Crônicas

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SURPRESAS AGRADÁVEIS, E MEU PRIMEIRO AMIGO DE 2018

CRÔNICA
Ontem 03.01.18, regressando das compras do início de mês, tive a grata satisfação de conhecer o nobre cidadão nevense, Edevalter Moreira - empresário supermercadista, da minha região.
Agora nosso conhecimento não é mais somente de vista ou superficial; mas, um relacionamento com mais intensidade e qualidade.
No encontro amistoso que tivemos gastamos um pouco de tempo, um com o outro, que fora muito proveitoso para mim e creio que para ele também.
Comungando dos mesmos sentimentos, emoções e ideários... a partir de então, nos olharemos com outros olhos. Os olhos da alma.
Parlamentamos sucintamente sobre uma temática: a nossa vida e obra.
O amigo Léo Serralheiro como é conhecido, fez uma ponte entre eu e Edevalter – ao compartilhar suas produções literárias no meu WhatzApp e informar a ele sobre meu perfil e material disponibilizado na Internet.
A nossa aproximação, contato e troca de ideias gerou esta crônica e resultou em uma boa amizade que há de perdurar à vida toda. “Quem têm muitos amigos pode congratular-se...”
Com a alegria de um adolescente deslumbrado e encantado com a vida, relatou-me em poucas palavras sobre sua trajetória no mundo das letras. Revelando-me como despertou o seu talento, na arte de escrever; adormecido dentro de si, por muitos anos – que fora despertado, aos poucos.
O conselho Divino é: “desperta o dom que há em ti!...” Muitos já tiveram a oportunidade de revelarem ao mundo, seus dotes; mas outros não. Edevalter segue esta orientação Sagrada desde que deu seu pontapé inicial em 2016. Quando produziu sua primeira frase.
Ao contatar-me pessoalmente com o amigo em questão, não demorou muito e eu já estava com seu caderninho, muito bem organizado nas mãos – onde descansavam seus belos textos originais. Manuscritos e digitalizados, recortados e grudados em suas páginas. “A primeira impressão é a que fica” pensei isso quando percebi a organização que têm com os seus escritos.
Uma surpresa agradabilíssima eu tive ao saber do gosto do Edevalter, a esse seguimento cultural! Bom demais lê-lo; e, ouvi-lo lendo-os para mim com muito prazer e ênfase, foi melhor ainda. Um produto muito bem trabalhado: Produções coesas, coerentes e contundentes...Reflexivas. Posso dizer que, Ribeirão das Neves é mesmo um chão que abriga grandes talentos.
Em dados momentos da nossa conversa, senti-me como uma pessoa muito especial: quando Edevalter interrompeu por alguns instantes o trabalho de sua esposa no supermercado da família, para me apresentá-la.
E ainda ficou radiante de felicidade quando o convidei a participar das reuniões mensais na Academia Nevense de Letras Ciências e Artes (ANELCA), na sede do município; - a qual sou acadêmico ocupando a cadeira numero 03,cujo patrono é J.G. de Araújo Jorge. Entusiasmado, confirmou presença no próximo encontro acadêmico que tivermos na referida academia. Como um bom sabedor que sou de que, todas as pessoas que escrevem, gostariam de ver seus trabalhos publicados e eternizados... O convidei também a participar comigo de publicações nas antologias virtuais internacional: a revista "Eisfluências" e o livro de antologia "Logos, da Fênix",com um texto em cada edição; que logo serão editados, em Lisboa – Portugal. Onde o aceitou prontamente.
Uma coisa é certa, eu e o meu mais novo amigo de 2018, temos algumas coisas em comuns: residimos no mesmo bairro, limítrofe ao Céu Azul; trabalhamos em atividades comerciais; descobrimos nossos gostos pela escrita, com nossos cabelos brancos; e, desejamos mais e mais exteriorizar e por no papel, nossos pensamentos de aprendiz de escritor. Pois, não conseguiremos mais viver d' outro jeito .
Ribeirão das Neves - MG. (04.01.18)

Inserida por NemilsonVdeMoraes

HÁ PODER NAS MÃOS, NOS OLHOS E NAS PALVRAS

CRÔNICA
Acreditem se quiserem, mas convivi com três testemunhas oculares fiéis dos fatos que discorrerei abaixo.
Quando Raimundão, amigo de infância e encarregado de papai no Maranhão e em Goiás; contou-nos, que Marieta - vizinha de fazenda –, com sua permissão, colhera algumas pimentas-malaguetas, numa pimenteira que fincou raízes próximo ao seu curral, e em seguida a planta carregadinha de pimentas havia morrido; a vontade que tive foi de trucá-lo: para não dizer com todas as letras que se tratava de uma grande mentira.
Há trinta anos depois num outro cenário geográfico distante, ao ouvir outros relatos de episódios similares, e, ligando uma coisa com outra, cheguei à conclusão que eu estava equivocado: Raimundão falava mesmo a mais pura verdade.
Pelo visto, isso pode acontecer realmente numa freqüência e regularidade que nem imaginamos.
Retornando à minha casa de uma atividade externa, passei na banca de revistas do amigo recente Reinaldo, no Bairro Sta Mônica; como costumo fazer.
Ele presta um relevante serviço ambiental voluntariamente; na região em que vive e trabalha. Cultiva viveiro de plantas - de todas as variedades - e faz doações às pessoas da comunidade local. E, tem uma relação harmoniosa com o Meio Ambiente que dá gosto de se ver.
Ontem, ao vê-lo, a primeira coisa que fora logo me falando foi sobre um episódio acontecido com ele, que ainda estava fresquinho em sua memória: uma senhora, indo ao Posto de Saúde Sta Mônica, que fica logo à frente do seu local de trabalho, bateu os olhos e elogiou sua linda mudinha de pimenteira de uns vinte centímetros de altura, num vasinho, que cultivava com carinho e todo cuidado do mundo; como faz com todas as outras mudas de plantas que cultiva.
Não deu outra: a plantinha de pimentas de Reinaldo fora nocauteada pelos olhos e pelas palavras daquela pessoa; e, não resistindo os ferimentos da agressão verbal e do olhar que viera sobre si - que parecia não ser um agrave por ser elogiosa até - veio a 'óbito'. Ele nunca havia visto uma coisa daquelas. E eu também não; e fui logo tratando de eliminar minhas dúvidas, quase que por completo, sobre estas verdades.
Naquele mesmo dia eliminei o restante das dúvidas que ainda perduravam em mim quanto os relatos acima.
Chegando próximo à minha casa, encontrando-me com Seu Nélio, e relatando o acontecido, disse-me que, com ele aconteceu o pior, quando deu uns limões a uma mulher, que achara aquelas frutas as coisas mais lindas do mundo. O limoeiro secou-se por completo no dia seguinte.
Não é de duvidar!...
É sabido que nossos olhos,nossas mãos e nossas palavras têm poder. Para o bem ou para o mal.
Mesmo achando ter um olhar bondoso ou por as mãos por necessidade e elogiar sem maldade; há momentos que não é bom arriscar um olhar,impor as mãos ou fazer qualquer comentário sobre determinada coisa. Pois,podemos ocasionar um efeito contrário e causar um dano – a uma pessoa,a um bicho... ou a uma planta - indefesa ou não.(17.01.18)

Inserida por NemilsonVdeMoraes

GRITOS DO POETA

Poemas, versos, poesias...
Contos, crônicas e frases curtas
são gritos... São sentimentos reprimidos.
Pelo menos os meus poemas são.
Meus poemas, versos, poesias...
Contos, crônicas e frases curtas são meus pensamentos;
Questionamentos armazenados na alma.
Dilemas, conflitos, mitos...
E até fuxicos, que evito externar,
Exponho nas linhas em versos.
Os meus poemas, versos, poesias...
Contos, crônicas e frases curtas
são pensamentos que me ensinam...
Não perturbo a mente ninguém,
nem fico com cara de bobo.
Conversar comigo mesmo,
conversar sozinho não me faz um tolo.
Sou esperto, sei a quem contos meus segredos...
Conto-os a quem vai ter que resolve-los.

Inserida por regismeireles

Crônica " A Minha Verdade"
De Clara Albuquerque em 16/10/2015.

Superar? Ninguém disse que seria fácil ouvir um não da vida, mas ninguém disse que você precisava passar teus dias em casa chorando por isto. Ninguém disse que todas as pessoas do mundo seria obrigadas a gostar de você, aprenda que muitas pessoas vão te amar pelo que você é e muitas outras te odiaram pelo mesmo motivo. Não é possível agradar a todos, não é possível ser agradado por todos. Aprenda que é preciso aceitar cada NÃÕ da vida como uma forma de seguir por um caminho diferente daquele que você havia traçado. Errados somos nós que fazemos planos para a vida mesmo sabendo que os planos dela para nós são totalmente contraditórios. Pare com isso de achar que todo mundo tem que amar, que é só se apaixonar por alguém que este sentimento será será totalmente recíproco, não, não vai ser. Aliais, quase nunca é. Acostume-se. A vida te dará muito mais "nãos" do que sim. Aprenda que a maioria das pessoas irão te machucar, a maioria, eles irão te magoar, te fazer sofrer. Não dá pra dizer que a vida vai te tratar bem. Não, ela não vai.
Você vai apanha muito, até aprender a se defender sozinho. Chego com isso de achar que precisa de alguém para isso ou para aquilo. Você não precisa de ninguém, você nunca precisou e não há de precisar. Você só precisa de você mesmo, precisa acreditar em sí mesmo, precisa entender que tudo o que você deseja pode se realizar, mas para isso é necessário que você dê o primeiro passo. Não adianta ficar se lamentando se lamentando porque ouviu um não da vida. Meu bem, ela te dará tantos outro mais e se você resolver cair a cada um deles, vai ficar difícil sair do chão. Enxergue novas possibilidades, novos caminhos. Não se prenda a algo que não deu certo, coisas novas podem acontecer a todo momento, mas se você estiver focado demais no que aconteceu não terá tempo para enxerga-las. Enxergue tuas lagrimas, quem te ama que te ver sorrindo, não vai passar a mão na sua cabeça e dizer "tadinho". Não é de pena que você precisa, é de coragem para se reerguer. Para sorrir para o mundo e mostrar a todos que é sempre possível acreditar mais uma vez. Mesmo que sofra, mesmo que chore, isso não dura pra sempre. O que deve durar para sempre em nossa vida é a vontade de recomeçar.
Todos os dias é uma nova oportunidade de começar de novo.

Inserida por JoabRamiro

"CUIDADO COM AS MÁS COMPANHIAS! ..."
CRÔNICA
Quis saber o seu nome, mas, ele gosta de ser chamado de “Carioca” então,não insisti. É mineiro de coração; aportou na capital mineira em 2003, vindo da "Cidade Maravilhosa". Conheceu Ilca uma linda mulher! que lhe deu guarida, no Bairro São Gabriel, Região Nordeste da Cidade, e conviveu com ela um ano e quatro meses; apartaram os pertences e seguiram seus destinos; ela ficou por lá e ele veio para o Céu Azul; onde caiu na graça de Eliete, viveram muitos anos felizes; mas logo ficou viúvo. Estabeleceu-se como administrador do Shopping Lixão - que funciona dia e noite à céu aberto, e constitui-se de objetos dos mais variados seguimentos, ganhados dos moradores da redondeza que ainda podem ser reaproveitados; revende e doa, faz qualquer negócio - na Rua Alvarenga Campos com a Jornalista Margarida Maciel.
Nunca mais voltou ao Rio, e não tem tanta saudade de lá. Fez muitos amigos por aqui - que faz questão de chamá-los de “camaradas”. Adora Minas Gerais: se deu bem demais da conta: com o povo, o clima a culinária e o lugar... "Posso voltar a minha terra a passeio, um dia, se tiver um bom dinheiro" - disse. Tem vergonha de voltar pior do que saiu.
Ainda há uns tios e irmãos em sua cidade de origem; mas nenhuma forma de contato manteve com eles nestes anos todos vivendo distante. Não faz questão disso. O Dionatas, seu filho de dezesseis anos, mora com a mãe no Bairro Gira Sol.
Deixou seu torrão natal depois que perdera seus amados pais: Dona Maria José Nilda da Silva e Seu Walteir José Felipe; a partir de lá para cá, Carioca passou a viver uma vida sem muito apego com as coisas materiais. É bastante solidário. Sempre compartilha com as pessoas alguma coisa que ganha; até eu já ganhei uma blusa de frio do Carioca.
A rua é o seu lar, e o céu é o seu teto; atualmente mora no 'cafofo' do quase xará Cremilson, que arrumou um lugarzinho que o abriga. Já caminhando para o meio século de vida jura de pés juntos que nunca usou drogas; apesar de conviver com usuários dessas substâncias alucinógenas, vinte e quatro horas.
Mas a cachaça é sagrada para ele. "Esse produto me deixa mais calmo; é o único vício que tenho".Confessa. Mas,surtou várias vezes.

Carioca não é de brigas, “sou da paz” não se cansa de bater nessa tecla. Mas sempre aparece alguma encrenca; como não é de correr atoa e, gosta das coisas corretas, acaba se envolvendo em alguma confusão. E vai resolvendo as questões como pode, na medida que vão surgindo; mas somente quando alguém o “ataca” como gosta de dizer. A última confusão que se envolveu foi com o Baiano a pouco menos de um mês; mas nada que uma peça de 8 não resolva. Machucou bastante o companheiro de bebidas,e não deu o golpe de misericórdia porque atendeu ao pedido do Cal,um de seus camaradas mais chegados; graças a Deus todos passam bem! Não guardaram máguas ou rancores, um do outro, e já estão conversando novamente e bebendo uns goles de “1113” ou, outras bebidas que apareçam.
Carioca salvou muitas pessoas na região onde vive: de facadas de tiros,engasgos,... afogamentos. Simão,Van Damme,Ronaldo, Josias... E bichos: como Gambás, pássaros... cães. Outro dia ele passou na minha rua com um sapo na gaiola - que havia livrado das pedradas e pauladas, de pessoas sem coração, quando se alimentava de mariposas que caíam ao chão, da lâmpada de um poste.

Nosso personagem principal conta com quase dois metros de altura e a única peça de roupa que ostenta no corpo é uma bermuda. Faça sol, chuva ou frio... Não veste uma camisa por nada nesse mundo. Um de seus admiradores o Gugu, achou bonito o modo de vida do Carioca; quis imitá-lo e se deu mal (apesar dos avisos contrários àquela decisão): começou a andar sem a camisa também, para baixo e para cima, lá ia ele. Experimentou morar na rua. Isso foi em Maio de um ano qualquer,que resolvera inventar isso.Não demorou muito teve que ser hospitalizado às pressas e ficou quinze dias internado - foi diagnosticado uma pneumonia aguda. Após a alta hospitalar desistiu do intento. E voltou pro conforto familiar.

Em São Gonçalo - Marambaia – RJ; ainda adolescente, Carioca saiu com seus coleguinhas: Ronaldo e Fernando (o Gabu) e cometeu seu primeiro ilícito: roubaram o galo de Seu Manoel – um ex-colega de farda de seu pai no Exército Brasileiro.
Carioca animou com aquilo e já prestes a sair novamente para mais “um corre” – um roubo...Dessa vez sabe-se lá o quê!
José Felipe seu pai, sabendo de tudo, deixara um recado com a esposa Dona Maria, que precisava conversar seriamente com o garoto Carioca. Que ao saber, prontamente se apresentou ao pai em seu escritório que ficava num quartinho nos fundos da residência de treze cômodos da família.
O velho era de pouca prosa com os filhos - com os de fora não. E nada passava despercebidamente naquela casa; a honestidade imperava debaixo daquele teto sob seu domínio. Seu walteir não admitia em hipótese alguma, coisas erradas. Carregava consigo a disciplina militar.
Com a sabedoria de um verdadeiro patriarca,não precisou bater, não adjetivou o seu filho de ladrão( ali diante dele de cabeça baixa pensando no pior); e nem sequer rememorou o fato ocorrido.
Simplesmente disse ao menino Carioca; quando batera na porta do seu escritório e disse: - pronto papai,à suas ordens!... Sentado em sua escrivaninha deu as ordens: - sabe o Tutti, seu galo de estimação? - a ave xodó do Carioca; pegou ainda pintinho para criá-lo,e tinha uma afetividade imensa com aquele ente querido; era só estalar os dedos e o bichinho vinha correndo ao seu encontro, de onde estivesse. - Pega ele pra mim agora!... Disse o pai.
- Sim senhor! Com muita dó pegou o galo e o entregou. Seu Walteir o devolveu em seguida.
- Agora leve-o ao Seu Manoel!...
Aí a fixa do Carioca caiu naquele momento!: Ia pagar o galo que havia roubado com os amiguinhos, com juros e correções monetárias.
Ao entregar o Tutti, com o coração partido, aquele bicho que ele mais amava; ouviu da boca de Seu Manoel a frase que mais marcou a sua vida e não saiu mais da sua mente: “ Cuidado com as más companhias!...”. Somente isto e nada mais.
A lição do pai, aliada as palavras de Seu Manoel, ainda estão fresquinhas na memória do Carioca até hoje. E por causa disso ele não mais colocou suas mãos no 'patrimônio alheio'. - Mesmo com toda a necessidade que têm passado.

(30.01.18)

Inserida por NemilsonVdeMoraes

MEU CÃOZINHO COR DE FUMAÇA

CRÔNICA
Desde cedo tomei gosto pelas cassadas, naquela época não era proibido isso; em São Raimundo do Doca Bezerra Jesiel,meu irmão mais velho, me levou para “faxear” pela primeira vez; – uma estratégia que consiste em se fazer uma picada na floresta, removendo-se as folhagens usando para isso os ramos das árvores; e, à noite, munido com uma lanterna emparelhada à perna, piscando-a, alternadamente,faz-se muitas idas e vindas - num sentido e noutro do trilho. Até se deparar com animais silvestres tentando atravessar o caminho.
Onde são interceptados e abatidos com tiros de espingardas de variados calibres. Onde meu irmão colocava o pé eu também fazia o mesmo – a lanterna era uma só, para nós dois;se acabasse a carga teríamos de fazermos uma fogueira e esperar o dia raiar. Naquela noite não tivemos sucesso e não levamos o pretendido alimento - a caça - para casa.
Mas as caçadas com os cães,eram mais interessantes e divertidas. E, numa destas, capturamos um filhote de cachorro-do-mato,segundo os colegas mais experientes. Não os deixei matá-lo: levamos para criá-lo em casa. Cor de cinza, ele; o bichinho era uma fofura só! Um xodó da gente.Tinha uma energia!....uma vontade de viver!....e, crescia que era uma beleza. A princípio só tomava leite na mamadeira, mas com o tempo começou a comer de tudo. Era vivedor. Até seu reinado desmoronar de vez; já grandinho ‘mostrou as unhas’ e a que veio: as galinhas começaram a sumir do terreiro e ele fora flagrado matando e entrando em casa com uma delas na boca. Aí o mundo desabou por cima dele e de mim: papai com um porrete na mão e sem um ‘pingo’ sequer de misericórdia, o seguiu; verbalizando: “Nunca criei uma raposa na minha vida e não será esta que vou criar-la no meu barraco”. Fiquei a chorar pelos cantos inconsolavelmente!...com o encantamento daquela pobre alma. Mas ele tinha toda a razão, em termos do bichinho ser mesmo uma raposa. Era a própria!

(14.02.18)

Inserida por NemilsonVdeMoraes

A CONVERSÃO DE JAMIL VIEIRA

CRÔNICA
A conversão desse obreiro se deu no início dos anos 1980. No período áureo da extração de ouro em Redenção no Estado do Pará. Jamil, juntamente com o irmão, Francisco Vieira Filho (Vieirinha), na companhia do pai, Francisco Vieira Sobrinho (Seu Vieira) como era conhecido; deixaram Campos Belos e foram se aventurar naquele garimpo.
Por lá, não demorou muito o pai de Jamil, o tio Vieira, já havia garantido, cinco quilogramas de ouro puro. Mas logo também, esbanjou todas as cifras monetárias proveniente da venda desse minério precioso, com mulheres e bebidas.
Seu irmão, o Vieirinha sofrera um trágico e fatal acidente...
Jamil contraiu febre amarela naquele Estado, e o seu quadro clínico piorava a cada dia; votando a sua cidade de origem, foi internado às pressas na Casa de Saúde em Campos Belos - GO.
“O culto hoje vai ser maravilhoso porque Jesus vai derramar do seu poder...!” – pensei o dia inteiro nesse fragmento de um hino da Harpa Cristã.
E fora mesmo: naquele dia houve pregação genuína, renovos espirituais e salvação de almas...
Depois do término do culto, estando eu com uma condução disponível, convidei a tia Lídia a fazermos uma visita ao Jamil seu filho. Ela de imediato aceitou o convite, e lá fomos nós... Levar também a saúde espiritual para aquela vida.
Fraco e com o amarelão característico da enfermidade, mas, ainda lúcido, falei lhe do amor de Jesus e deixei com ele o “Coração do Homem”; um livreto ilustrado que me acompanha até hoje. Que, com certeza já ajudou a salvar do pecado muitas almas, mundo afora.
Mostra desenhos representativos do coração do salvo em Cristo e do que ainda não passou por essa experiência.
Aparece o Rei Jesus reinando no coração do crente e o Rei das trevas reinando no coração do incrédulo.
Evidenciando que o nosso coração é mesmo um trono: há de reinar nele, um rei qualquer.
Nunca gostei de dizer a expressão: “Ganhei uma alma para Jesus”, como muitos evangélicos dizem. Prefiro dizer: “Ajudei a ganhar uma alma para Jesus.” Porque uma alma é tão preciosa que um só não dá conta de ganhá-la.
Milagres acontecem: Jamil recebeu alta hospitalar logo depois daquele dia que estivemos com ele no hospital, e correu para a igreja... E, nuca mais saiu d'onde o Senhor o chamou. “Bem aventurado aquele servo que, quando o Senhor voltar achar servindo assim”.
Enfim, aquela minha atitude era a ‘gota d’água’ que faltava na vida desse grande ser humano o Jamil, para que ele pudesse andar nos caminhos do Senhor.
A sua permanência, testemunho e frutos, na obra de Deus, é um motivo de orgulho para todos nós da família vieira. Que Deus o conserve no seu Santo caminho! Fazendo tudo aquilo que o Senhor mandou fazer.

(15.02.18)

Inserida por NemilsonVdeMoraes

PAPAI ODIAVA JOGOS DE BARALHO

CRÔNICA
Papai trabalhou como caixeiro ambulante por muitos anos; quando ainda residia no Estado do Maranhão, por volta da década de 50. Sua atividade consistia basicamente na comercialização de jóias de ouro e prata. Como pulseiras, cordões,colares,anéis,alianças,brincos e relógios de pulso e de bolso; Omega Ferradura, Mido... e outras marcas.
Vendia peças novas, e também recebia peças usadas nas transações comerciais que fazia; e como bom negociante não deixava escapar um bom negócio.
Suas mercadorias eram oriundas de uma ourivesaria de Fortaleza - CE. Que fabricava e fornecia tais acessórios a ele.
O trajeto das vendas, acertos de contas e reposição do estoque, e volta para casa, eram feitos em lombos de burros - animais muito resistentes às cavalgadas em longas distâncias. Daí o motivo de papai gostar de possuir bons animais de montaria.
Não é do meu conhecimento, dele ter feito seu trabalho acompanhado de outras pessoas. Exercera essa função, o tempo todo, no fio da navalha, sozinho.
Transportando uma carga valiosa daquelas e muito dinheiro em espécie; apesar de portar boas armas de fogo e brancas, e ser uma pessoa destemida; não lhe garantia muito, sua segurança. O perigo era uma realidade constante que não poderia ser negado.
A única vez que pôde contar com a companhia de alguém nas suas viagens laborais ao Nordeste do Brasil não teve Êxito: deu errado. Trata-se do Fausto Alves seu vizinho que, casado, pai de vários filhos e, desempregado; passando necessidades com a família, papai compadecido, tentou ajudá-lo.
Deu a ele arriado, um de seus melhores animais de montaria e o apresentou ao seu fornecedor no Ceará, garantindo a sua idoneidade. Onde, imediatamente, fora lhe concedido, uma enorme transação comercial de produtos de prata e ouro. Sem nenhuma garantia formal, como cheques, notas promissórias,duplicatas...Ou outras similaridades.
O empresário da capital cearense tinha apenas como garantia, somente a palavra do homem Natanael Vieira de Morais,meu pai, como garantia da transação. Nenhum cadastro sequer fora feito constando dados pessoais e transacionais do fiador ou do comprador. Um bom nome já valeu muito e ainda é a melhor coisa que se pode ter.
Papai explicou o serviço ao moço, e regressaram, cumprindo uma programação das festas religiosas que seguia rigorosamente, pelas cidades grandes e pequenas do interior dos Estados nordestinos do Ceará, Piauí e Maranhão.
Depois de alguns dias do regresso, e de muitas boas vendas realizadas...
Hospedando-se juntos, mas, atuando comercialmente, separados um do outro naqueles lugarejos festivos... Numa cidadezinha que não me lembro do nome no momento, onde as festividades aconteciam e impulsionavam a economia local; as vendas daquele tipo de produtos, naqueles dias, eram expressivas; e portanto, iam bem.
Papai nos dizia que naquela época as pessoas tinham o dinheiro, mas, não encontravam aquilo que desejavam comprar. Como um rádio um relógio, uma bicicleta ou uma joia.
Numa altura do festejo, apareceu o Fausto, ao papai, querendo um dinheiro emprestado que, segundo ele, serviria de troco, pois seu troco havia acabado. Ok! - Então Seu Natãn sem pensar muito concedeu - lhe um montante estipulado, para os repasses de trocos aos fregueses de Fausto. E, não demorou muito lá veio Fausto novamente com o mesmo álibi: querendo mais dinheiro para trocos. Aí papai desconfiou da estória e quis saber do que realmente estava acontecendo. Foi fundo nas investigações e descobriu:
Fausto já havia virado uma noite numa casa de jogos de cartas, e continuava envolvido até o pescoço naquela maldição. Em apostas vultosas em dinheiros; e já havia perdido o apurado de todas as vendas anteriores e todas as mercadorias que estavam sob sua responsabilidade.
Papai foi à loucura!...E pagou sozinho, aquela dívida. Para zelar do nome; e odiou para sempre jogos de baralhos.

(13.02.18).

Inserida por NemilsonVdeMoraes

NERO MORDIA ATÉ O VENTO, MAS MUDOU DE COMPORTAMENTO

CRÔNICA
Na cidade nem tanto, mas, na roça o ‘melhor amigo do homem’ era de muita serventia, principalmente para as caçadas. Hoje nem tanto, devido à proibição dessa atividade.
Seu Romualdo, feliz da vida com o cão que ganhara de Zé de Dôra, de Monte Alegre; viu papai e foi logo contando as boas novas:
- Seu Natãn: demorei, mas encontrei o cachorro dos meus sonhos. O bicho é bão demais!...
- Como o senhor soube disso?! Já fez alguma caçada com ele?
- Não, mas vou explicar pro senhor: tudo que ele ver pela frente, parte pra pegar; numa valentia!... Num respeita nada; outro diinha desses, ele fez uma bramura: botou um caminhão pra correr.
- Passou devagarzinho, um bichão desses de carregar boi nas costas (caminhão-gaiola), lá na frente de casa e ele latia com bravura aquilo; vançando nas rodeiras pra pegar mermo. O motorista teve que sair numa velocidade..., mais ele continuava vançando tentando rancar pedaços. E foi botar o bruta montes longe... bem longe. Voltou de tardinha morrendo de canseira. Agora veja o senhor, se ele enfrentou um aranzé daqueles... se pôr esse bicho no mato pra caçar, num vai sobrar nada que ele não pegue...
Mas Nero deu pra morder as pessoas. Crianças, idosos e não havia tamanho de homem, paus, pedras... Nada fazia Nero recuar. E os problemas de relacionamento com a vizinhança foram acumulando-se de tal maneira que dentro de pouco tempo Romualdo já queria ficar livre da fera que botara dentro de casa.
Estava determinado: Iria matar o Nero. Não aguentava mais aquele suplício. Mas Florisbela, a esposa, tinha amor pelo cachorro, e saltou na frente:
- Se você fizer isso, eu te largo na mesma hora! Bela não aceitava uma atrocidade daquelas. E, mais: quando o marido se ausentava da propriedade,não contando com mais companhias, se sentia protegida, tendo Nero por perto.
Mas Romualdo, com raiva, aproveitando que Bela estava pra casa da mãe, deixou o cachorro amarrado sem proteção de uma sombra, o dia inteiro; sem comida e sem água. Queria-lhe dar um castigo.
Ainda bem que apareceu alguém para salvar o bichinho daquele sofrimento! E Filipe fora o outro anjo da guarda de Nero.
Geralmente numa crise surge alguém com alguma ideia ou sugestão interessante para resolução de um problema. Filipe, seu velho conhecido, e proprietário de um terreno pros lados da Venerana; viu que poderia aproveitar o Nero nas caçadas que fazia por lá; juntamente com seus cachorros treinados.
E garantiu que, se ele lhe desse o cão, iria dar um jeito nele, e não morderia mais ninguém. Então Romualdo não pensou duas vezes: deu o Nero de presente ao amigo. E lhe entregou também um cambão para condução do cão pela estrada.
Alguns dias depois pela manhã, choveu. E, geralmente quando isso acontecia, os caititus iam fuçar a beira da lagoa, na mata remanescente, nos terrenos de Felipe; pra comerem os tubérculos dos pés de caités, abundantes por lá.
Então o Nero teve sua primeira oportunidade de dar um passeio e conhecer de perto os habitantes da floresta...ter contato com um outro ambiente. E foram para a caçada costumeira.
Seus colegas eram treinados, e conhecia cada palmo daquele chão e os bichos que moravam nele; mas, para Nero, aquilo era um mundo totalmente estranho. Os outros cães adentraram naquela densa florestal. E Nero não parava de pisar nos calcanhares dos caçadores - o tempo todo.
E por fim, pintou a primeira e única caça no trajeto dos cães farejadores de Felipe! Cãe!...cãe!...cãe!... Nero saiu derrubando tudo pela frente pra ver o que estava acontecendo. Se fosse uma caça pequena, só daria para uma bocada das dele.
Acuaram a caça, e os caçadores correram pra lá. Na cabeça de todos eram os caititus. Mas ao chegar ao local de difícil acesso, tipo uma gruta, ainda na mata fechada, avistaram uma imensa onça pintada que não crescia mais encima de uma rocha, e ouviram os gritos desesperados e doídos de Nero - vindo no sentido contrário do enorme felino que avista.
A dor de barriga de Nero, no momento que viu o bicho, foi tão intensa que era percebível pelo mau cheiro das fezes líquidas que vazavam sem parar, do seu intestino. Nero desapareceu na floresta escura; correndo e gritando até não se ouvir mais. Caim!...Caim!...Caim!...
Infelizmente mataram a onça; e ao regressarem à sede da fazenda, perguntaram por Nero, e contaram o que aconteceu. Ninguém deu notícia dele.
Penduraram o animal no alpendre, nos fundos da casa para tirara couro depois. Não demorou e Nero adentrou-se na casa, morto de cansado, com um palmo de língua de fora, procurando uma água, uma comida, na cozinha. Olhou pro quintal e avistou a onça pendurada... Deu novamente seguido gritos, pulou para trás e desapareceu daquela casa para sempre. Caim!...Caim!...Caim!...
Com uns anos apareceu na casa de Felipe o outro dono de Nero, Seu Manoel dos Reis, que morava a muitos quilômetros de distância, no Pouso Alto, trazendo notícias dele: - Nero apareceu lá em casa e não saiu mais. Está bem!... Todo mundo gosta dele! Ponderou o senhor. E continuou com os relatos a seu Felipe:
- Tá gordo que nem um capado; não ataca as pessoas e não late. É incapaz de ofendes uma mosca. Não vai ao mato por nada desse mundo, e o seu trajeto é da lagoa do caldo pro morro do pirão. Um AMOR DE CACHORRO!
Morder as pessoas inocentes, e o vento, é fácil, quero ver é encarar uma onça nervosa.
Ainda bem que Nero aprendeu com seus erros do passado! (15.02.18)

Inserida por NemilsonVdeMoraes

A diferença entre ler uma crônica esportiva e um paper sobre quantificações do efeito Helmholtz–Kohlrausch?

O texto técnico é maçante. Não porque o assunto não seja interessante, mas porque o pesquisador não possui uma linguagem acessível para comunicar suas ideias. Ou porque o trabalho está ininteligível, indecifrável, impenetrável. Quem melhor do que o Kant para explicar suas ideias? Qualquer professor de filosofia do ensino médio ou escritor de "filosofia-no-bolso". Talvez não TODO PROFESSOR DE ENSINO MÉDIO.
Difícil é escrever fluido e cirúrgico, empático e simples sem deixar a exatidão. Difícil é ser um Darwin. Sua escrita é quase inigualável para despertar ideias em pessoas que estão envolvidas com a ciência e que exercem o esforço adequado para envolvê-las. Embora um texto intrincado não seja sinônimo de complexo. Sempre há uma tentação de justificar a própria incapacidade de entender algo afirmando que não é possível entender.

Inserida por Gazineu

NÃO HAVIA VISTO UMA COISA DAQUELAS!...

CRÔNICA
Militei assíduo e fielmente durante dezesseis (16) anos, em dois períodos de oito (8) anos; como membro efetivo e cooperador das lides religiosas. Numa instituição muito conceituada em todo Brasil.

Participei e vi de quase tudo naquele cenário de fé e crença.

Naquele tempo era bastante comum se ver fora, ou até nas reuniões da igreja alguém ser incorporado por uma entidade demoníaca.

Caso seja uma legião daqueles "incostos", a coisa é mais complicada para ser resolvida. Dá mais trabalho para a pessoa ser libertada.

Geralmente o fiel(eis) que intercede(m) junto ao Pai, para que tal vítima volte ao seu estado de normalidade,precisamente tem que estar com a vida no altar:

em plena comunhão com Deus. Do contrário, a libertação não será possível.

Mas, por estarmos num processo em que, se vive e aprende...

Se eu tivesse morrido anteriormente não iria ver o que vi ontem pela manhã no meu bairro.

Maria da Faca subiu a minha rua com suas amigas de gole Darlene e Glória; vindo da balada.

Tontas que nem gambá. Viraram à noite em bebedeiras no pagode da Vilarinhos.

Em frente a minha casa Maria surtou e agarrou de briga com Darlene.

Glória que já havia adentrado em sua casa foi chamada às pressas para pacificar o ânimo das amigas.

Conseguiu separar as duas, e Darlene foi embora para sua casa, logo à adiante.

Glória também retornou ao seu aposento. Maria da Faca permaneceu na rua gritando nomes feios, a Deus e o mundo.

Mas uma(s) entidade(s) satânica (s) incorporou-se em Maria da faca.

Deu um trabalhão terrível!... A rua rapidamente encheu-se de gente; a polícia fora chamada, e dessa vez não demorou muito.

Os militares não conseguiram contê-la; ela rodava que nem um pião. Dando pontapés e telequetes pra todos os lados.

Rolava no chão,nos ares e nos braços fortes dos homens da Lei; que nem um trem doido demais.

Glória que havia se ausentado, fora chamada novamente para resolver a questão. E resolveu.

Ainda meio tonta da cachaçada da noite anterior, pediu licença as autoridades presentes e repreendeu aqueles demônios.

E sua amiga voltou ao seu estado normal.

Pelo que conheço do assunto aquilo era mesmo uma legião de anjos destituídos da graça de Deus. Atormentando aquela mulher.

Gloria determinou àqueles demônios que saíssem daquele corpo,com tanta veemência, que foi impossível eles resistirem; e deixaram a dona em berros horríveis.

Parece que a Glória já sabia que havia muitos elementos das trevas naquela vida...

Pois repetia em alta voz os dizeres: “'Saiam deste corpo!... Em nome de Jesus, ele, não lhes pertencem.”... Vai entender!...

(25.02.18)

Inserida por NemilsonVdeMoraes

A PASSAGEM DE ISABEL VIEIRA POR BELO HORIZONTE

CRÔNICA

Após retornar ao seminário Escola Bíblica Permanente de Sião (EBPS), da Assembléia de Deus em Belo horizonte – MG, em 1996, depois de um considerável período fora dessa escola e da vontade de Deus, conclui com êxito o curso de Educação Teológica, cuja matrícula havia trancado.
Convidei a mamãe para a minha Colação de Grau no Templo Cede da AD,na região central da capital mineira; que para a minha surpresa confirmou sua presença no evento.
“Mãe é mãe, não é madrasta!”...
Apesar da avançada idade e da distância (1.120 km) mais ou menos - do seu reduto, não mediu esforços e compareceu.
Dias depois, fizemos uma ‘via sacra’ em casas de amigos, numa região em que havia morado; nos bairros São Tomaz, São Bernardo... Oramos pelas pessoas, por onde passávamos:
No Luar da Pampulha a mamãe orou pelo seu José Caitano, acometido de um câncer; depois da oração, Jesus o preparou e levou para sua glória.
Em qualquer prosa que mamãe iniciasse com um descrente, logo falava de Jesus e fazia o apelo: perguntava se a pessoa desejava "aceitar Jesus como Salvador". E, geralmente de bom grado, ela aceitava, com palavras ou gestos afirmativos.
Dona Maria pediu oração para Jakson seu marido, policial civil, que a proibia de freqüentar igrejas evangélicas; há trinta e seis anos, estava privada de fazer isso. Aquele homem era um julgo tirano que oprimia aquela pobre mulher. Em seu coração não tinha espaço para a generosidade, justiça, e nem muito menos para um espírito fraterno.
Depois das orações de mamãe não demorou muito, ela já estava freqüentando a Igreja, glorificando a Deus. – O marido, partira dessa vida para outra e ela saiu do cativeiro; e como Miriam irmã de Moisés, depois da travessia do Mar Vermelho, cantou o cântico de liberdade.
Visitamos algumas viúvas em suas tribulações: Dona Ana... Dona Berenice; que pediu orações para os filhos (Manoel e Juca), dependentes etílico. Comemos salgados fritos feitos na ora, e tomamos café com fumaça saindo na beira da xícara; mamãe se comprometeu de fazer uma campanha de oração pelos seus rapazes.
Com o andar da carruagem... O Juca foi atropelado na porta da sua casa; muito debilitado, não resistindo os ferimentos, faleceu dias depois, num hospital da cidade. Manoel seu irmão, foi liberto do vício da bebida; ficou quinze anos livre do álcool e morreu em decorrência de uma cirrose hepática, ainda numa boa idade.
Fomos bem recepcionados na residência do Seu Edson, meu ex-patrão; como boa maranhense mamãe ensinou dona Maria José sua esposa, a fazer cuscuz de milho; o mineiro conhece muito de pão de queijo e outras iguarias... A janta estava uma delicia!... Com toda a família em volta da mesa.
Ainda abusando da boa vontade e das energias de mamãe, às 19h30 fomos para o melhor lugar do mundo: o templo. Participamos de um belo culto na Assembléia de Deus do Bairro São Bernardo.
De longe, se ouvia os irmãos falando mistérios com Deus. Apressamos os passos. Não queríamos perder um minuto sequer daquela benção.
Bem recebidos na congregação, como usam fazer os santos; após a leitura da Carta de Recomendação que mamãe apresentou, oriunda de sua congregação de origem – em Campos Belos - GO...
O culto transcorria de maneira esplêndida e o Espírito Santo operando grandemente no seio da igreja.
Presenciamos, in loco, um dos cenários de grande beleza na vida da igreja; uma reconciliação entre irmãos, intermediada diretamente pelo Espírito Santo.
Aquilo que o Senhor deseja para seus filhos, e que está registrado nas Escrituras para nós: “Ó quão bom e quão suave é que os irmãos vivam em união!...”
Essa reconciliação foi concretizada ou restabelecida à contra gosto de dois jovens integrantes da mocidade da Igreja local - Silas e Carlos. Pois até aquele momento nenhuma manifestação de arrependimento havia acontecido entre eles.
O primeiro era dirigente da mocidade e o segundo cursava o Bacharel em Teologia num seminário da instituição religiosa em que servia.
Por algum motivo qualquer, não se falavam há muito tempo e por causa desse impasse, a Igreja gemia com aquela relação desigual e conflituosa.
“Como poderão andar juntos se ao tiverem de acordo?...”
Deus se mostrava aborrecido, e dava oportunidade a eles para o arrependimento:
Usava os vasos da sua casa, em mensagens proféticas, quanto à necessidade do arrependimento e do perdão entre eles, mas se faziam de surdos.
Não desejavam mesmo fazer às pazes; não queriam conversar nem se fosse para irem para o céu juntos. Vejam caros leitores, a que ponto os dois chegaram!
Então, Deus mesmo tomou uma atitude mais séria com eles: agarrou o Silas pela gravata e o levou à frente de povo; e da mesma forma, fez também com Jeremias.
Do percurso de seus assentos, seguindo pela nave do templo em direção ao santo altar, se derretiam como manteiga no fogo.
Perdoaram-se e ficaram abraçados chorando,chorando,chorando... Por mais ou menos vinte minutos. E a irmandade em pé, chorando também. Houve profecias, e a igreja, em peso, glorificava muito, a Deus.
A alegria naquele instante foi tão grande que ia da Terra ao céu!... E os mensageiros de Deus fizeram a festa.
E via-se renovo espiritual, por todos os lados; não somente dos jovens mencionados nesta narrativa, mas também de toda a congregação. Foi um culto maravilhoso e inesquecível, aquele!
Alguns irmãos, com dons de visão, viram anjos celestiais trabalhando naquela operação divina.
Naquele culto abençoado e histórico o inimigo mais uma vez foi grandemente derrotado. Louvado seja Deus!
Dormimos na casa de Raul e de Dona Luzia, casal não evangélicos, mas abençoados; ao qual tenho muito apreço e que, nos acolheu maravilhosamente bem, naquela noite!
(14.02.16).

Inserida por NemilsonVdeMoraes

"nossos pais"
Seus nomes nao figuram nas crônicas antigas
- eles viveram na humildade e em paz -
no entanto, posso acompanhar a sua história
desde os tempos mais distanciados.
Sim, foi aqui, neste velho país de ferro
que arrotearam o campo junto à riba do rio
e foram arrancar os minerais à mina.
Ignoravam a servidão e as boas maneiras,
viviam omo reis em suas próprias casas,
e se embebedavam por ocasião das festas.
Na primavera da vida, abraçavam donzelas,
e tomavam de uma para esposa fiel.
Temiam a Deus, honravam o soberano,
e morriam em silêncio, saciados de vida.

Nos moments de dor, de tentação,
eu penso em vós, meus pais, pedindo forças.
Bem soubestes guardar a vossa pobre herança,
por isso é que sorria às dádivas do destino;
e quando a ronda dos prazeres me convoca
meu pensamento se volta para o vosso pão frugal:
terei direito de reclamar algo melhor?
Como por um manancial me sinto refrescado
quando venço o desejo e me encontro aturdido,
com isso aprendo a recear mais os anseios da carne
que os encantos do mundo e mesmo que [os de] Satã.

Meus pais, eu vos revejo nos meus sonhos
e tenho o coração e alma entristecidos.
Como uma planta, sinto-me arrancado
da terra que me viu germinar e crescer:
seja como for eu vos abandonei.
Recolho os sons do outono e do verão
e lhes dou uma voz suave de canção.
Mas se em meu poema ressoa por acaso
um som de tempestade, a voz de uma cascata,
um pensamento viril e destemido,
se nele ouvimos cantar a cotovia
e vemos o luar sobre a landa deserta
ou se a floresta imensa em meu canto suspira,
é que, a gerações e gerações, em silêncio,
vós já o cantaste ao som das vossas achas,
junto à vossa carreta ou ao pé de uma charrua.
in: Canções de Amor e Canções dos Bosques. Trad. Ivo Barroso

Inserida por henriquenasci

Encontros e despedidas (crônica poética)

E como já dizia Milton Nascimento em uma de suas composições '' a hora do encontro é também despedida''.
Estava eu sentada na varanda em um dia de chuva refletindo sobre esse vai e vem, essas idas e vindas, esses encontros e desencontros que a vida nos proporciona. Tanta gente passa pela gente e tão pouca realmente fica, cada pessoa que cruzam nossos caminhos levam um pouco de nós e deixa um pouco de si.
Lembro bem daquelas férias de verão do ano anterior, conheci pessoas tão especiais e, uma apenas uma específicamente, me encontrou, encantou, fez sentir, fazer sentido, me inspirou, tocou fundo e foi tocado. É meus caros leitores, tanta gente passa mas somente aquela faz seu coração vibrar! Digo eu tão jovem, mas também tão inexperiente na arte de amar.
Esse tal de amor tão impontual e imprevísivel me deixou impaciente, sonhadora e iludida. Poucos experimentaram nessa vida a sensação de sonhar acordada, esperar uma ligação, aguardar ansiosamente pelo fim de semana com aquele sorriso estampado no rosto que chega até soar brega e cafona.
Mas havia um questionamento, porque um sentimento abrangente poderia me tirar o sono, porque o sinônimo de amar seria sofrer e porque aquela afeição passou aligeirada e intensamente.
É, agora eu entendo esse chegar e partir que vai se repetindo nas estações, tem quem vem e quer ficar, quem veio só olhar, gente que vem pra acrescentar e aquelas que vão pra nunca mais. É assim, encontros e despedidas.

Inserida por brendaacruz

Já entendi o teu olhar...
tuas desculpas,
tuas queixas, tuas enxaquecas crônicas...
já entendi o teu ar distante,
este sonhar de olhos abertos,
já vi tua mala pronta,
já decidiste só não sabes como falar;
não fala nada não, vai ser feliz...
mas saia sem que eu perceba,
detesto despedidas,
perco a voz, lacrimejo, faço cobrança,
alimento esperança...
mas não me ouça,
o tempo cura, o tempo é remédio,
O tempo curará meu tédio...

Inserida por tadeumemoria

Crônica
A água escorre pelo cabelo e mergulha num salto finito, percorre uma extensão antes de explodir no chão sem retumbar, apenas talvez a contemplar o silêncio da espuma que desce ao sabor da gravidade dispersa por um ensaboar quase insano de alguém que busca se confundir com esse sintoma a deixar atemorizado . Algo esquisito como tentando decifrar uma metamorfose quase ambulante, uma andante a deixar sinais em cada lado de um corpo já sofrido a buscar descanso merecido, a vertigem ainda persiste, mente tenta acompanhar uma silhueta que se forma no encontro da espuma com a água que à pouco foi dosada pelo misturador, fazendo deslumbrar que tudo está relacionado a essa velha metamorfose ambulante.

Inserida por pauloclopes

Crônica A Véspera

Numa noite de inverno, havia pessoas que precisavam de assistência médica estava nevoando e trovoando, Trum!!!, mas, nem todos percebiam isso.
No dia seguinte, eu estava saindo de casa para ir ao hospital e fiquei olhando para as casas todas coloridas, enfeitadas e as árvores cheios de luzes. Quando avistei o hospital não percebi que havia tantas pessoas naquele local.
Então perguntei a um senhor que estava sentado na calçada, chorando e dizendo “Por quê !? ”. E eu sem entender o fato que tinha acontecido, quando tentava entra no hospital eu avistei algo terrível a neta do senhor que estava chorando estava morta e fiquei pensando o que houver para acontecer essa tragédia. Muitos hospitais tinham pouco a oferecer ou ajuda para estas pessoas que precisavam e o inverno tinha piorado mais.
Nestes dias, pensei, poucas pessoas tinham o que comer e por isso a menina tinha morrido, mas estava chegando o natal e lembrei que no natal pessoas pobres ganhariam comida para sua ceia.

Inserida por heribertodj

Crônicas do natal

Na Ceia de natal olhava a mesa passando a língua nos lábios como a dizer que delicia...., dia seguinte hora do almoço olhou aquela travessa cheia de guloseimas (peru, chester, pernil, tender etc..), sem resistência "fez" seu prato e pediu um refrigerante para acompanhamento. hora do jantar, se pôs novamente à mesa e lá estava aquela travessa novamente, velha conhecida não precisavam de apresentação. desconfiado fitou os olhos da mãe e falou: mamis, amanhã coloca só o pernil no almoço , na janta somente o chester e vai revezando até acabar, partiu para o sacrifício abocanhando cada pedaço com fúria, tentando acabar logo com as já não delicias que restaram da ceia do natal e que ainda persistiam na travessa. Eu, solidário e mais voraz dando-lhe razão nas colocações abocanhei um pedaço de chester, olhei cúmplice para seu irmão que se esforçava em fazer o mesmo, quem sabe no almoço de amanhã estaremos sorridentes com um belo bife a cavalo. fui...

Inserida por pauloclopes

Clichê

Há tempos longe da escrita, da produção de textos ou qualquer coisa do gênero – crônicas, contos, receita de bolo, poesia de uma linha só -, hoje resolvi sair da toca, resolvi dar fim ao longo jejum que também me incomodava. Por mais clichê que pareça ser (e quem disse haver mal em ser clichê?), hoje acordei com saudade da minha vida; acordei com saudade de um tempo em que a dinâmica dos fatos era menos feroz e parar para tomar um café com um amigo era algo deliciosamente bom. Em pequenos flashbacks da minha própria caminhada, consegui, no fundo da mente (o que abrandou minha alma), recordar de bons momentos vividos, de boas sensações experimentadas, de sentimentos belos e bacanas que norteiam e permeiam a nossa jornada e de quanto nesta jornada sorri. Tenho aprendido (às vezes à duras penas, confesso), que a magia dos pequenos gestos, do continuar a ser criança e o lado lúdico do viver são de extrema importância para nós, bálsamos renovadores de nós mesmos, que nos impulsionam, nos revigoram, nos elevam, nos fazem crescer. Acordei com uma vontade do novo, do mais, do melhor. Acordei repensando e reavaliando (adoramos fazer isso no fim do ano...) para então galgar, almejar, desejar. Penso que desejamos pouco, que sonhamos pouco, que nos preocupamos demais em empreender em detrimento do sonhar, do doce e irresponsavelmente sonhar. Caímos e recaímos na perigosa armadilha da metodologia, do pragmatismo, das fórmulas feitas, dos prazos, do tempo (que nós mesmos tornamos cada vez mais curto) e na busca incessante – e insana – por mais espaço e memória no grande HD que é a nossa vida, sem nos dar conta de que na maioria das vezes não precisamos de nada disso, momento em que o menos se faz mais, que o mero se torna grande e que a simplicidade pode, sim, ser uma bela orquestra, regida com prazer, deleite e muita satisfação.



Sim, que, nos rendamos ao gostoso clichê das promessas de final de ano, das dietas que sempre irão começar em uma segunda-feira qualquer, de mais uma vez jurar que vamos arrumar o guarda-roupa e suas gavetas e que vamos ver mais nossos amigos, fazer mais exercícios e parar de fumar.



Hoje acordei com uma velha – e saborosa – lembrança de uma música que não toca mais; acordei com a fina dor daquele beijo que deixei de dar e das tantas vezes que deixei de simplesmente dizer para alguém “eu te amo”... acordei sentindo falta dos braços que não mais irão abraçar e do sorriso, simples sorriso que muitas vezes – por orgulho, vaidade e até egoísmo – deixei de dar.

Hoje acordei com vontade de recomeçar, reconstruir e com a certeza, cristalina certeza, de que todos precisamos, de quando em quando, limpar o nosso HD. Ainda que isso pareça clichê.

Inserida por MarcoSantiago

"As Crônicas de Um Amor Desajustado - RBA"

Nossa. Eu estava muito nervosa para te ver. Não entendi o porque já que eu te via todos os dias, acho que esse nervosismo era o fato daquele dia ser especial. Era final de semana, mais precisamente um sábado. O dia já estáva no meio e fazia muito calor. Eu havia marcado de sair com ele na semana e estava achando muito estranho o fato de ter dado certo, já que toda vez que eu convidava sempre aparecia algum impecilho do destino. Pronto. Estava na hora de ir. Nós íamos assistir um filme, então não podia atrasar.

Eu cheguei cedo, como sempre. Ele havia atrasado, como sempre. Mas o seu rosto, sua roupa, tinha me feito perdoar isso. O mais engraçado é que durante o passei nós conversamos muito, não como antes, agora eu sentia que podia contar qualquer coisa que quisesse. No meio de tanta conversa ele me disse que havia trocado de roupa várias vezes até achar uma legal o suficiente pra me impressionar. Disse até que passou horas se arrumando.
Eu ri.
Por dentro é claro.
Ah, eu derreti também...
Depois de tanta conversa fomos assistir o filme. Eu odiei. Mas o fato de estar sozinha com ele foi recompensador. Teve uma hora durante o filme que ele me olhou e não tirou os olhos de mim, eu senti que ele queria me beijar, mas eu não consegui dar intimidade o suficiente por estar com muita vergonha.
Até hoje me arrependo disso.
Depois do filme nós não lanchamos, na verdade nós discutimos. Não sei porque mas nunca conseguíamos ter um momento de paz que durasse. Nós nos amávamos tanto e talvez nos esforçassemos tanto pra sermos bons que sempre falhavamos. Mas apesar dessa discussão eu gostei desse dia. Muito mesmo. Foi um dos poucos momentos que eu passei com você.
Um dos poucos momentos que podíamos finalmente sermos só nós.
Nós...

Inserida por RBA