Poemas da Névoa
Fotossíntese
Assim que a vida floresce, dissipa-se a névoa,
Sentimento de raiz, movimento de folha.
Aprofunda-se na terra, água e sais. Embriaga-se e se perde em si.
No tocar dos raios, folha e fruto,
A luz que amadurece o verde,
Alimenta a distância. Clorofila.
As folhas umedecem as margens.
Deixe-as,
Em silêncio, crescendo.
A luz não carrega limites. Transcende e vira sentido. Sacralidade.
Para a savana de herbívoros pastando,
Alimento. Para um rio sem correnteza, Continuidade.
Serve de abrigo nas copas,
Sombra em seus meios.
Em feixes e cores, no desabrigo de Imagens encontra-se o manto verde.
A fotografia, onde o tempo em pedra reside
A memória, qual névoa sutil que persiste
No cérebro reside, jardim onde a vida
Cultiva lembranças, em sombra e em luz se veste
O jardineiro interno, com arte e cuidado
Poda o que não nutre, o que é vão e passado
Deixando florescer o essencial
Livre o espaço da alma de um fardo pesado
Assim, a mente dança, leve e serena
No ritmo do tempo, que cura e acena
Guardando em seu âmago a beleza plena
E o esquecimento, em paz, a erva daninha acena
O Umbral Invertido
Há um véu que se ergue no fim da ladeira,
tecido de névoa, bordado em madeira.
Ali onde os olhos já não têm abrigo,
a morte se curva — e retorna contigo.
Não vem como faca, nem sombra de açoite,
mas como um regresso ao ventre da noite.
Um porto sem nome, um espelho sem rosto,
um vinho ancestral sorvido com gosto.
O corpo se cala, mas algo persiste:
um traço, um sopro, um rumor que resiste.
E tudo que foste — promessa e engano —
recolhe-se ao pó do primeiro arcano.
A morte é um caminho que volta ao princípio,
um sino que ecoa num templo fictício.
Não leva, devolve; não cessa, transborda,
abrindo no nada uma porta sem corda.
E os que partem, dizem, não vão tão distantes —
permanecem na alma em forma de instantes.
São brisa que sonda o mundo adormecido,
são nome esquecido num canto contido.
Morrer é despir-se da forma do vento,
e ser o que sempre se foi por dentro.
É ter, no silêncio, um berço escondido —
é mais que um fim: é um umbral invertido.
Ecos de minha alma
Me lembram tempos antigos,
Das manhãs cobertas pela névoa prateada,
Quando os carvalhos sussurravam segredos ocultos.
Onde a vida era simples, mas celebrada alegremente,
E os mistérios da vida jamais eram esquecidos.
Éramos gratos aos deuses da Terra,
Pela Mãe que floresce, pelo Pai que aquece,
Pela brisa que carrega os nomes dos ancestrais.
As colheitas que vinham da terra eram fartas, pois nossas almas eram gratas.
Elas eram motivo de festa e celebração.
Cada grão de trigo era bênção,
Cada gota de orvalho, mistério divino.
E ao final do ciclo — dançávamos sob as estrelas —
Homens, mulheres e espíritos:
Todos um só povo, uma só tribo — filhos da Natureza.
Amor em névoa
Sofro de amor contido,
De melodias irregulares,
A bruma do meu coração,se entristece,
A cada dia,uma prece é solicitada,
Perdi os retratos afetivos
Esqueci o que é ser entusiasmada.
Nada é tão tedioso
Tudo é tão curto
Por isso eu curto
Mesmo estando no escuro
Eu sou brilho, névoa, chuva
Resumindo, nossa vida é curta.
Surge em mim, de forma inexplicável, uma aflição recente,
Uma névoa de emoções tristes
Que reluz sob a luz do sol em meus desalentos verdes
Como a primeira janela que a aurora toca,
E me envolve como a memória de alguém
Que de alguma forma se tornasse misteriosamente meu.
Nuvem
A felicidade, está escondida por teus olhos. A névoa, de tuas certezas, encobrem a pura razão do destino. Somente quando o tempo se fizer, poderás vislumbrar o que não foi verdade. Porém, não deves se entristecer. Não foi por querer, foi por não saber.
Sombra e Névoa , Cai o crepúsculo. Chove.
Sobe a névoa... A sombra desce...
Como a tarde me entristece!
Como a chuva me comove!
Cai a tarde, muda e calma...
Cai a chuva, fina e fria...
Anda no ar a nostalgia,
Que é névoa e sombra em minh’alma.
Há não sei que afinidade
Entre mim e a natureza:
Cai a tarde... Que tristeza!
Cai a chuva... Que saudade!
Em um lago parado,
Perdido sobre a névoa,
Respira calmamente,
tranquilo perdido,
Perdido com os seus próprios pensamentos,
Sombrio todos os chama,
Um solitário sozinho,
Boiando em sua lágrimas,
Alguns ajudam mais acabam desistindo,
Outros tentam mais afundam,
Então ele e sozinho,
E feliz com a sua própria presença,
Feliz solitário
Tristeza é estado de espirito,
Caminho que mantem a nevoa espeça,
E na travessia, imerge a incerteza do que realmente queremos,
Escuro e tranquilo, existem outros caminho, mas que todos podem
nos submeter em pequenos desvios.
Suas causas são derivadas, mas que se haja;
Sabedoria para obter as respostas de nossos dilemas,
A calmaria para nos entender e compreender que, quase sempre somos a luz intensa que dissipa todo o nevoeiro.
-Imagina que tivéssemos um corpo feito de pedra e um corpo feito de névoa, um corpo que podemos pegar, sentir e outro que ora você vê, ora não. A sua mãe está muito doente e todos os cuidados que estamos dando a ela é para aliviar suas dores e prolongar sua vida, mas não se entristeça quando ela se for. Ela deixará de ser uma pedra, mas ela será a névoa que tocará seu rosto sem que você a veja. Ela a verá sem que você a veja. Ela a protegerá e a guardará mesmo que você não saiba. A visitará sempre que puder e falará aos seus ouvidos sem que você a perceba, virá em sonhos e será real em sua vida se acreditar nisso, se a guardar pelas coisas boas que construiu e as ajudas que ela distribuiu. Você poderá falar com ela em suas orações e um dia se encontrarão quando você também for névoa.
Michele abraçou a prima e desejou que nunca se separassem.
O Grito - Uma historia de amor e preconceitos
A NÉVOA DE PANDORA
Assentadas na colina pênsil sobre a selva de pedra,
Pessoas lançam seu olhar ao firmamento
E veem numa marcha frenética
Se aproximar delas a sádica névoa do tormento.
Os olhos transidos,
Como a injetar um ânimo febril no cérebro,
Esquadrinham particularíssimas congostas
Onde sabem que afloram escaninhos seguramente sombrios.
Alheia a tal ardil,
A névoa desprende de si
Diminutos cilindros de chumbo que descerram
Escarlates cataratas sem calma ou fecundam
Sementes, flores, florestas, floras do crepúsculo.
Quão, quantos
Cristais, Pérolas, Seivas potencialmente producentes
Que não serão
Carmelas, fulgurantes Auroras, Auréolas,
Diamantes de lume pungente, A Ébana Florescência mais Bela...!
No entanto, em vez disso,
Ela evoca tétricas noites diurnas
Que transformam airosas rosas betúmicas
E açucênicas aquarelas européia-iorubânicas
Em cálidas sepulturas.
Finalmente,
É assim a jacarandânica câmara de gás contemporânea...
É assim a aura da vil-metálica chama...
É assim que caminha a extrordinária e magnânima civilização humana!
JESSÉ BARBOSA DE OLIVEIRA
" Desejei acordar mais cedo
só para ver na nevoa
o retrato da vida
era intenso
a cor da paisagem sugeria recomeço
um pouco de medo
uma falta de ar
assim sem perder a magia do momento
respirei fundo e agradeci
pelo espetáculo da natureza
pela vida vivida,
pela intensidade do amor
e principalmente por fazer parte de tudo isso...
Meu desejo é te encontrar.
Ao seu lado quero estar.
Em um nevoa eu me perco.
Só me ecoa este desejo.
Minha mente está a pensar.
Coisas maneiras de se sonhar.
E o que só me vem na mente é onde vamos nos casar.
Alfétena III - Escamas
Em tristes olhos, baços do sofrer,
que o tempo enroupa de névoa...
Chorais memórias, tênues, dolentes,
tal poente silente rendido ao anoitecer.
'EU, TRILHO'
Percorremos trilhos sob a suave névoa de pedra, que depreda a face. Sob as engrenagens da vida, sem placas, sem direção, corroem a espinha, deixam entulhos... .
Percorremos sorrisos que não despertam universos, afugentam a alma, sem manancial p'ra saciar o frenético, vagão sem freios, sem sobreavisos, distorcendo o espelho...
Quiséramos a paz plantada por crianças, dócil e verídica, permanecendo sem perguntas/respostas, sem transgressão e fé, sem paz e ruído, sem sol e escuridão, sem o profano e o divino...
Quem sabe assim, suavizaremos o bocejar, veremos luzes no embaçado túnel, direção célebre, sorrisos puros, abraços verdadeiros.
Agora é Tudo Que Existe
Por Diane Leite
O amanhã dança na névoa do incerto,
o ontem se dissolve como vento no tempo.
Mas o agora, ah, o agora…
é o instante onde a vida se faz eterna.
Não espere o sol brilhar mais forte,
nem a tempestade passar,
a felicidade não é promessa futura,
é um presente que pulsa no agora.
Seus olhos já viram milagres,
seus pés já pisaram terra sagrada,
seu coração já foi abrigo e tempestade.
E mesmo assim, ele bate, incansável,
te lembrando que viver é agora.
Abundância não é ouro nas mãos,
é a luz no sorriso de quem te ama,
é o abraço quente da manhã,
é o arrepio do inesperado,
é a paz que nasce do simples.
A felicidade não é um lugar distante,
não mora no "quando" nem no "se".
Ela dança nos segundos que passam,
no café quente, na brisa leve,
no toque que arrepia, na risada sincera,
no silêncio que abraça.
O tempo é um sopro,
um piscar de olhos,
um passo entre o agora e o nunca mais.
Então viva, ame, sinta,
porque o eterno é apenas
o momento que você escolhe viver.
✨ Por Diane Leite
