Coleção pessoal de mariajoaodumas

1 - 20 do total de 55 pensamentos na coleção de mariajoaodumas

ela trazia o sol no olhar
e o luar quando sorria.
e eu...
nunca mais soube do chão.

aprendi então, a caminhar
sobre um rio que dela nascia
que se abre sobre o mar...

onde corro e toco salpicos
como se a chuva me tocasse

e como gaiato que vive do ar
espero que me olhe e sorria.
e ganho o dia...
...ganho o sol e o luar.

⁠neste intenso leito de odores
quando passas, que fica
quando voltas, que paira
que permaneça enquanto vivas

neste embriagar louco das flores
que fique, que paire
permaneça, que baile
que sobreviva, se fores
..

⁠Sobre o teu dorso sou homem
sou criança, filho do vento
Luz-me um sorrir por dentro
que meus olhos não escondem...
.

E um dia, que honrar-te eu tenha
Só aceitarei nobre a valentia
Daquele que me não tente a revolta
.

Porque a nobreza não diminui, enobrece
E a liberdade...é valor supremo!

⁠Há poemas que habitam
o olhar das pessoas...
Exorbitam o silêncio das noites
e perduram, no rimar dos dias...

.

e no dia em que a chuva voltou
deus chegou tarde.
vi, na angustia dos teus olhos em chamas
a vitória do diabo
mais preparado, nestas coisas da morte.
.
entre lágrimas e cinza
deixa-me hoje, nos teus olhos.
porque hoje também morri. hoje.
no dia em que a chuva voltou
deus chegou tarde e não trazia a sorte!
.
mas para os que nada fizeram
ou nada mudaram e pensam
que estou a perder a fé em deus
desenganem-se: é muito pior do que isso
eu estou a perder a fé nos homens
.
e cresce-me uma raiva por dentro
que não sabia, ser capaz de gerar.
sinto-me capaz da insubordinação.
de uma revolução que dê sentido a esta sorte
e a esta vontade que tenho de chorar...



são os teus olhos, meu amor
esta urgencia dos meus.
esse canto, que março me canta
entre silencios e segredos. são os teus olhos

como um poema sem palavras.
urdido no tépido voo das gaivotas.
que se levantam, voam e dão voltas
e se agitam ansias regresso. ao teu olhar

rasgado e amplo
com vista para o mar e céu no telhado.
olhar feito sol, no embriagar da lua

que em mim, se faz leito
onde me deito e amo
sem quando nem fim.

.
.

ah, se livro ser, eu pudesse...
nada seria mais inebriante
que a contemplação trémula do olhar
entre páginas de um livro cúmplice

seria poder esperar-te, ansiosa de mim
com ar de quem veio só porque sim.
e eu, poder dizer-te tudo em palavras nos olhos
em silêncios, ansiosos de ti.

seria poder dizer-te, que os sonhos que lês
são contigo, porque viver só faz sentido
se eu for um livro
e puder ser-me, nas tuas mãos

nas tuas mãos cheias de mim
como se livro, sendo
eu pudesse...
ser de ti.
.
.
.

⁠...
.🌊🌊🌊🌊🌊
.
há no silêncio que o mar enjeita
um segredo que constante abriga...

há um amor, que por mudo amar
enxuga o olhar, que tão alto grita
nesse mar, onda de segredos feita
ardor que a medo, sal se faz chorar

num misto ar, com cheiro a mar
e secreta dor, que amar se agita
incerteza se faz, espuma desfeita
~onda~ se deita e se deixa levar...

doce embalar. aflitas ondas do mar.
desassossego, que alívio se enfeita...

⁠procura-me
eu prometo
encontrar-te

⁠ ..
..
diabo:
o medo conveniente
quando deus falha
..
..

⁠ninguém é livre
enquanto foge
daquilo que sente

é como mentir-se
e ninguém mente
e continua livre

⁠Há na essência do livre pensamento
Um sensível estado puro, de alma…

Num flagrante delito, de corpo ausente
Há um poder, que limites não tendo
Se faz cais que acolhe, ambiguamente…

É um estado ébrio, de incontida ilusão
Sentida loucura, vestindo-se liberdade.
Como bruma, nevoando lubrica excitação
Que subverte, evapora-se pura realidade…

Mas nesse contexto irreal de impunidade
Há um juiz que se julga, inconscientemente
Nascido conluio, entre prisão e liberdade
Entre a consciência e o que a crença invente.

Certo não sendo, juízo de igual instância
Livre pensamento, ou pensamento livre
Talvez distância, entre saber e ignorância.

Pois só quem, preso, o pensamento tem
Absolve ou culpa, julgando-se, impunemente...

⁠o vazio é como o nada
não existe
só existe aquilo que nos prende
pois o nada
seria sermos livres

⁠Por vezes a profundidade
parece tocar o céu..
O que nos levanta a dúvida, sobre
se mergulhamos ou se voamos

⁠e foi sobre esse voar
(de alma e pranto)
que se viu chuviscar
o sol (amplo e nascente)

e foi desde e por entre
o desanuviar do espanto
que um quê de encanto
se esfumou crescente

quem sabe se nevoando
solidão sobre os beirais
se lembrando ais
no crepitar da saudade

quem sabe, quem sabe!

⁠Não são as pessoas
que nos roubam a paz
O que nos rouba a paz é aquilo
que nunca mais encontrámos.

⁠amar-te é como se luz
(luzindo fráguas
qual água até que fura)
morando nos teus olhos.

é dançar abraço dando
no piar de um ninho em cama
(que nos faz dançando
o chão fugindo)
pisar um céu de luz e chama

e o universo dançará à volta
(enquanto a luz for brilho
envolta no piar do ninho)
no balançar de um riso à solta

⁠se um dia me sentires tatear-te
talvez, da luz, o olhar se tenha perdido
talvez, por não ter desistido
eu mereça encontrar-te

⁠o poeta pode enganar-se
ele é um Homem livre.
aprendeu a não ser vítima
daquilo por que sofre.

sabe que a dor é só um sinal
o acelerador da mudança
que só não vê, nela, esperança
quem desistiu de ser livre

todo o Homem será um poeta
sempre que lute pela liberdade.
e um dia, também eu serei livre
também eu poderei enganar-me

⁠e se eu hoje pudesse
ser o que quisesse
seria tudo, num beijo

sem mãos, nem chão
sem corpo que se perdesse.
apenas beijo

num desejo profundo
inebriante e tão fundo
que nem ver, se visse.

como se enfim, sentir-se
fosse o único meio
fosse o fim supremo

Ah, se eu hoje pudesse