Versos do Luar
BEM E MAL (soneto)
Tal qual gente que vive sem pressa
na correria do tempo, eu vou assim
e nessas de ter-me um, nesta peça
atuo um dia de cada vez, até o fim
Na alta complexidade que não cessa
a turves rompida pela luz do camarim
da vida, reluz o amor que ele expressa
tingindo o cetim do afeto na cor marfim
Sou feliz! É como minh'alma confessa!
Na tristura, a remessa de sorte pra mim
é paz, pois, tenho na verdade, etc e tal...
Então, na falsidade que nada a impeça
a pureza do amor sempre é um clarim
proclamando que o bem vence o mal...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto/ 2016
Cerrado goiano
pacote
... cada ruga, um poetar do tempo. Envelhecer é o embrulho do viver. Use papel da gratidão, assim, terás mais o que ser... do que só se ver.
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
20/10/2019
Cerrado goiano
copyright © Todos os direitos reservados
Se copiar citar a autoria – Luciano Spagnol
MANACÁ DA SERRA NO CERRADO (soneto)
Plantei um manacá no cerrado
Para o chão ressecado florescer
Em flores bicolores, a irromper
Matizando o árido cascalhado
Já não me sinto só, o alvorecer
Tem um doce aroma de agrado
Com jeito de bafejo tão airado
Que abraçam todo o meu ser
O manacá da serra no cerrado
Trova com o vento um verter
Poético, se fazendo admirado
Árvore em flor, a transcender
O vazio num ato contemplado
Balsamizando os dias de prazer
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Agosto, de 2016
Cerrado goiano
poeminha para as flores
flor são flores
são primavera
de todas as cores
haste da quimera
poetam os amores
amores à venera
as flores tão belas!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Maio, 2016
Cerrado goiano
CHOROSO SONETO
Daqui deste rincão do cerrado
Quisera de a saudade apartar
Mas os ventos só põem a chiar
Quimeras percas no passado
Não sou um poeta de chorar
Mas choro um choro calado
Amiúde e assim comportado
Paliando soluços no poetar
Tão menos viver pontificado
No sofrer, brado, quero voar
Lanço meu olhar ao ilimitado
E pelo ar vai o desejo represado
Liberando as fontes do amar
Livres e do suspiro desgarrado
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
POEMA EM SILÊNCIO (soneto)
Meu verso está amordaçado
As palavras dentro da vidraça
Represadas e tão sem graça
Estou calado, o poetar calado
Inspiração diluída na fumaça
O vazio estridente e arestado
Ácido em um limo agargalado
Inebriando tal qual cachaça
Meu pensamento está suado
Ofertado como fel numa taça
E na solidão, então, enjaulado
O poema em silêncio, bagaça
Oh! Túrgido sossego enfado
Diz nada, só tira a mordaça...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Ao mestre com carinho
Este Ser do livro, do saber, do ensinar
Que as nossas primeiras letras vêm formatar
É sábio que divide o que possui
Ao aprendizado contribui
Com amor, dedicação, coração
Sacerdote da verdade, abnegação
Ao pupilo a passagem da experiência
Os degraus da filosofia
As palavras, a escrita, a poesia
Do tempo, dos valores, da graduação
Obstinação incontida
Existência dividida
Com todos repartida
Que em nossa vida traz luz
Em nossa alma... “De truz”
Aqui todo o nosso louvor
Ao amigo, companheiro, professor!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
15/10/2010, 6’00”
Rio de Janeiro, RJ
VOCÊ CRÊ (soneto)
Quando nos vemos nos olhos que não vê
A incerteza nos traz o desespero, solidão
Temos um bem maior que é a consagração
Tudo pode naquele que fortalece, você crê?
Acredito no amor paternal, na Trindade:
O Pai, o Filho e o Espírito Santo, amém!
Pois Ele venceu a morte, e o mau também
Acredito no verbo eterno, a única verdade
Ele veio e anunciou trazendo a vida nova
Acredito! Pois o seu amor no amor renova
E em sua compaixão, nos ama com paixão
Que a fé nossa de cada dia seja a prova
Do perdão que se clama em hino e trova
Eu acredito na Cruz de Cristo, a salvação!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
NOVEMBRO, soneto no cerrado
A nuvem de chuva, está prenha
A lua na noite longa enche de luz
Novembro, aos ventos ordenha
Amareladas folhas que nos seduz
Meditação, finados aos pés da Cruz
O colorido pelo seco cerrado grenha
As floreadas pelos arbustos brenha
Trovoadas, relâmpagos no sertão truz
Águas agitadas, o mês da saudade
Num véu dançante... Vem novembro!
Linhas de poema e prosa, fertilidade
Décimo primeiro, antecede dezembro
Em ti é possível notar a instabilidade:
Fogo e água, da transição é membro
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
novembro de 2016
Cerrado goiano
novembro
a nuvem de chuva está prenha
a lua na noite longa enche de luz
novembro, aos ventos, ordenha
amareladas folhas que nos seduz
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
novembro de 2016
Cerrado goiano
SONETO NA LAMA (Mariana, MG)
Basta! A quem assistiu o insuportável
O funeral de teus sonhos, tua quimera
Enlamear-se na lama sem que quisera
E em suas vidas, unidas, inseparável
Como acostumar ao lodo que espera?
Moldar-se no barro de jarrete miserável
Deitar-se na insônia, sentir o inevitável
Da mendicância, impune, e de espera
É véspera do escarro. Vês! O inaceitável
Total necessidade também de ser fera
Nas mãos dos que afagam o insaciável
Rio Doce, azeda lama, e sem primavera
Indecência dum indecente confortável...
Sou Minas Gerais, somos, gente sincera!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
AMOR QUASE SIDO (soneto)
Amores vem, vividos, amores vão
Na poesia voam e, na alma fundido
No tempo, o que é, e foi permitido
Nas palavras, dissertando o coração
Ama eu, ama tu, ele, ela, repartido
Lágrima, sorrido, a dura decepção
E num sempre porque, indagação
Nuns ficamos, outros nos é partido
Mas sempre desejado, imaginação
Onde? Quando? E é sempre sabido
Que dele quer, dele se tem emoção
E nesta tal torcida o amor é provido
O amor é sentido, sentido é a paixão
Sem porque nem como, os quase sido!
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Novembro, 2016
Cerrado goiano
carruagem
as pessoas sem ilusão
vivem só nas quimeras
repetem a mesma condição
o improviso são esperas
e o trem da vida sem vagão...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Manjedoura
Recém-nascido na palha
Coberto de simples velo
De pedra e areia soalha
A chegada do Divino elo
É o Menino Deus encarnado
No fundo da pobre realidade
Mártir, Majestade, Filho amado
No estábulo fez-se verdade
Nem ouro reluz tanta conformidade
Nem a pobreza anuncia infelicidade
É o Salvador cicatrizando a obscuridade
Tem em si o caminho, toda resposta
Na manjedoura aposto, é fé disposta
Homem, Deus, na humanidade aposta
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
15/10/2010, 09’54”
Rio de Janeiro, RJ
rastro
onde passamos
alguns deixam vaidade...
outros deixam pegadas, eu...
deixo poesia e amizade...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Sussurro
Dê-me as sombras oh, cálido cerrado
Das que as poucas nuvens sombrinha
Chore árido orvalho mesmo que forçado
Em um cadinho de brisa, nesta tardinha
- olha que é um sussurro abafado
Dê-me alívio com o rústico vento
Que aspiram as poeiras dos galhos
Em suspiros e frescor em rebento
Foiçando o calor em brandos atalhos
- olha que é um sussurro de alento
Dê-me da tua sequiosa suavidade
Desafogando o peito deste mormaço
- olha que nem peço chuva - raridade
- olha que é um sussurro e cansaço
Nesta seca sufocação, por caridade...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Abril, 2016
Cerrado goiano
SONETO DO VELHO AMIGO
Então, depois de tanto andar trilhado
Pesar rasgado nas retaliações, malícia
Eis que a amizade súplica por carícia
De amparo, dos tantos erros, passado
Enfim, se calado, deixai de ter sevícia
E sentai tu, amigo, aqui do meu lado
É tão bom novamente em ter-te amado
Nunca abandonado, do afeto imperícia
E no abraço antigo, não fomos garrano
Perceba ao nosso arfante a se comover
Pois deixe na quimera o nosso engano
Amigo que é amigo nada e então explica
Estamos sempre reencontrando no viver
Necessidade e, no coração se multiplica...
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
AMO-TE (soneto)
Amo-te no meu maior, largo e profundo
sentimento da alma, é amor, mais nada
Te uivo no peito em graça entressonhada
onde paz, calma, faz-se em cada segundo
Amo-te no ringir da noite por ti poetada
que verseja a paixão de que me inundo
deste afeto que é o maior do meu mundo
num regozijo duma felicidade estacada
E é tão puro e é tão feliz e é tão fecundo
que as lágrimas são preces transfigurada
de fé ingênua e fausta, neste amor rotundo
Amo-te na pequenez de minha morada
tão simples, mas cheia de zelo jucundo
Pois tu és rogo da vontade tão desejada
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano
sonolência
cerrado parado
tortos galhos sem vento
lento e ensolarado
sem movimento
o dia
preguicento
vai inventando nuvens em romaria
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano
Paráfrase Mário Quintana
VITRAL, CERRADO (soneto)
O cerrado é tal um vitral multicor
Se olharmos do horizonte é sombrio
Se aproximarmos é denso e luzidio
Seivoso nas partes e cheio de fulgor
E, é assim no seu sagrado feitio
Ornado de diversidade, senhor
Desigual, mas nos causa ardor
Verão pluvioso inverno seco e frio
Cerrado, igual vitral, encanto maior
Vento ao vento orquestrando assobio
Súbito, misterioso, da flora mediador
Regulai os olhos, ao olhá-lo vadio
De repente é tudo aos olhos, sedutor
E ao encanto, presságio e arrepio
© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano
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