Coleção pessoal de ranish

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Eu derramava meus olhares,
meus sorrisos: estava apaixonado!
Ela sempre distante nunca me deu lado.
Passaram os anos de escola,
passou nossa adolescência...

Um dia desses ela mandou recado.
Obediente que sou eu
a acompanhei.
Algumas horas de minguado prazer
no motel da cidade apenas
para me confirmar que o tempo devora tudo.
Até mesmo o amor.

Fiquei horas contando moedinhas esquecidas
numa caixa de sapatos.
Enquanto eu as separava memórias
dos tempos magros me vieram.
Bitucas juntadas e desfiadas no cachimbo.
Pinga com mel.
Casinhas de cachorro com pão e mortadela
de almoço dividindo o dia...
Meu irmão me dizendo: "tô tão pobre que tou tomano
manga da boca de porco".
Hoje tudo isso é apenas alegoria.
Aquele pobre nem existe mais nesses dias.

Temos que chupar as mangas
que nossas mãos alcançam.
As que estão muito alto vão cair
e se esborrachar no chão.
Nem mesmo serão chupadas.
Perdemos muito tempo com molhos
quando o importante é matar a nossa fome.
Nossa fome de vida,
de prazeres,
de sonhos.
Detalhes apenas ao Roberto interessam.
Quem exige muito,
quem escolhe muito
acaba sozinho.
Te falei pra amar quem te amasse.
Te amassaram e você não amou.
Ficou só pensando no seu céu.
Se esqueceu que pra conhecer o paraíso
é preciso morrer.
E sem muita certeza pois lá pertinho
também fica o seu inferno.
O certo é amar o que temos.
Muitos amam a lua,
mas há espaços pra poucos astronautas
na nave.
...

Alguns territórios valem mais a pena que outros
mas sempre há novos rumos a seguir,
novas terras a conhecer
e outros mundos a serem conquistados

Cá estou eu. Aí está você.
Me aceite e poderá ver o meu umbigo.
E eu o seu.
Então seguiremos você e eu:
Umbigos e caminhos.

Mas é isso mesmo, não? Estamos todos fadados ao apego desmedido.
Nos esquecemos que a vida é efêmera e para voar precisamos de ventos e de velocidade.
Esses sapatos de chumbo teimam em nos firmar: instintos de sobrevivência desnecessários em tempos de abastança.
Também tenho pensado e repensado tudo.
O tempo urge, a vida escoa...
Olho no espelho e tenho apenas vinte anos.
Parece bobagem mas eternizar passados às vezes não passa de nostalgias recorrentes.
Fiquei sabendo de planos que já ficaram para o outro ano. Pena.
Os trens têm horários rígidos.
E passam de tempos em tempos por nosso presente.
É preciso coragem para embarcar.
E também para as necessárias despedidas do que ficará pra trás.
No fundo tudo se ajeita.
Escolhas são sempre traumáticas mas imprescindíveis e inevitáveis.
Não escolher já é uma escolha...

.

Sinuca de bico.
Atado ao cais, continuo.
Papagaios prorrogados às barbas do carnaval.
Vacas, bezerros e leite que me escorre por entre os dedos:
Vicissitudes bovinas.
Coisas e amarras.
Eu não era assim.
Escuto Gainsbourg.
Ando youtubado nas horas vagas.
Saudades daí, de você e de mim mesmo
nesses ares urbanos.
Venenos, ando precisado deles...
Margaridas multicoloridas num copo d'água.
Amanhã será segunda,
outra.
Milhões de pequenas bobagens para pensar.
Quando será que vou lavar meu carro
ou limpar minhas gavetas,
ou colocar velhos livros na estante?!
Será que a vida é só isso? ...
Alguma coisa me aflige.
Meu coração está mole.
Terei que achar uma benzedeira...
Outras saudades!!!
Beijo!
r.

.

.



Você sabe... Eu vou indo assim
como se não fosse...
Mesmos desfechos com copos
diferentes...
Quando o ano vai acabando
eu me sinto triste:
Parece que não conquistei
todos os territórios que
me pertenciam por direito.
Meu cavalo anda troteando em refugos.
Não sei... Novembro chove. Gotas com cheiros
de musgo e de passado.
Minha mochila está pronta de novo. Perambular
me faz enxergar meu umbigo.
Bobagens, outras, bobagens...


.

Sempre me sinto em casa
quando entro nas cidades em que vivi.
Mas, agora, ando lerdo...
Seduzido pela comodidade, pelo conforto...
"Ocê mire e veja": Eu finalmente cheguei:
delícias em cetim vermelho!
Ressacas e contas... Banco... Filas.
Atrás...
Sinuca necessária, jogo:
Destino implacável. Vida.
Morrer três vezes, Forró...
Será, então.
Escuto músicas daqui ...
Irei depois das novidades?! Você sabe:
Dançar ... adoro!!! Meus cabelos ficam
eletrificados, como parafina ...
Outros oráculos para dizer
mesmas lágrimas...
São Pedro chora, chove.
Gotículas escorrem enquanto digito...
Subterfúgios de fundo.
Saudades de mim mesmo, antes.
Adoro Mozart... Simbolismos....
Espero, mas adoro.
Depois será,
agora.
Amanhã.... bobagens....
O W.C. fica onde mesmo?!
Nos vemos num desses espaços
entre as notas: pausas,
cruzilhas...

Megalópolis cá estou eu,
de novo.
Pareço procurar pelo que não perdi.
Ou por aquele olhar escondido
no meio de tantas faces aneantidas.
Estou de volta
ao seu mar de asfalto e desespero.
Gosto:
me sinto em casa,
novamente!

A saliva escorre sem pensar.
Vontades de te lamber.
Bobagens!
Ficou assim perdido no tempo, não?
Coisas de interiores medíocres.
Sinto vontades.
Suas.
Parece com um passado permissivo.
Não sei:
Coisas e coisas...
Adoro lembrar coisas.
Sinto saudades, vislumbres...
Outros mundos, Mozart?!
Beijos líquidos!
E outros.

Virulência.
Coisas de rio.
O Amazonas prossegue.
E vai...
Assim passando
por nossas almas fugidias.
Por nossa carne morna.
Vontades de Rio:
corredeiras!

Também gosto desses seus olhos penetrantes, mágicos.
Desses seus lábios generosos, rubros...
Os medos todos os temos..
Tiramos um pouco de coragem da manga e...
Quanto ao amor te digo que ele existe
e é lindo, terno, apaixonante...
Mas (infelizmente) temporário...
Findo o último
suas marcas só se apagarão com o próximo...

Olho pras coxas
mas paro mesmo
nos olhares...
É triste numa noite
com um ror de gentes
encontrar apenas
um ou dois sorrisos
com neurônios...
Há quem diga que na cama
isso não faz diferença. ...

No caminho de Passárgada
encontrei um mastodonte
carregando uma mochila de pedras.
Seguimos juntos por algum tempo.
E uma amizade inabalável surgiu.
Não sei se ele ainda carrega
aquela pesada mochila
mas meu coração me diz
que ele segue firme na direção do poente...

Abriu. Estava um barradão bonito no começo da manhã. Enquanto os róseos dedos da madrugadora aurora surgiam puxados pelos berros da caracada as nuvens foram se dissipando até clarear por completo. O gado me rodeou farejando o sal que eu colocava no cocho. Olhei: nenhumas novidades. Faltaram as duas mojadas. Levantei a vista e as vi lá na cabeceira. Lentas, sossegadas. Fui lá. A parição é breve, pensei. Agora estou em casa. Soprando o café preto pra mastigar o pão de queijo. Outra semana começa.

Fuçando escritos antigos encontramos pérolas que nem sabíamos tão preciosas. Já ri muito de minhas elucubrações adolescentes.

Mafuá detrás do banco do saveiro.
Ferramentas misturadas
com livros.
Seu carro: sua vida!
Preciso fechar gestalts,
abrir horizontes...

Ela me disse: vaca "aqui em casa é somente a pele esticada no chão da sala".
Eu retruquei que é assim mesmo,
que vivemos só um pouquinho.
Mas antes do açougue,
ou do cortume,
ela bem que deve ter pastado nalguma baixada,
nalguma vargem maciosa.
Deve ter bebido água limpinha
dalgum ribeirão
e deve ter tido o sossego
dalguma sombra frondosa no meio da pastaria.
Seus olhos de entardecer nunca vão junto.
Eles são hereditários, eternos.
E eu os vejo todos os dias.

Quando estou sozinho lá no meio da pastaria sinto o cheiro da paz.