Tragédia
PERPLEXIDADE DIANTE DA MORTE
A tragédia do avião da Chapecoense me provoca um sentimento repetitivo: não somos nada.
É trivial.
Um lugar-comum.
Um sentimento devastador: somos poeira.
Lembra uma expressão do próprio futebol para o toque de bola: estava aqui, não está mais.
Quem não se perturba?
Bolhinhas de sabão, estouramos todos os dias.
A vida é uma ilusão compartilhada.
Até que se acaba como um suspiro.
Ficam as lágrimas de quem ainda tem algum tempo por aqui.
Mas quanto?
Perder alguém independente da forma é sempre uma tragédia... Deus esteja com todos que por este mundo passaram e deram alegria...
A tragedia chapecoense foi uma dessas confusas, sinistras, aterrorizantes, bizarras e inaceitáveis ironias da existência: antes de vivenciar a possível grandeza de um titulo inédito no mundo do futebol, o time sagrou-se na morte, mártir glorioso de um voo que nunca aterrissou. Avante à Eternidade, passageiros da agonia.
A tragedia só precisa de uma oportunidade para manifestar.
De fato nós lhe damos muitas oportunidades. A ela, só cabe escolhe a que mais lhe convém.
Talvez seja para evitar alguma grande tristeza,
como em uma tragédia da Restauração o herói clama “Durma!
Ó pois o longo profundo sono e então esqueça!”
que se voa, flutuando por sobre as cidades sem costa,
guinando ascendente da calçada como um pombo
o faz quando um carro buzina ou uma porta bate, a porta
dos sonhos, vida perpetuada em amores coloridos em tons
e belas mentiras todas em línguas diferentes.
"Vertentes de força e pensamento que deram o nascimento da "A ORIGEM DA TRAGÉDIA", uma oposição entre a alma....(escreveu Nietzsche)
Quando eu for Piloto Comercial, quero evitar voar com famosos ou políticos, pois quando uma tragédia é anunciada, todos os holofotes são para eles, deixando cair no esquecimento a vida e a dor da família dos heróis dos ares.
Para o curioso egoísta
a tragédia alheia é um show.
E como o show não pode parar
um dia pode ser ele a estrela.
Que o seu próprio espetáculo vai dar.
A tragedia nos cerca por esse amor
que nos consome a cada estante,
que bebemos esse veneno chamado amor,
passamos momentos que o mundo termina,
tudo não passa de detalhes entre os mortos,
nos beijamos o nada continua entre as trevas.
Você me ensinou na prática e não na teoria que através da tragédia que aconteceu com você que temos que falar o quanto amamos e abraçar sempre e não só depois que a pessoa partir...pois o tempo não somos nós que definimos e sim aquele que está lá em cima.
Te amo eternamente Raul Glock