Um Estranho Impar Poesia
Conchinha do mar
Desde que, nasceste.
Ficara pregada numa pedra,
Sendo açoitada pelas ondas.
E quanto mais , as águas batiam.
Mas forte ficava sua casca de calcário.
Fechada. Só deixava passar o necessário,
Para a Vida manter.
E assim viveu o ciclo.
Depois sua concha foi
Colocada pelas ondas do mar;
na vitrine da praia.
Para testemunhar eternamente.
A luta que tivera, e que; havia te
Deixado tão forte.
Marcos FereS
não quero parecer ingrata
ou rancorosa ou cega
para as coisas boas
da vida
mas é inevitável olhar para
o topo da montanha e se
perguntar por que ainda
estou tão longe
por que todos os passos que
já dei não me levaram para
mais longe
porque parece que todos estão
indo mais rápido e chegando cada
vez mais perto do topo enquanto
eu estou dando passos de
tartaruga ao mesmo tempo em que
sonho com a parte mais alta da montanha
o que estou fazendo de errado?
como os outros chegam às suas
decisões e escolhas que os
impulsionam para o alto enquanto
eu mal consigo vencer
o dia de hoje sem chorar
me sinto parando no tempo
na caminhada
na vida
na jornada que antes
eu tanto amava
na jornada que antes era
o meu grande motivo de acordar
todos os dias e correr atrás
alguma coisa se perdeu
alguma coisa se apagou
estou procurando há um bom tempo
e ainda não encontrei
e ainda não sei como fazer
a luz voltar
Tudo passa...
Dores, amores e conquistas...
Não aprendemos que o melhor
Da Vida esta em fugir da maré
e viver os momentos.
PRESENÇA
É Zum
É Zum
É Zum
É Zumbi
Zumbi de Ogum
Guerreiro de Ogum
Aqui
Na praça na raça
Na reza fumaça
De incenso no ar
No canto de encanto
Na fala na sala
Na rua na lua
Na vida de cada dia
Em todo lugar
É Zum
É Zum
É Zum
É Zumbi
Zumbi de Ogum
Guerreiro de Ogum
Aqui
rabo-de-arraia
No aço do braço
No samba de samba
No bumba-meu-boi
No bombo do jongo
Congada batuque
Maracatu
Zumbi Zumbi Zumbi
Guerreiro da Serra
Sob as estrelas acesas
Na madrugada
Nó do ebó na encruzilhada
É Zum
É Zum
É Zum
É Zumbi
Zumbi de Ogum
Guerreiro de Ogum
Aqui
*O meu pão e vício de cada dia
Não sei nadar
sem pescar folhas perfumadas de menta fresca
nas ondas saborosas da minha Via Láctea...
Não sei pular ondas
sem pintar faíscas coloridas como os vagalumes
na húmida penumbra dos campos floridos no meu Verão...
Não sei cantar sem pronunciar o doce eco da cantiga serena da alma nas alturas silenciosas do meu Himalaya...
Não sei escrever
sem manchar as brancas folhas mortas
com o batom vermelho da minha espada/caneta sanguinante...
Não sei existir na veia da palavra
sem ser o sangue da poesia...
Não sei me escrever Poesia sem me ler Alma.
Não é que eu queira fugir
Não é que eu queira parar
Mas dentro de mim
Tudo parece desmoronar
Meu coração acelera
E eu perco a lucidez
E neste sufocamento
Me encontro mais uma vez
É que o futuro é tão dependente deste momento
E é um fardo tão grande os meus pensamentos
Que minha alma é levada ao vento
E minha mente vem a pulsar.
Pequena lua
Tenho fases como a lua
Às vezes sou verso
Noutra sou rua
Por ora me liberto
Noutra me fecho feito tartaruga
Fases que vem e vão
Feito pássaro que voa alto
Mas tem dia que prefere ficar no chão
Às vezes quero colo
Noutras a solidão
Às vezes pareço louca
cantarolando lavando a louça
Noutra pareço normal quando silêncio observando o jornal
Mas é na música que me enxergo
Viajo pelo mundo na mente inquieta
Quem me vê por aí
Pode até tentar me decifrar
Mas vou dizer que isso não vai prestar
No meio de tantas fases
Difícil saber quem sou
Quem vou ser e quem você merece encontrar
Eu já te disse
Sou como a lua
As vezes me perco
Me procuro e me acho
Sou céu aberto
Mas também sou laço
ÁGUAS DE MARÇO (soneto)
Na tarde do cerrado, tarde de chuvarada
A vida, arfa das quaresmeiras o perfume
Lilás, exalando aroma em um tal volume
Espalhando pelo chão nuance desbotada
Na tarde tropical, de quaresma, o lume
Do dia, é embaçado, e a ventania riçada
O ar, a criação, e a flora toda ela calada
A hera faz que os pingos d’água espume
O silêncio é partido pelo grito da seriema
Num guincho alto de estalo e esto triste
Melando o peito com melancolia extrema
A tarde vai, num entardecer onde insiste
A chuva, quase em pranto, sem dilema
Pois, nas águas de março, poética existe!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
17/03/2026, 17'15" - Cerrado goiano
Olavobilaquiando
Aprendi a me importa com quem se importa comigo.
Por isso cheguei a conclusão que a única forma de felicidade e você Mozão.
conjugando o verso
o verso versado
ao poetar versa
num teor sagrado
inspiração diversa
num versar fiado...
da imaginação, em conversa!
© Luciano Spagnol - poeta do cerrado
21/03/2016 - cerrado goiano
Não é mais fácil ser feliz sem dor, é melhor.
Difícil é ser feliz sem nunca ter tido dor nenhuma.
Nem haveria poesia...
Nesse tempo de crise
ignorância é uma arma
mas o medo em excesso se
torna
uma cela
onde só o bom senso geral
pode
ajudar
a menos estrago
vim a criar
Outonando
Outono de brisas frias
vindas de tantos lugares
trazendo junto melodias
do céu, da terra e dos mares
Amo o outono tão quieto
folhas amarelas que se vão
em uma canção de afeto
tocando junto ao coração...
Pandemia
O único proveito da pandemia
E o crescimento real.
Melhora a própria Vida,
E o todo. Porque; cada um,
é parte do todo.
Se não; é apenas uma penitencia
Coletiva, que o tempo se encarregará
De apagar. Porque, Vida e transformação,
só existe no agora.
Marcos fereS
(em tempo de corona)
às Musas não interessam
drenagens, deixam alagar livremente
com o que sobrevém: a água do instante
subjectivo
quando o poeta era uma fera luminosa
e Veneza, sobre a laguna, a porta para o Levante
com seu tráfego de peregrinos imateriais – que também traziam
as laranjas douradas, a seda, a musselina
porcelanas, aço, pimenta
incenso e alívios
a cidade detinha um colégio de sábios
que sabia, em dialecto próprio, ser a magia
este palácio mergulhado nos silêncios
meio submersos
e que apenas a ciência da leitura paulatina
poderá ser o escafandro glotal e sinal que soltará
da grosseria eloquente
o espanto oculto do poema
NEM TANTA COISA DEPENDE
preferes o canto, o lugar oculto
a folhagem, a sombra, o quarto, este
saco de trigo: ouro de um texto
sobre a velha escrivaninha do real
lá fora o clarão do arvoredo
atalhos para a tingidura da paisagem
cá dentro menos caminho, outro
panorama: a presença tão-só
desabitada de uma pessoa, mistério sem
atributo ou função
sempre a desfeita de um coração
o cultivo intensivo das figuras
e sobram tristeza e dias ao corpo que escreve
no calabouço de uma manhã muito larga
reluzente de gotas de mel
enquanto os gatos lambem o sábado
e sentado, sapo de ouro, permites-te pôr no mundo
(mas porquê) outro poema
ardia de amor pela casa
uma confusão de silêncios ou
dizendo de outro modo
afundava-se numa líquida recordação cardíaca
ocultos pólen pólvora fósforos
a má reputação dos dedos
paixão cartografada remota
toponímia de enganos
braço a braço crescia alto
o incêndio no interior do peito
deliberado ritual de lâminas e pele
a transparente certeza
da cicatriz
mas ardia de amor pela casa soturna
silêncio dando para o saguão luz muitíssimo
extinta por sobre a larga extensão destruída
morrer, principalmente de amor, é
uma compendiosa tarefa doméstica
dentro do coração antigo
serei breve
DEPOIS QUE ME PARTI
ilustração chã do planeta
pouco préstimo teve este aguaceiro
reservatório de enganos
em tão opaca agra e degredo, a poesia
escuríssima nuvem no-la encobre
nula grandeza a de um texto
vai pelas gentes com uns chorados
mais leves que ao vento canas
em que trilho, com que rastro
por que abertas
mal ter vindo, mal ter ficado
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