Vinho: textos e poesias que celebram sua essência
Eu queria beber você inteiro como se bebe vinho,
Até a última gota,
Brindar com o corpo, explodir seu prazer.
FADO DA SAUDADE
Fado vadio, fado da saudade
Nesta noite fria bebemos um vinho
Um tinto maduro, amargo como a vida
Com o travo a alecrim, a rosmaninho
Ou talvez um bom vinho do porto
Na sala toca-se, canta-se o martírio maior
O fado de dor, da saudade meu amor
Choram as nossas dores ao som dos passos
Da vida feita em pedaços, melodia orvalhada
Refeita de felicidade, do passado, presente
Na sala o silêncio é total, nesta noite fria, já quente
O coração fala mais alto, segredos sem voz
Com o silêncio a tristeza cala-se, inibe-se de amor
Na rua escura ausente de pranto, não passa ninguém
Voz magoada, flor do deserto, de uma canção tão bela
Que nem às paredes caiadas, nem a Deus me confesso
Dos teus fixos olhos castanhos, já presos nos meus
Fado de lágrimas cansadas de quem já muito ama e amou.
A VIDA, A ÁGUA E O VINHO
A vida é a correnteza, nos leva;
A água e o vinho, também
O primeiro é essencial,
O segundo nos traz a essência,
Portanto, um somos nós
O outro, o que queremos ser
São todos efeitos da vida.
A água é como se fosse nós quando nascemos,
Simples, puro, modesto, sem gosto, natural;
O vinho é como se fosse, ou será, robusto, ousado, complexo, perito, artificial
Mas são fases naturais, num mundo artificial, estético
Se comparar um e outro, vemos em sua essência, a água acima do vinho, hierarquicamente,
Porém, nada compara a vida em sua essência,
Seja esteticamente;
Seja intelectualmente;
Pois, ela se abstrata, desenvolve e perece
É abstrata porque nada é igual , seja a forma ou objeto
Se desenvolve porque segue sua evolutividade dinâmica
Por fim, se perece por que, assim como uma história, tudo e todos têm seu fim,
E quem escreve é o destino, seja feliz ou triste.
A água é vida ,
Vinho é água,
E a vida é o destino que nos cerca.
Caminho alternativo
Quando acabar de organizar os lençóis
Vamos nos entupir de vinho
Pra sentirmos fé .
Caminhamos e pedimos socorro
Quase todo mundo é uma guerra
Um leve toco em um susurrar.
Quando acabar de se debater no chão
Tente lavar as mãos
Onde o poder corrompe a covardia.
Caminhamos e queremos uma luz
Entupir de vinho
Sentir fé.
Trata com todo carinho
o amigo velho o maior
que a amizade é como vinho...
quanto mais velha melhor.
se tens esperança amiga
protege-a a cada momento
pois ela é candeia antiga
e na terra ha muito vento
moça,formosa,querida
és pura assim como um templo
que os outros amem a vida
por causa do teu exemplo
não odeies,nem um segundo
mesmo aquele que te odeia
que a gente colhe no mundo
tudo aquilo que semeia
sê boa que é que te custa?
perdoar apenas perdoa
mas sobretudo sê justa
que inda é melhor que ser boa
Ri para o instante que passa
cada vez mais satisfeita
porque só existe graça
onde a alegria é perfeita
e enche tua mocidade
de um afeto superior
só veem a felicidade
os que se encontram no amor.
“A dor que corrói a alma”
O jantar, os talheres, as flores raras enfeitando a mesa, o vinho da cor do pecado, o aroma dos sabores... só não contava com tua ausência.
Os minutos martelam minha mente, a cada hora passada sinto-me mais carente, Deus castiga-me de forma velada... pois sou pecador inocente.
A cama vazia, o perfume da última noite, as gargalhadas, os abraços, aquela vida encantada... o destino mata muito além da alma,sonhos,ilusões,bem que gostaria.
As cartas esparramadas pela mesa, o anel em que seu dedo brilhava; agora apenas papel e lataria... inegavelmente o amor foi maior,reluzia.
Uma simples jornada era o que queria, mas a vida possui suas trapaças, nada que amedronte, apenas destrói o que mais se almejava... um amor puro que nunca se esquecia.
Mais um dia olhando o fundo do copo,
mais um dia tomando este vinho barato
esta embriaguez que teima em tomar todo o meu tempo
todo esse tempo em que teimo em tomar tudo até a embriaguez.
a fuga momentânea da realidade
me faz mais leve,
me faz perder o peso dos dias,
me faz fugir das minhas responsabilidades.
o dia nasce,
o gosto azedo da ressaca vem a tona,
movimentos bruscos são marteladas em meu cérebro
o chão se mexe como se tentasse me derrubar,
como se o amanhecer fosse me fazer desistir
de que a noite chegue e me faça repetir tudo isso,
tentado me fazer esquecer que tenho mais uma garrafa em minha geladeira,
que tenho amigos sedentos deste meu vinho barato que nos entorpece até o amanhecer.
Nos preucupamos demais com a realidade
as vezes esquecemos de viver
Viver como um cálice de vinho que se desfruta ao tocar os
lábios teus.
De tudo um pouco se pensa
e sempre se espera mais
já não lembro do teu semblante
pois a vida pedi sempre mais.
O mundo não se resume em um livro de capa preta
mais existe sim os seus mistérios,como o mar e seus segredos...
como o teu olhar em direção aos meus!!
Um pouco de vinho não altera minha mente ..
Tem muita gente que morre ou que está doente .
Eu aproveito a vida até o último segundo ..
bebo .. rio .. danço .. canto ..
E muita gente por aí ouvindo lamentos ..
Em frente ao espelho ..
Vendo um rosto velho e cansado ...
[...]
E assim caminha o mundo !
Pegue sua taça de vinho, ponha sua mascara, você já está no baile mesmo. Beba o hidromel dos sátiros e dos faunos, deixe que a loucura báquica recaia sobre você. Se despesa dos seus pudores, dos seus conceitos moralistas e retrógrados. A musica entrará por seus ouvidos e deleitarão sua alma. Cante e dance, e faça o que mais sentir vontade, você vai morrer de qualquer jeito. Aproveite.
Tim Tim.
Desespero
Imortalidade viceral
Desejo de vinho e cartas embaralhadas
Foi quando as vozes me disseram
O que o destino me reservou que acreditei
As janelas estão fechadas
Sem caminho e bagagem
Estou atada aos teus pés
O lençól vem em minha direção
Um fantasma sem predileto
Um canto obscuro na sala pequena e mórbida
Não tenho roupas para sair
Desse labirinto
Minhas unhas se partiram nas paredes
Não vejo escadas
Nenhuma porta para abrir
Parem com seus cantos
Vocês me ferem
Estou em prantos
Meu telhado cai ferozmente ao chão
Há poeira por todo lado
Escritos de ancestrais
Imagine como pereço
Nesse escuro longitudinal
Cortes e gritos inflamados
Montes em forma de morcegos
Asas abertas para estrilhaçar meu rosto
Pedaços meus em todo caminho
Eu não conseguirei me reatar
Tragam um pó
Onde eu seja só mais pó
E esvoace no céu
Pintando as estrelas e ofuscando seu brilho
Partam e me dêem paz!
Caruaru, 22 de maio de 2008
Ellen Miranda
você está em meu sangue como vinho divino
Você parece tão doce e tão amargo
Oh eu poderia beber um barril de você, querido
E eu ainda estaria em pé
Eu lembro da época que você me dizia
Amor é tocar almas
Seguramente você tocou a minha
Pois parte de você flui de mim
De vez em quando, nestas linhas
Eu encontrei uma mulher
Ela tinha a boca como a sua
Ela sabia sua vida
Sabia de seus males e façanhas
E ela disse
Vá até ele, fique com ele, se puder
Mas esteja preparada para sangrar