Versos do Luar

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SONETO DO AMADOR

Amador é o desejo do ser amado
Vive desejando mil formas pra achar
Se no amor não tem o que imaginar
Pois é virtude no ato de ser desejado

Se nele se tem o ser transformado
Onde mais o amador quer desejar?
Pois só assim o bem irá conquistar
E o afeto na alma então será liado

Mas se pouco for o desejo no olhar
Pouco o amador terá encontrado
Aí por ele, o amor, então vai passar

Se ao amador o amor é cobiçado
Então deixe o amor lhe alcançar
Pois o verbo dum amador é amar

Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
Fevereiro de 2017
Cerrado goiano

POEMA PARA UM BOM DIA

Um novo dia vai se formando
É o raiar do sol num novo amanhecer
Que a gratidão e alegria estejam no comando
Pois é a vida nos convidando pra viver...

Luciano Spagnol
Cerrado goiano

A VIDA

Mirei o horizonte remoto
Sonhei acordado fantasias
Do cerrado eu fui devoto
Da vida as trovas vazias

Era sonho tão maroto
Com tortas caligrafias
Das quimeras de garoto
Seguintes as tais ironias

De um tal amor imoto
Raras as companhias
Com o verso canhoto
Ortografei as urgias

Então, neste viver piloto
Riscados nas heresias
De poeta e feliz louco
Versejaram os meus dias

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, outubro
Cerrado goiano

DE POESIA EU PRECISO

De poesia é o que eu preciso
Da tua quimera e mais nada
Galgar a rota de sua escada
Sem vestir-se do ser narciso

A poesia é muito mais amada
Prazer d'alma, pouco ao juízo
Volteios de ilusão no paraíso
Da ficção, com lira misturada

Só preciso de poesia, teu guizo
Inspiração, silêncio, a tua pitada
Cheios de acordes e improviso

Poesia é tal qual uma estrada
Do fado vendado e impreciso
Que nasce da faúlha inspirada
(de poesia eu preciso!...)

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

BALADA DO TEMPO (soneto)

... e o tempo passa, indiferente
apático, indo embora sem saber
poente na saudade, o alvorecer
mais um, outro, apressadamente

... dono dos gestos e do prazer
tristemente, tal uma flor dolente
que traga o frescor vorazmente
no ato da ação do envelhecer

e o tempo passa, inteiramente
sem que escolhamos perceber
e na lembrança, assim, assente

passa o tempo, e é para valer
sem que nada dele ausente...
Presente! Pois vale a pena viver!

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

A JANELA E A LUA (soneto)

Já de ti - dizia a lua - me despeço
Pra janela, no cerrado com sorriso
Deixo-te com os sonhos. Preciso
ir... O sol já está no seu ingresso

No horizonte me embaço no paraíso
De tua fresta vê-me no meu avesso
Diz a lua no clarão no céu disperso
E eu, noturna, indecisa, me diviso

E, escancarada, alegre, a ti expresso
Até mais logo! Vá com lotado juízo
Diz a janela pra lua, breve regresso!

E está, que já dormia, de sobreaviso
Inteirou a janela deste seu recesso
Até a noite, quando volta no improviso

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

CHEIRO DE CERRADO

Quando a alvorada chegou, eu fui a janela
Sentei-me. O horizonte abriu, a vida arfava
Eu, ao vento, atraído, a essa hora admirava
E estaquei, vendo-a esplendorosa e bela

Era o cerrado, era a diversidade em fava
Céu róseo um mimo! A arder como vela
De pureza singela tal qual uma donzela
Que hipnotizava a alma, eu, observava

Então me perdi no perfume que exalava
O olhar velava com pasmo e com tutela
Aí, hauri toda a essência que fulgurava

E agora, fugaz, lembrando ainda dela
Sinto o cheiro, que na memória trava
Da alvorada do cerrado vista da janela

© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, junho
Cerrado goiano

SER (soneto)

Sou o devaneio que crasta, que crasta
Sem governança, sem fim, sem medida
Vou empurrando a ventura que arrasta
As vaidades, isolando o mérito da vida

Sou o tempo no tempo que vergasta
Os segundos, e os pondo de partida
E em cada minuto o minuto se vasta
Formando o destino na direção parida

Nada pode cessar os meus danos
Tão pouco modificar esta corrida
Passo adiante, assim vão os anos!

E nesta tal avenida, tudo é ousadia
Pois a temporada é muito reduzida
E ser, a única importância de valia...

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Outubro de 2018
Cerrado goiano
Olavobilaquiando

carnívora

a saudade não nos engana
sua chegada
faminta e soberana
só traz dores gigantes
no vinho carraspana
amantes mais que antes

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Cerrado goiano

choverando
canta gota do céu corrente
chuverando o chão ressequido
em sonatas vorazmente

canta para o sono embalar
nina com sua água vertente
banhando o cerrado a sonhar

canta a canção das águas
mata a sede inteiramente
e leva contigo as mágoas

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
setembro de 2019
Araguari, Triângulo Mineiro

hoje

hoje uma quinta feira
no cerrado hora primeira

o vento soprando
a alma se calando

hoje, tem entardecer
o dia pra viver

um segundo de cada vez
e outro talvez
hoje!

num balé de paradigma
só pra hoje!

Amanhã outro enigma!

© Luciano Spagnol
poeta do cerrado
Março de 2017
Cerrado goiano

Poesia do amor

Deixe-me imaginar
Sorrisos no ouvido
Abraço em forma de laço
O calor da tua voz, murmurado
No meu olhar atento, no compasso
Do passo das batidas do coração
Do meu, do seu, onde cada pedaço
Nos faz um todo na emoção...
Deixe-me sonhar, num só traço
Que liga o meu eu a sua paixão.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
fevereiro de 2016 - Cerrado goiano

Fotografia e lembrança

Um dia o hoje será um instante
Perdido nas lembranças do ontem
Os sonhos pareceram distantes
E o passado aquém...

Restaram os perfumes das flores
Da mocidade perdida no tempo
Em confusas paletas de cores
De um fado em seu andamento

Um dia fará falta e vira a solidão
Lá da porta onde vimos a vida passar
Os lamentos nos ouvidos secarão
E a saudade vai nos abraçar...

Um dia seremos fotografia e recordação!

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
fevereiro de 2016 – Cerrado goiano

conjugando o verso

ao poetar versa
num teor sagrado
ao poeta imerso
no versar inspirado

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
21/03/2016 – Cerrado goiano

poente no cerrado

encarnado
sob o mesmo valsar
o dia vai sendo arrancado
por seres alados que se põe a pintar
os sons das cores ali ilustrado
pros sensores apagarem, e vir o luar
num só tom, escrevo, todo arrepiado
neste silêncio que faz poetar
o poente no cerrado...

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
26/03/2016, 18'25" – Cerrado goiano

Abandono

Depois de teu olhar triste
Nada mais se alegrou sem você
A noite se fez dia, quando partiste
E o sol se disfarçou de lua em turnê
O relógio parou naquele momento
Cada segundo de dor era clichê
De saudade, de solidão, de tormento
A poesia ficou sem poeta, à mercê
As ruas sem calçadas, sem pavimento
E a vida, ah a vida ficou sem você
Depois que partiste, olhar triste.
E eu aqui no abandono do porquê.

© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
30/03/2016, 16'33" - Cerrado goiano

SONETO SAUDOSO

Choro, ao pé do leito da saudade
Que invade o corpo sem descanso
Se fazendo de fiel cordeiro manso
E a agrura numa brutal velocidade

E vem me trazer recordações, afeto
Tão apetecida em tempos outrora
Agora na ausência, lerda é a hora
E cruel a minha emoção sem teto

Chorei, choro por esta separação
Neste fado dessa longa despedida
Que partiu a vida daquela posição

Se eu, tenho na sorte malferidos
Aqui sinceramente peço perdão
Movidos nos desfastios vividos

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
06/04/2016, 21'00" – Cerrado goiano

O cerrado pede socorro

O cerrado é árido é dissonante numa certa harmonia
Te engole os olhos com a boca ávida de melancolia

O cerrado é plano por todo lado, torto e desencontrado
Neste desajeito pedregoso, espinhado, o êxtase é espetado

Cerrado ao longe provoca ilusão, maravilha o sol e escorre o calor
Tuas árvores e teu desencanto trás encanto e é sedutor

Cerrado de vasqueira água, fica deitado no lençol aquífero
Nestes poros transbordam renascimento e galhos frutíferos

Cerrado espesso, pele grossa e contradição
O homem e sua cruel mão, pinta na terra a tela da devastação

Destes campos velhorro
O cerrado pede socorro!

Cerrado não é cidade
É patrimônio da humanidade.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
08/042016 – Cerrado goiano

Gostar

Ao falarmos de coração
Vem o amor na fila
À frente, logo ali, a paixão
E todos sem apostila

E nesta expectativa, o par
Ah! Quanto desencontro
Desafios e bailes a bailar
E muito, vários contro

Sonhos? Todavia

Sem meias medidas, intenso
Perder ou ganhar, romaria
Num diverso bem denso

E nesse avesso, o implexo
Onde está o nosso existir
E a ceva do nosso plexo

Dos prelúdios
Lúdicos

Do sonhar
Do apaixonar
Do amar

Entornados pelo ar...
Assim se vive, assim é gostar.

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
07 de abril, 2016 – Cerrado goiano

termo

meus poemas são meus olhos
falam com o juízo do coração
na alma destrancam ferrolhos
enferrujados pela corrosão
dos desprezos e embrulhos
dos enganos da emoção
e mesmo assim,
entre rimas de dor
que escrevo sem fim
teimo nas estórias de amor

© Luciano Spagnol – poeta do cerrado
Abril, 2016 – Rio de Janeiro, RJ

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