Poesia Completa e Prosa
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ah, se livro ser, eu pudesse...
nada seria mais inebriante
que a contemplação trémula do olhar
entre páginas de um livro cúmplice
seria poder esperar-te, ansiosa de mim
com ar de quem veio só porque sim.
e eu, poder dizer-te tudo em palavras nos olhos
em silêncios, ansiosos de ti.
seria poder dizer-te, que os sonhos que lês
são contigo, porque viver só faz sentido
se eu for um livro
e puder ser-me, nas tuas mãos
nas tuas mãos cheias de mim
como se livro, sendo
eu pudesse...
ser de ti.
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.
são os teus olhos, meu amor
esta urgencia dos meus.
esse canto, que março me canta
entre silencios e segredos. são os teus olhos
como um poema sem palavras.
urdido no tépido voo das gaivotas.
que se levantam, voam e dão voltas
e se agitam ansias regresso. ao teu olhar
rasgado e amplo
com vista para o mar e céu no telhado.
olhar feito sol, no embriagar da lua
que em mim, se faz leito
onde me deito e amo
sem quando nem fim.
e no dia em que a chuva voltou
deus chegou tarde.
vi, na angustia dos teus olhos em chamas
a vitória do diabo
mais preparado, nestas coisas da morte.
.
entre lágrimas e cinza
deixa-me hoje, nos teus olhos.
porque hoje também morri. hoje.
no dia em que a chuva voltou
deus chegou tarde e não trazia a sorte!
.
mas para os que nada fizeram
ou nada mudaram e pensam
que estou a perder a fé em deus
desenganem-se: é muito pior do que isso
eu estou a perder a fé nos homens
.
e cresce-me uma raiva por dentro
que não sabia, ser capaz de gerar.
sinto-me capaz da insubordinação.
de uma revolução que dê sentido a esta sorte
e a esta vontade que tenho de chorar...
Sobre o teu dorso sou homem
sou criança, filho do vento
Luz-me um sorrir por dentro
que meus olhos não escondem...
.
E um dia, que honrar-te eu tenha
Só aceitarei nobre a valentia
Daquele que me não tente a revolta
.
Porque a nobreza não diminui, enobrece
E a liberdade...é valor supremo!
Gente que aquece o Coração
Gente que aquece o coração
mesmo estando fisicamente distante.
Que transforma em especial
um momento ou uma ocasião qualquer.
Gente que aquece o coração
Com apenas uma interação.
Que traz flores e melodia
Enfeitando e perfumando o dia.
Gente que aquece o coração
Em pleno tempo de pandemia
Que consegue ser porto seguro
A qualquer hora do dia.
Gente que aquece o coração
Que tem o ar de Anjo e de criança
Que tem o coração tão puro
Que renova as nossas esperanças!
Edson Luiz Elo
24 de Março de 2021
Moverei montanhas
sem atacar ninguém,
toneladas de terra
sem o braço erguer,
pedras serão plumas
sob a força da mente,
o céu tocarei num segundo
e o fundo do mar me espera,
tudo através de minha pena
pois a poesia é quimera
Quimera e sentimentos,
imaginários ou reais
quero que meus versos
sejam apenas linhas
em bandeiras brancas ao vento,
tremulando em busca da paz
Com meu navio em ruinas e meus companheiros ao mar me vi mais fraco do que nunca
eu já obtive muitos tesouros em minha vida e me aliei a quem hoje não me orgulho
me apaixonei por centenas de meretrizes que só geraram mais copos de rum ingeridos para esquece-las
eu era temido e respeitado e hoje ao mar fui deixado
quem poderia dizer o contrário?
Hoje sou só mais um corpo jogado aos peixes esperando que o kraken termine com meu sofrimento
o inferno que causei em minha vida e nas dos demais nunca será descrita
então eu digo que sou eu o maior parasita
perdão a quem eu fadei a esse destino cruel
a morte caminha em minha direção para exercer seu papel
CLARICE ME DISSE
o que eu, para mim, jamais ousei:
Quem se indaga é incompleto.
Sim, ela, a bela dos olhos amendoados e olhar perdido
esteve aqui, inda há pouco, inexorável,
para me dizer essa verdade
que abrange mil verdades...
Clarice me disse,
em poucas linhas, um grosso livro.
Espinhos, farpas, ferrões...
que me tiraram do conforto
– abrupto despertar –
para a zona de confronto:
Quem sou eu?
Eu sou esta, poema,
com o meu eu fujão estatelado
na bandeja,
pois que o que Clarice me disse
me despiu – a dormente –
e me revestiu – desperta semente –
com a realidade que eu havia,
através de longo tempo, negado.
O que Clarice me disse
– direta e firmemente como quem aguilhoa mentes –
me abriu um hiato fenomenal.
Doeu, desde as raízes. Gemi. Chorei.
E não tapei meu grito
nem o vácuo
da minha magna incompletude...
De modo que eu (eu?),
daquele instante para cá,
encontro-me perdida
no perdido
vazio
de Clarice.
Todavia, em via de,
enfim, lúcida à Clarice,
me encontrar.
MINHAS PEDRINHAS DE JOÃO E MARIA
Telhas d’água cobrem casas
copas, vagas, matas.
Dos poucos vãos que restam,
réstias beijam testas.
E, no palheiro da imensidade,
continuo a procura do pássaro perdido.
Perco-me como já perdi o chão tantas vezes.
Mas ouso adiante ir, porque é busca
de uma vida...
As margaridas silvestres da beira da esteira,
semeei-as para marcar o caminho da volta.
Talvez eu retorne pelo cheiro do ouro vivo,
talvez pelo brilho das estrelas rasteiras.
APRESSE-TE!
a manhã noviça
escorre
c’a areia movediça.
aos poucos,
com precisão inglesa,
morre no bojo da tarde.
hoje amanheci com a pá virada
pra lua de saturno:
pise leve nesta seara,
tire os coturnos a pressa os medos os remorsos.
voe revigorado
e pouse em mim pólen desgarrado
& beije-me para sempre!
que a manhã é noviça
e escorre
c’a areia movediça
.
.
.
te condenaria por desistir de ler-me?
minha bagunça enlouqueceu-me,
minha alma só produz gemidos,
o coração desaprendeu a escrever
insuficiência de palavras
[...]
é a vida? e o que é a vida?
um milagre que busca a morte,
o Amor, sentimento que trás tristeza,
as palavras, gritos para almas surdas
isto a poesia quem me segredou..
Conversa genealógica sobre a experiência alheia
15 anos grávida, casou-se rapidamente, para reparar um erro com outro. Errar é totalmente humano, o humano é totalmente errado. Teve 2 filhos, se divorciou aos 19, hoje com 36 está desquitada a 17. Conheceu um subgerente de 24 numa festa beneficente, estão casados há 3 anos, tem uma filha de 8 meses, do segundo relacionamento firmado juridicamente. Seu primogênito está com 21 e deu-lhe um netinho a 1 ano e meio; a filha do meio fez 18 e não pretende se casar. A família se reúne rigorosamente aos sábados à tarde, para churrascos no quintal ou agradáveis piqueniques no parque.
Ela, o atual marido, o ex-marido, os 2 filhos do primeiro casório, o neto, a filha do segundo, a esposa do ex, os três filhos dela com o primeiro esposo, mais o filho do marido, com a segunda esposa dele e o pequenino filho da empregada, que insistiram em trazer. Sem comentar os 2 cães labradores, do pai da esposa de seu primeiro cônjuge e as sogras, sogros, tios, tias, sobrinhos, primos, avós e afilhados. Quando guardavam os utensílios, depois do piquenique da semana retrasada, confessou para a recente esposa de seu ex, que a relação dela com o atual amante não vai lá muito bem, o casamento há algum tempo está em crise.
Que Honra
Que honra
Viver
Em Tempo
Momento
Espaço
Que ti.
Que Honra
Estar
Aqui
Agora
Feliz
e são.
Que Honra
Cantar
Um som
Dançar
De pés
No chão.
Que Honra
Beijar
A boca
Com mel
Tocar
O céu!
Que Honra
Amar
Sorver
Sorrir
Chorar
No mar!
Que Honra
Ouvir
O vento
E a voz
Calor
Arder!
Que Honra
Despir
A alma
Pensar
Em ti
Aqui!
Que Honra
Sentir
Você
Fazer
Amor
Viver!
Edson Luiz Elo
25 de Março de 2021
Talvez seja isso mesmo.
Eu sou alguém com bagagens até demais.
Então me perdoe por desabar.
Eu sempre me preocupei em agradar, mas hoje eu só estou tentando me segurar.
Ainda existem perguntas sem respostas, então não ligue pro meu silêncio.
Considerações aos meus demônios de papel.
Eu sempre estou no céu eu nunca me esqueço, eu nunca deixo de sentir.
Quando tudo está escuro, cada gota se transforma em corredeira.
Não existem sombras para me esconder agora.
Estar na beira de um colapso e não gritar.
Pensar e respirar, me segurar e não chorar.
Talvez seja só isso o que eu sempre fui.
É o que eles veem, nada mais.
Eu sou uma peça sem quebra-cabeça,
girando e forçando o meu encaixe.
Tentando entender os barulhos a minha volta.
E mesmo assim, eles ainda cobram o que eu nunca pude pagar.
Me perdoe se eu não quiser falar.
Exedi o meu limite de sentir, exedi a minha forma de gritar.
E eu sinto muito se isso desagradar, mas se quiser ficar, pegue um lugar.
Se quiser ficar, entenda o meu lar.
Muitas vezes na caminhada
já em passos bem cansados
segue o viajante que divaga
sobre o que lá atrás há deixado
Seu coração pede aconchego
está quase desistindo de lutar
mas a vida manda- lhe um adrego
encontra sempre um jeito de se adaptar
Adapta-se à lágrima e à dor
consegue até dar algum sorriso
sem saber que foi Deus, o Criador,
que lhe mandou tudo que foi preciso
Segue então de novo seu caminho
muitas vezes sem ter mais a solidão
pois encontrou quem lhe dê carinho
seja um amor ou um abraço de irmão
***Adrego : acaso ou casualidade
Sonhe!
Porque a maioria das pessoas
Param de sonhar quando acorda?
Sonhar é necessário
Se você já teve um sonho, recorda
Se alguém lhe desacreditou, discorda
Deixem falar , mas não lhes deem corda
Acredite pouco, acredite muito, seja em qualquer nível,
O que faz o impossível se tornar possível?
O acaso , a sorte ou a iniciativa?
Me diz, quem controla sua narrativa?
Para, pense, você lhe traz perspectiva?
Seja um desbravador
Não permaneça na dor,
Que essa mensagem, seja seu norteador
Mas eu sou só um portador
Você decide, ser um catalisador
Dos acontecimentos que estão a sua volta
E verás que na sua vida, acontecerás
Uma reviravolta.
Desvairado
Eu não sabia que te queria
Até que acordei sem você
Parecia apenas mais um dia
Demorei muito para perceber
Tu és maravilhosa querida
A mais bela margarida
Ele uma pessoa distraída
Lamenta-se por sua partida
Ao seu lado teve belos momentos
Com medo dos seus sentimentos
Não insistiu nos próprios planos
Preludiando ao longo dos anos
Pilares da primavera
Pilares que sustentam os lindos rebentos da primavera,
Na frente das casas e nos pergolados do teu jardim já me dizem;
é chegado o tempo de o nosso amor caminhar pelas colinas.
Vamos deixar nossos rastros pelos caminhos do sol,
ouvir a natureza declamar a alta voz as suas mais lindas poesias,
aos ouvidos das vinhas que já explodem os seus novos rebentos,
enfeitando os enfileirados e verdes varais dos arados do campo,
depois de ter vivido também a sua longa e silenciosa espera.
Incomplacente foi por vezes o tempo vivido na espera,
mas o ciclo de todas as coisas a tudo renova e traz respostas,
até as nuvens já anunciam a chegada da felicidade desejada,
navegam serenas no extenso e profundo mar azul do céu,
como dezenas de naus navegam com seus mastros gigantes,
vão ancorando uma a uma nos invisíveis portos do tempo,
repletas com os tesouros dos novos dias que a vida envia,
jornadas perfumadas com a essência pura de uma nova atmosfera.
Rozilda Euzebio Costa
Enigmas
Um caminho longo e uma ponte que fala,
um monte gigante e uma flor sob o sol,
no coração do monte há um vulcão flamejante,
o monte está a ponto de entrar em erupção,
e já não sabe o que fazer com o seu fogo ardente,
para que ele não exploda e queime a flor,
que vive de admirá-lo em suas encostas.
Extasiada está sempre aquela pequena flor,
pelo arrebatamento que lhe causa o monte.
Imagina que a flor tem o sonho de tocar seu coração,
e o monte tem um desejo ardente de encurvar-se
até tocar em suas pétalas para ali adormecer seu coração.
Ao lado do monte está aquela ponte inquieta,
sussurrando incentivos de partidas constantes,
vem! Vem! A ponte chama a flor sem cessar.
Como se a ponte também amasse a flor,
e do pé do monte, a ponte a flor quisesse arrancar.
Mas que nada! Que nada! Somente impressão!
A ponte é apenas um enigma que abre a sua boca para reclamar,
mas seus desejos claramente, a ponte não consegue expressar.
No meio da ponte está adormecido o tempo,
que nela, a sua fadiga foi descansar.
Como pode o tempo no meio da ponte assim parar?!
Cadê a força desse tempo que não deseja mais passar?
Há um passarinho que seu bico não consegue calar,
está sempre transportando assobios entre o monte e a flor,
dia vai, dia vem, e o passarinho com seu bico cheio de assobios,
leva aos ouvidos do monte as declarações de amor da flor,
e desce de lá com o bico repleto de assobios do monte,
para entregar fielmente aos ouvidos da flor.
Mas até quando? Até quando?!
Até quando o tempo na ponte vai descansar?!
E por qual motivo o tempo não consegue despertar?!
O monte até que tenta, se esforça para encurvar,
mas o seu orgulho é ainda muito maior que o amor,
que no seu coração sente pela pequena flor.
E o tempo? O tempo até que tenta acordar,
mas a ponte sem perceber segura o tempo,
e no impulso de suas contradições e impasses,
impede o tempo de despertar e mudar as coisas para sempre.
Rozilda Euzebio Costa
Savanas
Nas savanas agrestes e selvagens dos teus olhos,
minha alma caminha solitária e amedrontada,
onde está a tua caverna aconchegante ó rei leão?
Dá-me de beber das águas de teu riacho escondido,
Tenho sede, tenho sono e tenho tanto medo!
Não vês que padeço nas trilhas de tuas perigosas savanas?
Volta os teus sentidos em minha direção,
vem me encontrar nesta penosa paisagem,
onde tudo parece querer me devorar,
até o sol se torna inimigo ao meio dia,
e o vento a ele se curva em obediência.
As noites são senhoras sombrias e misteriosas,
que me fazem os terríveis pesadelos encontrar.
Quero pão, quero vinho e quero o teu peito,
e nada mais me importa senão a minha vida junto a tua.
Nas alvoradas coloridas e refrescantes,
centenas de andorinhas passam pela minha visão,
Onde vão? Onde vão todas elas voando nesta imensidão?!
Procuram certamente novas terras e novos cenários,
porque ninguém é feliz onde não consegue criar raiz.
A planta dos meus pés procura o vaso do teu coração,
acorda rei leão! Acorda deste sono de tamanha profusão!
As feras desta fria e assustadora paisagem,
me olham obstinadas como se eu fosse um pão,
estão famintas e querem alimentar suas necessidades,
mas há uma força que me transporta e me liberta,
desta fome feroz que a vida faz atingir a todas elas.
E no abstrato contexto de minhas razões,
surgem os gigantes pensamentos em discussão,
decidem entre eles o que fazer de minha desolação,
e me carregam para longe das bocas devoradoras de sonhos.
Reclina-te sensivelmente à altura do meu olhar ó rei leão!
Olha dentro dos meus profundos e cansados olhos,
neles, está o mapa que nos levará rumo ao paraíso.
Pegue o mapa sem demora e o decifre,
para que esta viagem não fique perdida na vegetação de alguma curta estação.
Rozilda Euzebio Costa
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