Cadáver
Cadáver -
Já não tenho lágrimas nos meus olhos
excessivamente abertos
para aljofrar o cadáver podre da infância!
Esse morto que não morre
esse vazio que não enche
essa espada, esse abismo
essa faca de dois gumes
ferida que não sara
sangue que não estanca
dor, angustia e solidão ...
Já não tenho lágrimas nos meus olhos
excessivamente abertos
para aljofrar o cadáver podre da infância!
Esse poço de água suja
esse olhar que não desolha
essa terra de ninguém
esse aborto que apodrece
dor que gera dor
mentira que me enreda
pobre sombra desmaiada ...
Já não tenho lágrimas nos meus olhos
excessivamente abertos
para aljofrar o cadáver podre da infância!
Esse rosto sem ternura
esse corpo mutilado
esse olhar pesado e cego
esse filho indiferente
órfão de alegria
sem mãe nem pai
numa tumba sepultado ...
Já não tenho lágrimas nos meus olhos
excessivamente abertos
para aljofrar o cadáver podre da infância!
Conformar-se com pouco, é comparável a estar morto durante a vida, um cadáver não sepultado, alguém que desistiu de viver seus sonhos.
o fizeram
profanaram meu decrépito cadáver
não basta os vermes terem o permeado
agora hei de ser profanado
me vi jogado as ruas
marcado por solas de sapato
espalhado o mal
não há o que ser racionalizado Pensado foi simples
matar-nos antes que ele nós mate
toda disposição que temos
foi recado da aflição
todo cadáver jogado ao chão
sendo devorado pela paixão
este sentir faminto como um cão
só vai rasgar nosso coração
mas compartilho aos cachorros
muita compaixão
que nefasta visão
por que tem que ser assim?
eu te amei com todo afim de meu peito
é cômico até
acho que devemos todos rir
O processo de decomposição e putrefação do cadáver é uma clara manifestação de igualdade entre as pessoas.
Vivemos porque sentimos, afinal, que diferença existe entre um cadáver e uma pessoa insensível? Nada mais são do que duas faces diferentes da mesma morte
UM CAIXÃO CONFORTÁVEL
(Bartolomeu Assis Souza)
Um cadáver confortável?
Mas quem é que quer ser...
A vida não pode ser
UM CAIXÃO CONFORTÁVEL...
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É mais fácil encontrar vida em um cadáver, do que encontrar vida em um cristão que não tem comunhão!
A televisão a cabo é hoje um cadáver perfumado da televisão comercial de ontem. Os programas da tevê convencional com a nova à cabo se misturam, e o que se copia não é só a programação com perfumaria, mas a forma de elaborar o conteúdo da caixa ideológica da programação, como a maquiagem também. Temos programas tão ruins na televisão a cabo hoje quanto tínhamos na tevê comum ontem.
Viva de verdade, para não acabar sendo apenas um cadáver que você arrasta para o trabalho ou para passear.
As religiões são como bactérias famintas num banquete de um cadáver, sugando os nutrientes dos indivíduos, até o deixar em estado de decomposição.
Um cadáver no caixão
Uma lágrima cai então
Decepção no coração.
saudade sem dimensão
Amando sem amor
Sofrendo sem a dor.
O mundo já não gira
Minha vida está sentida
Minha mente destruída.
Um grande e escuro sentimentos
Que nasce em mim
uma bola de situação
uma vida sem canção.
o decepção sem dimensão.
CARREGAR O CADÁVER
Viver é mais do que um peso
Viver é carregar o próprio cadáver nas costas
Lentamente...
Dilacerantemente...
Deixar putrificar substâncias entrópicas, fétidas e químicas...
Ao mesmo tempo ter consciência de que tudo pode acabar...
Num instante, num sopro, numa ventania...
Mas milagrosamente resta a fé do crente que descortina adiante as certezas, ou nas in-certezas do filósofo...
Tudo na vida será um fim...
Resta aproveitar a "viagem", o "intervalo" e esperar o fim...
ou não...
Amém!