Paisagem
Poesia é a arte, o poeta é apenas seu tradutor. Não pode fugir disso, pois foi o escolhido.
A poesia não tem explicação, não pode ser definida e cada um a sente de uma forma.
Crítica
Existem muitos poemas
Tecidos sob as nuvens
Cujos repetidos temas
Nada mais intuem
São reles afirmações
Sequências de quase nada
Daqueles que sem inspirações
Querem dos outros a estrada
A Rua do Ouvidor - na cidade do Rio de Janeiro - pode nos oferecer um exemplo interessante de acorde-paisagem. Essa rua, de lado a lado de suas margens de calçadas, possui edifícios que já estão ali há tempos. Alguns, embora restaurados, surgiram há mais de século; outros, são mais recentes. De todo modo, os prédios de uma rua constituem um acorde de notas duradouras na sua paisagem. Nem mesmo a especulação imobiliária pode substituí-los muito rapidamente. Quanto há tombamento do edifício que é declarado patrimônio público, então, a permanência é mesmo protegida por lei, e promete se estender contra a especulação imobiliária, ou mesmo contra as mudanças de formas e funções demandadas pelos sucessivos modelos econômicos e tecnológicos. Alguns dos majestosos edifícios históricos e das construções arquitetônicas da velha cidade de São Petersburgo – uma cidade que já mudou de nome algumas vezes ao sabor dos diversos regimes – atravessaram perenemente as rússias do czarismo, do bolchevismo, do stalinismo, da glasnost, e do neoliberalismo.
Na Rua do Ouvidor, podemos encontrar antigos sobrados convivendo com construções bem mais recentes. Essa diversificada arquitetura de fundo, e a estreiteza de seu passeio público, constituem o acorde de base na paisagem desta famosa rua do Rio de Janeiro. Entrementes, como dizíamos atrás, existem em uma paisagem urbana muitas notas mais breves, de meio expediente. As barracas de camelôs abrem-se às dez horas da manhã, e ao final da tarde já estão se recolhendo. São notas de duração mais curta, por assim dizer. Cíclicas, porém, elas retornam no dia seguinte.
O mesmo se dá com as aberturas para o interior das lojas e repartições, disponibilizadas ao público durante todo o dia. Também elas se fecham ao fim do expediente, substituindo suas chamativas vidraças pelas sóbrias persianas de ferro, e retirando da paisagem todo o seu colorido e movimento diário. O dia seguinte as trará de volta. Ao final da tarde, e adentrando a noite, a paisagem é invadida pelas mesas e cadeiras desmontáveis que se oferecem como extensões para os bares da rua e que recebem os trabalhadores em sua busca de alguma diversão e relaxamento ao final do expediente. Todas estas notas que retornam ciclicamente a cada expediente constituem como que acordes de duração média que se alternam sobre o acorde mais permanente dos edifícios e do passeio público.
Há, todavia, os passantes. Uma multidão diferente a cada dia percorre a rua, conformando um fluxo contínuo de pedestres, mas com uma radical variação de pessoas e com sensíveis mudanças na intensidade do fluxo de acordo com o horário e conforme seja este ou aquele dia da semana. Alguns passam apenas ocasionalmente pela rua. Outros fazem dela um caminho rotineiro, a certa hora aproximada do dia.Os passantes constituem sempre um acorde fluido formado por notas de curta duração: são as ‘notas de cabeça’ que rapidamente se volatilizam. Atravessam fugazmente uma paisagem e não mais retornam.
Os prédios, contudo, perduram, como notas de fundo que se fixaram intensamente na pele urbana, ou como graves baixos a ressoar sob a melodia infinita da paisagem. Alguns destes prédios viverão muito, e talvez estejam ali daqui a um século, carregando um pouco da nossa época para as paisagens futuras. Outros prédios vão durar menos; serão um dia substituídos por novas notas. Isso é um acorde: uma superposição complexa de notas de durações distintas, umas mais permanentes que outras, e algumas delas bastante fugidias. No caso, temos mesmo um poliacorde – à maneira dos músicos modernos e dos mestres-perfumistas –; um acorde formado por três acordes com tendências a diferentes durações: o acorde-base dos edifícios, o acorde-coração do comércio ou da boemia de meio expediente, e o acorde-de-topo formado pelas inúmeras pessoas que vão e vem para passear, comprar, vender, trabalhar, fiscalizar, infringir leis, beber, ou somente passar a caminho do seu destino.
[trecho de 'História, Espaço, Geografia'. Petrópolis: Editora Vozes, 2017, p.109].
SOBRE A DINÂMICA DOS ACORDES-PAISAGENS]
Não é senão através de uma música repleta de dissonâncias que se encadeiam, por vezes, algumas das mais decisivas mudanças no acorde-base de uma região. Eis que então, sob o peso de uma nova estrutura de produção, ou na enxurrada de uma nova onda de especulação, pode ruir ou se revolver de modo mais ou menos rápido um acorde de longa duração que já perdurava há muito em uma certa paisagem. E não são raros os casos em que uma estrutura econômica nova se instala contra a Natureza. Foi o que ocorreu, do século XVI ao XIX, no litoral do nordeste brasileiro, com a implantação da monocultura do açúcar. Jamais poderia imaginar Pero Vaz de Caminha o destino daquele acorde-paisagem que, desde épocas imemoriais, era perpassado pela exuberância da Mata Atlântica. Não tardaria muito para que aquele acorde “que tudo dava”, e que se impunha aos olhos através de muitas tonalidades de verde e de todas as outras cores, começasse a ser substituído pela monodia imposta pela Cana – a princípio demandando queimadas para a abertura de clareiras com vistas ao cultivo; depois, com os clarões se espraiando cada vez mais até a quase-extinção de toda uma estrutura harmônica que um dia fora a da floresta litorânea. Como um câncer, ou como uma doença de pele que encontra poucas resistências, a Cana se alastrava.
Ao final de um processo de apenas dois pares de séculos – extensão de tempo algo modesta em comparação com os milênios precedentes – a Cana já tinha devorado silenciosamente toda a Música anterior. Uma melodia rica e perpassada pelas mais variadas sonoridades naturais havia sido substituída pelo seu implacável e monódico canto gregoriano. Se um novo Pero Vaz de Caminha acaso pudesse contemplar a paisagem que agora se oferecia aos olhos viajantes, teria talvez de se referir àquele monótono verde de um mesmo tipo que a tudo recobria, estendendo-se horizonte adentro, para oferecer um único produto: o açúcar de exportação.
A.história desta transição acórdica é também a da asfixia de uma diversificada policultura antes estabelecida sobre este solo de grande riqueza mineral, que era o do litoral nordestino, de modo a permitir a instalação do Engenho monocultor. Assim se substituiu o acorde-base da paisagem litorânea de quase todo o litoral nordestino. Uma nova melodia se anunciava, com sonoridades trágicas
[trecho extraído de 'História, Espaço, Geografia'. Petrópolis: Editora Vozes, 2017, p.114].
[HOMEM, ESPAÇO E MEIO]
Nesta tríade geográfica – o Homem, o Meio, o Espaço – tudo se interpenetra. Até mesmo o homem – um determinado indivíduo, por exemplo – tem dentro de si espaços e é ele mesmo um meio para todo um universo microcelular, apresentando em seu organismo diversos fixos (os vários órgãos e dutos condutores) e fluxos (corrente sanguínea, impulsos nervosos, processo respiratório, cadeias de ações comandadas pelo cérebro). Definitivamente, meio, homem e espaço entram um por dentro do outro, em um fascinante imbricado, para onde quer que olhemos.
Como na Música, as notas implicadas na tríade HEM (homem, espaço, meio) não estão uma por sobre a outra (em que pese o que pareça mostrar a grafia em uma pauta musical), mas sim uma por dentro da outra. No interior mesmo de um único nível acórdico – tomemos o Meio como exemplo – as notas também se interpenetram. O clima, de um lado e no longo prazo, é o escultor do relevo, constituindo-se no grande “arsenal dos agentes externos do modelado” . É ele quem esculpe os planaltos através da erosão, as planícies através dos processos de sedimentação. De um outro modo, certas notas do clima acompanham determinações do relevo em decorrência das altitudes (e latitudes, que já se referem ao espaço). A temperatura reduz-se nas serras; o vento sopra com a autorização do relevo. Enquanto isso, se o clima implica a distribuição das águas atmosféricas através dos regimes pluviométricos, a distribuição espacial das águas oceânicas em proporção às terras é, de sua parte, “um dos principais fatores de sua formação regional” . Uma nota age na outra. Condições atmosféricas e distribuição das águas constituem notas mescladas no interior de um mesmo nível acórdico (o acorde-Meio); e, mais além, em um grande poliacorde geográfico.
[extraído de 'História, Espaço, Geografia'. Petrópolis: Editora Vozes, 2017, p.120].
Estrada
Uma estrada longa e de curta duração, que me faz lembrar dos estilhaços em meu coração, talvez por ela eu andarei sem a certeza que no fim dela chegarei.
Sem rumo, sem direção, igual à um cantor que não consegue compor sua canção, ela é bonita ao redor mas traiçoeira para quem à percorre, se não tiveres cuidado uma sútil lágrima pelo seu rosto escorre. Ser forte não é para todo mundo e o amor é uma fraqueza, se fordes fraco se machucará com toda certeza.
Voa ave,
encontre as nuvens
Voa sem parar,
segue teu destino
sinta tua liberdade,
feliz sempre serás
olhando em detalhes a paisagem,
pouse nela teus olhos, por nós,
pois nunca a veremos
com seus mistérios,
voa por nós e nossa pequenez
em não descobrir o que há mais além...
Eu quero ser para você
a letra de uma
linda canção,
um vulcão em erupção
e a paz de uma
bela paisagem.
Um simples enseada
Pé na areia, linda vista
Bem pequena, escondida
Encanta todo turista
A península pro mar
A baía de encantar
Qualquer um ela conquista
Estou onde estou mas
não onde quero estar
falo o que digo sem falar
Sou a indecisa que dissidio ficar
no silencio a observar
Cada dia que passa
passa mais um dia
A noite fica mais fria
e o dia mais quente
mas aquela do canto
nunca será consciente
Os minutos passam a correr
os segundos a voar
mas a menina do canto
apenas os vê a passar
Será isto justo?
ou a injustiça disfarça´
Que a menina do canto
faz parte da minha farsa
Pêndulo
Aranhas tecem os fios da vida
nos penduram no desconhecido,
lançados à nossa própria sorte
enquanto balançamos neste fio.
Cabe a cada um de nós decidir
o que é mais importante:
Curtir a paisagem,
ou tremer de medo e de frio?
Eu escolho a paisagem…
Na janela
A pandemia me fez gostar de assistir as tardes.
A tela, que é sempre a mesma, cada dia apresenta um momento perfeito...
Pandemia
Agosto chegando...
tenho viajado muito desde março.
Minha casa é a nave que me transporta.
Vou mudando de janela,
para aproveitar melhor a paisagem
e a dança das luzes com as sombras.
Do alto de seu esplendor
de um horizonte qualquer,
chegam os raios de sol
aquecendo o nosso viver
nova manhã, esperança irradia,
refeitos do cansaço, seguimos
para onde o dever anuncia
Não devemos abrir mão desonhos e desistir de projetos por uma única pessoa que entrou e depois saiu de nossas vidas. Devemos sim é abrir as janelas e as cortinas, estender a cama, nos colocarmos de pé, ajeitar o cabelo, o coração, a alma, e a vida, e se dar uma nova chance, tentar de novo. Desapegar do passado, ajeitar a sua casa interior, ler um bom livro, buscar á Deus em oração. Dar o primeiro passo, e se dar muito amor e valor também. Mesmo em ruínas a vida continua e você esta vivo. Cabe á você mudar a paisagem.
"A noite, neste sítio, devia ser como que um melancólico período de tréguas. Hoje, o sol excessivo que fazia estremecer a paisagem, tornava-a deprimente e inumana"
O véu
Caminho frente a neblina.
Sobre esse nobre véu
Cansaço eminente,
Coração de papel.
Fracasso quase frequente
Com a fronteira embaçada
Estou de hora marcada.
É a minha chance!!
O meu Sonho é persistente.
Ó luz do amanhecer...
Iluminem o meu caminho fazendo ver,
O brilho de esperança, a solidão indo embora,
Trazendo a tona, a Cortina da Aurora..
O vento em sua intraduzível lira
por sobre flores segue o caminho
fazendo-as sorrir quase em leseira
acalmando dores de seus espinhos
Segue a manhã neste dia de sol
sobre a paisagem em loiras tranças
e que permaneça belo até o arrebol
nos iluminando em esperança
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