Todo sobre o Grafite
Escrevo minha vida amorosa com lápis grafite, quando a ponta quebra dou uma parada para apontar (aprontar).
Doce Maria,
abri o meu caderninho numa página qualquer. A lapiseira treme. Grafite zero-cinco, porque as outras fazem a letra ficar gorda e não cabe tudo na página do meu moleskine que é tão pequenininho. É assim, pequena, miudamente, é assim que eu vou falar de você. Ma-ri-a.
Você tem um sorriso bonito e uns olhos castanhos que são tão diferentes dos meus! Como pode algo, assim ser da mesma cor, do mesmo formato, mas ser completamente diferente? Maria, quero lhe fazer um piquenique. E deitar em você. E deixar você me puxar para dentro, absorvendo-me como se eu fosse alguma droga que você nunca tinha experimentado. Comendo pão com geléia. Comendo doce de leite! Comendo brigadeiro e te sujando de nescau. É, nescau, porque não é a-cho-co-la-ta-do. Depois eu te daria remédio por causa da tua alergia. Mas vê, se fosse com uma outra qualquer, seria achocolatado, mas é com você, minha doce doçura, então é nescau.
Tenho essa mania de te chamar das minhas comidas favoritas porque de algum modo eu quero que você entre pela minha laringe e que eu te devore... Quero digerir carinhosamente você, te mergulhar em ácido clorídrico e desfazer com minha bile todo esse medo que você tem da vida. Afogar-te em suco de manga porque minha sede de aventura nunca passa e eu estou sempre bebendo coisas gostosas. Ou ainda te lambuzar de chocolate. Mas só se eu puder te limpar depois, com uns beijos molhados, que podem ser babados (espero que você não tenha nojo de mim).
Ah, Maria. Eu quero te passar no pão e te guardar uma jóia. Exibir você no pescoço, como uma gargantilha, ou ainda como um colar para ficar mais perto dos pulmões. E respirar você... E sentar do seu lado no carro, enquanto você está dirigindo, e te escrever um poema que não é metrificado e nem muito bonito, mas que é seu.
E essa prosinha, essa também é sua, embora meio melada de açúcar...
Nem todos são vândalos
A arte que é feita pelo grafite
Mostra a infelicidade
Que pela periferia existe,
Algo explícito na humanidade.
Na bandeira está escrito
O famoso lema "ordem e progresso"
Não sei pra que? Se não é cumprido!
Politicagem diz que estamos caminhando para a frente,
Vejo tomando o caminho inverso.
Quantas obras vemos espalhadas
Principalmente no centro da cidade,
Os grafiteiros,que vivem em favelas
Estão em busca de espaço na sociedade.
Como pode? Negro ser chamado de criminoso
Dizem que é vandalismo
Algo injusto no século 21,
Foi esquecida a fase do realismo...
Se foi algum tempo,
Onde tudo era admirado
Mais ainda contemplo
O maravilhoso passado,
Essa história artística
Aos poucos se torna
Um livro fechado.
Passo o grafite sobre a folha branca
E quase sem querer
Sua face brota tão forte quanto o luar
Seria inútil a vã tentativa de ludibriar
Um desejo sublime
Que o tempo, em questão de horas,
Dias, ou anos
Não foi capaz de apagar
Coração de Mesa Riscado a Grafite
Inanimada, mimada, maltratada.
Estudantes a usufruem,
Tratantes a confundem.
Altar dos casórios,
Palco dos escritores,
Símbolo supremo dos escritórios.
Vendida, comprada,
Doada, lixada, pintada,
Montada, desmontada, desdenhada,
Compensada, carunchada.
Suporte supostamente sociável,
Atura copos, pratos, panelas, jarras de suco,
Cartas de baralho e murros de truco !
Agüenta as facas e suas pontas,
Agüenta contas, pregos e cola,
Livros, álcool, mimeógrafo, carbono e sola.
Suporta-nos !
Eu, a letra “e”, Ela.
Distanciados pela injuntável falta de apetite,
Fusionados num coração de mesa riscado a grafite.
É o papel que risca o lápis.
Por ser o papel mais duro que a grafite, o lápis vai se desmanchando, deixando seus restos na folha que percorre.
Da mesma forma, o tempo não passa, somos nós que passamos, gastos pelo tempo que vivemos.
Nossa história se faz das interações que temos na história de vida de outras pessoas.
Deixamos marcas por onde passamos e somos marcados por elas, chamamos essas marcas de lembranças, e as relevantes, quando boas, viram saudade.
Aqueles que gastam significativa quantidade de suas vidas marcando a vida de outros, se tornam eternos.
A reflexão que apresento é sobre saber se nossa vida produz rabisco ou mensagem nas folhas que percorre, pois o lápis se acaba e a folha fica.
Pessoas
Pessoas não são folhas em branco
A qual riscamos com tinta ou grafite
Uma pessoa é como um viajante
Levando consigo sua bagagem
Onde traz sua leitura de tudo existente
Fazendo a compreensão do mundo existente
Revelando através da escrita o conhecimento
Explicando o mundo
Intensificando o senso político
Revelando sonhos
E no contexto da vida, troca experiências.
Assim como as coisas, são as pessoas: produto de sua gênese! Diamante e grafite tem a mesma composição química, mas diferem completamente em diversas propriedades e até mesmo no valor, por conta do arranjo entre seus átomos. O desafio sempre será transformar grafite em diamante.
A pichação assim como o grafite visceral urbano é a oralidade manifesta assim como a plataforma periférica da arte urbana que expressa o desejo de mudança da sociedade contemporânea trans que por agora sai dos guetos, becos e lugares sombrios do antigo modelo social adotado pelos tradicionais grupos políticos e financeiros dominantes e propõem uma nova espacialidade afastando se também do neo liberalismo e do perverso capitalismo que tanto tem prejudicado as comunidades livres nos diversos lugares do mundo.
Matar a sede não significa esquecer a fonte
Que ela seja, sempre, a aventura maior
Sejamos precavidos. Ela pode estar longe
Atrás do arco-íris ou depois do outono
O outono está por vir. Com lápis-de-cor pintei um arco-íris
No seu fim não encontrarás ouro, mas um pote cheio de grafite
De: Fonte de Rabiscos
Arte em SP
Não existe amor em SP
Existe arte
Está em todos os lados
As paredes e murais se tornam telas
Os grafites dão cor e vida a esta cidade tão cinza
É escrita inscrita na parede
É arte, textura e linguagem
É intervenção, protesto e provocação
Manifestação sem palavras
E então o piso se torna palco
Famoso teatro que então quando toma conta
Já é tarde demais
É o extremo da vida
Que nos ensina sem vivenciar
Onde a vida de um da vida ao outro
Se expressando através de um corpo
Estes Sempre nos lembrando que qualquer movimento é um ato de arte
A salvação, a motivação e a inspiração que move e prova que em SP há um coração.
Preconceito... Tempo desses num jogo envolvendo Brasil e Argentina, não sei se da seleção ou times , um jogador argentino no meio da partida chamou Grafiti de macaco, segundo o Galvão Bueno, que viu tudo, pôs zoo no rosto do rapaz, câmera lenta, congelou, pediu ajuda a um especialista em leitura labial, tanto fez que no meio do segundo tempo um delegado acampando de policiais, entraram em campo e conduziram o jogador preconceituoso pra cadeia algemado e tudo num camburão da policia. É, não pode agir com preconceito, além do mais na casa dos outros, foi estúpido e deselegante. Acontece que num jogo seguinte, entre duas equipes aqui mesmo, no Brasil, pelo campeonato brasileiro, o mesmo Gratiti em campo, um torcedor brasileiro jogou uma banana no jogador, com uma frase escrita de caneta Bic, insultando-o com o mesmo termo pejorativo e depreciativo usado pelo argentino. No Brasil o preconceito é mais cruel e perigoso, porque é velado e covarde.
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