Observar
Da brecha da minha cortina costumava observar seu quarto do outro lado da rua. Daqui via sua parede com aquele mural de fotos onde você pendurava coisas boas de nós. Todos os dias aquela ansiedade de ver se ainda existia rastro das nossas lembranças grudadas lá,e aquele frio na barriga de não encontrar vestígios de como erámos felizes.
Belo também, é tomar emprestadas as asas de alguém...
E observar o mundo com o coração do outro.
A fé conserta as asas dos sonhos,
A fé salva-nos de morrer em vida.
Que a tua, seja a porta de um infinito qualquer,
E que te baloice a alma numa canção de amor.
Hoje tive a grata surpresa de observar as sementes que lancei, com alegria, mas falo das flores que semeio, e Deus habita a minha paz.
As vezes escuto o barulho na porta ou acho que está na janela tentando me observar, mas sei que já foi, e não está, mudei a fechadura o endereço e o andar..
Pela janela do meu quarto, eu nas tardes chuvosas, ao debruçar-me nela, ao observar todo aquele outro universo de água, de mágica que vem do céu, que entra em contato não só com os meus olhos, mas com minha pele, meu olfato e pra ser mais precisa até com minha alma. Parece até magia.
“A decadência de um poeta”
Hoje ao acordar abri minha já combalida janela e fui observar o belo campo florido que avistava todos os dias ao pé da colina, ao invés disto percebi que agora meus olhos me mostravam apenas flores e nada mais sentia.
Meu velho tic-tac deixou de ser melodioso; sem minutos esperar o café que fui tomar passou a ser insidioso.
Minhas rimas já não são profundas, não consiguo mais sonhar, fértil loucura, e meu sono é incapaz de te encantar.
Ontem á noite percebi minha mente querendo descansar, o pequeno girassol fora arrancado, morta a candura; a lua se escondeu, as estrelas se envergonharam, o seu canto também emudeceu, a brisa não me trouxe nada, de fato, tudo se perdeu.
Quero abrir os olhos e ver que minha arte não foi embora junto da florada, pedir o fim desta heresia...
Na minha humilde vida uma das poucas coisas que tive a oportunidade de observar sobre o amor, é que não adianta lutar pela pessoa amada...quanto mais desistir dela... o verdadeiro encanto da vida acontece nos bastidores ,nada de certinho, é tudo mesmo no mais absoluto improviso. Amar é improvisar, é simplificar tempo,distância é um simples espaço de um beijo.
Quando você vir à mim, prometo apreciar-te como adorno pra minha cama...
Ficarei à te observar como a mais linda escultura.
Pensarei em nós e me imaginarei sendo par deste adorno e deste corpo escultural...
Mas, também tentarei te deixar de lado.
Tentarei organizar meu armário (embora já organizado), te mostrar meus livros, meus desenhos, meus poemas, meus discos, pentear meus cabelos...
Tentarei acender e fumar um cigarro, usar o suporte clareador para os dentes ou ir até cozinha comer algo, apenas pelo enorme receio do que eu lhe possa fazer com as mãos e com a boca!
Silenciar... Sim... Será melhor... Só observar, refletir e continuar em silêncio. Quando a luz não é aceita, sopra-se as velas.
Se repararmos bem, podemos observar os benefícios que a dor nos traz. Infelizmente ainda necessitamos de remédios amargos para curar feridas antigas. Devemos encarar as dificuldades com o máximo de otimismo possível. Reconhecer que é por meio das experiências, boas ou más, que vamos progredindo e evoluindo moralmente. Nos momentos mais difíceis, basta lembrarmos do legado de nosso irmão mais velho e mais sábio, Jesus, que foi instrumento de redenção de grande parte da humanidade, e mesmo sofrendo martírios incalculáveis, não perdeu a fé nem caiu em desânimo. Sigamos o exemplo do mestre.
Algumas coisas e alguns detalhes, inevitavelmente no futuro iremos esquecer. Então vamos observar melhor, viver e amar intensamente o presente que nos é concedido.
Sempre pensamos em chegar a algum lugar e encontrar a felicidade, mas se observar as belezas encontradas pelo caminho verá que já tem sido muito feliz.
Quando um pássaro machuca suas asas, passa dias no ninho, tendo de observar outros pássaros circularem pelas árvores, darem os loopings que ensinou a muitos deles... A subirem, descerem, sumirem e voltarem. Pode acontecer durante a primavera, estação mais linda e colorida, durante a qual é esplendoroso voar entre os bosques cheios de flores; às vezes durante o verão, quando os mergulhos no mar satisfazem tanto quanto a brisa que sentem nas penas quando o sol finalmente dá uma trégua; ou durante o outono, quando tem que se preparar para o inverno, observando tudo ao seu redor ir de cores vivas e quentes a mais amenas e frias; durante o inverno, voar, apesar de não parecer, aquece seu coração, faz o sangue circular e com que ele se sinta vivo.
E durante estes momentos ele se questionará "Mas por que comigo?". Aos olhos dele ele é o infortunado que machucou as asas durante sua temporada preferida... O que na verdade é mentira, pois ele ama todas elas. O que não suporta é ter suas asas podadas como a copa das árvores as são por crescerem demais... Ele quer sempre poder crescer mais e esse tempo em que é impedido de voar, tira dele toda a satisfação e a sensação de liberdade que corre por suas veias. Ele se torna um observador, enquanto na verdade, seu interior anseia por sentir o vento por entre as penas e o poder da imensidão ao seu dispor.
Mas todos passamos por fases necessárias e "impuláveis", se é que essa palavra existe, e todos somos obrigados a lidar com elas quando elas chegam. No final das contas vira tudo aprendizado.
E quando a fase passa, a gente suspira, ergue as asas e voa outra vez.
Pois afinal, qual pássaro desistiria de voar?
NG.
Tenho a mania de falar de mais
Mas as vezes prefiro não falar,
Me permitindo observar, escolhendo me calar.
