Maria Almeida
Pois que o sorriso toca uma estrela em cada amanhecer e simplesmente realiza o que tem vontade de ser…
Tu ensinaste-me tudo o que eu ainda não sabia sobre a solidão.
Eu ensinei-te tudo o que tu ainda não sabias sobre o amor.
Sentir o que se vê e sentir o que se lê, não implica uma organização rítmica dos sentidos para se absorver a pura poesia da vida. O seu significado está em cada um de nós, na nossa sensibilidade individual e na nossa posição relacional com o mundo. Entre o tudo e o nada do universo real, as palavras também amam. Muito para além do simples existir, feitas bálsamo e sabendo a mel, elas germinam a suave harmonia do estar e a plenitude intrínseca do ser. Algures, no infinito, algo estremece e tonifica o espírito. Algures, no horizonte, algo recita um poema de sol e de chuva que pulsa num doce encanto e com uma certa e inegável ternura.
A comunhão com o Universo é a forma mais autêntica e a mais feliz de se saborear a própria existência.
Minha força vem de Deus,
Minha humildade é saber que estou de passagem,
Minha energia é acreditar na vida,
Minha motivação é vencer a mim mesma,
Minha vitória é o impossível,
Ser eu mesma… é a minha alegria.
Bonito é isto… acreditar na beleza de todas as coisas, no sussurro da palavra simples e sincera, quando o direito de sonhar se transforma na estrofe que o próprio vento não consegue levar… como um livro de poemas de mil dedos que brota do interior… como o brilho do sorriso que nasce nos olhos e se espraia no próprio ritmo de se fazer o que é certo e o que se gosta… e ser-se o que que se é, em qualquer lugar e em qualquer situação.
Todas as madrugadas é preciso renascer, recomeçar e reinvestir o ser, comemorar a vida de cada dia, a paz de cada minuto, o riso de cada momento, o detalhe de toda a existência, como se cada um de nós - dentro do outro - fosse a verdade à solta… num grito.
Todas as manhãs é preciso ser semente do mundo, desejar mais fundo e nunca perder o encanto, gastar a simplicidade de dar, ganhar a grandeza de perdoar, embrulhar o sonho para sonhá-lo à noite, como se o tempo estremecesse a alma e agora - como sempre - há mil anos… amar.
Enquanto o ser humano não cultivar dentro de si a ternura do seu próprio sorriso e se tornar capaz de se refazer a si mesmo, os abraços continuarão a saber a frio e os bons dias soarão à mornidão sussurrada. A vida caminha pelos trilhos da alma, colocando um brilho no olhar e uma tranquila emoção no coração. Murmura levezas que se pronunciam sem palavras, capta o próprio segredo e revela o simples sentido… Hoje é um bom dia para recomeçar. Como todos que o são. Viva. Ame. Perdoe. Sinta. E seja imensamente feliz.
As coisas mais simples, os gestos mais verdadeiros e os momentos mais ternos, nunca, jamais o tempo pode levar.
Sem economizar afetos e transportando apenas levezas, nada melhor que manter o coração bem quentinho num mundo tão repleto de obstáculos de transição, de medos, de escaladas e de derrocadas emocionais. Aceitar a minha humanidade e viver com muita vontade, perdoar e perdoar-me, embrenhar-me na energia do momento presente e sorver o céu aberto em cada vaga e em cada ponto de contato com o Universo.
Tu és…
Tu estás…
Sinto e vivo a tua luta diária.
Recolho as tuas lágrimas. E absorvo aquelas que não choras.
Eu olho. E vejo. O teu semblante… endurecido.
Eu vejo. E olho. A tímida centelha… no teu olhar.
Não mates o teu sorriso.
Não amordaces a tua vontade.
Do teu peito ferido, como a flor que abre, é o amor que renasce.
Fica. Não partas.
Não partas de ti.
Não partas… tão perto de mim…