Trem
Somos passageiros de um transporte chamado vida perdendo tempo querendo saber onde será a temida última parada.
Acho que não prestei muita atenção e entrei no mundo errado. Desconheço quase tudo que vejo pela janela. O meu mundo não é esse. Pare, motorista por favor, que eu preciso imediatamente descer!
Nao deixe pra lembrar das pessoas que você conhece, pessoas próximas, só quando você for ou estiver precisando delas, dos favores dela. Lembre-se, que nessa vida, somos passageiros de um trem, onde em constantes e inevitáveis momentos é uns indo outros voltando, uns partido outros lamentando...
Por isso, recepcione bem o vizinho e hóspede da poltrona ao seu lado neste trem da vida.
Dê atenção, sejam recíprocos, e aproveite bem o paseio em coletividade. Pois haverá um dia, e um inevitável momento, em que você terá que seguir viagem sozinho. (R.S.L)
É na próxima estação, com calor no vagão, abre as portas do inferno, me sinto muito melhor no inverno.
Descendo ou não, no mesmo vagão, a esperança e a dor, continua entrando e saindo, no inverno ou verão
Eu queria participar das manifestações que almejam dias melhores para o povo do meu país mas, sou obrigado a pegar o trem de madrugada para garantir o sustento de minha família.
Que o sol nasça para todos. Que a chuva molhe nosso rosto. Que o vento sopre a nosso favor. Eu não tenho medo de altura, porque eu teria medo de saltar meus obstáculos? Cara, eu não sou nada gentil. Eu tô mais pro tipo: se tiver alguma coisa no meu caminho, ou sai da frente, ou eu atropelo. Porque? Porque eu, simplesmente, sou um trem desgovernado e sem freios.
Eu sei que muitas vezes você acordou pela manhã e, ao colocar as calças, percebeu que os seus sentimentos estavam no fundo do bolso como fiapos de pano; e também sei daqueles dias em que o peso que você descansa sobre o seu travesseiro é tão esmagador, que não te deixa dormir a noite. Você esqueceu-se de viver, de se preocupar; nem reclama mais da chuva nas férias na praia, nem do mormaço noturno de verão nas intermináveis madrugadas, de quem é tão íntima. Esmorecendo-se, você foi apenas suportando, como se estivesse programado a dirigir-se sobre os mesmos trilhos. Entretanto, vale-se ressaltar que, os mesmos caminhos não oferecem novas paisagens e se o trem da sua vida estiver sendo governado por outro maquinista, já passou da hora de você pular do vagão.
Não ando no trilho, eu descarrilho
Eu me ferro, não sou de ferro.
Embarco e desembarco nas estações onde não crio morada.
É que eu sou feito água que corre entre as pedras e encontra a liberdade.
Sou encontro e despedida.
Uma alma despida a espera de uma nova viagem... Novas cores e paisagens e alguém que me cobre apenas felicidade.
Não quero dar o que não posso e nem receber o que não devo. Eu sigo na vida como um passageiro.
No caminho
No caminho vi pessoas
vi pessoas a caminhar
pessoas...
A caminhar.
No caminho vi gente, só!
Só pessoas a caminhar.
Vi pessoas
tristes
no caminho.
No caminho pra te ver
vi pessoas a caminhar
sem saber pra onde iam
indo por caminhos
por qualquer caminho
pareciam sem lugar.
Feito elas, fui indo...
Feito quem vai indo sem saber pra onde ir
indo por algum caminho
feito quem vai, não feito quem fica, feito quem vai, vai indo
tentando descobrir pra onde ir.
Quando fui
vi pessoas indo
tristes...
Indo tristes a algum lugar.
Quando cheguei
estava triste
não sabia o que esperar
esperei triste por pessoas
que não sabia se iriam chegar
e sem saber pra onde ir
e nem se deveria ficar
fui indo
sem hora de voltar.
Casa de madeira
No alto dos Montes de Minas
Nas terras de Joaquim Dalélio
Uma velha casinha de madeira:
- Cruzada nas árvores
- Telhado amarelo
- Vistas para cachoeira d’alça d’água.
Ao redor da casa - mata virgem-
E uns pés de goiaba de morcego
Cerca feita de mourões e arame farpado
Com dentes grandes e ferrugem dourada.
Por Todo lado
Mourões de cerca dormente
- (daqueles de “trem”) -
Protegendo a casa dos sonhos de muita gente.
Mas, não protegendo de gente!
Protegendo de bicho:
- Onça do tipo Pintada.
Uns pés de fruta
Na porta da cozinha,
Um pé de rosa cor de rosa
Na porta da sala e
Outro de “Ora-pro-nóbis”
A dar de esmola na cerca dourada.
Vida tranquila
Vivida devagarzinho no
Sossego da serra de Minas!
Um pito de fumo de rolo
No papel de milho e
Um trago de cachaça
Feita no alambique daqui
Com cana cavalo colhida no quintal,
Doce igual mel!
.
Um pedaço de queijo branco
Com cafezinho (novo):
-Adoçado com garapa!
Humm...
Vida sossegada
Do tipo dessas que se vive
- (enquanto se sonha) -
Nas terras de Minas.
A Formiga, mais ou menos uns dez Pingos d'água e Eu
Num dia desses...
De previsão do tempo em desacordo
e céu azul e nuvens brancas,
dando formato a imagens de sonhos
e sol brilhante e sombra boa,
projetada em rumo de árvore grande
- [pé de um trem qualquer]-
plantada no asfalto da cidade
ou na terra do campo.
E de repente a chuva...
Que desaba sem aviso antecipado,
desabrigando os descuidados
tomando ligeiro os caminhos
e ocupando-se de preocupar
os videntes de desenhos em nuvens!
Tratando de por ritmo nos passos moles
escaldados e amolecidos pelo sol quente,
tratando de apressar as aves
em seus vôos solos pelas quinas do céu,
tratando de acordar os lagos e de viver os peixes
e tratando de matar a sede da terra - que agradecida -
empurra à superfície, as plantas...
Expondo suas folhagens verdes
seus frutos vistosos
e suas inspiradoras flores perfumadas.
Feito chefe em dia de súbito descontentamento,
ralha aos quatro ventos, a chuva que cai do céu.
Num protagonismo invejável!
Só as formigas se incomodam mais...
As gotas d'água,
feito flechas lançadas contra elas,
- do alto, sem escrúpulos ou piedade-
fazem pesar ainda mais o seu árduo trabalho diário.
Três estrelas ancoradas no céu
calçando a lua
em uma nuvem qualquer,
e uma rajada de vento soprada de lá para cá
na contramão da dança dançada a favor da chuva,
faz ir embora a nuvem escura carregada de raios
que entopem o céu de desespero.
Três dessabidos destinos,
encontram sentidos
em um sentido qualquer:
A Formiga...Desenrasca o pão do jeito que dá!
A Chuva... Se diverte com a farra toda!
E Eu...Transformo em tempestade - nem dez gotas d'água - caídas sobre mim!
Hoje pelo caminho
Os trilhos me pareciam tristes!
Já não se via neles o mesmo brilho dourado de sempre.
Os seus caminhos eram tortos, tortuosos, sem graça.
Hoje a noite, a chuva veio:
-Caiu devagar sobre as ruas da cidade.
-Não se via nela a costumeira beleza de outrora.
O frio que trouxe consigo era de amargar:
de fazer tremer todo o corpo,
de fazer trincar os dentes,
de fazer arder a pele.
Tanto frio...Tanta chuva...Tanta dor...Tanto silêncio.
Onde estará esse trem?
Ele nunca se atrasa!
Terá ele se escondido do frio e da chuva...
Terá ele se perdido no caminho em meio a retas e curvas...
Será que embruteceu em meio aos carros e ruas,
enlouqueceu na selva de pedras enquanto tentava voltar para casa?
Terá ele brigado com os trilhos,
desencantado da lua,
padecido só e abandonado em uma cova rasa na vida?
Onde está o trem que me leva?
O brilho dourado que euforiza-me?
(Trilhos e Trem) -
Por onde vocês andaram?
Estive a espera de vocês por dias a fio,
estive a espera de vocês por horas.
A vida desconhece esses tais trilhos que chamamos de destino. Ela é feita um cachorrinho, caminha apenas para onde a puxamos pela coleira. Quem conduz o destino somos nós mesmos. Ou estamos no controle da locomotiva ou estatelados nos trilhos esperando o trem passar por cima.
Nestes dias, nestes anos, eu parei de tilintar por momentos
Em razão de que os sons que emanavam dos decretos eram
Maiores que meus benditos, alegres e audíveis sentimentos.
A maria fumaça não rangia mais os trilhos da prosperidade!
Seu autor, sem amor, interrompe o tráfego aos montes. E,
No sentido de seu restabelecimento para o bem de todos
Naquele momento, a autoridade maior nomeia um diretor
Que mesmo sem amor, tornasse o grande salvador!
Nestes dias e anos, se cria o Território Federal do Guaporé.
Foram dadas as honras ao Major Aluízio Pinheiro Ferreira.
Por conseguinte, senti talharem ao meu redor os decretos
Para testemunhar os terrores que nunca serão descobertos.
Fantasmas da minha Imaginação.
Fumava meu cigarrinho de paia assentando no banco da
Estação da Estrada de Ferro Madeira Mamoré em Abunã.
O apito do trem relampejava os trovões da prosperidade
E com ele vinha um moço que mais tarde seria o maior
Fofoqueiro da região, Doutorzinho Joaquim Tanajura.
O cheiro da borracha era melhor que o de uma rapariga
Um me enchia de prazer e o outro enchia a minha barriga.
A coisa começou a ficar preta, além da borracha, anunciou
A corneta, com a invasão pelo Abunã de Los Hermanos,
Culpa dos meus irmãos que invadiram La Banda pelo Purus.
Sai em disparada para outra vila estação, sem saber ao certo
Em qual iria ficar se de Jacy-Paraná, Mutum ou Vila Murtinho,
Pois aqui nem mortinho fico e com as porteiras escancaradas
Vim parar no núcleo de Poço Doce que de doce não tinha nada.
O tempo passa e volto para minha vila de Presidente Marques,
Ansioso procuro por minha estação de Abunã e meu banquinho
Que pelo tempo foi substituído, cadê meu povo? Cadê o trem?
E a Borracha com a prosperidade não mais vem? Aonde estão todos?
Estavam onde sempre estiveram os fantasmas da minha imaginação.
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