Vácuo
Quem sou?
Sou um aglomerado de pensamentos.
Um atordoado de gritos silenciosos presos ao vácuo.
Uma série desastrosa de acertos inconscientes.
Um espaço preenchido pelo vazio de existir.
A palavra certa
'No vácuo de um olhar busco um pensar equidistante que ascende todos os horizontes. Um infinito".
Tu chegastes com tal intento
Rompendo as fechaduras de relento
Que trancam o vácuo, espaço vazio
Por onde irradio lembranças do meu lamento
Ao destrancar sem hesitar
O vazio com o qual permaneci tanto tempo
Por ti, tão tolo, me apaixonei isento
Revivendo em mim nuances que um dia esqueci
E quando tornas a desaparecer
Faz-me aflito, prestes a perecer
Ainda que não tardas a voltar
E prometas que a meus braços sempre retornará
Ansiedade que corrói o receio de perder
Mais uma vez alguém que me faz viver
Todas as volúpias de um bel prazer
Do inteiro encanto que um dia me privei
Por perder você
O que em nossa vida deixamos de fazer se torna o vácuo de uma história incerta... Ferroada pelo arrependimento, a implacável dor da consciência projeta-nos inúmeras possibilidades do que nunca aconteceu, empurrando os nossos desejos no desfiladeiro de nossos mais profundos devaneios.
NO TEU SILÊNCIO
No teu silêncio
Sonho e divago
Entre delírios
E versos.
No teu vácuo
Me aquieto
Sentindo o gosto amargo
Da indiferença.
No teu nada
Me lanço, perdida
No ar pesado
Entre galáxias e estrelas.
No teu vazio
Permaneço com o que me resta
A solidão
Carente como sempre fui
Do amor essencial.
Élcio José Martins
O VÁCUO DA VIDA
O que sou, são sei,
Não sei se acertei ou se errei.
Só sei que semeei,
Sementes e amores pelos caminhos que caminhei.
Construí trilhos e atalhos,
Costurei vestes de retalhos.
Já fui Rei e espantalho,
Já comi carne assada no borralho.
De onde vim não sei,
Pra onde vou ainda não pensei.
Corri, corri, um dia parei,
Pensei. Esse mundo não é justo como um dia imaginei.
Tem guerra e intolerância,
O veículo é ambulância.
Os donos do mundo não se entendem,
Só fazem o que pretendem
Hoje os lares são hospitais,
Triste sina dos mortais.
À mercê desses marginais,
A paz e o amor ficaram pra trás.
É um vazio de solidão,
No vasto mundo, imensidão.
As casas se transformaram em prisão,
No vácuo do medo, a espera pelo ladrão.
Nesse mundo inconsciente,
O jovem livre e impaciente,
Busca a calma do oriente,
Pra matar o leão e assar com brasa quente.
Qual futuro o espera,
Nesse tempo que acelera,
Víscera que dilacera,
Corpo drogado, na sede sem espera.
Do nascer ao morrer Deus nos deu a ponte da vida,
Cada um tem seu tempo, sem leme, sem bússola e sem rota definida.
Uns trafegam por cima, outros por baixo, seguem o destino,
Nascer, viver e morrer. Morte e vida, o desatino.
Nossa riqueza não é nossa riqueza,
O que fica é o nome e a nobreza.
Só tem jantar, não espere sobremesa,
O céu não precisa de riqueza pra manter sua beleza.
Élcio José Martins
O QUE
O que fiz ao silêncio para silenciar assim
me deixar silenciado no vácuo da solidão
tocar sem que eu possa ouvir o teu clarim
ruidar, abafando a presença no coração...
O que fiz eu a solidão pra tê-la no silêncio
quando lá fora até o vento se calou, enfim,
onde está a vida, que aqui respira pênsil
e emudece o cerrado num tom carmim...
O que é este silêncio, que se cala tênsil?
É "o que", em uma indagação sem fim...
© Luciano Spagnol
Poeta do cerrado
2017, julho
Cerrado goiano
Espaçamentos que se formam como um vácuo, lacunas de esperanças na escuridão, digerir minhas angustias é um tratamento de dor em solidão. Falta um pingo de força, uma alma bondosa, um sopro de animo, algo que preencha meu coração.
Me sinto num vácuo eterno de suas palavras inundada na imensidão de sua ausência, incumbida de excelência plena mal correspondida, vazando me por entre os dedos, atormentando me por entre as vigas, basta um som e o silêncio se finda, meu coração renasce e estremece meu âmago de amores reprimidos na falta vossa.
Meu abismo interno
... um inferno...
é eterno.
um vácuo... um vazio
não há eco.
Oco... tudo em mim é oco... louco.
Insano esse nada interminável... sem planos...
esse vazio intragável
essa dor insuportável...
meu abismo interno...
tamanha falta de ar...
pode o vácuo me fazer chorar?
Diga-me quando essa madrugada fria, vazia vai terminar.
Vou eu quando de novo calmamente poder respirar?
“Amar você é como um grito desesperado no vácuo, não importa quantas vezes eu grite, você não vai gritar de volta.”
O vácuo é doloroso para qualquer um. Triste e desalmado, uma dor incomum. Mas se for vindo da vacuosa é um ar de amor. Não tenha medo e não se desespere com o terror. Pois assim que possível ela vai te contactar e o seu coração alegre ficará.
FAZER
Pendências nada são
Se pautam num anseio
Se encerram em um vácuo
Pendências nada são
Indagações inoportunas
Procrastinações de interrogar
Liberdade demasiada
Pendências nada são
Queremismo falho
Aceitação reflexiva
Repulsa mais que notória
Fluxo que movimenta à vontade
Pendências nada são
Contrações hemáticas e orgânicas
Devaneios que não se encerram
Silêncio na ação
Aristóteles, Galileu e Newton na omissão
Pendência realmente algo é
Talvez um superávit que possuo
Às noites entrego tudo aquilo que não me pertence...
Adverso a si, entrelaço-me ao vácuo entre os suspiros...
Tento, enfim, destruir o que me destrói...
Quando, como, onde? Terás fim com meu último suspiro?
Ou carregar-me-ei pelos escuros labirintos de incertezas?
Ocultarei, assim, minha própria existência?
Enfatizarei, assim, somente a dor?
Das chuvas irei carregar-me...
Tempestades e dilúvios a me rodear...
Sempre desejando afogar-me
Naquilo que parte de mim nunca fará...
De vácuo em vácuo
A gente perde o contato,
De desleixo em desleixo
A gente perde o desfecho,
Sem puxar assunto
Permaneço mudo!
E assim nossas conversas
Vão ficando sem rumo...
