Fios
Mexe, remexe, embola e desliza por entre os fios a passar,
Do que eram feitos todos os fios agora eu vou lhes contar:
Teceu o vento com tempo, rigor e esperança finas linha da vida,pequenas e entrelaçadas, elas sempre seletivas .
Mexe, remexe bola na peneira
Quem vem por ela passar?
Passou àquela moça a mais bonita que tinha naquele lugar,
Passou também aquele rapaz, ficou preso,mas voltou na segunda remessa do barro e logo tornou a escorregar;
E ela não para sempre trabalha para coisas boas selecionar.
As vezes é dura, e as vezes é mansa
Nos pondo a questionar, mas não questione pois nela só passa o que tem de passar.
Trabalha em conjunto com a saudade, trazendo alguns grãos de volta ao peneirar.
Mexe, remexe olha a correria tirando mais alguns de lá,
O rapaz que controla essa peneira tem o mais puro coração, a Cristo o chamam e Ele trabalha com essa terra sem nada esperar,
Foi lá no monte e pegou mais um punhado de terra,desta vez de outro lugar.
Que rica mistura e leveza ela tinha depois da peneira passar.
Tão leve e bela cada vez que ela passa essa terra há de se tornar,
Leve porém não menos forte
Pois as partículas hão de se juntar
Formando a montanha firme e forte
Tão forte,que pode até se moldar.
Um dia será um vaso
Mas antes,bem antes, muita poeira ainda há de passar.
Loira teus raios são sempre solares,
Claridade do teu alvorecer.
Fios de ouro escapando pelas mãos.
Irresistível convite ao toque,
E o vento te tira pra dançar.
Sabe luzir proeminente!
Teu giro é uma ciranda de Girassóis,
Que se assemelha as margaridas.
De sentimentos tão florida,
A excelência sorrida, em afluir a cor, e a singularidade.
Carregando nas marcas do tempo e das rugas espalhadas pela face, contrastando com os belos fios de cabelos brancos, esconde uma inesgotável fonte de experiência chamada maturidade.
Sou bordadas de flores
Costurada com fios de ouro
Minha pele coberta com lã.
Meu rosto macio como seda
Minhas mãos aveludadas
Como algodão colhido
No campo cheio de jasmim.
Sou filha do Cordeiro Santo
Sou a menina dos olhos de
Deus.
Mulher, teus cabelos longos e negros se enosaram nos fios de minha alma, corromperam meu ser, devoraram minhas carnes. Agora que nada de mim resta senão apenas o eterno admirar, fico sozinho a perguntar: O que seria de mim se ela tentasse, e se gostasse e se ficasse?
GUARDEI
Brinquedos em uma caixa,
bonecas descabeladas,
peças de quebra cabeças
fios de telefones estragados.
Guardei sem saber porquê,
juntei tudo sem saber como,
e no meio de tudo que somei,
achei,
uma blusa, uma meia e uma tiara,
perdidas na minha organização.
Coloquei bijuterias em uma pequena mala,
brincos que amarelavam,
anéis de plásticos,
pulseiras de miçangas,
colares de sementes emaranhados
que jamais ficavam desembaraçados,
Coitados.
Em uma bolsa pequena,
guardei minha mocidade.
Pós compactos,
rimeis,
lápis de olho preto,
gloss labial e corretivo.
Guardei meu eu em uma bolsa,
tornei-me palhaça,
maquiada,
uma farsa,
que deveria ter deixado guardada.
Guardei palavras dentro da boca,
engoli gritos que se alojaram em meu estomago,
me afoguei em lágrimas guardadas,
quase transbordadas.
Na mente da gente, há sempre uma semente guardada,
semente semeada, mágoas que guardamos,
de coisas que escutamos.
Guardei sentimento,
e hoje lamento,
ter guardado
o que de mais valioso eu tenho
e poderia ter compartilhado.
Nada importa, os fios prateados nos teus cabelos, as marcas no teu rosto, se alguns sonhos se perderam, se não foi possível realizar os sonhos que se perderam numa escolha errada, se tens marcas na alma... Nada importa se na tua alma permanece a luz da esperança, a luz da felicidade.
Aproxima-se a noite.... abrem-se as cortinas escuras, deixam entrar fios de luz escurecidos pelas trevas....
Aproximo-me da noite... silenciosamente, recolho-me como um poente.
A solidão acorda do seu longo sono diurno
fustiga minha alma com um açoite
faz tudo virar mais noite...
E de noite em noite,
nas enlutadas mãos da solidão,
eu luto pra me livrar da escuridão
da noite... da solidão... da escuridão...
da noite...
Eu pensaria duas vezes antes de respirar o ar gelado das altas montanhas. Os fios serão cortados e vou cair, não me deixe esquecer que o chão esta exatamente na posição em que se encontram as nuvens.
Um fio sozinho não tem força alguma e facilmente se arrebenta, mas se juntarmos 100 fios vira um cabo e se juntarmos 1000 cabos fica indestrutível.
FIOS DO LUAR
Pelos fios do luar
No sossego outono
Anda de efémeros sons
Os juncos de lama negra
Pelo plutão perdido no espaço
Charco de vales sombrios
Nos lençóis quentes da cama
Poesia de caído véu
Poeta purificado em urano
Essa lua brilhante da noite
De beijo dado no escuro
Abraço de espasmo cego
Num enxame de leitura efémera
Armadura de giz em Vénus
Pelos versos feitos de raiz
Alma de mercúrio vermelho
Na fogueira de velho centeio
"...quando os fios se entrelaçam você pode estar se unindo ou se prendendo, o tecido da vida será construído de qualquer forma..."
Fios de um acaso incompreensível se esticavam como cordas de piano pela minha vida, e nessa noite uma forja de fogo soldava passado e presente.
Fios que tecem
Meus cabelos quando crescem
Às vezes, no corte da mudança,
Outras vezes ao vento balança,
Outras, linhas de fios que tecem!
Gosto deles de qualquer jeito
Se assentado no liso perfeito,
Ou ao acaso com friz, eletrizado.
Não gosto deles todo chapado!
Fica com aspecto de lambido
Do tipo de cuspe de boi babado
Prefiro do jeito que ele nasceu!
Afinal o cabelo é todo meu
Se ele te causa desagrado
Vá fazer chapinha no seu!
Relacionamento pode ser comparado com dois fios de energia...
Vivemlado a lado, mas se um deles perder o controle o estrago estará feito; nãoseja o muro, apenas faça a sua parte.
O fio POSITIVO pode até gerar condutividade, mas é com o NEGATIVO que a corrente flue e as coisas funcionam!
Pelas ruas
fios emaranhados.
Obsoletos.
Metal esticado
carreando o nada
poluindo a visão.
A cidade é como a vida
precisa de faxina
para que haja
evolução...
