Insônia
A madrugada silenciosa é o momento onde as mentes barulhentas estão a todo pique, planejando o dia que logo vem. O silêncio da noite não cala os gritos do dia que passou e não acalma a mente frenética dos pensadores amigos da insônia.
Acordo no meio da noite
E ela está lá,
Ela sempre está lá,
Preparando seu açoite.
Tento manda ir embora,
Falo só dessa vez.
Seja cortês,
Más ela sempre me ignora.
Tentei de várias maneiras
Fazer ela sair,
Más não tem pra onde ir,
E ela é traiçoeira.
Só espera eu levantar,
Pra eu ir no banheiro
Ou por um sonho de desespero,
Pra poder me pegar.
Não tem pra onde correr,
A menos que faleça,
Pois ela mora na minha cabeça,
E sempre vai vencer
PERDIDOS NA NOITE
Quantos se perderam
No meio da noite!
Quantos se foram
De madrugada!
Quantos fugiram
Ainda de manhãzinha!
Quantos poemas perdi
Pelo capricho de não levantar
Quando seus versos me chamavam!
Agora, vai ser assim:
Podem achar que sou louco,
Mas não serei mais doido
De perder meus poemas
Por aí, no meio da noite!
3 e meia é a hora
Que meu anjo me assopra
Nos ouvidos e mostra
O que de dia se encosta
No fundo da alma rasgada
E com a garganta engasgada
Volto a dormir
O melhor tempo para você pensar sobre os erros cometidos é... quando você está deitado há três horas, naquela noite em que você não consegue dormir.
Dormir para quê?
Tantas coisas boas para fazer
Tantos lugares para conhecer
Tantos livros para ler
Ah insônia...
Onde anda você.
Tenho passado boa parte dos meus dias acinzentados e noites enluaradas a refletir sobre a mentira.
Não chego a conclusão que preencha minha insônia cada dia mais constante.
Dizem que quando não conseguimos dormir, é porque estamos acordados nos sonhos de outra pessoa. Ok , alguém pode parar de sonhar comigo que eu quero dormir!
de pé
na madrugada é quando
os pensamentos afloram
num sentimento infando
e agruras que choram
ilusões, em solitário bando
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Madruga? Ou madroga? É porque já fui viciado nessa parada, ela vinha trazendo reflexões que me deixava chapado tipo efeito cafeína me tirava o sono. Saia do planeta terra e entrava no meu mundo onde só tinha eu e o meu imaginário.
Um vício de reflexões, me fazia ir bem longe achando minhas verdades, para lidar nesse mundo moderno.
Autor: @n_.guimaraes
Sons da madrugada (1)
Galo canta desesperado,
Cachorro late incomodado,
Ambulância ecoa nervosa,
Criança chora clamando urgência.
A cama range de um lado,
O filho ressona aninhado,
Marido ronca como que em prosa,
O relógio acompanha a cadência.
Um gato grita miados roucos,
Um carro buzina e canta pneus,
Jovens bêbados bradam como que loucos,
Proclamam queixumes de amores seus.
Lá fora, noite acesa!
Os ruídos denunciam a atividade delirante.
Cá dentro, a casa dorme!
Noite escura, tinidos de sono reconfortante.
Só a caneta escreve
Movimentos que escuto de leve.
Nítidos somente a mim, e a mais ninguém,
Distingo outros sons também.
Som da saudade gritando no peito,
Som das palavras fervilhando a mente,
Som do cansaço suplicando leito,
Som da existência implorando argumento.
Tantos sons no silêncio pouco tranquilo da noite insone.
Três e treze, marcam os ponteiros.
Há algo que esta questão solucione?
Meu sono aniquilado por bulícios certeiros?
A chuva começa. É mais um som!
Chuva mansa, sem relâmpago ou trovão.
Mas seu som se sobrepõe, é o seu dom.
Está em seu âmago cumprir sua missão.
Como mãe amorosa
Ciente da fadiga enorme
Acalenta-me, religiosa
Instruindo suave: dorme!
É o que permanece.
Só a chuva mansa.
Nina-me e me adormece
A chuva... amansa.
Quem sou eu agora?
Além de um grito de desejo contido na imensidão da madrugada,
Em resposta o silêncio,
Tão profundo,
Que desaguar-me-ei,
Em transbordar-me
Ao meu próprio espectro,
Invenção de mim,
Sombra amargável,
Como o próprio amargo,
Opróbrio,
Fel,
Rasguei o dia,
Amanheci,
Leito frio,
Cama vazia,
Saudade da história infinda,
Nunca vivida entre você e eu.
Quem entende o que
agente não entende?
Será que querer entender tudo
é só uma “mera especulação”?
Mas deixar de querer entender tudo,nos coloca em uma triste acomodação?
São seus olhos que não me deixam dormir.
Desde quando os fitei, me perdi do labirinto de sua pupila.
É tudo tão quieto agora, só ouço os motores dos ares condicionados, da água que faz barulho quando pinga no chão e de um latido distante. Não dá pra ver muito daqui, a tela não faz brilhar as estrelas, só consigo ver uma ou duas. A luz que vem do canto parece que tem vida no fechar e abrir de olhos. Sinto um cone batendo em minha perna, meu fiel amigo da madrugada, tá pedindo um pouco do meu chá enquanto luta pra estar acordado. Hoje foram dois saquinhos de chá, pode ser que ajude. Ajude no sono, ajude nas dores, ajude na vida. Enquanto tomo meu chá e tento focar nas estrelas daqui, lembro de não compensar as pernas, não pode, não deve, tenho que me atentar a isso. Mais um dia vivendo, sobrevivendo. O que esperar de 2017? O que 2017 espera de mim?
Parte da noite que eu passo
Acordado
Afogado em pensamentos
Lúcidos
Lúdicos como jogos sem
Oponente
Impotente diante de ruas
Anônimas
Atônitas sensações de
Desamparo
Me deparo enfim
Com o despertar de
Parte do dia que eu passo
SONS SEM GAIOLAS
Ali, naquele galho retorcido
Repousam pássaros
Em ninhos ornamentados
Pequenas flautas com asas
Por si, são embelezados
Pelo torpor da existência
Ali, átrios e ventrículos se contorcem
O som tem insônia
O eco toca campainhas em hiatos
Sem perturbar nenhum átomo
E, a melodia mais bonita, foi cantada
Com saudade
Se conseguir ouvir
Diga-me que SIMbemol
Um par de asas
Um par de orelhas
Batem com muita fugacidade
Para ouvir a tua voz
O teu sorriso é um piano completo
Cada tecla me desafina
Me retoca o batom
Sei que meu pássaro logo passará
Esteja isento de ingressos
Ingressa-te livremente
No paraíso dos meus sons
Onde não há serpente
Nem maçãs
Só há pássaros vermelhos
Que passam nos meus lábios
E entram em espelhos
Espanto os corvos bons
Não me deixe em pausas
Contorça-me em teus tons
