança que grita o pavor que sente,
em todas as vozes na proibição da hora,
escuto o som das algemas da mente.
não fuja
de emoções pesadas
honre a raiva;
dê espaço para a dor
ela precisa respirar
é assim que nos libertamos
Escrevo diante da janela aberta.
Minha caneta é cor das venezianas:
Verde!... E que leves, lindas filigranas
Desenha o sol na página deserta!
Não sei que paisagista doidivanas
Mistura os tons... acerta... desacerta...
Sempre em busca de nova descoberta,
Vai colorindo as horas quotidianas...
Jogos da luz dançando na folhagem!
Do que eu ia escrever até me esqueço...
Para quê pensar? Também sou da paisagem...
Vago, solúvel no ar, fico sonhando...
E me transmuto... iriso-me... estremeço...
Nos leves dedos que me vão pintando!
“” O silêncio parece refúgio,
Quando a alma teima em gritar
E mesmo calado
O grito é apenas um eco do desejar
É só uma esperança que tudo dê certo...””
VOCÊ E EU...ECLÍPSE
Envolvi minhas mãos na lua de seus cabelos
Refletindo luz por entre meus dedos
Dias vividos e sentidos
Momentos marcantes de anseios
Você... lua prateada
Eu... seu sol
-Acoplada em você!
Maresia
Brisa na restinga
traz maresia
a onda respinga
a gota suspira
o ar que se inspira.
Nariz abre a asa
narina é casa
de aroma morar.
É o lar que inspira
é o mar que respira.
25 de Abril
Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo
Seus cabelos soltos
Por entre a ventania
Inspirava o poeta
Que sorria distante
Da realidade
Do mundo.
Para quem fala mal de mim eu quero é que se foda,
tem cuidado mete-te a cautela,se é que tens amor a vida.
Felicidade
Só quero seu sorriso
Transbordante nas areias
Cristalinas, feito um raio
A cegar os meus olhos,
E sentir na chuva da
Primavera você brotar
Como uma flor rósea!
Quero retomar você…
Em poesias, em seus dias
Rotos.
Quero no espelho
Ver você sorrir pra mim
E para todos feito um reflexo
Encharcando o dia de uma
Grande aurora.
Sou um louco
Perdido no mundo
Querendo pouco
Vivendo muito
Curtindo cada minuto
Como se fosse o último
Sou um louco
Sobrevivo com pouco
Mas o pouco que tenho
Já tenho muito
Com saúde
Vou vivendo muito
Curtindo cada minuto
Como se fosse o último
Cada segundo que tenho
Vou sendo louco
E amando muito
Soneto de amor não correspondido
Amo e não sou correspondido,
sei o quanto isto é patético,
por mais que soe poético,
estar assim tão deprimido...
Me sinto incompreendido,
tal amor nem chega a ser hipotético,
a dor é o que me faz cético,
a pensar no que poderia ter sido...
Não quero viver sonhando acordado,
mas fico a mercê de meu coração,
a caminho do fogo sabendo que serei queimado
cego, louco, entorpecido de paixão...
Triste sina, amar sem ser amado...
Sofrer, sofrer; sofrer... Em vão.
Sabe aquela velha desculpa de falta de tempo?
Pois é... Não aceito mais.
Quem gosta mesmo de você sempre vai arrumar um jeito de estar perto.
Não falo em quantidade, muito menos de estar todo dia junto. Me refiro a não deixar que a ausência se torne mais comum que a presença.
Não deixar que a saudade se torne tão grande a ponto de ir esfriando os sentimentos que antes pareciam tão fortes.
Tem quem encontra você por acaso e repete aquela frase:
"Poxa que saudade!"
Saudade?!
Quanto tempo sem um telefonema?
Quanto tempo sem uma visitinha, nem que seja rápida?
Quanto tempo sem um msg de bom dia? E olha que temos tantas opções hoje em dia.
Não se ama alguém com palavras, ama-se com atitudes.
As palavras perdem o sentido quando não existem atitudes que condizem com o que se fala.
Quem ama quer presença, quer abraço apertado, quer olhar nos olhos.
Não tenho intenção de excluir ninguém da minha vida, mas decidi ficar perto de quem sente a minha falta.
Rascunhos do coração:
Aquele que tem um porquê.
Na infância, confiamos nos adultos. Faça isso, não faça aquilo, de vez em quando quebramos o roteiro.
Quando você sobe onde não deve, afaga um cachorro sem dono, abraça uma onda Grande demais.
Esses Momentos dizem algo sobre você, algo difícil de explicar porque transcende as palavras.
No imenso vazio da consciência, essas memórias são como estrelas.
Retratos do passado irradiando o significado.
Se você contemplar esse cosmos não tem erro.
Vai encontrar pistas do que faz você, você.
Aquele que tem um porquê supera qualquer como.
A vida. Não é um jogo que se ganha, é um oceano.
Se focamos só na próxima meta, corremos o risco de ficar girando à deriva.
Em algum momento, é preciso definir um norte, não pela expectativa de chegar lá, mas pela intuição de que é um caminho interessante.
Porque a real é que não existe lá. Felicidade não é um destino, é o navegar.
Um novo dia, uma nova tempestade. Para alguns de nós é assim, sempre à beira do naufrágio.
Mas se engana quem acha que não tem escolha. No porão desse navio existe um baú implorando para ser aberto.
Saudade, remorso, amores enterrados vivos, trancamos nossos fantasmas como se fossem enganos, quando, na verdade são nosso maior tesouro.
Em cada paixão impossível, cada dor indescritível, uma prova do nosso poder criativo.
Bem afortunado, aquele que mergulha em si mesmo em um ato de loucura e no ato de loucura, escancara o coração.
Permitindo que os demônios se espalhem como fogo! Consumindo a embarcação para que, das cinzas, surja um novo eu que já não teme a chuva porque já morreu.
E ao ver suas certezas afundarem, ousa até se alegrar.
Como se não resistisse nem por um instante à indiferença do mar.
Nada pode afogar o espírito de quem se permite recomeçar.
~ Ludo viajante 2024.
Não deu meio-dia
e cabe mais medo na cabeça
que panela em cima da mesa
E esse barulho
é chuveiro quente ou fritura?
São nem quatro da tarde
mas já dói o poente,
o modo, a morte e o mérito
E esse barulho
é ventilador de teto ou pião?
Não é meia-noite
andei a vida inteira
melhor é caminhar
E esse barulho
é chuva ou salva de palmas?
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