Coleção pessoal de Moapoesias

81 - 100 do total de 725 pensamentos na coleção de Moapoesias

⁠Lembranças enfileiradas,
balançadas
na cadeira de palha
de pernas quadradas.

O olhar fixo na estrada
Algum movimento...
- Vento – e mais nada!

O tempo não avança
nesta distância
- Isolamento
Espera demorada.

O azul do céu
- Nos olhos -
aguardando...

⁠A vida traz o inesperado
- Gol olímpico –
Luas aluadas
Sombras que amanhecem

O rio sobe a montanha
em andaimes a espiá-la
e desliza em lágrimas

Vive e cultiva a flor
- Da pele -
Espinha e sente
o odor
da dor que dói
silenciosa

Acena ao divino
num flash de fé

Adormece leve
escutando o coração

Em paz…

⁠Sobre o amanhã:
- Tudo é igual, nada vejo;
Pouco sinto,
nada sei

Talvez meus olhos amanheçam cheios
e meu sorriso venha a óbito
ao escutar
o grito sofrido dos homens
em brados por justiça.

Mundo ingrato!

⁠As reticências ainda dormem
nas ruínas das destruições
do tempo estupido e visceral

Antenas anônimas captam
ruídos ruidosos da rua e as
câmaras indolentes
filmam a metrópole aflita

Respingos de caos e sombras
no muro baleado – imóvel -
grafitado de aflições efêmeras
ante os trilhos do destino

Só os egos não veem os fósseis
- Não só Judas, nem só Gení –
Empáfia máfia repugnante:
quem manda pode?

⁠Sobre nós:
- Cumpriremos
todas as promessas

Me esquecerei,
te esquecerás

Para sempre.

⁠A minha mãe rezava,
malemal me lembro

O vento forte
Temporal
Frio
Chuva
Folhas perdidas...

A madeira da casa gemia
tremia em nós o anseio,
mamãe rezava;
Tenho certeza!

Raios luminosos
Insegurança escura

Mamãe tinha fé:
- Santidade,
no altar da minha saudade!

⁠Se for caminho
ei de enfrentá-lo
pois a fé dá força
para a paz reinar

Se o que eu desejo
for inalcançável
a minha crença
manter-se-á inabalável

Se faltar brilho
um céu de estrela
pintarei ligeiro
para me iluminar.

⁠Ao final da tarde penso em um poema,
mas me lembro de que não comprei leite
e corro até a padaria

Amanhã a conta da água
e depois a da energia
e sábado tem o aluguel

E domingo tem a fome
e segunda tem a fome
e sempre tem a fome

Em um dia o dinheiro some,
o poema falece,
os olhos tristes
veem outro dia amanhecer.

⁠O homem mata
tempera,
prepara e
come

E quer matar o bicho
que quer se
alimentar do homem

Quem é o bicho?
Quem é o homem?
O homem-bicho ou
o bicho-homem?

⁠Pés calmos não avançam
e a estrada os vence.

Que caminhos percorrem?

Cansados levam os olhos
a ver misérias humanas
criadas pelo homem.

Um olho olha,
o outro cala.

A lágrima ...

Tão duro construir
a paz!

Repetem-se os passos
- O anexo não salvou Anne -
Nada se salva
O mundo acaba
A humanidade é a mesma.

⁠Não sei divisar
alma e carne
É tênue é
Abissal

Às vezes sou
e deixo de ser

Desconfio que o futuro
seja pingos de passados

Me calo
Esqueço
para não ser
lembrado.

⁠Maduras,
escorrem,
colorem,
fermentam

Esmagadas
transformam-se

As palavras
Ganham gosto.

⁠Final
Uma pomba, inocente
pousa sobre um túmulo
Os corpos estão aqui,
- suponho -
Onde estarão suas almas?
Desconfiada me observa.
Estou vivo!
- Grito.
Eu fico.
Ela voa...
Busca o montanhoso
ponto do Condor
iluminado pelo sol
Vai tornar-se alma.

⁠Muito além de um caminho:
vida!

Passos ansiosos
nem sempre pensados;
Pés pesados no chão.

Viver é dádiva!

Fulminante o sol se põe
como a brisa da praia

Vive-se o instante!

Faltaram infinitos.
A vida nunca para!

Viver é ser!

⁠O homem em águas profundas
contemplando o farol distante
sem avistar a baleia
na areia agonizante.

Se isso é saber viver
não sei o que tenho vivido.

Novas auroras anunciam outros barcos,
Mas onde estará a inocência
meiga e desinteressada de outrora?

O que há além de vida e morte?

⁠Ainda tenho alma
- acredite –
é calma
Tem horizontes poéticos
como os tempos velhos de mim

Quanto vale a idade?

Minhas estrelas ainda
são doces pregados no céu.

⁠Despidos,
pobres bichos!
E a chuva a lhes umedecer.

Outros cantam!

Tais felicidades às avessas
parecem sorrir
risos saciados
sem sede
sem medos.

Em que reside a alegria?

Na água e milho
- Dirão eles!

E eu sem respostas
Sem cantos
Sem risos
Sisudo
cara amarrada,

Vestido!

⁠Duas chaves
abrem a mesma porta

Claves de sol
Voz noturna-rouxinol

Migrações coloridas
Pássaros de rosas-vidas

Abre-se coração
Ouve-se a canção


Recebe a pétala
solitária na mão.

- O voo não silencia a emoção -

⁠Na sombra das asas
voa
Inventa movimentos
Repousa
Sossega
Encolhe
- ImpiedosamenteSome
Perde-se
do sol.

Nas asas internas
À luz
na parede
projeta
objetos

Nas asas da noite
silencia,
se ausenta.

Repousa
noturna solidão.

⁠Balançando desce
suave a semente
sobre o solo pousa
sua leveza

Sutil e natural
sob a terra
chuva o gera
Lunação imediata
Bons ventos
sacodem os galhos
- Vida verde-