Poesia do Carlos Drumond - Queijo com Goiabada
NA TELHA
Lua cheia
lobo na telha
urro no mundo...
O medo em cima do muro
vento na areia.
Maré com sereia...
Farol encandeia,
sombras no escuro...
O fim, não faz corpo duro
e a peia, rodeia.
Antonio Montes
ALPENDRE
Do alpendre...
Uma lua, uma rua
a brisa da noite se estende
... E as recordações se entendem
com todas saudades sua.
A quanto tempo ficou!
A corda que voce pulava...
Os sorrisos e o anel da noite
que pelas mãos, inocentes passava...
Aquele primeiro beijo...
Dado com tanto tremor!
Depois do temporal da chuva
o arco-íres e suas cores
em meio a ciranda da roda...
Trazia, jardins e amores.
O sonhar com tanto amar
propagava-se cantando versos
o tempo era de cirandá
os versos, eram de confesso.
Hoje, d'aquele alpendre
a lua te faz recordar
d'aquela infância encantada
que encantou-se no tempo
levando-te, sem avisar.
Antonio Montes
DECRETO
Se decreto decretasse, a mim...
Para decreto fazer, eu decretaria
e um decreto, eu, iria fazer...
Decreto para servir a todos
a mim, a ti, e a você.
Um decreto de liberdade
que causasse euforia
decreto, que podes-se, ir e vim
servindo João, José e Maria
Eu decretava que desvio
não seria permitido
exceto, desvio de estrada
ou de rios poluídos...
Estrada para passadas
e rios, para sorriso.
Decretava que os desvios
feitos por mãos de bandidos
recebessem, os castigos das leis
e nunca mais fossem envolvidos.
Antonio Montes
FARRAPO DE AMOR
Não me disse adeus, e se foi...
E eu, afogado pelas lagrimas da despedida
não esbocei, uma só palavra!
Parei no tempo...
Viajei sentido em sentimentos
te encontrei em meus sonhos, ali! bem ali
... Nos meus despedaçados momentos.
Todavia, você colocava-se calada
enquanto abanava a mão por aquela estrada
... Eu naveguei em minha loucura,
perdi o sono, em desatino...
Fiquei a noite inteira acordado!
Buscava-te a todo canto do meu ser
e só a sua presença,
encontrava-se do meu lado.
Quanto desespero...
Quanto mais o tempo passava!
Mais e mais! Despencava-me lagrimas...
E essas, turvaram meus olhos chorosos!
Enquanto a sua presencia se fazia ausente...
a minha visão intensa, pressentia você.
Você estava li, você se fazia presente,
como encanto, no canto do meu coração...
você me sorria, você adentrava na minha dor
se propagando por todo meu consciente...
Estou aqui, farrapo humano...
Escravo desse imenso amor.
Antonio Monte
COBRA NO FENO
Cobra com guizo
com malha
com lista, lisa
ajuíza sem juízo...
Escandaliza, escandalizo.
Cobra...
Escondida no feno
com nervos, tremo
perene condeno,
por ser pequeno...
Muito veneno.
Antonio Montes
Foi a vez da doméstica se formalizar e pagar imposto para o governo e a sua refeição para o patrão ou levar a comida de casa, agora é a vez do caseiro pagar aluguel da casa que mora para o patrão ou seja, ele recebe para cuidar das coisas do patrão e paga para morar na casa que fica para cuidar das coisas do patrão; a comida já é por sua conta. E, ainda, tem quem diz que leis são para beneficiar o empregado. Assim como as mulheres estão perdendo suas ajudantes, os homens perderão seus ajudantes.
Consta numa obra psicografada sobre a vida de Getúlio Vargas que a única coisa que contou pontos na sua avaliação superior sobre suas ações de governo foi a criação da CLT.
"Não se enobreça tanto assim, o amor que sente não provêm de mim.
Ele nasce em seu próprio ser, junto com sua própria história.
Ele é tão antigo quanto sua própria vida.
O teu amor vem de uma fonte a qual eu como máquina funcional tive acesso.
O teu amor é mais antigo do que o próprio universo que te cerca, ele é a vida não vista.
Apenas sentida.
E contemplada por mim.
O teu amor é Deus disfarçado em uma palavra de quatro letras.
AMOR"
MAR BRAVIO
O mar bravio estendeu,
o mar bravio estendeu...
Nas águas das esperanças
no amor de você e eu...
Eu joguei minha tarrafa
na saudade que passava
achei as malhas das lagrimas
e a esperanças, em fornalha.
Queimei de amor a distancia
... Que de ti me separava
me perdi, na vil lembrança
do abraço que nos faltava.
A mar bravio estendeu,
o mar bravio estendeu...
nas águas das esperanças
no amor de você e eu.
Sem você eu perco sono
e me afundo no pesadelo
sou ancora em abandono
pedra no desfiladeiro.
Antonio Montes
PAREDE VERDE
Parede verde...
Não tem folhas
não tem sede...
Parede verde,
é uma rede...
Para os olhos secos de cor
e sentimentos molhado de amor.
Eu vi a parede verde...
Sem ventos,
sem chuvas, sem rios
sem mares, marés...
Aroma de flores navios
sem amores...
Sem passarinhos e sem ninhos.
Parede verde, eu vejo...
Sem musicas de realejo
sem gosto e sem desejos,
tristeza que enseja...
aos olhos do sertanejo.
Antonio Montes
Facilmente o homem tira a graça da graça
Transformando a graça em desgraça
Desgraça que para muitos têm graça
O poeta é um visionário
No topo da montanha, debruçado
Esperando cair uma nuvem de sabedoria sobre ele
HOMENAGEM À MINHA MÃE
60 anos já se passaram
Desde que uma noticia foi dada
Era o nascimento de uma criança
Uma menina abençoada
Deram-lhe o nome de Ana
Que significa "Graciosa"
Desde já ficou marcado
Na vida seria Vitoriosa
Frequentou pouco a escola
Pois precisava trabalhar
Mas nem por isso a sabedoria
Deixou de lhe acompanhar
Ajudava sempre os pais
E o esposo no que podia
Mesmo em tempos difíceis
Ao seu lado estaria
Nos filhos nem se fala
Em esperteza tinham "bacharelu"
Mas ela sempre os ensinava
Com palavras e com "chinelu"
Aos parentes,amigos e netos
Sempre estende sua mão
Com toda a inteligência
Refletida em gestos e ação
"A fé sem obras é morta
É morta a obra sem fé"
Verdadeiramente esse é o exemplo
Exemplo de Grande Mulher.
DIA DE CASAMENTO(PARTE I)
Grandes não só na altura
mas também em pensamentos
Unidos por um objetivo
Hoje é dia de casamento
Olhares se cruzaram
Sentimentos também
Sentimentos quando em comum
Sempre se dão bem
O Amor que já não é contido
Precisa ser compartilhado
E diante de um Altar
Deve ser ofertado.
TRISTEZA
As vezes ela chega e nem avisa
Quando percebemos já estamos a sentir
Ninguém sabe descrevê-la direito
Ninguém sabe seu modo de agir
Sua causa tem vários motivos
Alguns a sentem com facilidade
Um exemplo é se na vida
Surgir uma pequena dificuldade
Pessoas a sentem de modo diferente
Também depende da situação
Basta algo sair do ritmo
Que ela entra em ação
A tristeza é como doença
Pode deixar alguns de cama
Estes muitas vezes
Alguma lágrima derrama
Outros são mais reservados
Escondendo-a ficam a tentar
Mas não enganam os amigos
Que são hábeis em observar
A tristeza é delicada
Não devemos menosprezar
Devemos dá atenção
E seu motivo encontrar
Se prolongada demais
Pode trazer alguns problemas
Tanto físico como mental
Pois prende como algema
Mas de qualquer forma
Procure se vigiar
Pra quando ela surgir
Você corretamente a tratar.
Pessoas especiais não saem...
No geral são arrancadas...
Nos deixando muito tristes...
Nas frias madrugadas...
E quando perdemos...
Aquela a companhia..
Que nos acompanhava..
Na difícil caminhada.
SEU FILME
Olhos, olha... Olhem?!
Vocês estão sendo filmado...
De cima,
de baixo
do alto
do lado...
Para cima concreto
para baixo asfalto
paredes... Muros em sua volta
quanto tato se perdeu...
Observem, o que não é janela
é porta.
Mundo gago
mundo sarro
mundo te engole...
Não faça corpo mole,
não tente seu escapole
se escorregar, não corre
se cair, morre.
Antonio Montes
O POETINHA E A RÉGUA
O poetinha acordou
Tomado de inspiração
Quis abrir o coração
A tudo o que lhe acontecia
Quis dizer do sentimento
Da dor daquele momento
E tudo o mais que sofria
Pegou a régua o poetinha
E passou a medir os versos
Passou a contar as rimas
Que corriam no papel
E quanto mais ele contava
E quanto mais ele media
Bem mais a rima escorria
Em inspirado cordel
Mas o poetinha, coitado
Desejava ser letrado
Sonhava em ser publicado
No mais famoso jornal
E até quem sabe um dia
Entrar para a academia
E ter da sua poesia
O aplauso universal
Metrificou cada verso
Enquadrou a redondilha
Enfiou uma sextilha
Escreveu um alexandrino
E pra mostrar que era bom
Esquadrinhou cada som
Findou com um tom sobre tom
O seu trabalho mais fino
Seu poema magistral
Logo saiu no jornal
Ficou famoso afinal
E convidado à academia
Envergou o seu fardão
Seguiu toda a convenção
Mas no fundo do coração
A sua alma sofria
Era a poesia que gritava
Chorando por liberdade
Pois o poeta covarde
A mantinha acorrentada
Presa em vil estrutura
A sua essência mais pura
Perdia toda a formosura
Estava metrificada
Então o poetinha entendeu
Que o verso não era seu
E aquilo que escreveu
Não era da sua lavra
Ou era, mas não dizia
De verdade o que sentia
E que a verdadeira poesia
Não mede suas palavras
E ele jogou fora a régua
Quebrou a calculadora
E a poesia avassaladora
Lhe chegou em inspiração
Passou a noite escrevendo
E com o dia amanhecendo
O poeta foi reaprendendo
A escrever com o coração.
(Joseli Dias)
SE ACABOU
Ele foi de tal enfarte
ou na parada cerebral...
AVC levou a marte
em nave estomacal.
Dor no peito, de jeito
circulação toda tona
pressão e seus trejeito
futuro que te arromba.
A noite te foi insônia
manipulada cafeína
fantasmas e suas sombras
ao amanhã desanima.
E esse colesterol...
com a banha que arranha
saúde em bi menor
o coveiro faz barganha.
Antonio Montes
DISFARÇADO
Minhas pernas tremulas,
na taberna, beira
Inverna, anima
poemas e rimas
assina, assassina mina...
Na sina que ensina.
Sina que condena
milhares, centenas
com sua antena encima
sem pena sem medida
pela vida, plena mídia
treina, trena na despedia.
Treina, penas para cima
renas para baixo
Uma novena em março
uma trova em cacho
na arena, remo rema...
Canoa, resma remado
reinado todo cansado.
Antonio Montes
DISFARÇADO
Minhas pernas tremulas,
na taberna, beira
Inverna, anima
poemas e rimas
assina, assassina mina...
Na sina que ensina.
Sina que condena
milhares, centenas
com sua antena encima
sem pena sem medida
pela vida, plena mídia
treina, trena na despedia.
Treina, penas para cima
renas para baixo
Uma novena em março
uma trova em cacho
na arena, remo rema...
Canoa, resma remado
reinado todo cansado.
Antonio Montes
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