Crônicas

Cerca de 727 crônicas

CUMPRINDO O "IDE" DE JESUS

CRÔNICA

“Quem ganha uma alma sábio é...”
Segundo os evangelistas do NT, Jesus orientou seus discípulos a irem pregar o Evangelho da paz, por todos os lugares, por onde fossem.
“Em tempo e fora de tempo”.
Isso nos remete a duas situações: "Ir" a luta (ação) ao encontro das almas perdidas, como Jesus foi; e o fato de se “criar” situações para falar do amor de Deus a determinadas pessoas,como Jesus fez no caso da mulher samaritana.
Essa ordenança do Mestre aos discípulos, para que fizessem mais discípulos (ovelha gerando ovelha), foi uma ordem extensiva também a todos àqueles que abraçarem a fé cristã; e continuará a perdurar até a sua volta.
Pregar e ganhar as almas para o reino de Deus, não é um privilégio dos anjos ( e olha que eles gostariam muito de terem essa missão,mas isso não foi possível), do pastor, dos obreiros; mas, é uma obrigação de “todos” os salvos em Jesus.
Então, a obra de Deus conta com esses “trabalhadores” para crescer e frutificar.
Imagina só!... "Trabalhar para Deus!..." Que bom não é?! Mas...
O salário é o "amor".
E sempre há vagas!
“Como ouvirão se não há quem pregue, e como entenderão se não há quem explique”?
Portanto, "Ele nos impôs essa obrigação" e, "ai de mim se negligenciá-la" disse o apóstolo Paulo.
Quando convertido à fé cristã, eu queria falar de Jesus para o mundo inteiro ouvir; queria que todas as pessoas servissem a Deus, como eu estava servindo.
Havia um prazer incomensurável e incontido no meu coração, e eu só queria mesmo era compartilhar aquele júbilo com mais alguém.
Aquela satisfação era com certeza resultante da liberdade que o Espírito Santo encontrava na vida da gente.
No nosso relacionamento havia uma “folga”; e era bom está com Ele. E quando a alegria no Espírito aflorava dava para sentir que “a recíproca era verdadeira”.
Mas, eu não andava devagar com “o andor” como diz o ditado: era meio fanático, quanto a maneira de pensar,de agir e de falar das "boas novas" de Cristo.
Certa vez tentei proibir minhas irmãs de assistirem suas novelas preferidas, lá em casa; mudava de canal ou desligava a TV. Aí, o “caldo engrossava...”
Às vezes tinha que sair numa velocidade!...e evitar um problema maior.
Eu estava totalmente equivocado: pois, não é “por força ou violência”, que a gente vai fazer as pessoas entender o que deve ser melhor para suas vidas.
Mas, somente o Espírito de Deus pode trabalhar no coração do homem.
Admito meus erros em dados momentos, ao cumprir o “ide” de Jesus:
pois na tarefa de falar do seu amor, eu realmente incomodava muito, às pessoas.
Porque me faltava mais qualificação, ou mais sabedoria, para isso.
Como mensageiros de Cristo, não devemos levar as coisas a "ferro e fogo" ou sobrecarregar as pessoas pelo muito falar.
O alimento da palavra de Deus deve ser dado com moderação;
assim como se deve observar as leis da nutrição quanto a quantidade, a qualidade...
Para que o nutriente cumpra sua função de dar a vida e não a morte.
Mas só soube dessas verdades muito depois.
Tudo deve ser no tempo de Deus, na vontade Dele. Aprendi que a persistência e a prudência é o segredo do sucesso de quem faz a obra do Senhor.
Certa vez, fiz um “pacotão” contendo bíblia, harpa Cristã, revista da escola dominical, jornal Mensageiro da Paz;
folhetos evangelísticos, e uma carta com oito laudas e trinta e sete referências bíblica e o enviei ao amigo João, fiscal da Receita Estadual; que havia sido transferido para uma cidade no estado do Tocantins;
pois desejava muito que ele aceitasse Jesus como Salvador; éramos muitíssimos amigos e parceiros de jogos de damas e xadrez.
Tempos depois, João regressou a minha cidade,e fiquei sabendo dele ter dito a uma pessoa, que eu estava meio "chato"com aquele “negócio de Jesus”;
mas a mim, fez uma declaração diferente e interessante:
disse que a bíblia que eu o havia lhe dado, e a carta que recebera, iria acompanhá-lo pelo resto da sua vida.
Verdade ou não, isso não importava muito para mim; eu queria mesmo ser “chato” e falar das boas novas de salvação a todos que cruzassem o meu caminho.
O certo é, que nos foi “imposta essa obrigação” tão sublime (ganhar almas para o reino de Deus), não pode ter uma honra maior do que essa.
Cumprindo com as obrigações de Jesus, eu fui falar do seu amor a uma alma que estava internada na "Casa de Saúde" de Campos Belos.
Convidei a tia Lídia Vieira, para me assessorar nessa tarefa;
ninguém melhor do que ela na cidade para essa tão nobre missão:
pois, além de ser uma das fundadoras e lideres da instituição religiosa a qual eu fazia parte:
era (é) também a própria mãe do paciente que estava em tratamento naquele hospital, que estava na pauta dessa visita.
O primo Jamil estava mesmo muito debilitado.
Havia contraído uma terrível febre amarela no estado do Pará, quando se aventurava nos garimpos de ouro, daquela jurisdição, em companhia do seu velho pai, o tio “Vieira” como era conhecido.
O Jamil pensava muito em morrer sem Jesus e sem salvação.
Quando comecei a lhe falar do plano da salvação, que Deus traçou para o homem, parecia que ele bebia aquelas palavras.
Antes de despedi-me dele, fui ao carro e peguei uma literatura cristã, “O Coração do Homem” para que ele lesse.
Pronto!
Era tudo o que o Espírito Santo precisava para concluir a obra de salvação em sua vida.
Disse-me depois que desde o primeiro momento que começou a leitura daquele livreto; seu coração “ardia” de coisas boas.
E a partir de então nunca mais foi o mesmo: “as coisas velhas passaram e eis que tudo se fez se novo” em sua vida.
O Espírito Santo o convenceu do pecado da justiça e do juízo.
Aceitou Jesus como único e suficiente Salvador de sua vida! Numa igreja mais próxima da sua casa, naquela igrejinha que fora demolida na Vila Baiana..
E, não parou mais de caminhar com os salvos, para a Canaã celestial.
Até hoje, o Jamil da tia Lídia, têm dado um bom exemplo cristão;
e sempre cooperou grandemente na obra de Deus:
foi presidente da mocidade, diácono e atualmente é presbítero da Igreja Assembléia de Deus em sua cidade.
E nesse caso e noutros, me senti muito honrado de cumprir com o "ide" de Jesus, nosso Senhor!

04.09.16

Inserida por NemilsonVdeMoraes

"GRAÇAS A DEUS"

CRÔNICA

Estejam sempre alegres, orem sempre e sejam agradecidos a Deus em todas as ocasiões. Isso é o que Deus quer de vocês (1 Tessalonicenses 5:16-18).
“Cobra de vidro”, como era conhecido não saia do bar de Betinho, tomando pinga com mel...
O irmão João e a irmã Maria, seus pais, viviam intercedendo a Deus por ele para que o Senhor usasse de misericórdia e o libertasse daquele maldito vício.
Mas, Jucélio só pensava “nela” na bebida.
O levei à igreja evangélica no Céu Azul, num certo domingo de abril, onde participamos de um culto abençoado.
A pregação daquele dia tocou-lhe bastante.
Falava do “amor de Deus que pode nos tornar mais fortes para enfrentarmos os problemas da vida."
Depois do sermão, o pastor regional fez o apelo aos visitantes, que ainda não professavam uma fé:
“Caso haja em nosso meio,alguém interessado em seguir o caminho maravilhoso de Jesus se manifeste!”
Jucélio, já envolto em lágrimas, não resistiu o apelo, e levantou as duas mãos em sinal de aceitação a Jesus, como Salvador de sua alma.
Mas, ele não rompeu muito tempo na fé cristã, e voltou para o “mundão”.
Começou novamente ser visto nos ambientes mundanos.
Gente boa o Jucélio! Trabalhador e muito prestativo. Tínhamos uma boa afinidade.
Quando nos víamos era uma alegria só. E me cobrava uma visita à casa de seus pais para conhecê-los.
Jucélio, mais recentemente, fez a opção de morar nas ruas do bairro onde foi criado;
em “malocas” com os seus antigos companheiros de bebida.
Já estava usando armas. Na última vez que nos encontramos foi na praça da igreja matriz, do bairro Lagoa, região de Justinópolis.
Depois dos nossos cumprimentos, puxou da cintura uma enorme faca de aço inoxidável de 12’ polegadas, que clareou na luz do dia, ofuscando a minha visão.
Pedi a ele que guardasse aquilo, pois era perigoso se cortar com ela e também poderia ter algum policial o observando.
Atendeu o meu pedido, e voltou com a lâmina fria, para a cinta, sem bainha mesmo.
Ainda que vivendo a perambular, não deixou de me convidar a visitar seus pais.
Desta vez, não me foi possível resistir; e fui com ele fazer aquela visita.
Parece que seu velho pai, o irmão João, nos aguardava, e nos recebeu no portão, com alegria.
Quando o cumprimentei com a “paz do Senhor” como usam fazer os santos, ele respondeu-me com um “graças a Deus”. E nos convidou a entrar na sua humilde residência.
Como uma boa mineira a irmã Maria, nos ofereceu queijo fresco e cafezinho feito na hora, com uma fumaçinha subindo da beira da xícara.
Na despedida, seguindo um velho costume ainda muito usual no seguimento evangélico, li um texto na bíblia sagrada e oramos coletivamente antes de seguir meu caminho.
O irmão João não conseguia dizer palavras alguma, em diálogos que tentava fazer, a não ser “graças a Deus”.
Então, despedi-me dos demais, e o irmão João, muito cortês, acompanhou-me até o portão;
ao despedi-me dele com a paz do Senhor, novamente ouvi da sua boca, o último “graças a Deus” da sua vida.
Tempos depois, encontrei-me com o seu neto:
- “Roger, outro dia estive na casa do seu avô e tudo que ele ia falar só saia “graças a Deus” da sua boca, eu fique preocupado com aquilo.
- Te explico:
tempos atrás ele sofreu um fulminante Acidente Vascular Cerebral (AVC), e, esse problema de saúde afetou a sua fala e memória, de tal maneira que ele esqueceu-se de todas as palavras que você possa imaginar; menos o “graças a Deus”.
Aquela expressão de gratidão do irmão João, o acompanhou ao túmulo.
“Quão grandioso é o nosso Deus!” A sua "graça", na vida de seus servos, atrai os pecadores a Cristo. Por isso, ela deve sempre está presente na vida do cristão.
A doença poderá tirar todas as palavras da mente de um salvo.
Mas, neste caso especial, ela não pôde tirar a palavra de agradecimento "graças a Deus" da cabeça do irmão João;
porque ela não estava mais lá, e sim no coração.
A grata palavra a Deus é o que fica!
Graças a Deus!

- 07.09.16.

Inserida por NemilsonVdeMoraes

EI NEMILSON!...

CRÔNICA

É sempre muito bom, quando vivemos numa terra, distante das nossas origens,e de repente encontramos um conterrâneo.
Residindo na capital mineira por pouco tempo, fui ao centro da cidade para comprar uma camiseta com um preço mais em conta;
entrei na antiga Mesbla Magazine na esquina da Avenida Afonso Pena com a Rua Curitiba;
mas, não achei graça no preço da referida vestimenta, por lá.
Como bom 'pechincheiro' que sou, fui visitar outra loja, a C & A, e segui pela Rua dos Tupinambás, no sentido a zona sul.
Logo depois que cruzei a Rua, Rio de Janeiro, ouvi alguém gritar o meu nome no final do quarteirão à frente: “ei Nemilson!... ei Nemilson!...”
Que bom!... Alguém me chama!...
Se for um conhecido meu, lá do nordeste de Goiás, vai ser uma alegria muito grande! Pensei comigo.
Apurei os sentidos e fui me aproximando do emissor daquela voz; insistente:
"Ei Nemilson!..."
Mais próximo desse chamamento, a “fixa caiu”:
ele não estava preocupado com a minha pessoa,não era um conhecido meu e nem um conterrâneo: tratava-se de um vendedor de mangas.
Naquela época a moeda corrente do nosso país, ainda era o “Cruzeiro”; então, poderia se dizer:
“Vendo isso ou aquilo, por mil cruzeiros, dois mil cruzeiros..."; e assim por diante.
O camelô trabalhava numa banca na esquina da rua que eu estava, com a Avenida Amazonas, e não era o meu nome que ele pronunciava, como pensei inicialmente;
mas, ao oferecer suas frutas eu entendia direitinho como sendo: "ei Nemilson!"
A história mudou e a verdade clareou, quando pude ouvir nitidamente:
“Três é mil!... Três é mil!... Três é mil!...” - Três mangas por mil cruzeiros.
Por aquele apelo não se tratar de ‘ei Nemilson’ e nem de alguém da minha 'terrinha'.
Afastei-me do alcance sonoro daquele apelo comercial; um pouco melancólico, pois, eu desejava tanto encontrar um amigo, naquela “selva de pedra”...
Tão bonita! Mas ainda tão estranha!...

16.09,16

Inserida por NemilsonVdeMoraes

O desejo

Nos últimos dias me bateu um desejo de voltar a escrever as minhas crônicas. Transformar alguns “rabiscos digitados” no computador em escritos que abordam um pouco sobre o meu pensar e agir diante do que capto da realidade.
Com o passar do tempo me veio uma série de temas, como por exemplo: amor, perdão, paciência, angústia, liberdade, solidariedade, fé, sabedoria, filosofia. Porém, decidi simplesmente escrever, não com o sangue como direcionaria o filósofo alemão Nietzsche, mas com sensibilidade.
Então, como começar se não tenho um assunto específico?
Vamos lá! (...)
Pensando! Pensando!
No instante que penso, veio em minha mente o Rubem Alves, que tentava descobrir em uma de suas obras o pensamento que ele pensava quando se estava pensando. Parece loucura, não é?
Mas o que virá ser a loucura? Se não essa vontade infinita de ser o que a nossa mente nos possibilita sermos com os nossos sonhos, fantasias, desejos...
O que virá ser o pensamento? Se não vontade infinita de voar sem sair do lugar como cantarolava a banda Cidade Negra!?
Aí estou eu! Escrevendo sobre o pensamento, a vontade, a loucura e o desejo.
Mas... Voltando a Nietzsche, o que significa escrever com o seu próprio sangue? Talvez, pensar com a sua própria alma? Expor com sensibilidade, o seu amor por algo ou alguém?
Deixo algumas perguntas para servir de alicerce para novas possibilidades ou novas viagens... Encare essas indagações como uma espécie de caminhada infinita que só termina quando quiseres parar de fluir as suas próprias potencialidades.
Logo, o infinito aqui, quem vai determinar o que é, e será, é você, leitor.

Inserida por AVANDELSON

sobre asas da cronica
retruco em meus sonhos,
... pesadelos talvez que te agrada...
calo me diante teu silencio,
tento chorar em uma canção
que teu espirito respira
em tais formas e distancias
que nada torna se uma melodia,
sobre o luar sua face me encanta,
sempre digo que para sempre
é parte de nossos destinos,
para ainda poder viver seu amor.
mesmo depois de morte inevitável,
o desejo sobre o parador de nossas almas
atravessam os portais do tempo...
e olho nada mudou diante da primeira vez que a vi
nos notórios espaços escuro...
então deixe me nas profundezas do teu coração.

Inserida por celsonadilo

A minha teimosia é crônica.
Sim! Absolutamente crônica.
...ou você acha que foi com uma mente volátil e um caráter dobre que eu cheguei até aqui?
Sou a teimosia em pessoa.

Sou a teimosia enraizada.
Sou aquela mão que agarra um galho em meio a correnteza.
Sou aquela flor que nasce apesar do asfalto.
Sou onda do mar contra rochedos.
Sou a palmeira suportando os ventos.

Quem me olha e não me vê quer podar minhas raízes.
Quem me vê apesar da superfície sabe que há vantagens em tudo isso.

A minha teimosia é a raiz de uma personalidade forte, que sobrevive apesar da superficialidade que o mundo exibe.

Inserida por Lizzyauer

Crônica de Epitácio Rodrigues

SÓ PALAVRAS


Palavras, palavras e mais palavras! Nos últimos tempos tem crescido em mim uma estranha sensação de banalidade léxica. É quase uma vertigem como a do Antoine Roquentin sartreano. Cada vez que saio de casa para o trabalho ou outra atividade extramuros sinto-me como se estivesse entrando num caótico labirinto de frases e palavras e sem o novelo de linha de Ariadne, que me ajude a encontrar um caminho.
Por todos os lados, em forma de frases gastas, jogadas ao chão ou aprisionadas em papeis, palavras voam sem direção; às vezes, pichadas em paredes como aranhas disformes e contraventoras ou transformadas em avisos colados em postes, a fazer promessas de felicidade e prosperidade demasiado suspeitas: “trago seu amor de volta em cinco dias!”; transmutando-se em anúncios impressos em outdoor que querem me seduzir a comprar a futilidade maquiada de garantia de sucesso.
Nas ruas e avenidas, elas correm, ultrapassando à direita e ou esquerda da pista, em carros e motos velozes que rumam, sem rumo, movidas por pensamentos equivocados para os quais correr é sinônimo de liberdade.
Palavras, palavras e mais palavras! Vejo-as mergulhadas nos corpos das pessoas apossando-se da sua epiderme como um “cobreiro” discreto: chamam a esse “empossar” de “tatoo”. Vejo-as também misturadas às roupas, bolsas, sapatos, tênis, sandálias, cabelos e cabeças.
Para todos os lados, o horizonte que meus olhos alcançam parece dominado por um deserto de palavras: sejam grandes, pequenas, coloridas, mixadas e ensurdecedoras; ditas, sussurradas, tecladas e gritadas; dinâmicas, brilhantes ou pulsantes. Todas elas são ermitãs de sua própria condição dizente, docente, eloquente.
Conta-dicção do dito: nada dizer! Pois, o paradoxo de tudo isso é que, por alguma razão, mesmo me vendo cercado de palavras, tenho sempre uma incômoda sensação de que, para além dos invólucros criativos que as revestem, o conteúdo parece cada vez mais vazio. Assim, ao final do percurso, prevalece sempre a mesma impressão de que são apenas isso: palavras que já não conseguem dizer mais nada.
São apenas palavras.

Inserida por Epitacio75

O 'SABER’ PRECISA SER REPASSADO

CRÔNICA

As artes, as tradições, os bons costumes, a circulação das informações,os saberes; devem ser perpetuados de geração em geração. Para que a cultura de um povo não morra.
Não devemos ser egoístas, a ponto de reter só para nós, o conhecimento, e a capacidade de reałizarar algo proveitoso,que um dia nos foi dada.
O compartilhamento com o próximo, daquilo de bom que chegou a nossas mãos e nos faz bem, é sempre muito bem vindo para a alegria e o bem-estar do nosso irmão menos favorecido.
Geraldo, foi meu colega num curso de Eletricista Bobinador, numa unidade do Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) do Rio Branco, e nos tornamos bons amigos.
Ele morava no bairro Saudade, região Leste de Belo Horizonte. Num trabalho escolar, em dupla, estive em sua residência para providenciar a elaboração mesmo.
Num ‘bate papo’ ligado ao mundo do trabalho ele me relatou um fato interessante quanto ao ‘repassar o saber’.
Este meu amigo trabalhou por muitos anos, numa conceituada empresa gráfica, na capital mineira.
Dentre os muitos equipamentos para a execução dos serviços, estava uma impressora Off -set de fabricação alemã.
-Outro dia o mestre Afonso me fez conhecer uma relíquia dessa, na sede do Ministério da Fazenda de Minas Gerais, ainda em atividade.-
Aquela 'raridade' era o ‘xodó’ da referida empresar.
Abaixo de Deus, ela era a responsável pela manutenção daquela instituição prestadora de serviços.
Com mais de quarenta pessoas que dependiam dela, para se manterem empregados.
Infelizmente não houve a preocupação por parte da administração,em qualificar pelo menos mais um colaborador, para trabalhar com aquele maquinário.
Somente o Celestino sabia como ninguém, operá-la. Desde que a firma se estabeleceu por volta de 1960.
O Celestino não ensinava a nenhum dos colegas aquele seu trabalho e não permitia ninguém passar por perto do tal equipamento.
Havia aprendido aquele ofício noutro Estado;
"quem quiser aprender essa profissão, que vá a São Paulo como eu fui." Chegou dizer isso, certa vez, à alguém.
Qualquer folguinha, o Celestino estava com a flanela na mão; tentando tirar uma sujidade real ou imaginária do seu instrumento de trabalho.
Até que num certo dia, como de costume, às sete horas da manhã, Geraldo estava batendo o seu cartão de pontos e assumindo o seu posto de conferente no setor de recebimento.
E não demorou muito a ouvir um ‘zum...zum.. zum...’ no interior da firma.
Procurando saber do que se tratava, logo soube:
Celestino “havia partido desta para uma melhor” sofrera um infarte fulminante, não resistiu, e entrou em óbito.
Aí foi um ‘Deus nos acuda’: para se fazer o traabalho fluir como antes;
travou-se todo o processo produtivo de uma vez. Ninguém sabia trabalhar com aquela ferramenta.
A demanda, por aquele tipo de serviço,se acumulou muito rapidamente!
Então, a diretoria tentou de tudo quanto foi jeito sanar aquele problema, mas, não teve sucesso.
Postou inúmeros anúncios em todos os classificados e mídias existentes - até em outros Estados da Federação -,procurando um profissional habilitado para ocupar aquela vaga. Foi tudo em vão.
Não apareceu ‘um filho de Deus’ sequer para operar a Off-set.
Estava decretado então, a falência:
não demorou muito e todos os funcionários estavam no ‘olho da rua’ engrossando as filas do desemprego que assolava os anos de 1980.
“Quem não têm não pode dar.” Mas se Deus nos confiou uma condição melhor ou uma habilidade a mais, não custa muito, dividir um pouco do que temos com quem não têm.
Porque se for para o bem de todos, o saber, precisa ser repassado.Para quê, não haja falta.

19.09.16

Inserida por NemilsonVdeMoraes

Crônica do Ratinho

Cresci assistindo, os salvadores, Bernardo e Bianca. O Topo Gigio era meu amigo. Chorei com Fievel, quando ele se perdeu e vibrei quando, finalmente, encontrou sua família. Adotei, também, o Stuart Little. Corria com o Ligeirinho. Sempre torcia pro Jerry, embora gostasse do Tom.
Meu super herói? Supermouse. Planejei dominar o mundo com Pink e Cérebro.
Quem não queria um amigo como o Timóteo? Sentia inveja do Dumbo.
E a Cinderella? Cuidava de seus amigos como ninguém; costurava, alimentava, protegia e cantava para eles.
Rémy, doce Rémy. Me fez entender o mundo da culinária. Me fez acreditar que poderia cozinhar, me fez querer comer Ratatuille.
Quem não conhece o Mickey Mouse? E a Minnie? Que garota não queria usar aquele laço na cabeça? Hein?!
E, hoje, estava lá, o corpo estirado, daquele que poderia ser um cozinheiro, ou detetive, ou um mago, ou, se tivesse chance, nosso super herói.
Foi-se a fantasia e o drama se instalou.
Superar, Papai Noel, foi fácil, não encontrei ele morto, não precisei ser mandante do seu assassinato.
Crescer, às vezes, é muito cruel.
Num dia você está sentada, vendo seu ratinho preferido e comendo pipoca; no outro, você está vivendo, como num filme de terror, com um rato de verdade, morto de verdade; muitos gritos e ranger de dentes.
Não me restou outra opção, a não ser: Pedir perdão aos deuses da fantasia, cobrir os olhos da minha menininha interna e seguir velando, de cima da cadeira, o pobre cadáver morto, mortinho da silva.

Inserida por meianoite57

⁠Minhas Crônicas

O REVELAR DO QUE É BELO


Nas manhãs em que as nuvens estão encobrindo a luz dos raios de sol, o sorriso dele parece ser a única coisa capaz de me iluminar. E nas noites mais escuras, os olhos dele são como lanternas de vagalumes, têm um brilho cintilante, capaz de me fazer perder o medo do desconhecido. Capaz até mesmo de me desafiar a abandonar meus segredos e viver as coisas que nunca me permiti, construindo uma nova face de uma beleza que eu antes nunca vi..

Quando estamos juntos, sinto que minha aura está na mesma sintonia que a dele, como se fôssemos duas partes do mesmo propósito, aprendendo sobre a essência um do outro, desenhando nossas histórias nas nuvens brancas do céu. Toda a insegurança se desfaz, e juntos nos tornamos um só, tal como as notas musicais dando vida à uma canção.

Estar com ele me traz a leveza de uma brisa de outono, me traz a alegria de uma criança ao ganhar um presente de natal. Tal como se fosse chocolate derretendo no céu da boca, é essa sensação que estar com ele provoca em mim. Tudo entre nós floresceu com a mesma naturalidade do nascer de um novo dia, fluiu como a intensidade das águas de uma nascente tomando a superfície de uma terra seca, tornando habitável o que antes era inóspito, povoando de esperança os corações que outrora sofreram com tantas decepções.

Hoje a gratidão é o que me transborda. Tê-lo encontrado deu sentido àquilo me propus a viver. Eu me lembro das vezes que chorei enquanto pedia a Deus por alguém como ele, que pudesse entender que embora eu não fosse tudo o que quero, fosse capaz de abraçar tudo o que me esforço para ser. Quando ele chegou, eu soube que que Deus havia me honrado, e que nenhuma das lágrimas derramadas foram em vão. Sinto-me totalmente tomada pela decisão de ser dele tanto quanto pertenço a mim mesma. Com ele, é como se o mar não fosse tão furioso, consigo admirar sua calmaria, mergulhar nas emoções borbulhando em meu peito e ainda assim, sentir-me calma, sem preocupações se vou me afogar ou se vou perder o chão sob os meus pés.

Nunca soube ao certo qual seria o tempo certo, mas eu sempre acreditei que ele haveria de chegar. Por vezes meu coração se tornou deserto, e houve vezes em que eu fraquejei na minha fé. Por tantas vezes eu tive que levantar sozinha, depois das quedas que sofri por causa da minha precipitação, mas o amor que eu carrego na alma, ensinou-me a ser mansa, fez-me entender que para ser livre, eu precisava me desprender daquilo que eu já conhecia e entregar-me ao Criador por inteira, para que só então eu pudesse me reaprender.

Tudo agora é diferente, quando olho para trás, não vejo mais um passado tentando me engolir. Finalmente me sinto vaso moldado pelas mãos do melhor oleiro, capaz de armazenar e doar minha bondade sem nunca me esvaziar, e agora não trilho mais meu caminho sozinha, aquele que Deus me prometeu me acompanha e a sabedoria das suas palavras e ações, serão sempre minha inspiração, porque o seu coração manso e seu espírito de adoração completam minha alma apaixonada e o meu desejo de viver para Aquele que nos amou primeiro.

Inserida por RafaelaPortilho

⁠⁠Acúmulos -

Talvez seja um dos maiores males
deste século:
Esse sentimento de rejeição
crônica, acumulada e
negada.

Pessoas sentindo-se solitárias
em meio à multidão,
acumulando palavras
não ditas,
desejos não expressados,
choros não chorados.

Pessoas, cada vez mais,
sentindo-se totalmente inúteis,
incapazes,
rejeitadas por tudo, por todos...
pela vida.

Pessoas (normalmente
responsáveis, cuidadosas),
mesmo quando inocentes,
com um estranho sentimento
de culpa.
Ninguém entende nada,
no entanto (dizem), está tudo
normal.
(Não, não está!).

(As relações humanas estão saturando — esgotando-se).

Expectativas criando ansiedade.
Ansiedade criando mais ansiedade, desencadeando pânico — medos, aflições.
Por fim,
uma enorme frustração — angústia.
Um enorme peso — desânimo.

Pessoas, extremamente frustradas,
tendo que submeter-se a trabalhos "pela metade", relacionamentos "pela metade",
vidas "pela metade".
Com isso, sentindo-se ainda
mais reduzidas.
(Sim, isso é muito velho). Mas isso,
como consciência, é destes
tempos — inconscientemente esquisitos.

É um sentimento rejeitado;
Um sonho rejeitado;
Uma vida rejeitada.

Uma geração de "robôs"
que cultuam o desapego, a frieza,
a superficialidade — uma espécie de não amor.
Movida por sentimentos ínfimos, relacionamentos fúteis — facilmente descartáveis — em que alguns (e não são poucos),
hora ou outra, se quebram por, naturalmente, criarem raízes, desabrocharem confiança,
fantasiarem sonhos.

Mas o que está à mostra,
o que vemos:
semblantes felizes, corpos firmes, festas, sorrisos — gente bem vestida, bem amada, bem resolvida — online.

A tela apaga-se e o que
sobra é outra coisa:
Uma realidade fria e sombria,
de gente solitária, ferida, magoada,
que não cabe em Rede Social.

Acúmulos, mais acúmulos,
ainda mais acúmulos
e um estouro.

Tarde demais:
não há mais tempo para
mais nada.

Inserida por SilvioFagno

Divina crônica

- "Esconde esse chocolate, pq senão não dura um dia, vc sabe como é..."

E os chocolates foram para o armário, longe das vistas do "guloso". Porém uma barra permaneceu aberta e volta e meia alguém tirava um teco, mais um, e outro, e durou a semana toda.
Uma pequena porção adoçava aqueles dias...

Alimentaram o amor!

Ela comprou um monte e comeram tudo de uma vez...se empanturraram de guloseimas...deitados, rindo alto, brincando como crianças...

E alimentaram seus egos!

Não contente esbravejou... tem chocolates escondidos no armário...desde sempre. O guloso se empanturrou de ódio, ela de vingança....

Ealimentaram seus demônios!

Do alto os anjos cuidavam...havia um amor maior, sublime, puro, incapaz de ser comprado, comparado e nem trocado. Nenhuma guloseima, nenhum dinheiro, nem nada humano poderia intervir.

E no alto os anjos salmodiavam....

E alimentaram a paz!


"Salmos 46:3 Ainda que as águas rujam e se perturbem, ainda que os montes se abalem pela sua braveza.4 Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o santuário das moradas do Altíssimo. 5 Deus está no meio dela; não se abalará. Deus a ajudará, já ao romper da manhã.
#fragmentosdevida
#homenseanjos
#amoreseódios
#Deuseodiabo
#morteEvida

G.M.

Inserida por g_n_rose_magalhaes

2 Crônica 7:14,15
Se esse meu povo.
Que se chama pelo meu nome.
O Senhor Altíssimo, do milagre e fenômeno.
Que inclina se ao que se humilha.
Do céu derrama maravilhas.
Sara, cura, restaura e edifica.
A rocha concreta.
O coração de Cristo.
O segredo, a alma secreta.
É que o Senhor.
Que realmente fez, faz, fará.
Excede o entendimento, frustra as artimanhas de obra má.
O engano, a ciência rebelde.
Engenharia de manipulação.
Escravidão.
Usurpa, sangra a Terra.
Mancha nação.
É que Deus é bom, perfeito e agradável.
Do céu recebe o clamor.
Limpa as chagas do pecado.
Grato somos.
Brasil de um sonho intenso.
Raio vívido.
Uma vez aflito.
Contudo, esperançoso.
És nosso Cristo, vivo alívio.
Giovane Silva Santos

Inserida por giovanesilvasantos1

⁠Li uma crônica de Martha Medeiros hoje sobre a felicidade de uma criança e parei um tempo para refletir sobre isso. Essa escritora realmente parece profetizar alguns momentos da minha vida.
Viva Martha, que sempre me arranca lágrimas no canto do olho ou gracejos quando me ensina coisas sobre as mulheres, sobre a vida, sobre a humanidade, sobre a alma humana.
Logo eu, que já convivi com tantas pessoas sem alma, que fizeram dos filhos seres estranhos ou objetivos cumpridos de um "projeto de vida" mal rebuscado.
Observei de perto pessoas que "faziam filhos", semelhantes aos conceitos de "a fábrica - de Flusser" ou "ter filhos", modo aquisitivo de vida discorridos por Erich From em Novo Homem e Nova Sociedade.
Filho não pode ser projeto. Filho não é um objeto. Filho é "fruto" que sai de dentro, foi a união de duas sementes, de duas almas...
Aquele filho será terá sempre uma unidade com os outros dois corpos que o semearam, mesmo que se distanciem, seja por consenso, seja por desavença.
Deveria ser hediondo o crime de um genitor que tenta afastar o filho do outro, deveria cumprir pena todo aquele que faz alienação parental, que causa mais sofrimento à criança do que ao alvo que pretende atingir.
Porque o mundo ainda não descobriu o valor do amor? Que amor lançado é semente que germina facilmente, e o coração da criança será sempre uma terra fértil.
Os pais que amam os filhos relevam as barreiras existentes entre si e constroem pontes de amor, que os levam ao coração dos seus filhos. Mesmo que entre si não haja manifestações de amor aparente, quando amam os filhos com atitudes, já exercitam o amor mútuo entre si, inclusive! O amor é o elo invisível, acima das palavras...

Inserida por jozedegoes

⁠Crônica de uma vida de ilusões
Onde podemos viver a vida que sonhamos? Onde podemos despejar nossas ilusões e emoções sem se preocupar com as pedras que serão jogadas sobre nós?
Viver o simples é viver tranquilamente,mergulhando profundamente em nossas ilusões,há ilusões! Ilusões essas, que nos sufocam tentando tirar nosso último oxigênio armazenado em nossos pulmões e dilacerando o que resta de nossa alma.
Dizem que uma pessoa não vive sem amor,carinho e companhia,mas na verdade,ela não vive sem as suas ilusões,porque é bem mais fácil alimentar uma fantasia,do que encarar uma dura realidade.
Às vezes,ficamos em cima de uma corda bamba,e quando menos esperamos, a vida nos derruba no meio do vão,impossibilitando que continuemos nossa caminhada e jornada das ilusões criadas pelo nosso subconsciente.
e é aí que nos damos conta que,de tantas ilusões criadas e alimentadas por nossa mente atormentada,acabamos deixando de fazer o mais importante na vida,viver!

Inserida por lucas_de_freitas

⁠Poema-crônica de presente para Yara Drumond
Simplesmente Yara
Victor Bhering Drummond , 22/01/2013
Ela vem sempre assim
Pra você e pra mim
Olha, quanto sol-verão
Em seu cabelo dourado
Que requebra e desenha
Curvas de belos sentimentos
Ela vem com seu perfume doce de menina
Sua voz meiga e forte
Se faz criança, se faz mulher
Mas muito mais: requebra o intelecto
Para nos ter sempre por perto
Pois gosta de ter no coração um cafuné
Yara, espécie tão rara
Quanto às mais azuis das araras
Pedaço da natureza
Da borboleta que voa colorida
Na imensidão de flores e jardins
Yara Jasmim
Pra você e pra mim
Provando que é possível colher
Coloridos das pedras
Yara mãe das águas de nossos olhos
Pois os comove de alegrias
E compartilha as tristezas
Como forma de empatia
Com-paixão
Voz de flauta doce
Ritmo de violão
Yara que cuida e se faz presente
Para Marias, Nazinhas e Nanás
Para Kikas, Valdis e Cristianes
Para Victors, Flávios e Joões
E rodopia, roda, roda
Como um carrossel
Ou como a simplicidade dos peões
Soltos ao chão e deslizando em mel
Yara brisa nas tardes geladas
Yara bonequinha
De Maria Chiquinha
Yara pura química
Alma do mais puro dos farmacêuticos do passado,
Que colecionava frasquinhos e ervas
Para a cura dos problemas da cidade
Nos faz olhar para escorpiões sem medo
E desvenda os seus segredos
Como o doce veneno capaz de trazer vida
Quando só enxergamos o óbvio de nossas lidas
Ela é irmã, amiga, tia, filha, parceira, cúmplice
Amor de e para todos
Cantinho de ternura e acalento
Com seus cabelos ao vento
É bom que também voe
Para que espalhe aos quatro cantos
O pode e a força do seu encanto

Inserida por victordrummond

⁠Crônica: Brasil e a cultura eleitoral.
Carreatas e escassel, povo gosta do festival, uma pena esse bordel, gente faminta, a beira do colapso e a bagagem pesada das fanfarras em multidão, gasolina, fogos de artifício e as panelas vazias, e o pior, as mentes mais vazias, escassez de liberdade, escassez de decência, uma vez que o coloio entre rivais que de repente se tornam amáveis, cansaço, esgotamento, lamento, o ato, o fato, o Brasil, o povo e a assinatura popular em comunhão com a podridão, alto lá Brasil, que se vende e se dobra a realidade real, o real que move a população e destrói uma possibilidade realidade de vida real.
Giovane Silva Santos

Inserida por giovanesilvasantos1

⁠O Coelho e a Tartaruga

Uma crônica de julho de 2006 - Copa da Alemanha

O coelho desfrutava da fama de ser o mais veloz entre todos os animais. Todos diziam que não havia quem pudesse vencê-lo em uma corrida. Um dia, como acontecia de tempos em tempos, apresentou-se um desafiante: a tartaruga, é claro. Marcada a data do desafio, todos voltaram sua atenção para o coelho, que fazia apresentações públicas, executando piruetas e outras peripécias diante de multidões. Na tartaruga poucos apostavam; na verdade, só as tartarugas mesmo.

Chegado o momento da competição, a tartaruga, careca, como são as melhores tartarugas, posicionou-se na linha de largada, ajeitando-se dentro do seu pesado casco. Ao lado dela, o coelho, dentuço, como são os melhores coelhos, usando a sua tradicional e temida camisa amarelo-pamonha e uma tiara no cabelo. A tartaruga saiu na frente. Os comentaristas diziam que o coelho precisava de 10 ou 15 minutos para atingir o seu melhor desempenho.

Passados os 15 minutos, a tartaruga continuava na frente e ganhando distância, dando o melhor de si. Alguns diziam que o coelho, cinco vezes campeão mundial, não era atleta de se preocupar com os adversários e que sua vitória viria naturalmente, dada a sua superioridade sobre o oponente. Um comentarista de uma floresta hermana dizia que “cuando comenzar a correr, no habrá quien lo detenga”. O público assistia a tudo em suspense, aguardando o momento em que o coelho mostraria o seu verdadeiro potencial e tomaria a frente da tartaruga rumo à linha de chegada. Mas, inexplicavelmente, o dentuço não parecia páreo para o seu adversário. No futuro, alguns animais diriam que ele estivera dormindo na pista.

Chegando à metade da prova, ponto que a tartaruga já tinha há muito ultrapassado, o coelho fez uma rápida (não muito) parada para trocar os tênis prateados pelos dourados, mas o seu desempenho não melhorou absolutamente nada. A tartaruga já se aproximava da linha de chegada quando os comentaristas lembravam que ainda havia tempo para que o coelho vencesse a prova. Segundo eles, a alegria, a ginga, a irreverência... coisas assim do coelho, poderiam colocá-lo à frente da tartaruga, sabe-se lá de que maneira.

Nos últimos instantes, quando a tartaruga já se aproximava dos metros finais da prova, e o público, em silêncio, constatava a última oportunidade para uma reação espetacular, o coelho parou para ajeitar as meias e nem viu quando o seu adversário cruzou a linha de chegada, triunfante, conquistando para o reino das tartarugas o título de “animais mais velozes do planeta”. Mais tarde, na entrevista coletiva, o dentuço diria que se sentia muito triste por não ter dado aos coelhos a alegria que eles tanto esperavam – o título de campeões naquilo que eles sabem fazer melhor –, mas que desde que comprara uma Ferrari, perdera o hábito de correr com as próprias pernas.

Inserida por CarlosAlbertoSilva

⁠Procura-se...


Procura-se uma semente para semear;
Procura-se uma crônica para contar;
Procura-se uma farda para vestir e honrar;
Procura-se uma criança para educar.
Procura-se água filtrada para beber;
Procura-se almas para acalentar;
Procura-se flores para regar;
Procura-se alimentos para saciar a fome dos que choram.
Procura-se retalhos para fazer cobertores;
Procura-se a inspiração para escrever;
Procura-se um poema para inspirar;
Procura-se uma natureza para contemplar.
Procura-se uma savana verde para caminhar;
Procura-se um sonho Real para viver;
Procura-se uma cama macia para adormecer;
Procura-se um animal para cuidar;
Procura-se uma fera agoniada para acalmar.
Procura-se um peixe para ensinar a nadar;
Procura-se uma poesia para ler e encantar;
Procura-se lágrimas para enxugar;
Procura-se uma boca para risos dar.
Procura-se se uma estrada sem espinhos, onde eu possa trilhar meus caminhos.
Nas estradas da vida quem me guiará é Deus.

Autor :Ricardo Melo.
O Poeta que Voa.

Inserida por JoseRicardo7

As Crônicas das Estrelas

Em um mundo fantástico cheio de animais falantes e seres mágicos existia uma família que tinha o poder de controlar os lendários fragmentos de luz remanescentes da criação do planeta, as Estrelas.

Durante milhares de anos muitos foram capazes de dominar os poderosos elementos.

A Luz sempre prevaleceu sobre as trevas.

Inserida por andersonseixas7