Poemas a um Poeta Olavo Bilac
É mesmo uma pena,
Mas causa alguma vale a vida.
Eis a vida.
A única causa
Que realmente vale a pena.
Quarteto para Cordas Bambas
Sinceramente, não tenho a mais rasa noção, de como fomos atirados, nesta conflituosa e elevada ponderação, sobre temas, que até então não haviam sequer esboçado, uma breve coceira, em meu recipiente craniano. Me foi marcante, o ecoar da voz ressonantemente sedutora e excitatória de Renatinha, através do corredor que antecedia a sala de reuniões. Simultaneamente, em tom esbravejante, de profunda severidade, na antessala, Grazi especulava com excessiva convicção, o quão produtivo, era utilizar a centrífuga, para secar, seus pares de tênis recém enxaguados; ao passo que Cláudia, em toda tua cordial exposição de pontos de vista, afirmava não ser prudente, tal método de secagem dos calçados, pois isto reduziria drasticamente a vida útil dos mesmos. Gabi, não dava a menor importância, para nada, daquilo tudo, e mantendo o tradicional diálogo interno para consigo, só conseguia pensar em maneiras infinitas, de como não estar ali.
Distribuo Atritos com Garantia Estendida
Lamentavelmente não acumulo cifrões,
Muito provavelmente por inaptidão,
De resto, tanto acúmulo.
Acumulei...
Saberes, palermices, sabores,
Prazeres, crendices, descrenças,
Compadres, tolices, amores,
Novidades, mesmices, plateias...
Acumulei...
Hematomas, saltitos, cafunés,
Excursões, alardes, historíolas,
Ruínas, empates, calmarias,
Tralhas, capotes, estreias...
Faço tuas as minhas palavras,
Sem risco de devolução.
Mesmo isso sendo o cúmulo,
Sugiro como princípio, uma única encíclica:
Neste parágrafo, sede travessão.
E em negrito maiúsculo sublinhado
ACUMULAI
Após as infinitas milhas alcançadas,
A única distância que realmente importa,
É aquela que percorremos em nosso interior.
Suor dos teus poros borrando a escrita,
A Tinta que Fere em Frases Avulsas,
Histéricas, concretas, poéticas, precisas.
Grito (do cerrado)
Corações cerrados
devaneados
no chão vivido
torto, ressequido
árido
e empoeirado.
Que crasta
arrasta
queima
sem dilema...
Pari alarido
sofrido
num socorro
caldorro
de miseração,
num grito a destruição...
Chora o cerrado
devastado.
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Setembro, 2017
Cerrado goiano
O coração acelerado
É o que sinto
É algo inexplicável
É esse seu sorriso
É esse seu olhar
É o que me desmorona
És o que me faz apaixonar
É tudo muito novo
E Eu te quero pra sempre
e depois do sempre
Te quero de novo
e novamente
Parece clichê
Mas escrevo isso
Para ansiedade de te ver
não bater
Você está significando muito
Talvez tudo
Mas vamos devagar
Eu ainda sinto
Que posso me decepcionar
Não por sua causa
Mas sem por mim
Sou daqueles que quando se entrega
É até o fim.
Quando algo no coração indica
que está numtranse que dói
é porque nele você sempre clica
na saudade . com que o corrói
Muitas vezes,nada sou,
apenas uma pequenanota,
solta, duetando junto ao vento,
na pauta desafinada da vida,
tentando ser canção...
que nunca é ouvida
Murmuro canções em dueto
junto à brisa que passa rasante
imaginando ouvir a tua voz
chamando por mim todo instante.
Luisa
Quando vi Luisa nascer
A criança sabia que a pequena
Infante, princesa ia ser
Nasceu sob o luar de uma família de poetas, de cabelos escorridos
Como escorrem palavras pelo nosso caderno de emoção;
Olhinhos amendoados, sofisticados,
De quem nasceu para reinar absoluta nas graças dos versos
De uma menina solta, doce,
Que virou mulher forte,
Com sorriso de boneca,
Mas voz e olhares de sedução
Onde meu suspiro e o sentimento
Do mundo balançam
Por essa menina que nasceu para
Ser da lua, com a alma do sol,
Onde a discrição se desnuda
Para cobri-la com cifras e acordes
Que deixam tão poetinha
Até o mais duro coração.
(Aniversário de Luisa Ramos Martins [Drummond], em noite escorpiana de músicas e encontros)
As vezes me perco
as vezes me acho
no meio do embaraço
Como pode duas pessoas pensar assim??
Será que vivem no mesmo corpo
dividem a mesma alma?
têm tantas coisas em comum
ao ponto de se tornarem um?
O seu jeito é o meu jeito
sua fala é a minha fala
a sua sinceridade é a minha sinceridade
a cada dia que passa te amo de verdade
Um dia ele postou um casal dançando
em uma cadeira de rodas
e ela já havia separado uma imagem de um casal a dançar
meu Deus como pode duas pessoas assim tão bem se completar
Um encontro de dois poetas
com ideologias tão completas
Fixa-me,
Como fixo-me em tua direção!
Sorria e brada, ativamente!
Assim diz meu coração.
Você basta,
Não és metade de nada e de ninguém!
Não és o acaso,
Nem miragem,
Para chamar-te de seu maior bem!
Tal como sonhos doces,
Que cultivam-se às vezes sem querer.
A poesia veio como se fosse,
Não querer nada além de ser somente você!
Porque tu és intensidade,
Menina!
Tu não anseias metade alguma de ninguém,
Porque já és completa de verdade!
Um coração de um em 100.
Que te transborde,
E somente te faça sentir e sentir a reciprocidade!
Que tu vens e trazes sempre linda,
Em teu fixo olhar que as vezes julgo:
É de verdade?
Porque já te imaginaram num quadro,
Mas, és irredutível para caber numa moldura.
Já te imaginaram numa canção,
Mas, nem todos sabem ler uma partitura!
Já te imaginaram num Outdoor,
Mas, logo de ti se esqueceria.
Já te imaginaram até em um curta,
Mas, em poucos minutos falar de ti não caberia!
Já te fizeram equação,
Mas, você não pode ser definida!
Já pensaram em ti até como teoria,
Mas, você fica melhor sendo vivida e sentida,
Não refletida!
Porque assim és!
Um pedaço de céu e além mar.
Que se escreve ao por do sol num dia qualquer,
Só para ter a graça de sorrir ao lembrar!
Quem sabe se por isso,
Exista beleza a mais na nostalgia.
O poeta te imaginou eterna,
E assim te fez nessa poesia!
Beltranos Motel
Tinha algo a ver com ductos lacrimais obstruídos e isso se reverteu numa discussão sobre como um obstetra relapso, tratava com indiferença suas pacientes; já naturalmente sensibilizadas, pela condição de estarem gerando vida dentro de si. Aparentemente, o Doutor Sem Tese, havia deixado um equipamento dentro de uma das belas arredondadas mamães, que ali esperara para ser consultada. Enfim, enquanto o Dr. Ciclano, fumava seus mentolados na saleta com sacada ao lado, o aparelho saltou de dentro da acolhedora e aconchegante progenitora, espatifando-se contra o solo. Excomungando todas as coisas vivas e inanimadas o Dr. Cara de Hemorroida, adentrou o recinto e tudo isso acabou rapidamente, num comum acordo entre ambas as partes, diante do juiz de paz. A secretária do consultório, que se apresentou como testemunha do casal, hoje atua no ramo imobiliário, aparentemente aquecido após a mais recente crise financeira. Os condomínios tem nascido como prole de coelho, do Jardim Três Marias até a fábrica de injeção de plástico, na região limítrofe da cidade. A estiagem veio tão cedo quanto a escassez dos derivados de petróleo. O desemprego tornou-se tradição na vida de Aroldo, mas ele iniciou um curso de panificação semana passada e as expectativas são as melhores dos últimos verões.
Movediço
Sou possuidor de valiosas crenças, das quais não abro mão e defendo violentamente; edificantes, todavia o descarrilamento, faz-se tragicômico. Portanto e justamente por isso, até o final do dia, muito provavelmente, por este ou aquele motivo, eu já as tenha descartado.
Pétalas Ferozes
Canhoteira imponente aplicada,
Pioneira dentre primorosas,
Tuas sandálias emborrachadas,
Folgadas, multicolores, cheirosas.
Flores abruptas,
Geram Pétalas truculentas.
Flores brutais,
Geram Pétalas ferozes e sedentas.
Surpreendentemente destoante,
À toa, atropelando discursos,
Imprudência extrapolante,
Entoa, caretas tortas, apertões e risos.
Imparcialidade,
É um privilégio do qual,
Nós humanos, não desfrutamos.
Flores abruptas,
Geram Pétalas truculentas.
Flores brutais,
Geram Pétalas ferozes e sedentas.
Estamos tão distantes
Da felicidade irretocável,
Que quase podemos tocá-la.
Pós-Cappuccino ou
A Batalha Peristáltica no Sentido Hânus
Numa radiante abafada vulcânica manhã,
Após dias de ausência por parte das fibras,
A prisão de ventre, é a forma mais cruel
De encarceramento.
Liquidado o último prato sujo,
Pia molhada vazia,
Louça úmida,
Secava.
Fui ao toillet,
Enviei um torpedo plutônico, de proporções soviéticas,
Dispositivo barulhento,
Emitindo sons ridículos e aromáticos.
Esta mensagem não seria correspondida,
A descarga emocional contida nela
Era singular
E jamais se repetiria,
Em igual magnitude;
O desafortunado papel de péssima qualidade castigado,
Despencou no receptáculo derradeiro;
As pantalonas decolaram,
Até ganhar estabilidade, no cinto afivelado.
