Passou
Mentes do caos
O menino já escapou de um afogamento,
O adolescente passou pela saudade, angústias e fome,
O jovem perdeu familiares, enfrentou a dor, o abandono e as mágoas,
O adulto sentiu a solidão e a tristeza profunda em meio aos muros altos,
No meio do caminho por um período ele sentiu frio e medo, viu e viveu intensamente no vale da morte,
No amor já sorriu e também chorou, conquistou vitórias mas também teve suas perdas,
Nos significados do eu e o mundo, o menino entendeu o quanto é difícil aprender na raça, dessa forma ao se levantar contra tudo e contra todos conseguiu achar o seu caminho.
A filosofia não nasce da felicidade, ela nasce das mentes que já experimentaram o caos.
O pensar é livre, o viver é duro, o sonhar é mágico e o saber é atemporal.
“O amor morreu no instante em que passou a ser performance — substituído por likes, perdido entre telas e silenciado pela pressa.”
Do Fundo do Poço, Eu Voltei
Ser trocado por outra pessoa. Se você já passou por isso, sabe que não é só sobre perder alguém — é sobre ser arrancado de um lugar que você achava seguro. É uma das dores mais brutais que um ser humano pode sentir. Uma espécie de morte em vida. Um terremoto emocional que te lança do céu ao inferno em questão de minutos.
Foi exatamente isso que aconteceu comigo. Um dia eu estava lá em cima, acreditando no amor, acreditando nela… e no outro, me vi no fundo de um poço escuro, frio e silencioso. Fui jogado lá. Por ela, por eles, não sei ao certo. Só sei que caí. E ao cair, me quebrei todo.
Não falo de fraturas físicas — falo da alma. Minha essência se dilacerou. Minha identidade foi esmagada. Eu mal conseguia me mover, apenas sentia. A dor era insuportável. E o mais cruel? Eu ainda esperava que ela descesse até ali e me estendesse a mão. Eu acreditei que ela viria. Esperei. Dias. Semanas. Mas ela não veio.
Enquanto eu agonizava, na minha mente se repetia a mesma cena: ela sorrindo ao lado dele, vivendo a vida como se nada tivesse acontecido. Enquanto eu apodrecia em silêncio, ela seguia. Sem olhar pra trás.
E foi aí, nesse abandono, que algo dentro de mim despertou. Eu me sentei, com dor, com dificuldade. E pela primeira vez, em meio ao caos, olhei para mim mesmo. Observei meus ferimentos emocionais. Vi o estrago. E mesmo em choque, entendi: se eu quisesse sair dali, teria que cuidar de mim. Ninguém viria me resgatar.
Comecei devagar. Juntei os pedaços. Recoloquei meus “ossos” no lugar. Costurei a carne rasgada da alma com as mãos tremendo. Sem anestesia, sem apoio, sem manual. Apenas coragem. E dor. Muita dor. Mas cada ponto que eu dava em mim mesmo era um ato de amor próprio.
Naquele momento, eu comecei a arrancá-la de dentro de mim. E foi o processo mais difícil da minha vida. Ela estava tão entranhada, que parecia que me desfazer dela era o mesmo que me desfazer de mim. Mas eu insisti. Cuidei das feridas, troquei os curativos com carinho. Me tratei como alguém digno de ser amado — por mim mesmo.
E assim, depois de muito tempo, percebi: eu estava pronto pra escalar. Mas não podia subir de qualquer jeito. Eu precisava estar forte. Preciso. Curado. E aos poucos, fui ganhando força. Fui entendendo onde me perdi, como me moldei pra agradar, como fui deixando de ser quem eu era só pra caber num espaço que nunca foi meu.
A jornada pra fora daquele poço foi longa. Cansativa. Exaustiva. Ainda estou em reabilitação. Ainda faço “fisioterapia emocional”. Mas hoje, eu posso dizer: eu voltei.
Mais forte. Mais consciente. Mais verdadeiro.
Eu não vejo mais o mundo com os mesmos olhos, mas talvez seja exatamente isso que me dá paz: saber que eu sobrevivi. Que eu fui o meu próprio herói.
E que agora, finalmente, sou eu quem cuido de mim.
"O problema é que muita gente acha que só ela passou momentos difíceis, e esquece das dores que o outro já suportou — dores que talvez ela mesma nunca suportaria passar."
Vento
Tudo que sou
É exatamente
O que restou
Do vento
Que aqui passou
Entrou pela janela
E me levou
Depois de muitas léguas
Se dispersou...
Não troque a mulher que passou um inferno com você por outra pra passar a fase boa.
Se passou a fase ruim contigo, merece a fase boa também.
Eu não vivo de trabalho.
Vivo do dinheiro.
O meu trabalho já passou.
Fui roubado.
O meu trabalho de hoje é de outra pessoa.
Os olhos do Lince
O que passou...
Passou como vento que varre ruas vazias...
Foram tempos de descobertas,
dores e aprendizados.
Houve risos que ficaram na memória e lágrimas que caíram no silêncio de noites longas...
O que passou nos moldou,
nos quebrou e, de certa forma, também nos refez.
Mas já não está mais aqui...
vive apenas na lembrança.
O que continuamos vivendo...
É um reflexo do ontem,
carregado de perguntas que ainda não têm resposta.
Há uma pressa em seguir e uma pausa que insiste em nos frear. Vivemos entre esperanças e repetições...
tentando encontrar sentido no meio do caos e da rotina.
Cada dia é um recomeço disfarçado de continuidade.
E mesmo cansados,
seguimos.
E então vem a solidão...
Não a ausência de pessoas,
mas aquela que habita dentro, mesmo em meio à multidão.
A solidão de não ser completamente compreendido,
de sentir demais,
de esperar demais.
Ela se senta ao nosso lado quando as luzes se apagam e o barulho cessa.
E ali,
no silêncio mais cru,
somos só nós...
com tudo o que fomos,
o que ainda somos,
e o que,
talvez,
nunca seremos.
Darwin Melo
você amou,
o outro te quebrou,
você
chorou
transbordou.
o tempo passou
a ferida fechou
você se cuidou,
mas não se culpe,
pelo amor que
ainda não chegou.
O BREVE TEMPO DE HENRY BOREL
A Henry Borel (In memoriam)...
Um anjinho pela terra passou...
Com seu breve tempo de vida
E que sem querer nos ensinou
A ser vítima da união repartida...
Imagino a imensa dor de pai...
Quando se é pego de surpresa
Quem te ama também te trai?
Dentro da própria fortaleza...
Quantos planos arquitetados?
Para aquele futuro cidadão
Quantos herdeiros destronados?
Por terem a interrompida missão...
Certamente, deixa lembrança...
Nos corações que o amaram
O eternizado sorriso de criança
Naqueles que o abraçaram...
Subiu ao céu... O anjo/menino...
Deixando para trás intrigas
Na chegada... Toca-se o sino
Anunciando-lhe: Boas-vindas!
(O BREVE TEMPO DE HENRY BOREL - Edilon Moreira, Abril/2021)
Lembre-se do que você já passou, das experiências que teve e tudo que superou. Lembre-se de como a vida sempre se refez depois das tempestades fortes que você enfrentou. E que havia uma suavidade no recomeço sempre que você se permitiu seguir em frente. Lembre-se de quando você disse a si mesmo que desta vez parecia ser diferente, mas se levantou e o seu coração aprendeu a se curar. Apesar de tudo, você continuou aprendendo e percebeu que a vida segue independente do que aconteça. Lembre-se do seu esforço, onde em cada queda você fez uma coreografia de renascimento e aprendeu a dançar antes mesmo de entender as lições. Recolheu todos os cacos do que foi desfeito e os reconstruiu sob a perspectiva da esperança. Você enxergou força no seu reflexo e passou a se admirar com mais carinho, como quem encontra abrigo na própria alma.
O tempo que passou trouxe pessoas que cruzaram meu caminho e deixaram lembranças inesquecíveis. Tento encontrá-las na cidade, mas elas parecem ter se dissipado, como fisionomias que se perdem na memória. Restaram, apenas, momentos gravados na alma. Essas pessoas marcaram minha vida de forma profunda, e a saudade, a tristeza, a alegria e o vazio se misturam dentro de mim. São marcas que vivo como se fosse agora, como se cada recordação ainda estivesse presente, como se o passado não tivesse se ido completamente.
Quase
Ela passou por trás de mim, devagar, como quem não queria nada. Os dedos roçaram meu braço, mas não ficaram.
Esse quase toque queimou mais do que se tivesse me puxado para perto.
Às vezes, o que não acontece é o que mais atiça.
