Moldura
conspirações
alguma coisa se desprende do meu corpo
e voa
não cabe na moldura do meu céu.
sou náufrago no firmamento.
o vento da poesia me conduz além de mimo sol me acende
estrelas me suportam
Odisseu nos subúrbios da galáxia.
amor é o que me sabe e o que me sobra
outro castelo que naufraga
como tantos que a força do meu sonho
quis transformar em catedrais.
ilusões? ainda me restam duas dúzias.
conspirações de amor, talvez não mais.
NO PRETO E BRANCO
Um romance de amor na parede
em moldura de um tempo sem cor
à poeira que queimou nosso verde
um amor que a prisma registrou.
Os abraços e beijos...
No branco, e no preto ficou
os desejos e ensejos
suspenso na parede... Amarelou.
Flores e jardins, no chassi, estão cinza
E o arco-íris...
Um surreal preto esvoaçado no ar.
Pássaros sob espaço
chuva de risco
lágrimas pontilhadas
olhos de carvão...
Água branca para matar a sede
venha menino...
Vamos com essa vida rindo
Me de a sua mão.
Antonio Montes
Se os olhos
São: os espelhos d'alma
É louvável
Que esse espelho
Tenha como moldura
O coração
Que ilumina-lhes."
Moldura
o vestido não te faz
não tanto quanto teu corpo
o batom não te faz mais
não chega aos pés da sua boca
seu rosto não precisa de moldura
já és uma pintura
que eu desejo
nada enfeita mais suas bochechas como meu beijo
Janela
(Fernandha Franklin)
Toda janela é moldura de um quadro real...
de pintura vívida...
Do abstrato natural.
Toda janela (seja qual for)
É o mais perfeito retrato de cenas em pausa ou em movimento.
Por mais singela, eis que desperta curiosidade
E alimenta conhecimento.
Enquanto houver janela,
Toda luz sera bem vinda entre cortinas e lençóis.
Perto da janela, toda porta tem vislumbre enfadonho.
Enquanto a porta escancara a realidade...
Só a janela permite sonhos.
Esperar não cansa,
Quando se está diante dela.
E enquanto existir janela
haverá sempre a esperança com ela.
DEVOÇÃO
Tenho na parede do quarto, em devoção
O Sagrado Coração, numa oval moldura
Antiga e familiar, que eleva a estrutura
Expondo a minha fé em beata oração
Ali deposito e abriga a crença em brandura
Onde as mágoas são postas em redenção
E o bem e a paz invadem todo o coração
Em louvores, em confiança e eterna jura
E neste afeto sensato, exato é a paixão
Por quem por nós trouxe amor e ternura
Na simplicidade e na grandeza do perdão
E na diária cura, quem é de Deus criatura
Feliz permanece, no destino, na comunhão
Pois, nesta verdade, habita a real ventura
Luciano Spagnol
Início de julho, 2016
Cerrado goiano
Não se limite a ser quadro, por mais caro que seja, tem moldura que lhe restringe a liberdade, perdura na parede fria e sólida, que um dia desbotado, doa espaço para cair no esquecimento.
Extravaze-se em poesia, em movimento que dá sentido aos sentimentos e sentimento aos sentidos, sonoros vernáculos que fazem dançar os lábios num sorriso, e de tanto que transcende a alma, faz-te imortal.
MOLDURA
Moldura da manhã
Fria como o gelo
Imerso em mim mesma
Cravo a dor de um amor perdido
Estrada infinita
Cheia de noite sem luz
Remoendo os pensamentos mais cruéis
Inverno sem cor louco de amor
Simplesmente branco como a neve
Ilusões passageiras do abismo da poesia
Sorte delirante de um poeta
Perdido com um grão de areia
Decadência em cada verso escrito
Sonhos que morrem nos becos das esquinas
Nas sarjetas imundas, abandonado à sua pouca sorte.!
És moldura que habita a parede do meu quarto e reside na mesma morada de mim. Somos nós no mesmo espaço, habitando a mesma casa,
porém, não dormimos na mesma cama, não comemos no mesmo prato nem bebemos na mesma taça. Não brindamos com o mesmo vinho, não cantamos a canção de nós nem vivemos os mesmos sonhos !
Sua liberdade só depende de você mesmo. É preciso sair da moldura que cerca a sua arte. Seja feliz, independentemente do que és. O céu virá como consequência.
E da janela ela via o mundo lhe estender a mão, lhe convidando a sair daquela moldura e se tornar real. Mas o medo de fazer escolhas erradas nunca a deixou se dar à vida!
Não deixe que o medo de arriscar torne sua vida um retrato: estática e alimentada pelas mesmas emoções congeladas e paradas no tempo! Não deixe que a dúvida te tire o medo de viver!
Pena que nos dias de hoje, quase ninguém pode esconder sua podrição por detrás de uma moldura irônica e bela;
Oh, meus pulsos se chocam com seus própios ligamentos, formando um desenho, uma moldura para o quadro de sangue, células e pêlos, natural e medonho, mas natural!
Saudade é a unica moldura
em que o retrato de alguem
ainda tem mais formosura
que a formosura que tem
A moldura da obra de arte era sempre a parede do quarto. Sempre não. Às vezes dividia espaço com o teto.
O quarto pequeno, com duas caminhas de solteiro e um guarda-roupas, dava espaço para o sol, todos os dias de manhã, quando ele entrava pelas frestas da janela sem cortinas e refletia na parede (e não muito raro, também no teto) o mundo lá fora.
Algumas vezes o colorido se fazia presente. Outras, só a sombra desenhava a pintura.
A planta encostada na parede de fora, a cachorra deitada no sol, e a mãe passando com o cesto de roupas sujas para pôr na máquina de lavar.
Raios de sol que entravam despretensiosamente pelos buraquinhos pequeninos da janela, faziam o dia daquela criança começar com mais imaginação.
O quarto pequeno ficava grande.
O sol era o pintor. A parede era a tela. A vida lá fora era a inspiração.
A criança que enrolava a sair do quarto para apreciar mais um pouquinho daquela pintura singular, feita sob medida na sua parede, se descobria, ainda pequena, amante da arte, mesmo sem imaginar que a arte poderia simplesmente, entrar pela sua janela enquanto ela dormia.
.
.
.
(Eu sempre amei observar os desenhos que o sol faz dentro de casa. Hoje, deitada na cama e mais uma vez, apreciando a luz natural entrar pela minha janela, resolvi resgatar - e registrar aqui - a memória de quando eu comecei a admirar essas pinturas)
