Coleção pessoal de ranish

261 - 280 do total de 509 pensamentos na coleção de ranish

Cerrei meus olhos
como quem fecha as portas de
um empório.
Nada.
Nem sonhos,
nem sono.
Apenas barbies esqüálidas
and ebony babies.

O lago fica abalado
a cada batida do remo.
Mas sem isso é impossível
singrar as águas da vida..

Eu joguei limpo. Sempre.
Principalmente com as mulheres
mais sujas.

Não pago um centavo por pecados ainda não praticados.

E é isso.
Nostalgias e gastrite.
Um dia mais perto da morte.
Duas ou três escolhas.
Apenas um caminho.
Lá vou eu, já vou eu.
Vento no rosto
e sorriso nos lábios.

.

Isso nos prova que a perplexidade não envelhece: Anarquista, romântico, coração mole... Sua cabeça sempre esteve onde seu coração a levou. E isso é tudo que se pode desejar. Eu também sou um pouco assim: prefiro ser inadequado, inadaptado que me enquadrar ao jugo de regras que não acredito. Outsiders?!
E mais te digo: Se nos incomodam algumas gotas de insatisfação com essa nossa vida sem louros, imagine os rios de culpa dos que infringem sua própria consciência por alguns tostões a mais, ou dos bilhões de alienados que acham a felicidade na tarde de domingo vendo a TV.
Nessa senzala de vida nossa consciência é o que nos resta. Nossos braços: os vendemos barato para manter um sustento pífio. Entretanto temos de seguir.
Não será em vão termos vivido como vivemos. Nossa vida é o prelúdio doutros tempos. Tempos germinados no nosso imaginário.
E termos conhecido verdadeiramente a amizade, a ética, a realidade por detrás das linhas que manipulam tudo... Apenas isso já é de um prazer incomensurável.

____________________________________

.

Pinguelei memórias: piscadelas.
Pedaços de realidades passadas.
Vislumbres em recortes.
Lá estava eu com os cabelos longos ao vento,
no meio de carros e arranha-céus.
Ou em cima do abacateiro olhando a vizinha no banho.
Ou num faluka subindo o Nilo.
Ou no meio da vacaria...
Fatias de tempo embaralhadas:
um vazio transbordando retalhos da vida. Recorrências.
Com o tempo as lembranças ficam assim: realçadas, avivadas.
A-mei-a-idade com os seus vieses de melancolia real
e de euforia ingênua.
Outros tempos virão,
outras saudades no caderno do futuro.
Mas agora com meus olhos sem o brilho colorido da inocência..

__________________
.

Existem dois tipos de homem.
Aquele que segue intrépido
rumo ao seu objetivo
e aqueles que param no boteco
para tomar uma.
O primeiro fica rico,
famoso,
vira herói.
Nós, os outros,
apenas aproveitamos,
vivemos a vida.

Hummmm!!! Esse pudim tem gosto de infância!

Hoje é apenas sexta.
Uma sexta com cara de sábado.
Escruto as possibilidades quase inexistentes
de sair e ser feliz.
É preciso tentar.
Afinal nenhuma princesa pálida
baterá na minha porta perguntando por mim.
E mesmo as cervejas ficam destemperadas
na porta de qualquer geladeira.
Alçarei uma outra vez olhares caçadores
sobre a mesma manada.
Levarei comigo aquele sorriso emoldurado
para socorrer o acaso.
Ainda que nada ímpar aconteça
eu saberei se a chuva molhou a cidade...
E, então, poderei deixar que o álcool
afogue o meu tédio.

Quem trabalha, quem produz, quem cria alguma coisa
não muito raramente erra.
Errar é da natureza humana.
Com nossos erros aprendemos a acertar.

Já quem critica nunca erra: É sempre infalível.
De cima de um pedestal é fácil imaginar
o quão perfeitas poderiam ser as coisas.
Afinal quem critica ferozmente os outros
quase nunca trabalha,
quase nunca produz,
quase nunca faz nada parecido àquele
que é objeto da sua critica.

Todos erramos.
O importante é sempre a boa fé
com que fazemos o que fazemos.
Mesmo na crítica deveríamos nos transportar
para o lugar daquele que criticamos.
Imbuídos de boa fé nossa crítica poderia ser positiva
e melhoraríamos, assim,
um pouquinho o nosso dia-a-dia.
Ajudando a corrigir erros
ao invés de simplesmente expô-los maldosamente
a um mundo cada vez mais voraz
de futilidades.

E veja: a sabedoria em criticar construtivamente
reside justamente na intenção.
Toda crítica que ajuda,
que edifica,
que é positiva
sempre muda nosso mundo pra melhor.

O contrário não nos leva a lugar nenhum.
Apenas expõe situações constrangedoras
à execração pública,
nada mais.

Pequei pelo olvido.
Estive pelos lados do Piancó nesse princípio de semana.
Percebi uma novilhota caraca com um sinal vermelho na barbela.
Pensei comigo: É nada!
Apenas algum carrapato caído. Ou arranhão em árvore espinhosa.
Dei por olhado o plantel e voltei pra cidade.
Nem me lembrei mais disso.
Ao voltar por lá, hoje, constatei o estrago feito.
Uma bicheira feia lhe comia parte da barbela.
Grande mesmo de caber a mão.
Reuni o gado, fechei no curralzinho da vargem
e fui ver de perto, no tronco.
A danada não deixava de atarantada que estava.
Coloquei-lhe a formiga nas ventas, amarrei bem e curei.
Unguento, prata e um larvicida pour-on, para garantir.
É isso: um descuido que seja e o leite entorna.
Soltei a bichinha no meio da vacada
e fui despontando pra acurar a conta enquanto apreciava
a subida delas pra cabeceira, em fila,
emagrecidas por essa seca infinda,
por esses dias vulcânicos.

Pulei cedo e fui passar a vista na caracada.
Saudoso eu estava do manejo,
da berração.
Contornei a capoeirinha
e fui chamando: Vem moirinha, vem cigana,
vem campeão.. Vem!
Reuni e fui tocando.
De começo já percebi duas paridas: um bezerrão malhado, uma terneirinha roxa.
E foi.
Fechei, apartei, curei bicho no umbigo,
passei remédio pra caganeira...
Minhas meninas me rodeavam: Olhares mansos,
confiados, majestosos.
Dei mais um repasse e pensei: sem mais novidades.
E elas foram passando uma a uma pela porteira.
Conta certa, falei pro meu umbigo.
Sol alto eu voltei pra terra dos bancos..
Agora é seguir o rastro oloroso do almoço.
É bom estar de volta
aos meus domínios,
à barra do Piancó,
à vidinha besta desse canto
de Minas.

O scotch honesto me olha de dentro do copo.
Bronzeado pelo malte
ele me diz: me tire dessa redoma
que te colocarei um brilho dourado nos olhos..
O sol se foi e já é quase hora
de buscar a alegria dos bares,
de reencontrar gentes,
de sentir os perfumes da noite.
Lá vou eu, já vou eu
em busca de alguma chama
que me clareie o tédio,
que transmute em multicolorido
esse tempo tão gris.

Lascas, postes, palanques...
A motosserra mastigava a madeira derrubada pelo vento, ressecada pelo tempo.
Um lamento insistente desfiando na medida as peças perfumadas, coloridas.
Angico, sucupira, amarelinho...
Era preciso aproveitar as árvores mortas
para o reparo sem fim das paraguaias.
E também para a limpeza das pastagens: Uma árvore caída
é morada certa de cascavéis..
Outro dia na lida: olhares infinitos
sobre os pedaços de tempo
costurados na barra do Piancó..

Navegadores antigos
tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso;
viver não é preciso"... FP.
Internet naquele tempo era apenas
oceano.

Lambislar, lambislar...
O viscouvisco escorre.
Mouvar lugubremente.
Prosvo, murgo.
Sonrisar vors.
Vítreo olhar: chups!

Sou um bobo.
Me esqueço que o meu desejo é tão velho
quanto eu, que minha princesa
está toda enrugada.
Sorrisos que não cabem no tempo.
Pena!
Tanta saliva escorrida inutilmente.
Setas que não alcançaram o alvo,
espermatozóides nadando na cerâmica.
Dormirei com saudades..

Brislar, brislar.
Pisco-e-durmo-e-pisco.
Roromingor voist. Redemptoris...
BBarbosa trocou a msk
e 1 besouro me sobrevoa.

Día de los muertos..
Penso no cemitério da vida.
E nas lembranças mais
e mais amareladas.
Homenagens aos idos,
saudades!