Coleção pessoal de ranish
Sempre que venho nesse boteco
me sinto na áfrica.
Girafas, hipopótamos...
Uma gazela acaba
de passar do meu lado.
Tem mais água nos meus poros
que esse arremedo de chuva.
Parece que São Pedro não toma mais cerveja.
Na rede.
Entre o coqueiro e o pé de mangaba:
a cidade aos meus pés.
O vento sopra como um sussurro de amor.
Sonoro,
cálido.
Vou cerrar meus olhos
como se faz com a porta de um empório.
Levantei com as galinhas,
hoje.
Agora o quilo me pesará mais.
Agosto: ventos sibilam em rodopios.
Vou falar pro Miroldo trocar
o caiaque dele
por uma prancha de windsurf.
Estômago roncando.
Parece alguma língua estrangeira.
Da cozinha vem um vento
com vapores de assado que envolve
e fustiga.
Água de amolecer o cérebro.
O cérebro virando água.
Aguardente.
A noite se esvaindo
sob o farol da lua cheia.
Agora a seca que faz aqui me inunda
todos os poros
e também os meus olhos marrons.
Ventos agustinos sopram o diabo.
Dezembro tão longe.
Era noite.
O bóreas não soprava.
O céu de púrpura que estava
parecia uma aurora surreal.
Chovia estrelas.
Eleições ainda tardam
mas não seria má idéia
aproveitar os perdigotos dos pré-candidatos
para irrigar a lavoura comunitária.