Coleção pessoal de dia_marti

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⁠"... uma pequena história, que não é vergonhosa nem extraordinária, recusava-se a sair. Nada de novo. Admiro-me de como se pode mentir com a verdade na mão"

⁠"o homem... o homem começa a aborrecer-me. É ao livro que me prendo (...) à medida que vou envelhecendo, dir-se-ia"

⁠"fiquei profundamente impressionado: pensei que deixara de ser livre (...) procurei libertar-me desta ideia e não consegui (...) Esperava que ela se dissipasse com as luzes. Mas a ideia ficou onde estava, em mim, pesada e dolorosa."

⁠"Estou sozinho no meio destas vozes alegres e razoáveis (...) passam o seu tempo a explicar-se uns aos outros, a reconhecer com contentamento que são da mesma opinião. Que importância que ligam (...) ao facto de pensarem todos juntos as mesmas coisas"

⁠"Este homem tinha vivido apenas para si próprio. Para castigo, severo e merecido, ninguém viera, ao seu leito de morte, fechar-lhe os olhos"

⁠O fim já está nessas poucas palavras, invisível e presente; é ele que lhes dá a pompa e o valor de um princípio

⁠... nunca recusei estas emoções inofensivas; pelo contrário. Para as sentir, basta ficar-se sozinho um momento (...) Antes conservava-me muito perto das pessoas, à suprefície da solidão, bem decidido (...) a refugiar-me no meio delas: no fundo, até aqui, era um amador

⁠Se não me engano, se todos os sinais que se vão acumulando são percursores duma nova transformação brutal da minha vida, então tenho medo. Não que a minha vida seja rica, importante, nem preciosa. Mas tenho medo do que vai nascer, apoderar-se de mim - e arrastar-me ... arrastar-me para onde?

⁠Que estava eu ali a fazer? Porque estava a falar com aquelas pessoas? (...) Tinha morrido a paixão que me submergia e arrastara durante anos; naquela altura sentia-me vazio?

⁠Mas, enfim, tenho de reconhecer que sou sujeito a estas transformações súbitas. Sucede que só muito raras vezes penso; assim uma infinidade de pequenas metamorfoses vai-se acumulando em mim sem eu dar por isso, e depois, um belo dia, produz-se uma verdadeira revolução.

⁠Nas ruas há também uma quantidade de ruídos equívocos que perpassa. Produziu-se pois uma mudança durante estas últimas semanas. Mas onde? É uma mudança que não se fixa em sítio nenhum. Fui eu que mudei? Se não fui, então foi este quarto, esta cidade, esta natureza; é preciso escolher?

⁠... é certo que tive medo ou qualquer sentimento desse género. Se ao menos soubesse de que tive medo, já seria um grande passo em frente. O que é curioso é que não estou disposto de modo algum a considerar-me louco. Vejo com evidência que não estou louco

⁠A verdade é que então na borda estava,
Do vale desse abismo doloroso,
Donde brado de infindo ais troava

⁠Talvez um dia se saibam
as verdades todas, puras.
Mas já serão coisas velhas,
muito do tempo passado...
Que me importa o que se diga.
o que se diga, e de quem? (...)
Direi quanto for preciso,
tudo quanto me inocente...
Que alma tenho? Tenho corpo!
E o medo agarrou me o peito...
E o medo me envolve e obriga....

⁠Todos querem liberdade
mas quem por ela trabalha? (...)
(o humano resgate custa
pesadas carnificinas!
Quem morre, para dar a vida?
Quem quer arriscar seu sangue?)

⁠...embora venha sorrindo,
traz sinal de desgraçado. (...)
Vejo que vai ser ferido
e vai ser glorificado:
ao mesmo tempo, sozinho,
e de multidões cercado,
correndo grande perigo,
e de repente elevado:
ou sobre um astro divino
ou num poste enforcado

⁠Porque, pensando, abandonava o intento
Formado à pressa, que (...) me desgosta

⁠E a marcha era tão segura
que uns diziam: "Que coragem!"
E outros : "Que loucura!"
Lá se foi por esses montes,
o homem de olhos espantados,
a derramar esperanças
por todos os lados (...)
Pois parecia loucura,
mas era mesmo verdade.
Quem pode ser verdadeiro,
sem que desagrade? (...)
Pobre daquele que sonha
Fazer bem - grande ousadia

⁠"Uns querendo ouro e diamantes,
Outros, liberdade, apenas..."

⁠" (E tudo é tão diferente
do que em saudade imaginas!
Onde estão os teus amigos?
Quem te ampara, quem te salva?...)"