Contexto da Poesia Tecendo a Manha
Eu sou da arte
Sou a música carregada de paixão
Que foi cifrada pelo mais sábio dos músicos.
Sou a letra e a melodia que você para pra ouvir
Sou a música que voce escuta e chora
Outrora sorri
Eu sou da arte
Sou a arte que brilha no picadeiro
O malabarismo, a pirofagia e o riso
Sou a arte que brilha no circo
A arte que você para pra assistir
Eu sou um verso sertanejo
Sou uma poesia
A arte que causa estranhismo
A arte que causa medo
Eu sou da arte pintada
Da arte escrita
Da arte exposta
Numa carta, numa revista
Da arte guardada e jamais vista
Da arte natureza
Que a fotografia congela
Pra ter o prazer da sua beleza
Sou da arte
A arte que mostra a alma
Que corre no sangue
Que jorra na veia
Sou arte que colore o mundo
Sou arte pra vida inteira
Saudade ...
Quando te encontrar
Vai sentir a falta que me fez
Na distância do nosso abraço...
A ausência da sua mão na minha
Conduzindo o meu caminhar,
Vai sentir na urgência do meu olhar...
Vai entender o que não me consola,
Do tempo que partiu e não parou
Nem curou a dor que ficou...
Vai sentir que cresci com o que deixou
Que me fez vestir de sonhos, de vida!
Mas está difícil ser inteira sem te ouvir...
Está difícil estancar toda esta dor...
Credo
Creio em Deus Pai Todo-poderoso...
– Não. Não me importa a potência divina,
aliás, creio que Deus não carece de tal afirmação.
Sigamos. Criador do céu e da terra...
– Empiricamente falando?!
E em Jesus Cristo, nosso Senhor...
– Olha, o sistema de vassalagem faliu há séculos,
esse Jesus entendo melhor como aquele menino arteiro de Alberto Caeiro.
Que foi concebido pelo Espírito Santo. Nasceu da virgem Maria...
– Será que ela... digo... hã, pra que tanta medicalização da sexualidade?
Padeceu sob Pôncio Pilatos.
Foi crucificado, morto. Sepultado.
Desceu à mansão dos mortos. Ressuscitou no terceiro dia.
Subiu aos céus. E está sentado à direita de Deus Pai...
– Arreparando bem, são jogos de linguagem bem articulados, não é verdade?!
Donde há de vir para julgar vivos e mortos...
– Cansei-me de julgamentos, cumpadre. Do inferno e do céu também.
Acho que cada um deveria cuidar da sua vida ao invés de vestir uma toga no Deus e lhe conferir as desgracenças eternas do julgamento.
Creio no Espírito Santo. Na santa Igreja católica...
– Hã? Nada não. Pensei alto...
Na comunhão dos...
Antes que todos concluíssem com o “amém”, encontrava-se ele fora do templo, sentado no sexto degrau que leva ao coreto, rezando a poesia de Caeiro.
Refração
...E quando, por ventura,
eu não me reconhecer
no mesmo espelho em que me vejo,
surpreenda-me;
olhos vedados por suas mãos.
Irei tatear a sonoridade de sua voz
até encontrar os contornos de seu rosto.
O sorriso seu, escancarado,
que me desperta uma quietude indefinida,
despertará segundos de paixão,
uma imagem refletida em meus sonhos sem nenhum pudor.
Ainda que imagem refratada na distorção do meu querer.
O professor é incrível,
transforma pesadelo em sonho.
É um mestre que consegue entoar uma canção.
Em um simples instrumento de um só cordão.
E transforma uma cantiga, em um clamor.
O POUCO QUE EU SOU É
GRAÇAS AO PROFESSOR.
Hoje, sei falar e escrever
por causa do professor.
Esse poema só foi
escrito graças ao professor
que plantou um sonho
no meu coração de
ser um grande escritor.
O POUCO QUE EU SOU É
GRAÇAS AO PROFESSOR.
CRIANÇAS DO ESPAÇO
Eram seres
De um planeta distante.
Únicos no universo,
Todos se chamavam crianças.
Falavam um dialeto estranho,
Que só eles entendiam.
Alegres,
Alimentavam-se de picolé,
Bombons e pirulitos,
E comiam algo chamado pipoca.
Esses visitantes
Não queriam nos dominar.
Brincavam todo o tempo,
Possuíam armas de raio laser,
Que não feriam nem machucavam,
Eram feitas de plástico colorido,
E atiravam água,
Ao invés de fogo e chamas.
Felizes,
Trouxeram-nos presentes:
Peões, pipas, bonecas e bolas,
Objetos chamados de brinquedos.
Depois de uns dias, partiram
Em suas naves espaciais.
Percebemos que vieram da Terra,
Um planeta onde há outros seres
Chamados adultos,
Esses, sim, mais perigosos,
E poderiam nos invadir.
Foi muita sorte a nossa,
Pois não fomos encontrados
Por cosmonautas ou astronautas,
Mas, sim, por doces criaturas,
Pequenos seres do espaço,
Que os chamados de criançanautas.
Equilíbrio
Nem tudo se diz e nem se cala para tudo.
Nem tudo precisa ser levado ao extremo.
Nem tudo deve ser lento demais.
Nem tudo deve ser esquecido.
Nem tudo precisa ser lembrado.
A mentira não é cem por cento ruim, nem cem por cento boa.
A verdade nem sempre é verdade e as certezas também são incertas.
Sentimentos não duram para sempre. Magoas podem ser curadas e os amores esquecidos.
Nem todos precisam ser fortes, afinal, as muralhas também desabam.
Nem todos precisam ser frágeis, as rosas mais delicadas também possuem espinhos.
Nem tudo precisa ser limpo demais, as sujeiras também são importantes.
Nem tudo precisa ser exposto. Nem tudo precisa ficar escondido para sempre.
O grande desafio é encontrar o estado de controle das nossas dores, dos nossos medos e enfrentar os desafios olhando para frente. O equilíbrio vem de uma dose de oportunidade que todos nós recebemos do céu. Deus nos presenteia diariamente com oportunidades para sermos melhores e tudo depende das lições que tiramos da vida.
Receita para fazer um poema Dadaísta
Pegue um jornal.
Pegue uma tesoura.
Escolha no jornal um artigo com o comprimento que pensa dar ao seu poema.
Recorte o artigo.
Depois, recorte cuidadosamente todas as palavras que formam o artigo e meta-as num saco.
Agite suavemente.
Seguidamente, tire os recortes um por um.
Copie conscienciosamente pela ordem em que saem do saco.
O poema será parecido consigo.
E pronto: será um escritor infinitamente original e duma adorável sensibilidade, embora incompreendido pelo vulgo.
As formas, as sombras, a luz que descobre a noite
e um pequeno pássaro
e depois longo tempo eu te perdi de vista
meus braços são dois espaços enormes
os meus olhos são duas garrafas de vento
e depois eu te conheço de novo numa rua isolada
minhas pernas são duas árvores floridas
os meus dedos uma plantação de sargaços
a tua figura era ao que me lembro da cor do jardim.
Contar a vida pelos dedos e perdê-los
contar um a um os teus cabelos e seguir a estrada
contar as ondas do mar e descobrir-lhes o brilho
e depois contar um a um os teus dedos de fada
Abrir-se a janela para entrarem estrelas
abrir-se a luz para entrarem olhos
abrir-se o tecto para cair um garfo no centro da sala
e depois ruidosa uma dentadura velha
E no CIMO disto tudo uma montanha de ouro
E no FIM disto tudo um Azul-de-Prata.
Vírgula
Eu menino às onze horas e trinta minutos
a procurar o dia em que não te fale
feito de resistências e ameaças — Este mundo
compreende tanto no meio em que vive
tanto no que devemos pensar.
A experiência o contrário da raiz originária aliás
demasiado formal para que se possa acreditar
no mais rigoroso sentido da palavra.
Tanta metafísica eu e tu
que já não acreditamos como antes
diferentes daquilo que entendem os filósofos
— constitui uma realidade
que não consegue dominar (nem ele próprio)
as forças primitivas
quando já se tem pretendido ordens à vida humana
em conflito com outras surge agora
a necessidade dos Oásis Perdidos.
E vistas assim as coisas fragmentariamente é certo
e a custo na imensidão da desordem
a que terão de ser constantemente arrancadas
— são da máxima importância as Velhas Concepções pois
a cada momento corremos grandes riscos
desconcertantes e de sinistra estranheza.
Resulta isto dum olhar rápido sobre a cidade desconhecida.
E abstraindo dos versos que neste poema se referem ao mundo humano
vemos que ninguém até hoje se apossou do homem
como o frágil véu que nos separa vedados e proibidos.
Uma vida esquecida
Eu conheço o vidro franja por franja
meticulosamente
à porta parado um homem oco
franja por franja no espaço
meticulosamente oco uma porta parada.
Um relógio dá dez badaladas ininterruptamente
dez badaladas por brincadeira dança
um homem com pernas de mulher
e um olhar devasso no Marte
passo por passo uma criança chora
uma águia e um vampiro recuados no tempo.
O silêncio foi a resposta.
A ausência um forte tormento.
Minha inspiração calou-se.
Sua memória entregou-se ao esquecimento.
Mas, a minha mente ainda lúcida,
Lembrará com gratidão,
Quem reconheceu em mim talento,
E eterna será em meu coração.
A dor da saudade ficou somente para mim.
Pois, agora seu coração descansa, e sua dor teve fim.
Sei que de mim já não lembra, e nem poderá me ouvir.
Mas, o meu coração ainda sofre a perda por vê-la partir.
Como uma vez ela me disse, quem tem amigos deixa saudade.
Mas, além disso, ela deixou um legado, de perseverança e lealdade.
Agora só me resta a lembrança,
De seu sorriso e sua alegria.
Toda a nossa história foi um conto,
E, agora, será poesia.
QUEM ÉS TU? (2010)
Encontrei-me em Teu desencontro.
Por Tuas lágrimas, voltei a sorrir.
Na Tua solidão achei companhia.
Por Tua dor alívio eu pude sentir.
As Tuas feridas me curaram.
O Teu próprio sangue minha alma lavou.
Na Tua pobreza me tornei rica.
O Teu sofrimento me libertou.
Podias falar, mas preferiu o silêncio.
Podias fugir, Teu Amor Ti fez ficar.
Quando podias de mim desistir,
escolheu na cruz morrer, para vida eterna me dar.
Quem és Tu que ficas quando todos se vão?
Quem és Tu que amas mesmo sem ser amado?
Quem és Tu que me dás perdão?
Nada tenho eu de bom para Ti dar, nem sei agradecer.
Contudo a Ti entrego meu coração cansado e fútil.
Aceite-o, não vale muito, mas é tudo que tenho para oferecer.
NADA SOU SEM TI (2010)
Quando pensei que tudo estava bem
Veio a prova, e eu te abandonei.
Não soube Ti amar como devia,
Longe de Teus braços, infeliz eu fiquei.
Não me deixes partir, eu Ti peço!
Não me permitas da Tua presença fugir!
Prenda-me em Teus braços eternos.
Não quero jamais deles sair.
Se por um vale escuro um dia eu andar,
Carrega-me em Teu colo, deixa Tua luz me iluminar.
Nunca me deixes sozinha.
Sem Tua companhia não quero ficar.
E, se do caminho da vida eu me desviar,
Por Tua misericórdia e bondade, me faça voltar.
Sem Tua presença, Oh Altíssimo, eu não quero viver!
Sem Ti viver é a morte, viver sem Ti é morrer.
"Vejo que o jugo dos seres ultrapassa a humanidade.
Segue sem freio, sem consciência e muito menos linha tênue
Pois, o dedo julga, o pensamento retrata e mata.
Mata-se vida por aqui, independente de qualidade.
Pode ser meia dúzia de gente ou uma árvore, por acreditar que quem está à margem não tem nada a dizer.
Agora, diante de tanta beleza dessa criatura, me torno pequena e imatura ao julgar que esse ser vivo não tem nada a dizer.
Seduzida pelos seus encantos, tu agora guarda meu pranto e meu imenso querer
Mudar o mundo com as letras
Tu serás mais uma ou serás a mesma arvorê?
Mais uma vez:
Mais uma no vazio uma sala vazia e chaves na mão!
Mais uma vez faço uma lista de "a fazeres" sem saber como será, lá do outro lado, à esquerda ou à direita do desconhecido!
Mais uma vez, pernas trêmulas: incertezas.
Mais uma vez eu mudo para sempre, cheio de vontade de chegar do outro lado.
Mais uma vez, eu mascate saltimbanco, com o saco nas costas e vibrando com a incerteza das buscas.
Mas uma vez, de novo no mesmo lugar de antes...
Mais uma vez, faz um ano que mudei e agora é definitivo...
Mais uma vez, se não é "novo" é novamente de novo!
Até a próxima... e, se você não entendeu, imagina eu, um ano depois da última mudança, refletindo sobre a insustentável leveza do ser!
Não há lugar que possa correr
Se seus olhos penetram a invadir-me,
Tempestades de sentimentos caem sobre mim,
Como choro, regurgitadas,
Se seu coração bombardeia a fuzilar-me,
Emoções caem inquietas sobre mim,
Como desejos, insopitáveis,
Se seu amor eclode a refugiar-me
Redoma de acalento assenta sobre mim
Como amparo, escudado,
Não há nada que possa fazer,
Não há lugar que possa correr.
"SOLIDÃO"
Hoje me sinto sozinho
Sem teu amor, sem teu carinho.
Mas não sinto falta da frustração:
Como é linda a solidão.
Onde está meu coração?
Veja bem, já não preciso disso,
Já não me incomodo com isso:
Como é linda a solidão.
Cometi uma calamidade,
Que os deuses me perdoem,
Inventei de ceder à vontade;
Vontade de viver,
Que os deuses me perdoem,
Viver sem você.
Quarto escuro
As paredes perderam suas vozes
As janelas perderam suas luzes
Os dias perderam suas cores
Tornou-se um inverno aqui dentro
Tudo tá tão escuro e frio lá fora
A casa reflete os ecos da quarentena
O quarto tá vazio como uma sentença
Lá fora tá escuro, e vejo o reflexo das estrelas
Lá fora tá deserto, e sinto a distância das certezas
O quarto tornou-se um cubo
Vou fazê-lo um santuário de reza
Pra me conectar no meu refugio
Vou acender a minha vela
Nem mais, nem quais, vou me aquietar
Pra voz de dentro assim soprar
Os anseios, as perguntas, responder
O que nada pode garantir a não ser o poder de crer
A fé me guia com todo seu poder de oração
O quarto escuro tornou-se o lugar de iluminação.
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