Vou Morrer
Overdose
Acordei de um sonho insano... Me senti frio como a noite e leve como o ar. Soro passou por minhas veias e limpou toda a merda de ontem.
Fraco, tonto, enjoado... apenas definições para os meus dias... mas não essa noite, dessa vez a brisa foi totalmente diferente. Abri os olhos e percebi que estava em um hospital, senti o venenoso gosto da morte. Paro e penso, tenho mesmo que viver no limite? Seria esse o sentimento de felicidade ou isso é só uma busca desesperada por um momento sem neurose?
Drogas e mais drogas...
Ontem a noite eu tive minha primeira overdose.
Slá, só mais um café.
Continuar vivendo? Prefiro cortar o mal pela raiz do que deixar nascer frutos na árvore da podridão.
A morte além de uma certeza deveria ser uma consciência social, pois quando o jogo acaba, os peões, bispos e rei são colocados no mesmo lugar.
Não há pior que a arte dos que morrem, a não ser o pensamento dos que não existem.
eu era nova e sentia muitas dores,
nós rins,no peito, no coração,
mas no coração era de amor mesmo,
então eu dizia,eu quero alguém que chegue na minha vida e fique comigo
até o último dia de minha vida
eu só não imagináva que eu morreria
tão cedo,talvez não fosse para eu arrumar alguém,
talvez a minha morte real mataria, de amor o peito de alguém,
Antes de morrer quero assumir o controle da minha vida
Meu coração grita de dor, pareço perdida, talvez eu possa mudar de ideia em algum momento, nunca gostei de autopromoção, sou avessa a esse comportamento, não sou de regras, uso maquiagem quando quero.
Embora ainda estivesse totalmente perplexa com perdas de sono, muita negatividade já tinha se tornado um hábito para mim, nada para mim era muito sério ou íntimo, eu só pensava no último adeus.
Chocada demais para reagir, sempre estive à disposição para tudo que precisar, algumas pessoas usam enterros apenas para socializar e nem pensam em quem acabou de morrer, é muitas risadas e piadas.
Os sábios eram irritantes, com uma liberdade sempre no caminho, com o mundo de facilidades, eu sou da geração medicalizada, meus sentidos humanos têm poderes que nem sempre é explicado pela lógica.
A simples menção a um presente me afetava de tal forma inimaginável, como se eu não fosse digna de nada. Sempre tive que esperar um pouco mais para subir mais um degrau, era difícil assumir o controle do meu destino.
Toda uma época de minha vida que eu achava ter apagado da memória não tinha sido, sempre é muito fácil se depreciar e colocar no outro qualidades que não lhe pertencem, a gente não é só medo, a gente é um manual.
Fiquei constrangida, eu estou fazendo o que posso para salvar a gente, chega de autocomiseração, agora eu me sinto muito grata por todos os foras do universo, abro mão daquilo que cumpriu seu propósito.
A única coisa que eu não consigo fazer é descartar emoções antigas, ensinei um bom caminho para meus filhos, onde eles pudessem moldar sua personalidade, mas esqueci de aplicar esses ensinamentos para mim.
Precisava de alguns instantes para processar tudo, relacionamentos, amor, gentileza. Estou aprendendo a agradecer tudo que conquistei, você mal fala comigo e agora quer consertar o nosso relacionamento, assim eu desacelero.
Toda a natureza desde a aurora até o crepúsculo, nos mostra a beleza de ser, de viver e até de morrer para renascer novamente em perpétuo sim...
Eu não tenho medo da morte, pois ela é a única coisa certa da vida. Tenho medo de não viver tudo que eu posso viver.
Feitos mostarda
"Somos sementes esperando eclosão,
sementes na palma da mão.
Ninguém quer ser o primeiro a ser plantado.
Queremos a vida sem nunca realmente tê-la usado.
Ainda reclamamos dum fruto não dado.
Não existe fruto sem raízes em terra e um pouco de sorte.
Não nascem flores sem algum tipo de morte.
Quem preservou sua vida nunca realmente nasceu.
Bem aventurado quem por alguma causa morreu.
Todo nosso legado pode caber na palma da mão,
ou talvez não."
